segunda-feira, novembro 18, 2013

Registo Para Memória Futura (94)

«A maior parte dos pensionistas não são pobres e estão a fingir»

«Aumentar o salário mínimo é estragar a vida aos pobres»

Sentenças do pseudo economista João César das Neves, também conhecido por abominável homem DAS NEVES, proferidas na comunicação social, cumprindo nesta quinzena a sua missão de troglodita de serviço e “assessor” do ministro da solidariedade e segurança social. Entre as patacoadas que debitou, esqueceu-se de referir que estes pobres e pensionistas que na sua opinião não passam de fingidores - e passo a citar Raquel Varela - são os mesmos de um país – o nosso, Portugal – onde 870 pessoas têm rendimentos equivalentes a 45% do PIB, quase metade de tudo o que é produzido pelos trabalhadores ou os-que-vivem-do-salário.

sexta-feira, novembro 15, 2013

Saltos e Viragens

QUALQUER semelhança entre o "Grande Salto em Frente" de Mao Tsé-Tung, levado a cabo entre 1958 e 1960, e a "Grande Viragem" de Pedro Passos Coelho, prometida em 2011, ainda não se sabe se é pura coincidência ou fruto do acaso. Enquanto que o "Salto" maoista visava levar a cabo o "milagre económico" da China, com o deslocamento forçado de trabalhadores do campo para os improvisados complexos industriais, tendo acabado por saldar-se num insucesso com 20 milhões de mortos, vitimados pela fome, já a anunciada (e muitas vezes renovada) "Viragem" passos coelhista, depois de ter levado a cabo a destruição de uma importante fatia do frágil (mas dinâmico) tecido económico português, arrastando consigo o desemprego de perto de 1 milhão e meio de trabalhadores, quer-nos fazer crer que por obra e graça de uma fé inabalável, irá ocorrer (com muitas sopas de pobres a funcionar pelo meio) um "milagre económico". Será que a única semelhança sente “O Salto” e “A Viragem” vai ser o insucesso? Se a tinta da caneta não se esgotar, cá estaremos cá para ver, sentir e comentar em conformidade.

terça-feira, novembro 12, 2013

O Estado Perdeu os Sentidos

Rui Machete é um sobrevivente nato. Apesar de sempre que abre a boca entrar em contradição ou desbocar-se em meias verdades inconvenientes, criando novos e grandes imbróglios ao grande imbróglio que é este (des)Governo, e depois, ao tentar corrigir as suas declarações, entrar em processo de automutilação, apesar disso, dizia eu, continua a receber a confiança do Coelho e a flutuar calma e serenamente, entre os turbilhões que provoca, e até à próxima tirada. Num Governo decente, aquele ministro nem sequer aqueceria o lugar, mas nesta "coisa" que de governo nada tem, dá muito jeito ter uma criatura destas. Se atentarmos bem, Rui Machete é uma peça fundamental na estratégia do Coelho, pois consegue fazer a ponte e armar a necessária confusão, entre o "milagre económico" visionado por Pires de Lima, um Orçamento de Estado travestido de reforma do Estado, e um segundo resgate, plano cautelar ou seja lá o que for, que está a ser cozinhado nos bastidores. Quando não há vestígios de sentido de Estado, tudo passa a ter um sentido, mesmo que para isso tenha que ser desmentido pelo Portas, encolher os ombros com desdém, ou contorcer-se em explicações do estilo, "o que eu queria dizer mais exactamente era..."

domingo, novembro 10, 2013

Os Males e os Remédios

O ANGELICAL Ângelo Correia, em entrevista ao jornal "i", considera que a nossa Constituição foi feita para um país que gozasse de enormes graus de liberdade e independência, que desapareceram com o tempo, acrescentando que é uma ilusão acreditar que a Constituição continua a ser o garante dos portugueses, pois não está em sintonia com a realidade que se vive. Como se percebe, fingiu ignorar que "a realidade que se vive", não se alterou por obra e graça das arbitrariedades dos deuses do Olimpo ou das piruetas falaciosas do Zodíaco, sendo toda ela consequência das políticas, opções e soluções que têm sido adoptadas por quem tem governado este burgo. Para o antigo deputado do PSD, uma solução seria a Assembleia da República aprovar por dois terços o Estado de emergência por razões económico-financeiras, através de um suspeito objecto legislativo, que apelidou de lei para-constitucional. E pronto, ficava o assunto arrumado! Embora as Constituições existam exactamente para estruturar a sociedade e compatibilizá-la com todos os poderes, sobretudo o político, articulando, garantindo e assegurando direitos e deveres, na óptica do senhor Correia, basta pôr-se a Constituição a favor do vento, e que para grandes males, hajam sempre grandes remédios.

