quinta-feira, agosto 01, 2013

Recheio e Papel de Embrulho

COM o Governo "recauchutado" e a considerar-se revalidado com o cavacal embrulho da moção de confiança, foi oficialmente inaugurado um "novo ciclo" (ou circo), onde a ideia persistente continua a ser "deitar a escada" ao PS (partido Seguro), para que aquele contribua para a tal nova "união nacional" e avalize o pacote de 4,7 mil milhões de euros de prometidas atrocidades.Veremos se o PS consegue resistir.

Entretanto, o frenético Passos Coelho, vai dando uns lamirés sobre o recheio e os temperos do tal "novo ciclo", falando sobre as reformas que vão ser feitas “de forma muito concentrada”, para satisfazerem a tal reforma do Estado, que é mais uma porta de entrada para os apetites do costume. E começa logo com o aumento de horário de trabalho na função pública (por agora), de 35 para 40 horas semanais, onde o mesmo trabalho poderá ser feito por menos trabalhadores, logo os que estão a mais, serão dispensáveis, e terão de "ir fazer alguma coisa para outro lado”, ao passo que os que mantêm o emprego vêem reduzida a sua retribuição, dado que num mês passam a trabalhar mais vinte e tal horas pelo mesmo salário. Assim se premeia o esforço e os sacrifícios que os portugueses têm feito. Depois de mandar os portugueses emigrarem, agora, usando a sua habitual conversa de carroceiro engravatado, começou a mandá-los para outro lado, quando podia ser ele a ir, o mais ligeiro possível, para aquele sítio que todos nós sabemos.

quarta-feira, julho 31, 2013

Super Pobrezinhos


«Vir para aqui é como brincar aos pobrezinhos»

EXPRESSÃO zombeteira de um dos proprietários da Quinta da Comporta, localizada junto ao litoral alentejano, com 15 mil hectares de superfície e 12 quilómetros de praias em estado semi-selvagem, herdade rural adquirida em 1950, partilhada e desfrutada por membros da família Espírito Santo e seus amigos com interesses afins, tudo gente abastada, da alta finança, dos grandes negócios e empreendimentos, celebridades e estrelas das artes "plásticas", à mistura com membros da realeza europeia, tudo gente sofisticada, que se auto-selecciona, tudo gente de grandes cabedais, grossos dividendos e altas cilindradas. É uma espécie de retiro rústico, polvilhado de cabanas, moradias e mansões, onde as elites convivem com os indígenas locais, fingindo-se de pobrezinhos, numa espécie de terapia para se desenfastiarem da civilização, do “stress” dos negócios, das suas “agruras”, perdições e toxinas. Esta informação foi recolhida da Revista do semanário EXPRESSO de 27 de Julho de 2013, e retracta de modo tão rigoroso quanto possível, os que vivendo de forma tão modesta, aguentam estoicamente todas as contrariedades e não sabem propriamente o que é essa coisa da crise que atravessamos, pois andamos todos a "descontar" para eles.

terça-feira, julho 30, 2013

PMMP ou MPPM, Tanto Faz

SEJA Poiares Maduro, Ministro da Propaganda (PMMP), ou seja o Ministro da Propaganda, Poiares Maduro (MPPM), em qualquer dos casos, as siglas são capicuas perfeitas. Com a prestimosa “adjuda” de Pedro Lomba, o secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional (um espanto, estes títulos!), ainda estamos longe das prometidas conferências diárias (briefings) de ponto de situação (agendadas há um mês atrás), mas já se começam a distinguir os contornos deste novo tipo de "comunicação" governamental, a prometer mundos e fundos, a lavar a cara aos ministros para torná-los apresentáveis, a traçar contornos e perfis, a delinear os desafios que há pela frente, a falar pela “troika”, a dar conta daquilo que o governo fez e desfez, do que faz e desfaz e do que pensa fazer e desfazer, seja a curto, médio ou longo prazo, querendo impingir a ideia de que entrou em novos e abrangentes moldes, que o ritmo está a acelerar e que todos estão ocupadíssimos, a gerir o barco e a enfrentar a grande tormenta. E digo mais, acho que isto não vai ter grande duração, pois quando o Governo recorre à encenação, ao espectáculo de feira, dia sim, dia não, é porque perdeu o pé, já não controla nada (nem a si próprio) e anda a esbracejar à procura de uma saliência onde se agarrar. Querem um responsável? O patrono desta coesa solução, sua excelência o divertido e inoxidável Aníbal Cavaco Silva!

