terça-feira, dezembro 15, 2009

Crise, Qual Crise?

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RECEBI por e-mail uma informação que não sei como classificar. Enquanto uns falam de défice orçamental, de restrições em termos de actualizações salariais e de reformas, de desemprego galopante, apenas consigo concluir que não há crise nenhuma, e que os contribuintes portugueses estão mais ricos que nunca, pois alguém nos pôs a contribuir, de uma forma exuberante e ostensiva, para a dignidade e bem-estar do Tribunal Constitucional, adquirindo uma frota automóvel de Luxo e Super Luxo, no valor global de 665.504 EUR / 133.101 contos em moeda antiga, que se distribui da seguinte maneira:

1- O Presidente tem um BMW 740 D (129.245 EUR / 25.849 contos)
2- O Vice-Presidente: BMW 530 D (72.664 EUR / 14.533 contos)
3- Os restantes 11 Juízes têm BMW 320 D (42.145 EUR / 8.429 contos, cada )

Isto acontece quando estamos em vias de pagar as perdas totais daqueles dois veículos do Estado (um BMW e um AUDI) que há dias colocaram em estado de sítio a Avenida da Liberdade, quando colidiram em pleno centro da cidade de Lisboa, por se deslocarem a alta velocidade e não respeitarem os semáforos. Ora no caso dos felizes contemplados do Tribunal Constitucional, e com tão magníficas quanto onerosas aquisições, que mais parecem prendas de Natal, quem não está a ser respeitado é o povo português.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Muito Mentiroso (2)

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EM DECLARAÇÕES à BBC, o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, (finalmente) não considerou essenciais as provas de que (não) havia armas de destruição em massa no Iraque de Saddam Hussein. Em 2003, o que ele pretendia mesmo, a par do seu "irmão do peito" George W.Bush, era intervir militarmente, invadir o país, derrubar e liquidar o ditador, sem "recorrer a outros argumentos". Neste caso, também uma mentira (ou mais exactamente, uma suspeita não provada e depois desacreditada) serviu para desencadear uma guerra, a que falta, porque ainda em curso, contabilizar os mortos, os prejuízos morais e materiais, e outras prometidas vantagens, além de tirar a limpo porque ocorreu o suicídio do dr. David Kelly, especialista naquele tipo de armas, o qual foi denunciado por alguém do governo Blair, como o homem que tinha passado à BBC a informação de que o executivo de Tony Blair tinha exagerado deliberadamente o perigo das supostas armas de destruição em massa de Saddam Hussein. Aquela guerra, fabricada ou não, veio na altura certa, em auxílio dos complexos militares-industriais, sempre necessitados de renovar os stocks e manter em funcionamento as linhas de montagem, permitindo que continuassem a facturar. Quanto ao fluxo do petróleo, esse também ficou garantido. À conta disto, e se não lhes faltar a coragem, os ingleses têm umas contas para acertar com Tony Blair, um cavalheiro pseudo-trabalhista que governou o Reino Unido entre 1997 e 2007.

domingo, dezembro 13, 2009

Muito Mentiroso

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ONTEM, o engenheiro incompleto, também conhecido por José Sócrates, anunciou a adjudicação do troço do TGV que ligará Poceirão-Caia (da ligação Lisboa-Madrid), afirmando que "não queremos um país parado", e que esta decisão, sendo tomada num momento de crise é "uma aposta no desenvolvimento", e insistindo que "a crise é mais uma razão para fazermos o TGV. É neste momento que o País precisa de investimento".
Sim, é verdade que neste momento o país precisa de investimento, mas nunca de investimento na ALTA VELOCIDADE, pois ninguém se dignou elucidar o nosso engenheiro incompleto que ALTA VELOCIDADE é coisa que nunca teremos por cá. Assim, nunca haverá ALTA VELOCIDADE em Portugal, por uma razão muito simples: porque a largura do território é diminuta (menos de 200 kms), os percursos entre estações são curtíssimos, logo as composições nunca conseguirão atingir as velocidades para que foram concebidas, pois há que contar com as distâncias necessárias para a aceleração e para a travagem. Depois, para ensombrar ainda mais a escolha do engenheiro, há a questão da bitola ibérica, que Portugal terá que respeitar para chegar a Madrid, mas que não é compatível com a bitola europeia, que é a que vigora a partir da fronteira francesa. Assim sendo, ou as mercadorias mudam de comboio ou os comboios são sujeitos a uma demorada operação de mudança de rodados, factores que encarecem exponencialmente os custos das mercadorias. Portanto, quanto a produtos portugueses para a Europa, transportados em ALTA VELOCIDADE, também essa é mais uma graçola de mau gosto do nosso engenheiro incompleto e muito mentiroso.
Este devaneio apenas poderá ser travado de uma maneira: o Presidente da República recusar-se a promulgar a legislação básica da concessão.
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ADENDA em 2009 Dezembro 16 - As muitas informações contraditórias que existem sobre o TGV levaram-me a escrever que o TGV irá adoptar bitola ibérica e não europeia, o que é falso. Também disse que o TGV iria transportar mercadorias, o que também é falso, pois na versão últimamente negociada, a linha apenas transportará passageiros. Entretanto, a par da construção da linha de AV (alta velocidade) Lisboa-Madrid, irá também ser construída uma linha que ligará Badajoz a Sines, essa sim exclusivamente destinada a mercadorias, e em que os espanhóis estão especialmente interessados.