sábado, novembro 09, 2013

Livros Que Andei a Ler

Título - Sertório e Euménio - Vidas Paralelas
Autor - Plutarco (historiador grego - ca. 46 DC - ca. 120 DC)
Género - Biografias
Revisão, introdução e notas de Rui Valente
Editora - Sementes de Mudança
Edição - 2008

NOTA – Apesar de Quinto Sertório (em latim Quintus Sertorius) estar separado de nós por perto de 2.100 anos, é uma figura que tem um lugar muito expressivo na proto-história portuguesa. Foi procônsul romano na Península Ibérica, onde assumiu o governo tanto da Hispânia Ulterior como da Citerior, mas após a vitória do ditador Lúcio Cornélio Sila em Itália, seu inimigo e adversário político, foi banido de Roma. Tendo procurado refúgio em África, foi posteriormente convidado para liderar as aguerridas e indomáveis tribos de lusitanos, as quais se mantinham desprovidas de comando, após o assassinato de Viriato. Numa época em que traição e lealdade eram conceitos difusos, mais relacionados com afinidades e alianças, tanto familiares como políticas e militares, do que com expressões de nacionalidade ou patriotismo, Sertório, para se defender das perseguições que Roma lhe movia, e porque eram escassas as alternativas, optou por combatê-la. Que outras saídas restavam a um homem acossado? Como sábio administrador, promoveu a romanização, levando os povos ibéricos a adoptarem os usos e costumes da civilização romana, ao passo que, como grande estratega e astuto guerreiro que era, organizou e disciplinou militarmente as tribos lusitanas, tendo derrotado os sucessivos exércitos romanos, nas muitas campanhas enviadas contra si. Diz Plutarco que ele teria escrito a Pompeio, um dos generais de Sila, manifestando o seu de desejo de depor as armas e ser readmitido como um cidadão que regressa a casa, pois que preferia viver em Roma como um cidadão insignificante, do que viver exilado do seu país e ser governante supremo do resto do mundo. A sua pretensão foi ignorada. Tal como Viriato, fruto de traições e dissidências, acabou assassinado num banquete pelos seus companheiros de armas. O seu desaparecimento significou o rápido colapso da resistência dos povos ibéricos, perante o poderio militar de Roma.

sexta-feira, novembro 08, 2013

Novas Oportunidades II


Os Centros de Emprego, levando muito a sério as inovações introduzidas ao Código do Trabalho, à volta da mobilidade e rotatividade, tanto de funções como de local de trabalho, está a oferecer aos desempregados as seguintes alternativas:

- Economistas são convidados para efectuarem estágios de jardinagem ou massagista;
- Cantoneiros e gasolineiros são convidados para assistentes de cursos de engenharia e literatura contemporânea;
- A desempregados bancários são oferecidas oportunidades como grumetes da marinha mercante;
- A bagageiros e estivadores foram oferecidos cursos de formação em meteorologia;
- Tractoristas são convidados a frequentarem estágios para auxiliares de enfermagem;
- Professores de trabalhos manuais recebem propostas para se candidatarem a serventes de pedreiro;
- Empregados de mesa foram convidados para efectuarem estágios na Casa da Moeda;
- etc, etc, etc...

quinta-feira, novembro 07, 2013

Governo em Ressaca Permanente


DEPOIS de o Governo ter aumentado o horário de trabalho dos funcionários da administração pública para 40 horas semanais (isto é, mais tempo de trabalho pelo mesmo salário), sabe-se agora pela boca de Pedro Lomba, o papagaio invertebrado que ocupa a sinecura de secretário de Estado Adjunto do ministro do Desenvolvimento Regional, que estes mesmos funcionários vão passar a ter a possibilidade de verem reduzido o seu horário de trabalho para a modalidade de tempo parcial, acompanhado da respectiva redução salarial, medida esta que, diz o acólito, é mais amiga da família e da tranquilidade, e vai no sentido de se instituírem e adoptarem boas práticas políticas de apoio à família. E pasme-se: os aderentes a esta modalidade serão contemplados com a isenção do corte aplicado aos salários de 600 euros.

