sábado, agosto 30, 2008

Os Meus Eleitos

O
Título: Nascido a 4 de Julho
Título Original: Born On The Fourth Of July
Data Estreia: 1989
Origem: EUA
Realizador: Oliver Stone
Argumento: Ron Kovic (livro) e Oliver Stone (guião)
Género: Biográfico, Drama
Actores Principais: Tom Cruise
Comentário: O drama pessoal de um inconformado veterano inválido da guerra do Vietname, e a sua corajosa adesão ao movimento pacifista do povo americano que saiu à rua, a contestar o desastroso envolvimento no conflito, em confronto aberto com os seus dirigentes políticos. Uma mensagem a rever, nesta época em que a guerra no Iraque tarda em agitar e mobilizar as consciências.

Título: Dune
Título Original: Dune
Data: 1984
Origem: EUA
Realizador: David Linch
Argumento: Frank Herbert (romance)
Género: Ficção Científica:
Actores Principais: Kyle MacLachlan, Francesca Annis, Jürgen Prochnow, Linda Hunt, Kenneth McMillan, Sting
Comentário: Baseado no livro de Frank Herbert, publicado em 1965 e vencedor dos prémios Hugo e Nébula, DUNE, mais do que um filme de ficção científica, é uma reflexão sobre geoestratégia, interacção entre política, religião e messianismo, fontes de recursos e jogos de poder, num futuro tão longínquo quanto o ano 10.191, época em que as relações interplanetárias se estruturam à volta de um modelo de imperialismo galáctico, suportado por lealdades e soberanias de recorte feudal. A corporação ou guilda dos astronautas mutantes, detém o monopólio dos tráfegos interestelares, ao passo que a especiaria “melange” é a moeda-padrão de todo o universo conhecido, na medida em que possui o apetecido e precioso dom de expandir a consciência, prolongar a vida e ser vital para as viagens espaciais. Deste modo, quem controla semelhante produto, desde a extracção até à distribuição, controla todo o império. Dune é, simultaneamente, um singular e exuberante exercício, deixando bem claro que as maquiavélicas e farisaicas “regras” dos jogos de poder de ontem e de hoje, embora com outras cambiantes e noutros contextos, continuarão a ser as regras de amanhã.

Título: ET - O Extraterrestre
Título Original: ET - The Extra-Terrestrial
Data: 1982
Origem: EUA
Realizador: Steven Spielberg
Argumento: Melissa Mathison
Género: Drama, Ficção Científica
Actores Principais: Henry Thomas, Dee Wallace, Robert MacNaughton, Drew Barrymore, Peter Coyote
Comentário: Um extraterrestre, durante uma missão botânica de exploração à Terra, é abandonado acidentalmente no nosso planeta, a 3 milhões de anos-luz do seu planeta de origem. Para escapar à perseguição que lhe é movida pelos terrestres, vendo-se sozinho e assustado, acaba por estabelecer contacto e uma profunda e comovente amizade com um garoto de 10 anos, refugiando-se depois junto da sua surpreendida e solidária família. ET ficará para sempre como um exemplo, em que o universo, a sua diversidade e incomunicabilidade, se podem estreitar e desmontar, sem necessidade de recorrer a grandes meios, bastando pôr as crianças, com a sua ingenuidade e autenticidade, a resolver o problema.

Título: Inteligência Artificial
Título Original: Artificial Intelligence
Data: 2001
Origem: EUA
Realizador: Steven Spielberg
Argumento: Brian Aldiss (novela) Ian Watson (guião)
Género: Drama, Ficção Científica
Actores Principais: Haley Joel Osment, Jude Law, Frances O'Connor, William Hurt,
Comentário: Baseado numa ideia inicial de Stanley Kubrick e posteriormente desenvolvida por Steven Spielberg, conta a história de um rapaz- robot, encomendado a uma empresa de engenharia genética e destinado a substituir, temporariamente, o filho de um casal, vítima de doença incapacitante. Depois, é a história desse rapaz-robot que luta para que a sua mãe adoptiva e humana, o considere mais do que um mero instrumento de substituição do filho biológico. É a epopeia de um menino, que sem ser de carne e osso como os demais, também quer ser amado É quase uma versão do Pinóquio de Carlo Collodi, adaptada aos tempos que já não são tão do futuro, como se possa imaginar, ou ainda se quisermos, uma envolvente associação à inteligência cibernética do computador HAL 9000, do genial 2001 Odisseia no Espaço, do inimitável Kubrick. Fica a pergunta: amanhã, o que irá diferenciar a inteligência artificial de uma criatura andróide, daquela que qualifica um ser humano genuíno?

Título: África Minha
Título Original: Out of Africa
Data: 1985
Origem: EUA
Realizador: Sydney Pollack
Argumento: Karen Blixen (livros) Judith Thurman (adaptação)
Género: Biográfico, Drama
Actores Principais: Robert Redford, Meryl Streep, Klaus Maria Brandauer, Malick Bowens
Comentário: Ao contar a história de uma baronesa dinamarquesa que se estabelece na África oriental para gerir uma plantação de café, este filme é um fresco sobre o Quénia dos primórdios do século XX, quando os impérios coloniais se degladiavam em guerras europeias e mundiais, mas também quando muitos europeus começavam a lançar um olhar diferente sobre a África e os seus povos, já não tanto interessados na sua exploração desenfreada, mas sim na partilha de identidade, compreensão e preservação do continente. Hoje, vendo África Minha, os sentimentos que me assaltam são de nostalgia e de grande perda, não só para mim mas para toda a Humanidade, causada por tudo aquilo em que o homem branco tocou, contaminou e destruiu, sem preocupações de preservação, fosse de identidades ou de patrimónios, desde a Cidade do Cabo até Casablanca.
Eu que estive em África, também guardo bem fundo o minha paixão africana, à mistura com o cheiro a terra molhada da chuva, a pintura de colossais arcos-íris, os grandes espaços, os odores, os sons profundos e os ruídos quase insignificantes, de insectos e linhas de água a correr, sabe-se lá para onde. Por isso, sinto também como meu, o baptismo de voo de Karen Blixen (Meryl Streep), de uma beleza tão dominante e atroz, que o próprio ruído do motor do biplano se extingue no sobrevoo dos flocos de nuvens e dos extensos bandos de flamingos. Ou o grupo de guerreiros massai a atravessar a savana. Ou o leilão dos objectos pessoais de uma Karen falida, depois do seu projecto africano ter sido consumido pelo fogo. Sinto como se por lá tivesse passado, a esplanada sobranceira às majestosas montanhas Ngong, onde repousam os restos mortais de Denys Finch Hatton (Robert Redford), um homem que era de todos e de ninguém, visitados esporadicamente por um casal de leões, que ali vai partilhar o respeito e o silêncio. Depois da partida, também sinto como minha, a grande fogueira que a Karen teria que acender para que o criado Farah, deixado para trás, a pudesse reencontrar.

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