VEM aí a grande operação de corte nos subsídios de Natal, com ou sem Fundo Monetário Internacional, que vai sendo anunciada, pé ante pé, sempre à boca pequena, com muita vaselina, para não doer muito, pelas televisões, pelas rádios, pelos secretários de estado, pelos ex-ministros e pelos comentadores políticos, os quais têm andado a fazer o trabalho de anestesistas de serviço. Entretanto, sorridente, indiferente a tudo e sempre optimista, Sócrates continua a pavonear-se pela realidade virtual que os seus assessores de imagem lhe fabricam. Sócrates é tão fixe, tão fixe, tão fixe, que na quarta-feira até viajou de Metro para ir ao Parque das Nações, à feira Portugal Tecnológico 2010, para dar a entender aos portugueses, que também gosta de "andar de metro", que tem preocupações ecológicas, que também anda em apertos, que é filho do povo e que anda tão próximo dele quanto possível. Depois, em mais uma dissertação para as televisões, socorreu-se da estratégia militar (posicionamento no terreno face às carências do país) para falar do Plano Tecnológico e das grandes opções do governo, que agora tem uma nova paixão, um novo "ai Jesus", acabadinho de sair dos ateliers de marketing político: trata-se da Agenda Digital 2015, uma coisa que vai fazer os outros roerem-se de inveja e pôr Portugal nos píncaros das novas tecnologias, mas que vai ter grande dificuldade em resolver os problemas associados com o endividamento externo, a estagnação económica, o desemprego galopante e a miséria que continua a alastrar sem fim à vista.
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