Preocupado com os índices de felicidade dos trabalhadores portugueses, e apostado em transferir o paraíso para este protectorado lusitano, o Governo - essa aberração em estado de ressaca permanente -, e pela voz dos seus cabotinos de serviço, vai-nos passando a excelsa mensagem de mais esta refinada filhaputice, contemplada no OE para 2014: meio tempo de trabalho e meio salário corresponde à felicidade relativa; sem trabalho e sem salário é o expoente máximo da felicidade absoluta. E tudo isto, como se pode ver, a bem do apoio à maternidade e à paternidade, bem como das famílias com necessidades especiais, serviços básicos, educação, formação, habitação, urbanismo e transportes. Um mimo!

terça-feira, novembro 05, 2013

Há Quem Não Aguente Estar Uma Hora Sem Beber


O ministro da (des)Educação Nuno Crato defendeu ontem em Ovar que, para ser dispensada mais austeridade no Orçamento do Estado para 2014 e ainda pagar a dívida total do Estado, todos os portugueses teriam que trabalhar mais de um ano sem comer (com a óbvia economia em papel higiénico), sem utilizar transportes, sem gastar absolutamente nada.

Tirando o facto de se começar a duvidar que alguns ministros estejam totalmente sóbrios sempre que abrem a boca, esta solução do ministro Crato, mais do que uma solução radical para sanear o país, assume a configuração de um perfeito genocídio. No espaço de um ano Portugal deixaria de ter dívidas, deixaria de produzir, importar e exportar, em resumo, ter actividades económicas, deixaria de precisar de Governo, de orçamentos e de ministérios, pela simples razão que deixaria de ter população. Apenas sobrariam as agências funerárias e um tal Nuno Crato, este para receber o prémio Nobel da Cretinice Humana.

quinta-feira, outubro 31, 2013

A Terceira Via


OS ÁRABES protestam contra os políticos atirando-lhes com sapatos.
Os povos abastados protestam contra os políticos esborrachando-lhes bolos nas ventas.
Os povos pobres deveriam protestar contra os políticos despejando-lhes baldes de trampa pela cabeça abaixo.

A terceira via seria a mais adequada para o irrevogável e sonso Paulo Portas. Depois podia ir tomar um duche, a seguir pegar na reforma do Estado, temperá-la muito bem temperada, embrulhá-la muito bem embrulhada, e finalmente enfiá-la naquele sítio que eu cá sei.

terça-feira, outubro 29, 2013

Tomem Nota: Fim do Sonho Mau, vá lá, do Pesadelo

ALGUÉM ME EXPLICA porque razão as jornadas parlamentares do PSD e CDS-PP - com os seus deputados a mandarem recadinhos e a fazerem sugestões aos mauzões do Governo, como se fossem uma espécie de "oposição construtiva" -, têm autênticas maratonas em directo pelas televisões, com o fim de "anunciarem" e "explicarem" aos portugueses o milagre da luz que começa a tremeluzir, da economia que está a encher o peito e a ganhar alento, da recessão técnica que se vai extinguir, do pesadelo que está a ser excomungado, da terra prometida que aí vem, tudo com a ajuda da "dona esperança". E sempre com a ideia no ar de que, ou o Orçamento passa ou caminhamos para o desastre. O problema é que são só eles, os ilusionistas e visionários do Governo, mais os seus "mensageiros" e "partenaires", mais a ostensiva conivência das televisões, tudo sem contraditório, que vêem a proximidade da terra do leite e do mel, e nos entram pela casa dentro a pintar uma "narrativa" de contornos fantásticos, uma espécie de nova versão de "Saló ou os 120 dias de Sodoma" com cenas finais da "Gata Borralheira".

segunda-feira, outubro 28, 2013

Há Cada Narrativa!