Perante este espectáculo, que faz a comunicação social? Pouco ou nada! Nem sequer se contorce. Não tenho nada contra os seus profissionais, muitos deles estagiários à procura de uma oportunidade, mas a pobreza é confrangedora. Limitam-se a comparecer ao beija-mão, a transcrever e a divulgar as patranhas anunciadas e enunciadas, engolem tudo em seco, calma e serenamente, sem pedidos de esclarecimento, deixando correr o marfim, anichando-se numa desesperante postura situacionista de cortar a respiração, sem fazer as perguntas incómodas, que gostaríamos de ver respondidas. Longe vão os tempos em que, mesmo sob a vigilância apertada dos “majores” da censura, sem espaço para nada poder transpirar, se deixavam nas entrelinhas alguns sinais e pistas para reflexão. Hoje é coisa que não lhes passa pela cabeça. E se lhes passa, logo começa a funcionar a patilha de segurança da autocensura, ou então, como último recurso, o senhor director não deixa passar.

segunda-feira, julho 29, 2013

Buracos

«Muito embora o primeiro-ministro diga que esta matéria é “complexa” e que vai ser estudada “com atenção”, o Ministério da Saúde garante que “não há buraco” nas contas das PPPs do sector.»

Cabeçalho de notícia do suplemento de Economia do jornal PÚBLICO em 28 de Julho de 2013

Meu comentário: Primeiro-ministro a falar verdade e PPPs sem “buraco” são coisas raras de encontrar, mas se não há "buraco" visível, pode ser que tenha sido bem suturado, o que não quer dizer que lá por baixo não esteja a progredir uma infecção, que vai corroer as contas públicas até chegar ao osso, lá para 2042.

domingo, julho 28, 2013

Leituras em Atraso

Pedro Passos Coelho, discursando em Pombal na sessão solene de abertura das Festas do Bodo, apelou a um acordo e convergência de objectivos com o PS, para além da actual legislatura, que termina em 2015. Afirmou que "desde que tenhamos os pés assentes na terra e sejamos realistas - quer dizer, não comecemos a estabelecer objectivos que estão manifestamente para além daquilo que as condições nos permitem -, então é possível vencer e ultrapassar obstáculos e conseguir um clima de união nacional, não é de unidade nacional, é de união nacional, que permita essa convergência".

Este apelo, pode de alguma maneira ter a ver com a moção de confiança que vai levar a votos na Assembleia da República na próxima Terça-feira, e seja uma nova tentativa de “deitar a escada” à habitual “abstenção violenta”, que a “oposição responsável” do PS costuma adoptar.

Entretanto, como Passos Coelho, no intervalo das suas cabotinices, ainda não chegou à última parte da biografia de Salazar que anda a ler, ignora que foi no consulado de Marcelo Caetano que a "União Nacional", evoluindo na continuidade, se transfigurou em "Acção Nacional Popular", daí a triste figura.

sábado, julho 27, 2013

Sherlock Holmes e o Caso dos "Swaps"


- Mas Holmes, ela diz que não mentiu…
- É elementar, meu caro Watson! Não basta lady Maria Luís dizer que está a falar verdade, e ter todo o apoio e confiança do lorde da Ordem dos Barreteiros; face aos dados e factos que a contradizem, é necessário que prove que são falsos...

quinta-feira, julho 25, 2013

Ser e Parecer

QUANDO se aceita um cargo público há que avaliar com rigor quais os aspectos do nosso percurso curricular, e até da nossa vida pessoal, que possam afectar negativamente o desempenho desse cargo público. De falso moralismo está o mundo saturado, e a decência e a vergonha, são espécies cada vez mais difíceis de encontrar para os lados de quem ocupa tais cargos. Passar pelos órgãos superiores de gestão de um banco, que à mesma data foi o epicentro de uma mega fraude de escandalosas proporções, excluir esse facto dos seus dados biográficos, dizer que não se apercebeu de nada enquanto por lá andou, e garantir que se está de consciência tranquila, é pouco ético, de um cinismo e hipocrisia extremos, ao passo que tentar ocultá-lo é inadmissível. Se acaso há sinais de podridão nos hábitos políticos, eles não estão do lado de quem denuncia, mas sim do lado de quem é denunciado. Mesmo admitindo que se tem as mãos e a consciência limpas do crime, a verdade é que nunca se podem evitar os salpicos que resultam de se ter andado perto da cena do crime, e não basta escudar-se atrás dos apelos vindos da emergência em que o país se encontra, como justificação para ter aceite um cargo de ministro. Como teria dito Caio Júlio César a Pompeia: à mulher de César não basta ser honesta, há também que parecê-lo. E por aqui me fico.

