ENQUANTO se aguarda que seja divulgada a tal personalidade de prestígio que Cavaco vai designar, para acertar agulhas e assegurar a manutenção dos cuidados intensivos ao Governo, a Assembleia da República reuniu-se para debater o estado da nação. Sem iniciativa nem novos argumentos, o Governo apareceu em estado comatoso, não recuperado do golpe-de-mão florentino de Paulo Portas, embora ainda com forças para levar a cabo mais uma pantomina, tentando convencer-nos que anda a carregar com o país rumo à glória, quando são os portugueses que continuam a ter que alombar com os arquitectos da sua desgraça. Passos Coelho insiste em não abandonar o país, em não se demitir, apesar de Victor Gaspar se ter demitido, declarando por escrito que as soluções austeritárias falharam redondamente. Apesar disso, Passos Coelho, tal como Cavaco, continuam a repetir que as eleições antecipadas não resolvem nada, apenas servindo para desperdiçar os sacrifícios feitos até aqui. Errado! Eles têm é receio que das eleições resultem novas políticas, que parem com os desnecessários sacrifícios, desacreditando o modelo e as políticas até aqui seguidas. Diz ele que está tudo a correr tão bem, com tantos sinais, indicadores e resultados positivos de recuperação económica, que até nem percebeu a intenção da tal iniciativa presidencial, que outra coisa não foi senão um atestado à sua falta de jeito e incapacidade de manter o governo neste caminho escabroso, empurrando-nos para o "admirável mundo novo" da indigência e da sopa dos pobres. Se a situação do país não fosse dramática, eu até diria que Passos Coelho era capaz de dar um razoável cómico, mas quando Passos Coelho diz, em tom de ameaça, que o destino do país está intimamente associado ao destino deste Governo, só espero que tudo seja feito para que tal não se concretize. Já agora, era o que faltava!
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