ALGUÉM acredita que um português, que tem dificuldade em se exprimir (oralmente ou por escrito) em francês, escreva um livro em francês, e depois faça a sua tradução para português?

Vocações e Coligações

SEM ter dado desconto ao facto de Sócrates ser um aldrabão compulsivo, Eduardo Catroga reagiu muito mal à confissão daquele, de que ainda primeiro-ministro do governo PS pré-troika, teria convidado Passos Coelho para seu vice-primeiro-ministro, cargo que aquele teria recusado, e convite que o visado desmente. Diz o "avô pentelhos" que tal coisa era inviável, pois Sócrates não tem vocação para coligações. Ora aquela iniciativa, com ou sem vocação, a ter acontecido, não teria nada de extraordinário, considerando as afinidades de pensamento e proximidade de pontos de vista que Sócrates e Passos tinham (e têm) sobre muitas matérias do foro político, tanto dentro como fora do hemiciclo da Assembleia da República, e lá dentro, quantas vezes expressos em significativas e concordantes votações. E não me admirava nada que amanhã, por dá cá qualquer coisa, se viesse a saber que Passos Coelho já tinha avançado com idêntica iniciativa, relativamente a António José Seguro, pois o PS, também em muitas e significativas votações, e descontados os efeitos das suas "violentas abstenções", tem dado a sua concordância ao caminho trilhado pelo actual (des)governo. Fica por explicar o que é isso de ter vocação para coligações, mas fosse há dois anos atrás, ou fosse agora, tal coligação a ter acontecido, dava para esclarecer muita coisa, sobretudo que as diferenças na forma não conseguem esconder a semelhança dos conteúdos.

domingo, outubro 27, 2013

É Fácil, é Barato e dá Milhões

Pergunta do Governo - A Constituição e o Tribunal Constitucional não são suficientemente maleáveis, ao ponto de nos deixarem fazer aquilo que nós queremos. Qual é a solução?

Resposta do caga-sermões Toni dos Barretes - É simples! Como por uma questão de respeito pela democracia, não é aconselhável acabar com ela, altera-se a Constituição, criando um único artigo que suspende os seus efeitos, sempre que o Governo o entender.

sábado, outubro 26, 2013

A Malvada Meteorologia

ESTES ministros e este Governo persistem na senda de nos tratarem a todos como atrasados mentais. Em Junho passado, ainda Vítor Gaspar era o ministro das Finanças, foi a vez daquele considerar que as condições meteorológicas tinham influenciado adversamente a actividade da construção, sendo a causa da queda do investimento no primeiro trimestre do ano. Agora coube a vez ao ministro Miguel Macedo vir explicar os fogos de Verão com a severidade meteorológica, como se não fosse já universalmente reconhecido que haverá fogos, escaldões e insolações se os Verões forem severos, assim como haverá inundações, aluimentos e colheitas estragadas se o mesmo se passar com os Invernos. Enquanto a meteorologia continuar a ser o grande bode expiatório das desgraças que assolam o país, será difícil eles reconhecerem que havendo o perigo de incêndios, se a prevenção for negligenciada, em benefício dos grandes negócios à volta da contratação dos meios aéreos, se as estruturas de comando forem mudadas na véspera das batalhas e os meios de combate se mantiverem reduzidos, é garantido que os estragos serão cada vez maiores. E já agora, convém relembrar, arrastando vidas pelo meio.

ADENDA – Só espero que caso o défice das contas exceda aquilo que o Governo andou a prometer ao país, a culpa não seja assacada a mais algum fenómeno metereológico, por exemplo, aquele tornado que passou de raspão junto à Ericeira.

sexta-feira, outubro 25, 2013

Revisão da Matéria

DE TEMPOS a tempos torna-se necessário rever a matéria e fazer um ponto de situação. A desinformação e espírito situacionista que campeia pelos media e a "lavagem ao cérebro" da propaganda governamental a isso obrigam.