sábado, dezembro 12, 2009

O Estado de Coma

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A TRANSFERÊNCIA de 180 milhões de euros da Acção Social Escolar (ASE) para a Fundação das Comunicações Móveis (uma espécie de “saco azul” para acorrer às “necessidades” do Governo), efectuada pelo sr. Lino, ex-ministro e desencravador de fotocopiadoras, destinada a acertar as contas com os operadores de banda larga, pela aquisição dos computadores Magalhães, ocorrida à socapa, em véspera de eleições, é mais um capítulo da acção governativa de José Sócrates, baseada numa espécie de contabilidade de carvoaria, onde impera o negrume, o improviso, a falta de transparência e sabe-se lá que mais.
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Entretanto, e segundo notícias publicadas pelo jornal PÚBLICO, o Ministério Público acusou 16 arguidos do inquérito relacionado com actos de gestão dos CTT entre os anos de 2002 e 2005, quando a administração da empresa era liderada por Carlos Horta e Costa, o qual é acusado da prática de sete crimes (um de administração danosa e seis de participação económica em negócio), que geraram prejuízos de 13,5 milhões de euros. Além de Horta e Costa, o MP acusou dois ex-administradores dos correios, Manuel Baptista e Gonçalo Ferreira da Rocha, tendo sido inputado ao primeiro cinco crimes de participação económica em negócio e um de administração danosa, ao passo que o segundo está acusado por um crime de corrupção passiva para acto ilícito e outro de administração danosa. Para os três ex-gestores dos CTT, o MP propõe, para além da pena principal, a perda a favor do Estado de todas as verbas envolvidas nos actos de corrupção passiva, e uma pena acessória de proibição do exercício de funções como titular de cargo público.
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Confrontada com a falta de assuntos e de protagonistas para encher a sua grelha de programas, a RTP tomou uma honrosa decisão: lavar e desinfectar na praça pública a honra e o bom-nome das "vítimas" da nossa justiça. Para o efeito convidou o sr. Vara, um produto da geração socretina, que escalou a pulso todas as provas de esforço que a vida lhe colocou pela frente, para uma sessão de catarse, em horário nobre, isto apesar do segredo de justiça e os inevitáveis julgamentos na praça pública desaconselharem tal conduta, por poderem vir a contaminar o andamento do processo. Conclusão: o serviço público que a RTP está obrigada a prestar, continua a vaguear entre as urgências e os cuidados intensivos, atacada da mais abjecta pouca-vergonha e falta de respeito pelos seus telespectadores.
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A acrescentar a isto, há a notícia de que o Procurador-Geral da República, irá decidir “dentro de dias" se divulga ou não o teor dos seus despachos, sobre as escutas a Armando Vara - José Sócrates, questão que estava pendente de alguns “esclarecimentos adicionais”, tal é o melindre da "coisa". Este compasso de espera que se vai arrastando, semana após semana, desde o final do mês de Novembro, é o que há de mais parecido com uma espécie de “coma induzido”, no sentido de acalmar a efervescência que rodeava o assunto, além de que as festas natalícias também são um bom pretexto par arrefecer os ânimos e assentar um pedregulho sobre questões incómodas.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Alguém Que Explique…

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Hoje, Judite de Sousa entrevista Armando Vara na mesma televisão pública e no mesmo espaço televisivo. O que é que recomenda Vara num programa de entrevistas no canal público? Não exerce nenhum cargo político e está suspenso das funções de administração no BCP. Não é suposto ir tratar de um assunto privado, de justiça, em público e a expensas do erário público. Então, repito, o que é que recomenda Vara num programa de entrevistas? Nada a não ser a circunstância de se chamar Vara e ter amigos a quem telefona e que lhe telefonam. É pouco. Ou, então, é tudo."

