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domingo, janeiro 16, 2011

Peçam o Livro de Reclamações

HÁ COISAS que não se fazem, sobretudo quando o que se pretende alterar, vai implicar mudanças na forma como nos encaramos ao espelho, como enfrentamos a vida, como justificamos os nossos hábitos, porque razão temos certas crenças e adoptamos certos paradigmas, não só nós como muitos milhões de outras pessoas. Pessoalmente não tenho muito de que me queixar, bem vistas as coisas, até vou sobreviver, mas outros há que vão ter sérias dificuldades em se adaptarem, se conseguirem, claro está.
Ora o problema tem a ver com a bombástica conclusão a que chegaram alguns astrónomos norte-americanos, e que em poucas palavras, diz o seguinte: o calendário do Zodíaco, já não é o que era, como nos tempos recuados das civilizações mesopotâmicas, quando foram enunciados os princípios básicos da astrologia, coisa que até agora se manteve quase inalterada, satisfazendo o ego de muitos milhões de pessoas, que não dão um passo sem consultarem o seu horóscopo. Assim, de uma forma simples e escorreita, quer isto dizer que no mapa astral, os signos mudaram de casa, melhor, recuaram uma casa, por obra e graça dos desvios provocados pelo eixo de rotação da Terra, que com o correr dos séculos e dos milénios, vai continuando a esforçar-se, por se manter relativamente estável, e cumprir a sua obrigação de ser a nossa jangada celeste. Dizia eu que, pessoalmente, até nem tenho grandes razões de queixa, pois se todos os Peixes vão passar a ser Aquários, a coisa até se compõe. Já viram um peixe conseguir sobreviver fora do seu elemento? E que tal um Leão ser despromovido para Caranguejo, um Touro ficar Carneiro ou uma Balança tornar-se Virgem? Não, nestes casos a coisa complica-se, e de que maneira! Um autêntico quebra-cabeças, podem crer! Vai haver muita gente a quedar-se incapaz de arriscar um passo, para lá das quatro paredes, ao contrário de outros se sentirão renascidos, libertos dos antigos predicados e senhores de novo carácter, como se estivessem possuidores de um diploma do Novas Oportunidades. Nas sete quintas vão ficar os Serpentários (é um décimo terceiro signo que nasce) cujos nativos não irão apropriar-se das virtudes e defeitos alheios, ou pelo menos, é isso que consta. No entanto, como atrás disse, e repito, há coisas que não se fazem! E ainda há quem diga que o homem não evoluiu nada, desde os tempos da barbárie… Só isto vai criar mais perturbação no dia-a-dia e imaginário das pessoas, do que a revolução provocada pela teoria heliocêntrica, a qual veio pôr a Terra a girar à volta do Sol, e não o contrário, contrariando a papal impertinência que defendia acerrimamente o geocentrismo, que embora falso, era fonte da paz interior e do equilíbrio emocional da Humanidade. Algumas revoluções têm sempre o inconveniente de desarrumarem as ideias das pessoas, deixarem meio mundo à deriva, e por vezes, sem qualquer razão de peso. Já viram a quantidade de livros que vão ter que ser reescritos? Imagino as dores de cabeça que a Maya e o professor Karamba vão sofrer para voltarem a traçar as cartas astrológicas, compondo e articulando os nossos queridos horóscopos semanais com os desígnios das itinerantes constelações?
Penso que Sócrates, homem prático, corajoso e decidido, como não há igual, e atendendo a que as nossas carências estão a ser sustentadas pela China, não devia ficar indiferente nem alhear-se desta questão, e já devia ter mandado publicar uma portaria a banir este Zodíaco babilónico, obsoleto, peganhento e malcheiroso, das nossas práticas quiromânticas, e a adoptar o eficiente Zodíaco chinês, onde imperam os Ratos, os Coelhos, os Macacos e os Porcos que, se bem que também milenar, é mais adequado aos tempos que correm. Além de estar em conformidade com as exigências dos mercados, e de uma astrologia "socialista, moderna, moderada, popular e simplex", como "soi dizer-se", é muito mais compatível com os nossos desígnios civilizadores, os atributos do nosso “estado social” e o software do computador “magalhães”. E quem não gostar, que peça o livro de reclamações!