sábado, dezembro 12, 2009

O Estado de Coma

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A TRANSFERÊNCIA de 180 milhões de euros da Acção Social Escolar (ASE) para a Fundação das Comunicações Móveis (uma espécie de “saco azul” para acorrer às “necessidades” do Governo), efectuada pelo sr. Lino, ex-ministro e desencravador de fotocopiadoras, destinada a acertar as contas com os operadores de banda larga, pela aquisição dos computadores Magalhães, ocorrida à socapa, em véspera de eleições, é mais um capítulo da acção governativa de José Sócrates, baseada numa espécie de contabilidade de carvoaria, onde impera o negrume, o improviso, a falta de transparência e sabe-se lá que mais.
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Entretanto, e segundo notícias publicadas pelo jornal PÚBLICO, o Ministério Público acusou 16 arguidos do inquérito relacionado com actos de gestão dos CTT entre os anos de 2002 e 2005, quando a administração da empresa era liderada por Carlos Horta e Costa, o qual é acusado da prática de sete crimes (um de administração danosa e seis de participação económica em negócio), que geraram prejuízos de 13,5 milhões de euros. Além de Horta e Costa, o MP acusou dois ex-administradores dos correios, Manuel Baptista e Gonçalo Ferreira da Rocha, tendo sido inputado ao primeiro cinco crimes de participação económica em negócio e um de administração danosa, ao passo que o segundo está acusado por um crime de corrupção passiva para acto ilícito e outro de administração danosa. Para os três ex-gestores dos CTT, o MP propõe, para além da pena principal, a perda a favor do Estado de todas as verbas envolvidas nos actos de corrupção passiva, e uma pena acessória de proibição do exercício de funções como titular de cargo público.
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Confrontada com a falta de assuntos e de protagonistas para encher a sua grelha de programas, a RTP tomou uma honrosa decisão: lavar e desinfectar na praça pública a honra e o bom-nome das "vítimas" da nossa justiça. Para o efeito convidou o sr. Vara, um produto da geração socretina, que escalou a pulso todas as provas de esforço que a vida lhe colocou pela frente, para uma sessão de catarse, em horário nobre, isto apesar do segredo de justiça e os inevitáveis julgamentos na praça pública desaconselharem tal conduta, por poderem vir a contaminar o andamento do processo. Conclusão: o serviço público que a RTP está obrigada a prestar, continua a vaguear entre as urgências e os cuidados intensivos, atacada da mais abjecta pouca-vergonha e falta de respeito pelos seus telespectadores.
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A acrescentar a isto, há a notícia de que o Procurador-Geral da República, irá decidir “dentro de dias" se divulga ou não o teor dos seus despachos, sobre as escutas a Armando Vara - José Sócrates, questão que estava pendente de alguns “esclarecimentos adicionais”, tal é o melindre da "coisa". Este compasso de espera que se vai arrastando, semana após semana, desde o final do mês de Novembro, é o que há de mais parecido com uma espécie de “coma induzido”, no sentido de acalmar a efervescência que rodeava o assunto, além de que as festas natalícias também são um bom pretexto par arrefecer os ânimos e assentar um pedregulho sobre questões incómodas.

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