Extracto do post de João Gonçalves, intitulado “5 à Sec” do blog PORTUGAL DOS PEQUENINOS, em 2009 Dezembro 10

Presentes e Prémios Envenenados

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OBAMA recebeu um presente envenenado da administração Bush, e agora confronta-se com outro presente envenenado: o Prémio Nobel da Paz. Não gostei do seu discurso, embora bem estruturado, mas demasiado fundamentado em factos históricos, virado para agradar a gregos e troianos, foi uma coisa que se baseou no controverso princípio da "guerra justa" ou "direito à guerra", que serve de embrulho para justificar quase tudo, desde o conceito humanitário de estar-se a fazer a guerra para alcançar a paz, ou não haver alternativa entre empunhar a espada e a capitulação, quando o orgulho nem sequer considera a opção de negociar. Verdade seja dita, se eu estivesse no seu lugar, não sei o que diria, sei lá, que via no prémio, não uma recompensa, mas sim um incentivo. Também entregaria o dinheiro a organizações de apoio a carenciados, pois aquele é dinheiro que queima, tanto ou mais que as munições de urânio empobrecido com que as guerras de hoje se fazem. Digam o que disserem, o Comité Nobel não está de parabens.
Quanto a Obama, está á frente de um país em que são muitas as forças que se coligaram para que um dos objectivos (entre outros) que proclamou, o tal objectivo da paz, não se concretize, pois o complexo militar-industrial americano continua de boa saúde, e recomenda-se. De qualquer modo, continuo a acreditar que a par de Franklin Delano Roosevelt e John Kennedy, será um dos três presidentes dos E.U.A. em quem os americanos, nos últimos cem anos, acreditaram que podia (e pode) mudar a face e o comportamento do seu país no concerto das nações.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Cheiro a Fénico

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Os deputados Maria José Nogueira Pinto do PSD e Ricardo Gonçalves do PS insultaram-se mutuamente durante a reunião de ontem da Comissão Parlamentar de Saúde, transformando a sala numa peixaria à boa maneira portuguesa, e deixando a pairar no ar um desagradável cheiro a fénico.
Registe-se que ninguém teve a ideia de mandar chamar a ASAE, para que aquela selasse o recinto, depois de se proceder à respectiva desinfecção ambiental.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Escutas Para Todos os Gostos

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Disse o jornal CORREIO DA MANHÃ de hoje que o Procurador-Geral da República Pinto Monteiro está empenhado em mandar investigar as falsificações dos documentos com alegadas transcrições das escutas de conversas entre Armando Vara e José Sócrates, que andam por aí a espalhar-se pelas caixas de correio de e-mail. Entretanto, continua a não dizer uma palavra, sobre as razões e justificações para os seus polémicos arquivamentos, promessa que fez há perto de duas semanas.
Voltando às falsificações, eu tenho um pressentimento sobre a sua proveniência, pois tudo aponta que o seu objectivo é espalhar a confusão e a incredulidade, actuando como contra-informação. Provávelmente, outras aparecerão, umas mais "apimentadas" que outras, e quando finalmente aparecerem as verdadeiras, depois do ambiente estar devidamente contaminado, ninguém vai acreditar no seu conteúdo.

