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sábado, fevereiro 18, 2012

Mau Sinal

SE o Presidente da República foge ao contacto com os cidadãos, ao menor sinal de que vai enfrentar uma manifestação de desagrado, é quase garantido que também nas funções que acumula como Comandante Chefe das Forças Armadas, vai atirar a toalha ao chão, se confrontado com algum hipotético conflito, antes mesmo que seja disparado um tiro. O director da Escola António Arroio, confrontado com a abortagem da visita do Presidente, a poucos metros das instalações, onde os alunos esperavam Cavaco, com as suas reclamações e exigências, diz que "a maior parte dos alunos não se revê neste grupo minúsculo" de manifestantes, e entende que "os protestos são normais nestas idades e neste contexto". A ser assim, não se percebe como uma mera e inofensiva manifestação de folclore juvenil, consegue provocar a deserção de Cavaco Silva.

É por estas e outras que os portugueses cada vez se revêm menos na pessoa deste Presidente da República (e ex-primeiro ministro de triste memória), e também Comandante Chefe das Forças Armadas, salvo seja, que faz meia-volta volver, de rabo entre as pernas, ao menor sinal de uns salpicos de multidão, que não estão dispostos a fazer genuflexões, nem ofertas e provas de bolo-rei.

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Sete Meses Depois…

… O ESTADO do protectorado está, em traço grosso, mais ou menos assim:
 
O secretário de Estado da Juventude, Alexandre Miguel Mestre, começou por aconselhar os jovens a deixarem a sua zona de conforto, isto é, o desemprego, a arrumarem a mochila e a emigrarem. A seguir veio o senhor primeiro- ministro suplente reforçar a dose, convidando os professores a emigrarem, indo fazer pela vida noutros países de expressão portuguesa. Logo a seguir tomou a palavra o pitoresco eurodeputado Paulo Rangel, sugerindo a criação de uma loja de emigração, humanizando assim a forma de recambiar os portugueses para o estrangeiro, como quem diz, se aqui não há trabalho, todos daqui para fora, já! A Jerónimo Martins, como quem não quer a coisa, seguiu o conselho e foi capitalizar para a Holanda. Antes foi a crise internacional, depois foi a tirania dos mercados, agora é a troika que não dá tréguas, com os zelosos feitores PSD/CDS-PP a obedecerem, chegando mesmo a superarem as expectativas mais exigentes dos fiscais da União Europeia, e por isso a receberem rasgados elogios e palmadinhas nas costas.

Entretanto, foi montada uma telenovela com muitos episódios, intrigas e confusão a rodos, em que o ministro das Finanças diz uma coisa, o senhor primeiro-ministro suplente Passos Coelho o seu contrário, para logo a seguir os protagonistas serem rendidos, cabendo a vez ao esplendoroso senhor primeiro-ministro efectivo José Relvas dizer coisas, que logo a seguir são desmentidas pelo governador do Banco de Portugal ou pelos relatórios do Instituto Nacional de Estatística. Vamos ter que tomar mais medidas! Qual quê, não vão ser precisas mais medidas! A recessão vai-se agravar! Nada disso, a recessão bater em retirada! Vejamos um caso concreto: o ministro das Finanças declara que a transferência dos fundos de pensões da banca não vai ter encargos para os portugueses (oh, que alívio!); horas depois o Banco de Portugal vem dizer que a transferência daqueles fundos implica um aumento de despesa pública, o que poderá obrigar à adopção de medidas de consolidação adicionais (oh, que caraças!). Alternar protagonistas, trocar papéis, dizer e desdizer, garantir e desmentir, para confundir a opinião pública, parece ser o objectivo destes cavalheiros. Com Sócrates andávamos a flanar no paraíso virtual, com Passos Coelho vivemos no hotel da barafunda. Quanto à senhora Manuela Ferreira Leite, introduziu na telenovela, um momento particularmente dramático . Sugeriu ela que a partir dos 70 anos de idade, ou pagamos o serviço ou não temos direito a fazer a hemodiálise. Esqueceu-se, contudo, de acrescentar que se suspendermos a democracia - como ela em tempos vaticinou - nem vale a pena perguntar a idade aos doentes hemofílicos. Vão todos para casa e seja o que zeus quiser.
Para compor o cenário, os tachos das empresas e organismos públicos continuam a mudar de mãos, com os galfarros do PSD e do CDS-PP a fazerem o papel de figurantes da tal telenovela, disputando os lugares em aberto, à razão de cem cães a um osso. Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, tem a seu cargo a partitura e os arranjos da música de fundo.

Quanto ao PS (partido Seguro), não se percebendo bem se é da situação ou se está na oposição, continua a investir num comedido arrastar de pés, para que caia no esquecimento que foi ele quem acabou o trabalhinho de espatifar o país, que abriu o caminho à crise, que foi ele quem chamou os salteadores da troika, quem lhes entregou as chaves da casa e os códigos do multibanco, para eles levarem o que lhes apetecesse. Agora, uma vez por outra, lá vai dizendo que está inconsolável, mas que é preciso manter os compromissos assumidos, para que não nos apelidem de irresponsáveis e caloteiros, ao mesmo tempo que vai deixando que o país seja despejado, até só sobrarem os contornos do mapa.

Já o senhor presidente Cavaco, lamuriento e com aquela expressão compungida de santinho de pau carunchoso, como se não tivesse nada a ver com o que se está a passar, vai cantando as Janeiras e semana sim, semana não, vem lembrar-nos que Portugal é maior do que a crise que vivemos (oxalá!), que os Portugueses conseguem ultrapassar-se a si próprios (sobretudo se forem pela direita), que é preciso fazer sacrifícios e arranjar muita paciência. Nos tempos livres vai garatujando umas opiniões redondas e uns conselhos práticos no Facebook, porque a função exige tirar partido da coisa, e viva o velho.

domingo, junho 05, 2011

À Boca das Urnas - Se Não Votares, Ficas Caladinho!

O FACTO de um cidadão decidir abster-se de votar, não lhe retira a legitimidade nem o direito a ter opinião, que pode ser crítica ou não, sobre os caminhos da futura governação, até porque isso colocaria em causa o exercício da liberdade, um dos fundamentos da democracia e dos direitos cívicos. No dia reservado à reflexão (4 Junho 2011), moderar-se nas suas admoestações de índole paroquial, era o mínimo que se pedia ao Presidente da República.

NOTA – Mário Soares, interrogado pelos jornalistas, parece que subscreveu esta opinião. Au revoir, mon ami!

segunda-feira, outubro 25, 2010

O Presidencial Cavaquismo

A PROPÓSITO da situação calamitosa em que o país se encontra, e dos efeitos nefastos que teria uma crise política, desencadeada pela não aprovação do Orçamento de Estado para 2011, diz o Presidente da República que pediu aos partidos da oposição para serem responsáveis. No entanto, esqueceu-se de pedir ao governo para deixar de ser irresponsável.
O Presidente não é apenas o representante da República, um moderador e purificador das relações políticas; é também um vigilante e escrutinador atento dos compromissos assumidos por quem está a governar, bem como da sua concretização, não lhe faltando instrumentos para levar a cabo a respectiva e competente pressão.
Compreende-se! Se o seu mandato, até agora, tem sido norteado pelo distanciamento dos problemas e a invocação da moderação, como pedra de toque do seu pachorrento desempenho, não era agora, em vésperas de anunciar a sua recandidatura, que iria envolver-se com as exigências e os rigores que o país reclama, mas que o governo, obstinado e incompetente, faz por ignorar.