NÃO QUERIA debruçar-me hoje sobre este tema, mas a minha fúria e desprezo a isso obrigam. Tudo porque hoje, na sessão comemorativa do 25 de Abril, ocorrida na Assembleia da República, quase à porta fechada, viu-se o quão profunda é a crise política que nos afecta, o abismo que separa os governantes dos portugueses e dos reais problemas do país, desde a insofismável sintonia a que se assistiu, entre o governo, a maioria parlamentar que o apoia, e o "seu" presidente, convictamente plasmada nos feéricos aplausos que aquele recolheu, até à debandada dos ministros e de muitos deputados, que fogem dos acordes da "Grândola" como os diabos fogem da cruz.
Do discurso de Cavaco Silva, todo ele coerentemente sintonizado com o rumo político escolhido pelo actual governo, apenas se pode tirar uma conclusão: Sua Inconsistência, que deveria ater-se ao seu tão propalado culto de uma magistratura de influência, provou não passar de um farsante, que nos momentos mais críticos faz questão de não disfarçar o seu comprometimento (embora já tenha dado sinais contrários) com as políticas rapaces que o governo tem andado a fazer, em termos de austeridade, galopante recessão económica e empobrecimento generalizado do país. Tal como o teste do algodão não engana, devido à sua natureza dúplice e enganadora, já há muito que tinha deixado de levar a sério Cavaco Silva. Mas agora ele excedeu-se. O presidente da República que se arrogava de ser um mediador e gerador de consensos, definitivamente, não estava lá. Quem lá estava era um desinibido correligionário do PSD, travestido de ocasional vice-primeiro ministro, com residência oficial em Belém, e o PS, mau grado as cautelas e caldos de galinha, deve ter ficado com uma ideia clara do que dali pode contar. Os sinais são eloquentes e não enganam. Trazer a indignação, a contestação e o protesto para a rua, parece ser o único caminho que resta aos portugueses.
Do discurso de Cavaco Silva, todo ele coerentemente sintonizado com o rumo político escolhido pelo actual governo, apenas se pode tirar uma conclusão: Sua Inconsistência, que deveria ater-se ao seu tão propalado culto de uma magistratura de influência, provou não passar de um farsante, que nos momentos mais críticos faz questão de não disfarçar o seu comprometimento (embora já tenha dado sinais contrários) com as políticas rapaces que o governo tem andado a fazer, em termos de austeridade, galopante recessão económica e empobrecimento generalizado do país. Tal como o teste do algodão não engana, devido à sua natureza dúplice e enganadora, já há muito que tinha deixado de levar a sério Cavaco Silva. Mas agora ele excedeu-se. O presidente da República que se arrogava de ser um mediador e gerador de consensos, definitivamente, não estava lá. Quem lá estava era um desinibido correligionário do PSD, travestido de ocasional vice-primeiro ministro, com residência oficial em Belém, e o PS, mau grado as cautelas e caldos de galinha, deve ter ficado com uma ideia clara do que dali pode contar. Os sinais são eloquentes e não enganam. Trazer a indignação, a contestação e o protesto para a rua, parece ser o único caminho que resta aos portugueses.