quarta-feira, julho 24, 2013

Agendas e Guiões

ATÉ AQUI os comentadores e a comunicação social chamavam-lhes agenda, agora passou a guião, termo importado da actividade cinematográfica, e que serve para auxiliar e orientar o realizador, com grande detalhe, na condução de todos os passos das filmagens, e que agora é suposto aplicar-se também à política, sendo usado, por tudo e por nada, até à exaustão, como invólucro de mais umas quantas fitas em fase de produção. Começou com o guião de Aníbal Cavaco Silva para solucionar a crise do Governo, e já vai no guião de António Pires de Lima para o ministério da Economia. Além dos presumíveis guiões de Paulo Portas e Jorge Moreira da Silva, falta também saber qual será o guião de Rui Machete como ministro dos Negócios Estrangeiros, pois há outros guiões que lhe conhecemos, mas que não estão a ser divulgados no seu currículo. Para que se saiba, fez parte do Conselho Consultivo do Banco Privado Português (BPP), falido e com múltiplos processos em tribunal, e entre 2007 e 2009 integrou o Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios, proprietária do Banco Português de Negócios (BPN), o escandaloso e sobejamente conhecido caso de polícia, um grande polvo com múltiplos tentáculos no meio político e financeiro, e com um peso desmesurado nos bolsos dos portugueses, que por sorte ou azar, nunca foram “clientes” do dito cujo. Se por acaso, alguma coisa lhe for perguntada, por algum jornalista mais afoito, sobre os factos ocorridos nestas duas instituições, dirá, como os outros “inocentes”, que nada lhe passou pelas mãos e que nada sabia do que se estava a passar.

De Vítimas a Carrascos


EM 11 DE JULHO, perante um numeroso grupo de pessoas que se manifestou nas galerias da Assembleia da República, com gritos de "demissão!" dirigidos ao Governo, a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, mandou evacuar as mesmas, ao mesmo tempo que deixava no ar a sugestão de que o acesso às mesmas deveria ser repensado. Ripostou ainda com a frase "não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes", da autoria de Simone de Beauvoir, quando se referiu à repressão dos nazis sobre o povo francês, durante a ocupação da França na II Guerra Mundial. Qualquer pessoa de mediano entendimento interpretaria esta analogia, identificando os carrascos com os manifestantes, e os maus costumes com a liberdade de acesso às sessões parlamentares. Assim, os sindicalistas do STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local e Regional) não apreciaram aquela comparação, acharam as palavras indignas e ofensivas, e pediram explicações. A resposta de Assunção Esteves foi de uma douta clarividência, à sua maneira, claro está. Diz ela na sua carta dirigida ao STAL que o que queria dizer com aquela frase é que "o Estado de direito deve sempre conservar a serenidade da razão". Ficaram esclarecidos, não ficaram? Pois eu também não, e deve ser defeito meu.

terça-feira, julho 23, 2013

O Triângulo PGM


SEMELHANTE ao celebérrimo e muito citado Triângulo das Bermudas, também temos o nossoTriângulo PGM, este porém, não é uma área geográfica onde desaparecem coisas, tais como barcos e aviões, mas um vórtice semelhante a um buraco negro, insaciável devorador de factos e acontecimentos indesejáveis, manipulado por um (P)residente, um (G)overno e uma (M)aioria. A última vítima foi uma crise política. Começou no dia 11 quando o Presidente disse que o Governo estava em «perda de credibilidade e de confiança gerada pelos acontecimentos da semana passada», para 10 dias depois, todos aqueles epítetos se transformarem em «coesão e solidez» do mesmíssimo Governo, que foi reconduzido como se nada se tivesse passado. O Governo não estava à altura, agora já está. Não era de confiança, agora já é. Parecia que estava a desmanchar-se, agora já não. Afinal a crise não passou disso mesmo, de uma espécie de aberração espácio-temporal que o tal buraco cósmico se encarregou de suprimir, a pedido de várias famílias. Por obra e graça de um anibalesco sortilégio, a crise nunca existiu, e provavelmente, nunca será citada nos livros como um facto histórico, mas sim como uma encenação, melhor, uma grande trafulhice.