Aquela Querida Maioria Absoluta

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José Sócrates não consegue conviver com a maioria relativa que o PS detém na Assembleia da República, em resultado das últimas eleições. Tal leva-o a empenhar-se numa estratégia de confrontação com as oposições, sobretudo quando estas se unem na emenda ou suspensão das políticas que resultaram do uso e abuso do poder, enquanto o PS deteve a maioria absoluta. Nessas alturas reaje às críticas com hostilidade e insolência, não negoceia e dá ordens para reprovar pela sua bancada parlamentar todos os projectos que não tenham a etiqueta do PS. Quando Sócrates diz, escarnecendo do legítimo poder da Assembleia da República, que é ao governo que compete governar, e não ao parlamento, está já a apontar o objectivo final da luta política que irá travar, isto é, a recuperação da maioria absoluta.
É evidente que está a explorar uma estratégia de tensão, para invocar, a curto prazo, a necessidade de novas eleições, argumentando com uma suposta ingovernabilidade, fruto da pretensa descaracterização do seu programa eleitoral, desculpa esfarrapada, considerando a forma como, mesmo com a tal maioria, incumpriu o programa do primeiro mandato. Na verdade, tirando alguns poucos e inconsistentes objectivos que consumou, nos quatro anos e meio em que governou sem entraves, a sua preocupação central, quase uma obsessão, foi a de disseminar gente da sua confiança política em todos os níveis e recantos que têm a ver com a administração pública, acção essa ostensivamente virada para a ocupação de postos-chaves, indispensáveis para a consolidação e manutenção do poder.
Ainda não está na hora, pois as sondagens ainda não reflectem um descontentamento generalizado, mas pouco faltará. Chegará a altura em que Sócrates tentará associar a agudização da crise à ingovernabilidade e ao caos legislativo, resultante da pressão e acção política das oposições, sendo isso a pedra de toque com que justificará o pedido de novas eleições e o apelo à reposição da querida maioria absoluta.

domingo, dezembro 06, 2009

Incentivar as Exportações

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Jaime Silva, o pedante e insolente ex-ministro do que resta das lavouras e pescas, depois de ter sido dispensado de integrar o novo governo do engenheiro incompleto, regressou a Bruxelas e foi premiado com um convite para ocupar o lugar de vice-comissário europeu da agricultura, triplicando o salário que auferia como ministro. Enquanto por cá andou, passeou-se por empresas, feiras e romarias, destruiu as estruturas do seu ministério, tendo sido altamente contestado pelas associações portuguesas do sector agrícola e das pescas, devido à incompreensão dos problemas relacionados com os sectores que tutelava, incumprimento de promessas, retenção de ajudas e subsídios europeus e manifesta incompetência, sendo célebre a sua afirmação de que a crise nunca atingiu a agricultura portuguesa.
Deixo aqui uma pergunta: porque não exportamos estes cavalheiros, de preferência antes de eles começarem (ou continuarem) a fazer mais estragos pelo país?

sábado, dezembro 05, 2009

Quando o Telefone Toca...

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Disse o semanário SOL em 4 de Dezembro de 2009:

"O primeiro-ministro mudou de telefone na mesma altura em que os arguidos do processo ‘Face Oculta’. Segundo o SOL apurou, a partir de 25 de Junho o primeiro-ministro passou a recorrer a outros telefones para continuar a contactar o seu amigo Armando Vara, o que originou a extracção de mais certidões que foram encaminhadas pelo DIAP de Aveiro para o procurador-geral da República (PGR).
..."

sexta-feira, dezembro 04, 2009

A Arrogância

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De autoria desconhecida, passo a transcrever o texto que o meu amigo J-A me enviou via e-mail. Uma certeira e bem-humorada mensagem para as novas gerações…

UM JOVEM muito arrogante, que estava a assistir a um jogo de futebol, tomou para si a responsabilidade de explicar a um senhor já maduro, sentado próximo dele, porque era impossível a alguém da velha geração entender esta actual geração.
- Vocês cresceram num mundo diferente, um mundo quase primitivo! Disse o jovem, em voz alta, de modo a que todos em volta pudessem ouvi-lo.
- Nós, os jovens de hoje, crescemos com internet, consolas de jogos, telemóvel, televisão, aviões a jacto, viagens espaciais, satélites girando à volta do planeta, GPS, homens caminhando na Lua. Nós temos energia nuclear, painéis solares e foto-voltaicos, carros eléctricos e a hidrogénio, áudio e vídeo digital, robótica, computadores com grande capacidade de processamento e ainda...
Fez uma paragem para tomar outro golo de cerveja.
O senhor aproveitou-se da pausa na lengalenga para ripostar:
- Você está certo, filho! Nós não tivemos essas coisas quando éramos jovens porque estávamos ocupados a inventá-las. E você, seu arrogante, o que é que anda a fazer, em benefício da próxima geração?