Herdeiro das políticas de esbanjamento de Sócrates e seus antecessores, o actual Governo faz-se passar por um gestor da crise daí decorrente, quando na verdade é ele o gerador-amplificador dessa mesma crise, usando-a como pretexto para reformatar a sociedade através dos "ajustamentos estruturais" e da tal "reforma do Estado" - esse grande mistério ou divertimento do irrevogável embusteiro Paulo Portas, que de há nove meses a esta parte ainda não viu a luz do dia, tendo andado a marinar entre viagens e conselhos de ministros -, cujo objectivo é "reconstruir" o país sob novos moldes, isto é, uma sociedade empobrecida, com um grande exército de desempregados, precariedade, baixos salários, socialmente desprotegida, onde a caridade e o assistencialismo substituem o Estado-Social e o sistema contributivo. Diz Passos Coelho, exibindo uma expressão condoída, a emoldurar um discurso marcado pela hipocrisia, que a sua grande preocupação é que a implementação das "inevitáveis" medidas de austeridade e os chamados "programas de ajustamento estrutural", tomem em consideração os mais fracos e desprotegidos, e que promovam a equidade e justiça social, e que todos cerrem fileiras contra aquela "arma de destruição governativa", que é esse empecilho do Tribunal Constitucional. Na verdade, desempregados, pensionistas e reformados são os alvos a bombardear nesta "zona de exclusão social", à semelhança do que os americanos e britânicos fizeram nas "zonas de exclusão aérea" do Iraque, contra aldeões e pastores, antes da invasão de 2003, e a que eufemisticamente chamavam "danos colaterais".

No reverso da medalha, vem aí mais um regime de perdões para as dívidas - que no seu conjunto são superiores a 5 mil milhões de euros -, e que se vai traduzir num regime “excepcional e temporário" de regularização de dívidas fiscais e à Segurança Social, sem que às empresas e pessoas singulares lhes sejam cobrados juros e custos administrativos, beneficiando ainda de um "desconto" de 10% nas coimas, uma espécie de jackpot para incumpridores, já que a ditadura fiscal, com as suas penhoras e expropriações, está reservada para os "outros". Por outro lado, quando se pergunta porque razão não são aplicadas taxas de solidariedade às grandes empresas e grupos económicos com lucros estratosféricos, a resposta é invariavelmente a mesma: isso é manifestamente inconstitucional! Saravá!

domingo, outubro 20, 2013

Sócrates ao Espelho


NÃO SUSPIRAVA pela entrevista que José Sócrates deu ao Expresso, mas subsistia alguma curiosidade. Dois anos passados, talvez algo tivesse mudado no cavalheiro, mas não. Este Sócrates é uma réplica de si mesmo. Para mim, apenas foi (des)interessante, enquanto combustível, ao longo de seis persistentes anos, para as minhas croniquetas de escárneo e maldizer. Depois de ter andado a viver uma boa vida parisiense e ter publicado um livro, repescado de uma sua tese, a conclusão que tiro é que continua igual a si próprio. Um estagiário pedante e palavroso. Basta atentar em meia dúzia de declarações para se perceber que continua a ser muito mentiroso e um bom comediante, um gajo que gosta muito de si próprio, muito corajoso e determinado, um empedernido egocêntrico que se considera uma pessoa de acção, pouco fadada para a reflexão, e com pedras no sapato. Volta a insistir que nunca teve nenhum problema com a sua vida académica, e percebe-se porquê; porque nunca teve vida académica. Confessa que leu um livro dez vezes, e de duas, uma; ou gostou muito do que leu e quis decorá-lo, ou então não percebeu patavina e insistiu até ficar a perceber ainda menos. Acredita que em política não há tempo para sopesar as graves decisões, pois o que conta é a bravura e não deixar-se ir abaixo. Continua convencido que é mais de esquerda que alguns que se dizem de esquerda, porém, diz ser o chefe democrático que os filhos-da-mãe da direita sempre quiseram ter, mas parece-se mais com o genuíno filho-da-mãe direitista, que o PS deixou infiltrar no seu seio, e que a direita tramou no momento oportuno. Em resumo, aquilo que diz pensar, não coincide com o que fez, razão porque não consegue libertar-se da fama de deslumbrado e arrivista pantomineiro. Pensa que governou um país, mas apenas geriu as suas relações, pactos e ambições, pelo que até nem conta voltar a ser escrutinado, e lá saberá porquê. Como terapia, fica-se por comentar semanalmente as tropelias do actual governo fora-da-lei, e viva o velho. Embora queira passar a imagem de que foi ingénuo, dizendo que foi traído e tramado, não consegue rever-se como o apressado almocreve que entregou o país moribundo, ao seu obstinado carrasco e coveiro, Passos Coelho, um convicto revolucionário direitista neo-liberal. Sócrates, afinal, ainda pensa que é uma estrela, mas não passa de opaco e sombrio lixo espacial, um salpico, uma nota de rodapé.