domingo, julho 21, 2013

A Cavacal Narrativa


O senhor Aníbal que é tudo menos um todo-o-terreno da política, atascou-se até ao pescoço com o seu bizarro propósito de compromisso, e não há pedregulho ou cagarra que o salvem. Acabou por falhar o desejado “sentido de responsabilidade, a vontade séria e o empenho em conseguir chegar a um entendimento", por parte do PSD, PS e CDS-PP nas negociações para o tal compromisso de salvação nacional, em que ele estava tão empenhado. Chegou mesmo a Insistir no argumento ameaçador de que há adversários do acordo de salvação nacional, que tudo farão e não irão olhar a meios para que ele não se concretize, continuando a demonstrar com este sobressalto, que convive muito mal com a diversidade de ideias e opiniões, em resumo, com a própria democracia. A cavacal lenga-lenga chegou ao ponto de se servir dos sindicatos e das associações patronais como escudos-humanos, para nos fazer crer que agarrados à troika é que estamos bem, muito embora tenhamos que abrir mão de mais umas quantas coisitas, para aliviarmos o Estado dos tais encargos de 4,7 mil milhões de euros.

Hoje, na sua comunicação ao país, continuou a insistir na ideia de que as eleições antecipadas são uma incerteza, uma solução perversa e desestabilizadora, recheada de perigos, apenas servindo para desperdiçar os sacrifícios feitos até aqui, podendo levar a perigosas mudanças de rumo do resgate. Portanto, e com o seu beneplácito, o Governo que estava é para continuar até ao fim da legislatura (2015), mas é preciso que tenham muito juízo e sejam bem comportados, devendo para já apresentar uma moção de confiança, para todos ficarmos descansados. Cavaco, se já andava com os pés inchados, ficou pior. Vai ter dificuldade em descalçar as botas, e para já, não se livra de ser acusado de ser o chefe e protector da quadrilha de malfeitores que continua por aí à solta.

sábado, julho 20, 2013

A Irrevogável Podridão

CONFRONTADO com um Governo atacado de “irrevogável” podridão, que há um mês a esta parte passa os dias a simular coesão, agarrado ao manual de sobrevivência política e a jogar ao "toca e foge" com a dura e deprimente realidade, parece que Cavaco Silva vai ter que voltar às Selvagens, para se aconselhar com os pedregulhos e as cagarras, já que nem ele, nem os seus assessores e conselheiros, conseguem dar conta do recado.

Havia várias soluções para a crise política. Cavaco Silva começou por rejeitar dar posse ao Governo "recauchutado" depois da saída de Vítor Gaspar e das piruetas de Paulo Portas, por ser uma solução frágil e pouco abrangente. Excluiu a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas neste Setembro de 2013, porque tal solução iria provocar (diz ele) descontinuidade governativa e fragilizar o país perante os credores e os mercados. Por quebra do PS, acabou por falhar a sua solução de acordo tripartido de salvação nacional (PSD, CDS-PP e PS), com eleições antecipadas marcadas para Junho de 2014. Fica em aberto a solução de um governo de iniciativa presidencial que ele sempre disse não querer adoptar. Este é o resultado que dá ter andado a manter prolongados silêncios e cultivando um conceito minimalista dos seus poderes, quando tudo pedia que interviesse.

Entretanto, o que fica de pé? Quase nada, porque se Cavaco voltar atrás, acabando por dar posse a um desacreditado Governo "recauchutado", com isso acaba por reconhecer que cometeu um estrondoso erro de avaliação, caindo na armadilha que ele próprio engendrou, desacreditando-se perante a opinião pública, e começando a desenhar-se a hipótese da sua própria renúncia.

