OS PROJECTOS apresentados pela maioria PSD/CDS, pelo PCP e pelo BE para criminalizar o enriquecimento ilícito dos titulares de altos cargos públicos, foram todos aprovados na generalidade, na sessão da passada sexta-feira na Assembleia da República. Quanto ao projecto do PS, foi rejeitado por esses mesmos partidos (com excepção do PEV que se absteve), pois consideraram que apenas criminalizava as falsas declarações ou a inexistência de declarações sobre rendimentos. Entretanto, António José Seguro veio lamentar-se para o Facebook - que parece ter-se tornado o confessionário, por excelência, de alguns políticos cá do burgo - a propósito da insensibilidade dos outros partidos, em relação à proposta do PS, que teria tanto de bem-intencionada como de inócua.
Já
João Marcelino, director do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, em editorial, veio acrescentar
mais algumas achegas à questão, isto é, que "o PS, quinze dias depois do
Congresso de Braga, onde o combate à corrupção andou de boca em boca, (...)
continua a ser o partido que não quer que os portugueses titulares de cargos
públicos tenham de eventualmente explicar de onde lhes vieram as casas, os
carros topo de gama e as contas bancárias incompatíveis com os ordenados
praticados pelo Estado. Porquê?"
A
resposta talvez não seja difícil de encontrar, se atendermos aos incontáveis
casos de súbito, veloz e avantajado enriquecimento, que por cá têm proliferado,
difíceis de explicar apenas através dos vencimentos auferidos com o desempenho
de cargos públicos, e de umas episódicas quanto inofensivas ofertas de caixas
de robalos. Há também quem diga que a lei, a ser aplicada com rigor, faria triplicar
a população dos estabelecimentos prisionais do país, com o consequente
agravamento do défice. Outros ainda, mais radicais, são peremptórios: se me
oferecessem o lugar e a oportunidade, eu cá aproveitava-me também…
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