quarta-feira, dezembro 02, 2009

O Silva da Contra-Espionagem

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Vieira da Silva (o funâmbulo de serviço), Augusto Santos Silva, Teixeira dos Santos e Francisco Assis, sobre este assunto da “espionagem política” têm a escola toda e sabem como e quando lançar as contra-medidas que visem desacreditar uma investigação. Eles sabem que associando-a com manobrismos e conspirações, visando a descredibilização política e o assassinato de carácter do JS (*), isso é um terreno adequado que sempre funcionou às mil maravilhas, pelas seguintes razões: embora movendo-se num patamar impreciso, tais contra-ataques têm razoável aceitação por parte da opinião pública, que nestes casos nunca é demasiado exigente em termos de provas, contentando-se com o acinte da acusação, que faz recair sobre incertos, todo o peso da autoria conspirativa. Pela parte contrária, a desmontagem da acusação também é difícil, pelas mesmas razões.
Vieira da Silva (o tal funâmbulo), na comissão parlamentar que hoje o questionou sobre as suas acusações de “espionagem política”, indirectamente direccionadas aos investigadores do Ministério Público, como ministro que é, o estatuto exigia-lhe um comportamento à altura que negligenciou, comportando-se abaixo de uma mera intriguista de escada, que conspurca tudo o que cai sob a alça da sua mira venenosa. Bastava dizer: - Meus senhores, eu excedi-me, podia ter escolhido outro argumento, peço desculpa! Não senhor! Debitou até à exaustão argumentos esfarrapados, e apenas faltou apelidar de deficientes intelectuais os deputados que o questionaram. Quem diria que um ministro que já foi do trabalho e agora é da economia, era possuidor de tão insuspeitas competências em matéria de contra-espionagem! Como é compreensível, não o quero nem para distribuidor de correio no meu prédio. Sabe-se lá o que diria aos jornais, se lhe passasse pelas mãos alguma carta que as Finanças me enviassem…

(*) Trata-se de José Sócrates. Neste caso, impõe-se a economia de caracteres (bytes).

terça-feira, dezembro 01, 2009

Minaretes e Torres Sineiras

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A SUIÇA votou em referendo contra a construção de minaretes (quase 58%) no seu território. A xenofobia e a paranóia ultra conservadora estão a ser incentivadas e a tomarem conta do espírito das pessoas, pois não há nada como ter um “inimigo” em quem descarregar as nossas frustrações, mesmo que seja apenas um inofensivo minarete. A seguir, do oriente, virão as retaliações: As igrejas estão proibidas de ostentar torres sineiras, e aí até a Santa Sé oscilará com o insulto. Durante o III Reich, a brutalidade do regime levou a que se queimassem as sinagogas; agora, a hipocrisia das ditaduras democráticas, faz com que se promovam referendos para nos obrigar a rejeitar certos tipos de vestuário, a não ostentar certos símbolos, ou a não erigir certos tipos de monumentos. Com isto, até agnósticos e incréus andam escandalizados, com estes apelos e incentivos ao tão apregoado como escatológico “choque de civilizações”.
Já não é apenas a liberdade religiosa que está em causa, mas também a liberdade estética, fruto da irracionalidade de quem quer “normalizar” à força, os espíritos, os gostos, as culturas e a paisagem.

Opacidades e Transparências

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ONTEM, 30 de Novembro de 2009, Rui Tavares, historiador de arte, escritor, ensaísta e deputado do Parlamento Europeu, publicou no seu blog (em http://ruitavares.net/blog/ ) um interessante texto que dá pelo nome de COISAS QUE ACONTECEM NAS NOSSAS COSTAS, e que tem a ver com a entrada em vigor do obtuso, indecifrável e não referendado Tratado de Lisboa no primeiro dia de Dezembro (hoje), mais as opacidades, mascaradas de transparências, a que ficamos sujeitos e obrigados, em consequência desta data. Porque é rigoroso e esclarecedor, e é necessário estar atento ao que se passa nos corredores desta União Europeia, onde a democracia é cada vez mais uma fugaz figura de retórica, aconselho vivamente a sua leitura.

Mistério

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ESTÁ EXPLICADO o motivo porque a agenda do Presidente Cavaco estava repleta de compromissos, e não houve uma aberta para ir até à cerimónia evocativa do Coronel Ernesto Melo Antunes: é simples! Estava atulhada de convites das confeitarias para provar bolo-rei…

segunda-feira, novembro 30, 2009

O Eixo do Desenvolvimento…

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GABRIELA Canavilhas, ministra da Cultura do actual governo, ao manifestar a sua confiança de que orçamento do seu ministério irá ser reforçado para o ano de 2010, declarou o seguinte:
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«Não tenho nenhuma dúvida que vai haver para a Cultura uma atenção especial do senhor Primeiro-ministro e do senhor ministro das Finanças tendo em conta este pressuposto que cada vez mais a Cultura é um eixo de desenvolvimento».
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Lembram-se? Aquele “eixo de desenvolvimento” aconteceu a partir do tiro de partida que foi dado pelo óptimo negócio que Sócrates concretizou com a colecção particular do senhor Joe Berardo, com a contrapartida de deixar de haver verba para ter os museus abertos aos fins-de-semana e feriados. A partir de agora, apenas podemos contar com a atenção e benevolência de quem manda, e a obediência cega de quem deve, o que é razoável, nesta frustrante e inusitada situação de crise internacional...