sexta-feira, julho 19, 2013

Bengaladas

Carlos Zorrinho, com aquele permanente sorriso seráfico a aflorar-lhe aos cantos da boca, acusou o PCP de ser a bengala da direita, fazendo tudo o que está ao seu alcance, inclusivamente "jogos partidários", para dinamitar os "patrióticos" fretes e acordos que o PS costuma tramar com essa mesma direita. Já não é a primeira vez que o PS tem saídas destas, muito embora continue a ser uma boa piada, não fossem as tragicomédias que habitualmente andam associadas a estas cambalhotas políticas. Aliás, o último caso é paradigmático, e serve para demonstrar como o PS adora pôr-se a jeito e cair nas armadilhas que lhe montam, como esta última de entrar em conversações e negociações com o PSD e o CDS-PP, na tentativa de salvar o Governo (e não o país, como se quer fazer crer), depois daquele ter andado a auto mutilar-se com a demissão de facto do Vítor Gaspar, a demissão simuladamente "irrevogável" do Paulo Portas, e uma patética remodelação ministerial, que nem sequer teve a concordância do senhor Aníbal.

quinta-feira, julho 18, 2013

"Sem Intransigência e Com Espírito de Abertura"...

... no espaço de uma semana, juntaram-se para "salvar" Portugal, os três partidos que durante trinta e tal anos, de Mário Soares a Passos Coelho, passando por Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates, paulatinamente, têm conduzido Portugal até ao ponto em que está: o desastre. Cavaco Silva, o actual inquilino de Belém, tem especiais responsabilidades não assumidas, já que governou entre 1985 e 1995 com o seu pouco escrupuloso "deixem-me trabalhar", andou rodeado de gente pouco recomendável, colheu favores e benefícios com as negociatas e traficâncias do BPN, para agora estar a coordenar e a cronometrar os trabalhos da suposta "salvação nacional". No meio disto tudo, ainda há quem diga que é o regime que caducou, e que precisa de ser substituído, quando o que precisa de ser mudado são os protagonistas e as suas políticas.

quarta-feira, julho 17, 2013

Missão Patriótica

 
Cavaco Silva vai pernoitar Quinta-Feira nas Ilhas Selvagens, a 1.000 quilómetros de Lisboa e do epicentro da crise política, dia da votação da moção de censura do PEV ao Governo. Vai em missão de soberania e como forma de assegurar o regular funcionamento das instituições da República em todas as latitudes. Para o coadjuvarem na sua missão e garantirem a biodiversidade daquela reserva natural, podia levar com ele o Coelho, o Portas, o Oliveira e Costa, o Alberto João Jardim que até mora ali perto, o Duarte Lima, o Oliveira e Costa e o Isaltino Morais, todos algemados entre si, e à cautela com pulseira electrónica, o Dias e o Valentim Loureiro, o João Rendeiro, o Vitor Gaspar e mais uns quantos, e ficarem todos por lá a conviverem e a bronzearem-se. Ouvi dizer que as colónias de cagarras não estão a gostar do programa.

terça-feira, julho 16, 2013

Mesmo Longe no Tempo, Convém Recordar


«A medo vivo, a medo escrevo e falo,
hei medo do que falo só comigo;
mas ainda a medo cuido, a medo calo.»

António Ferreira (1528 - 1569) considerado um dos maiores poetas do classicismo renascentista de língua portuguesa, autor de "A Castro" ou "Tragédia de Inês de Castro", e "Poemas Lusitanos"

domingo, julho 14, 2013

Insuportáveis

COM um Governo arruinado com a demissão de Vitor Gaspar e que não se conseguiu "recauchutar" nem empossar, muito embora fosse aplaudido pela União Europeia, com um ministro dos Negócios Estrangeiros "irrevogavelmente" demissionário por discordar da escolha para ministra das Finanças, um secretário de estado também dos Estrangeiros a fazer as vezes do ministro no Conselho de Ministros, embora ambos não apareçam no ministério, e até tenham esvaziado os gabinetes, empacotando os seus haveres, com um ministro da Economia que era para ser substituído, mas já não foi, um ministro que era para ser do Ambiente mas ficou "congelado", e com Cavaco Silva a dizer que o Governo está em plenitude de funções, o panorama é do pior que se possa imaginar. Se o Governo já desgovernava o país, agora entrou em roda livre, a desgovernar-se a si próprio.

