Rui Machete é um sobrevivente nato. Apesar de sempre que abre a boca entrar em contradição ou desbocar-se em meias verdades inconvenientes, criando novos e grandes imbróglios ao grande imbróglio que é este (des)Governo, e depois, ao tentar corrigir as suas declarações, entrar em processo de automutilação, apesar disso, dizia eu, continua a receber a confiança do Coelho e a flutuar calma e serenamente, entre os turbilhões que provoca, e até à próxima tirada. Num Governo decente, aquele ministro nem sequer aqueceria o lugar, mas nesta "coisa" que de governo nada tem, dá muito jeito ter uma criatura destas. Se atentarmos bem, Rui Machete é uma peça fundamental na estratégia do Coelho, pois consegue fazer a ponte e armar a necessária confusão, entre o "milagre económico" visionado por Pires de Lima, um Orçamento de Estado travestido de reforma do Estado, e um segundo resgate, plano cautelar ou seja lá o que for, que está a ser cozinhado nos bastidores. Quando não há vestígios de sentido de Estado, tudo passa a ter um sentido, mesmo que para isso tenha que ser desmentido pelo Portas, encolher os ombros com desdém, ou contorcer-se em explicações do estilo, "o que eu queria dizer mais exactamente era..."
Sem comentários:
Enviar um comentário