domingo, novembro 29, 2009

Mais Cautelas e Caldos de Galinha

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OU MUITO me engano ou o Sr. Procurador-Geral da República anda a “encanar a perna à rã”, com a prometida divulgação dos despachos relativos às tão famigeradas quanto “irrelevantes” certidões das conversas telefónicas havidas entre o Engenheiro Incompleto e o Comedor de Robalos, que sendo coisa desprovida de ilícitos, e não havendo nenhum processo eleitoral à vista, se previa que descessem rapidamente ao domínio público, para acalmar as hostes. Para levar tanto tempo e envolver o pedido de novos elementos, tantos recursos e reuniões, deve ser assunto de gestão complicada, neste país enorme e com vias de comunicação tão escassas e difíceis. A não ser que o derby Sporting-Benfica, dada a sua transcendência e complexidade, tivesse interferido na oportunidade das tomadas de decisão.
Cautelas e caldos de galinha, cada um toma as que quer, e o Sr. Procurador-Geral já provou que não é pessoa de pressas, porém, no actual contexto, todo o cuidado é pouco, não vá com esta lentidão acabar por estampar-se…

Cheiro a Combustível

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Tomás Vasques do blog HOJE HÁ CONQUILHAS AMANHÃ NÃO SABEMOS, escrevinhou um post de crítica à "desastrosa" sessão parlamentar da passada sexta-feira (27 de Novembro), denunciando mágoa pelo desaire sofrido pela maioria relativa (a democracia tem desta coisas, habituem-se!), à mistura com algumas imprecisões e outras incorrecções, e dando-lhe o sugestivo título HÁ CHEIRO A PÓLVORA NO AR, qual prenúncio, não de uma guerra, mas talvez de uma guerrilha condenada ao fracasso. Pois a mim, apenas me cheira ao combustível derramado na Avenida da Liberdade, toda ela transformada num caos citadino, por causa das pressas do juiz que é “chefe das polícias” (um “job” de alto risco), com o seu carro (nosso, do povo) lançado a alta velocidade e a exibir luzes de emergência (tornou-se um hábito ignorar os sinais vermelhos e cumprir o Código), para chegar a tempo de assistir a mais uma mediática cerimónia de atribuição dos prémios de consolação aos derrotados do PS nas últimas autárquicas, todos eles agraciados com a inutilidade nacional das governanças civis, em versão "jobs for the boys".
O “chefe das polícias” estampou-se, mas desconfio que há mais gente que está em vias de se estampar; tudo porque a ambição desmedida tem por hábito enublar os espíritos e fazer perder o contacto com a realidade…

sábado, novembro 28, 2009

Julgamentos na Praça Pública

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QUESTIONADO pelos jornalistas durante uma pausa da cerimónia evocativa do coronel Ernesto Melo Antunes, o ex-presidente Jorge Sampaio, entre outras razões, adoptou uma forma muito peculiar de comentar os processos judiciais que pontuam a vida política nacional (Freeport e Face Oculta), descarregando sobre os jornalistas a responsabilidade e autoria de supostos “julgamentos na praça pública”. Jorge Sampaio esqueceu-se de mencionar a oportuna lentidão das investigações, quando há figuras gradas envolvidas, isto para não falarmos das paralisias temporárias que os processos sofrem, para não prejudicarem as agendas políticas e os calendários eleitorais, o que provoca que o jornalismo de investigação tome a dianteira e se torne protagonista, obrigando a PGR, como é agora o caso, a convocar reuniões de emergência para decidir o que pode e não pode divulgar, sem “ferir” o querido segredo de justiça, que entre outras coisas, também serve para empastelar e bloquear as investigações.
A Jorge Sampaio e a outros senhores que passam o seu tempo a excomungar os jornalistas, aconselhava o (re)visionamento do filme “Os homens do presidente” de Alan Pakula, a fim de apreciarem o que é jornalismo rigoroso e com letra maiúscula, empenhado na perseguição da verdade e com consequências determinantes na história das nações.