O objectivo de se verem concretizados os absurdos cortes de 4,7 mil milhões de euros, que ninguém diz onde serão aplicados, foi a grande motivação desta solução de compromisso tripartido proposto por Cavaco Silva, que ele quer que seja rápido, e que eufemisticamente apelidou de dever patriótico de salvação nacional, isto é, conseguir com três, aquilo que com dois, deu o resultado que deu. Contudo, responderam que sim senhor, que iam dialogar, mas a contragosto. O Governo porque se viu desacreditado e o PS porque se sentiu entalado. É uma solução que contemplou o PSD e CDS-PP com uma espécie de "castigo" por mau comportamento, e empurrou o PS para um caminho demasiado estreito e comprometedor para as suas ambições, para mais confrontado com a prometida moção de censura dos Verdes, que outro objectivo não tem senão de o obrigar a clarificar o seu inconstante posicionamento de "abstenção violenta". O caldo está definitivamente entornado, e não creio que a solução vá dar qualquer resultado, pois se o país já o estava, a partir de agora ficará mais ingovernável.

A dar-se o caso das negociações resultarem inconclusivas, e sabendo-se que as eleições antecipadas foram descartadas, porque o país - dizem eles - não suporta adiamentos ou mudanças no rumo traçado pelo memorando do resgate, fica apenas por descodificar o que Cavaco queria dizer quando advertiu que "há outras soluções". Na verdade, além do rumo insuportável que foi imprimido à vida dos portugueses, a verdade é que são eles que se tornaram cada vez mais insuportáveis, situação que apenas pode ser revertida, desalojando-os, com as tais eleições, a que todos gostam de tecer rasgar elogios, quando tal lhes convém, mas a que agora torcem o nariz, quando os ventos não sopram de feição. Vem a propósito lembrar as fresquíssimas declarações de José Miguel Júdice, outra aberração da nossa praça que deve andar a reeducar-se com alguma das biografias do Oliveira Salazar, quando diz que é preciso acabar com os partidos, haver um golpe de estado ou uma revolução que mude o sistema político, uma ruptura que opte pelo presidencialismo, que se concentre na pessoa de uma grande figura humanista, respeitada pelas elites, uma pessoa que dê algum sossego aos conservadores e algum sonho aos que são mais favoráveis à mudança. Mais um, que tem tanto de cretino e tonitruante, como de insuportável, num Portugal e numa Europa que se dizem das liberdades e das democracias.

sexta-feira, julho 12, 2013

Governo em Estado de Coma

ENQUANTO se aguarda que seja divulgada a tal personalidade de prestígio que Cavaco vai designar, para acertar agulhas e assegurar a manutenção dos cuidados intensivos ao Governo, a Assembleia da República reuniu-se para debater o estado da nação. Sem iniciativa nem novos argumentos, o Governo apareceu em estado comatoso, não recuperado do golpe-de-mão florentino de Paulo Portas, embora ainda com forças para levar a cabo mais uma pantomina, tentando convencer-nos que anda a carregar com o país rumo à glória, quando são os portugueses que continuam a ter que alombar com os arquitectos da sua desgraça. Passos Coelho insiste em não abandonar o país, em não se demitir, apesar de Victor Gaspar se ter demitido, declarando por escrito que as soluções austeritárias falharam redondamente. Apesar disso, Passos Coelho, tal como Cavaco, continuam a repetir que as eleições antecipadas não resolvem nada, apenas servindo para desperdiçar os sacrifícios feitos até aqui. Errado! Eles têm é receio que das eleições resultem novas políticas, que parem com os desnecessários sacrifícios, desacreditando o modelo e as políticas até aqui seguidas. Diz ele que está tudo a correr tão bem, com tantos sinais, indicadores e resultados positivos de recuperação económica, que até nem percebeu a intenção da tal iniciativa presidencial, que outra coisa não foi senão um atestado à sua falta de jeito e incapacidade de manter o governo neste caminho escabroso, empurrando-nos para o "admirável mundo novo" da indigência e da sopa dos pobres. Se a situação do país não fosse dramática, eu até diria que Passos Coelho era capaz de dar um razoável cómico, mas quando Passos Coelho diz, em tom de ameaça, que o destino do país está intimamente associado ao destino deste Governo, só espero que tudo seja feito para que tal não se concretize. Já agora, era o que faltava!

quinta-feira, julho 11, 2013

Evolução na Continuidade, Sim, Eleições Para Já, Não!