sexta-feira, outubro 18, 2013

Cada Bandeira, Cada Barraca


NA SUA visita ao México, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho discursou ao lado do Presidente Enrique Peña Nieto, ladeado por uma bandeira nacional adulterada. A Presidência mexicana remeteu a responsabilidade para a embaixada portuguesa, que foi quem teria fornecido aquele "trapinho", tudo levando a crer que tivesse sido comprado, à última da hora, na "loja dos 300" mais próxima.

quarta-feira, outubro 16, 2013

O Medo do Macedo


O ILUMINADO ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, bem pode besuntar a fronha de preto e limpar as mãos à parede, com a sua decisão de proibir a marcha de protesto da CGTP na ponte 25 de Abril. Mascarando a polémica decisão política com supostos motivos de segurança (que na sua opinião já não se poriam na também-ponte Vasco da Gama), o caga-sugestões chegou ao ponto de dizer que "não é por acaso que nunca foi realizada uma manifestação em cima da ponte", ficando por esclarecer o que são as corridas pedrestes que lá têm ocorrido, senão manifestações de carácter desportivo. A ser assim, a imagem supra não é de nenhuma manifestação desportiva, mas sim um teste de resistência de materiais, levado a cabo sem nós sabermos. Mas o medo do Macedo talvez se torne pesadelo. Pelo sim, pelo não, sempre que tenho que ir à retrete, continuo a fazê-lo com dedicatória.

terça-feira, outubro 15, 2013

A Quadrilha Esteve em Conclave

DOMINGO, 13 de Outubro de 2013. A quadrilha do governo esteve reunida em "conclave" extraordinário, desde as 10 horas da manhã, até às tantas da noite, para trocar "desenhos" sobre o Orçamento de Estado para 2014, melhor dizendo, sobre os novos assaltos que irá fazer à fazenda dos portugueses. Pelo meio-dia, junto às instalações do Conselho de Ministros o cheiro a suor era já insuportável, de tal modo que os malfeitores optaram por fazer um "almoço de trabalho" (sandwichs, croquetes, empadas e sumos), e depois, ao longo da tarde, foram deixando "transpirar" que já havia "fumo branco" quanto ao desejado acordo. Mais um mistério que fica por explicar. Acordo? Qual acordo, e com quem?

Pelas 21 horas o "irrevogável" farsante Portas fez uma pausa, para vir até cá fora para informar os jornalistas e "tranquilizar" o povo, dizendo que apenas as pensões de sobrevivência acima dos 2.000 euros serão sujeitas a redução, o que corresponde, na opinião do "irrevogável", a uma solução “muitíssimo moderada”, bem longe daquilo que gente sem escrúpulos tinha andado a propalar. Com isto respirei fundo mas não fiquei descansadíssimo. E mais: dos 800.000 pensionistas "sobreviventes" apenas 25.000 irão ser afectados por mais esta expropriação, pois são os tais que vivem à grande e à francesa, com champagne, caviar e tudo. Assim sendo, fica por explicar onde o Governo irá buscar o restante, para perfazer os 100 milhões que contava arrecadar, ou será que essa verba foi mais uma falsa pista adiantada por este pouco escrupuloso Governo, para ver qual era a reacção? Ou será que o restante fica para o ano que vem? E mais ainda: disse o “irrevogável” que a razão de ser deste esbulho é que o Estado é deficitário em 1.200 milhões de euros, entre o que paga e o que recebe no regime contributivo, como se fossemos nós os culpados pelo facto do Estado não ser honesto nas contas, e um péssimo administrador das contribuições que entregamos à sua guarda. Cá ficamos à espera das cenas dos próximos capítulos. Entretanto, acautelemo-nos com os carteiristas que continuam a andar por aí…