ONTEM, pela 20 horas e 30 minutos, Aníbal Cavaco Silva, sempre com os cinco sentidos apurados para a tão desejada estabilidade política, bem como para os superiores interesses da nação, deixou bem claro qual é o seu entendimento do conceito "Um Presidente, Um Governo e Uma Maioria", que herdou de Francisco Sá Carneiro, e que sempre acarinhou, só que agora com uma “grande” novidade de “engenharia política”: a maioria será alargada ao PS (o terceiro protagonista do arco da governação e da assinatura do memorando de entendimento com a troika), o mesmo que se tem andado a pôr a jeito, fazendo alguns fretes ao Governo, mas que agora será formalmente cooptado, caucionando um governo de iniciativa presidencial do tipo “evolução na continuidade”, com a promessa de eleições antecipadas só lá para Junho de 2014, depois da troika fazer as malas e ir embora. Eleições para já, está fora de questão. No entendimento de Cavaco Silva, com contornos de uma insuportável chantagem, diz ele que temos que ter juízo e ser bem comportados, pois estamos sob permanente escrutínio dos “mercados” e apertada vigilância da União Europeia, temos que nos esfalfar para amealhar dinheiro para pagar a dívida aos nossos credores, logo não nos podemos andar a distrair com campanhas eleitorais ou perder tempo com eleições, caso contrário o caldo está entornado. Homessa!

Curiosamente, parece-me que ninguém ficou satisfeito com aquela presidencial solução. Quem esperava por eleições antecipadas (PCP, BE e PEV) acabou a rejeitar liminarmente este “arranjo” de compromisso tripartido. O PS que dia sim, dia não, também queria eleições, já disse que não vai dar o seu contributo para este modelo, muito embora não enjeite manter a sua participação nos moldes parlamentares, rejeitando emprestar ao governo uma legitimidade que ele já não tem. Quanto ao PSD e CDS-PP que, tal como Cavaco Silva, fogem de eleições como o diabo da cruz, viram gorada a sua solução de um Governo “recauchutado”, deixaram transparecer que não estavam particularmente entusiasmados com esta solução presidencial, ficando a aguardar as iniciativas e desenvolvimentos posteriores. Quer-me parecer que se o caldo não ficou entornado de uma maneira, vai acabar por ficar de outra, pois o centro de gravidade da crise transferiu-se do Portas do Largo do Caldas para o Cavaco de Belém, passando a residir neste último o factor de perturbação. Imagino que as direcções políticas de todos os partidos políticos, nesta noite que passou, não tenham pregado olho, pois o modelo de Cavaco é enviezado como solução governativa, e retorcido como solução democrática, já que em termos práticos pretende pôr a democracia a hibernar durante um ano, e depois logo se verá. Aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos.

quarta-feira, julho 10, 2013

Uma no Cravo, Outra na Ferradura

António José Seguro, depois de ter andado a repetir de forma descontínua que quer eleições antecipadas, afirmou ontem, já depois de ter saído da audiência com Cavaco Silva, que o PS (Partido Seguro) não precisa de eleições para apresentar propostas para o país. Será que é isto que Cavaco Silva quer ouvir (ou já ouviu), para aprovar a nova versão do (des)governo do "irrevogável" Paulo Portas e do "segunda linha" Passos Coelho?

O pastel de Belém

Cavaco Silva já teve audiências com quase metade do país, já ouviu banqueiros, patrões e sindicatos, já participou em fóruns com economistas, já se recolheu várias vezes ao seu retiro espiritual para tomar uma decisão sobre a superação da crise governamental, mas ou muito me engano ou tudo isto não passa de mais uma encenação. Sendo certo que mais vale decidir mal, do que não decidir, ou fingir que se está a fazê-lo, podem entretanto acontecer situações caricatas, como esta de a União Europeia já ter "validado" a "recauchutagem" governamental, antes mesmo de Cavaco ter dado o seu veredicto.

Reformas e Pensões na Loja de Penhores


«Governo manda investir até 90% do dinheiro das reformas em títulos do Estado. Se houver uma reestruturação da dívida, pode haver perdas altas.

A concentração do dinheiro do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) em aplicações na dívida pública portuguesa, como determina uma medida aprovada esta semana pelo Governo, poderá pôr em risco o pagamento futuro das pensões dos portugueses.

Caso a dívida pública portuguesa tenha de ser reestruturada, como vários especialistas já alertaram na sequência da actual crise política, "se houver perdas no FEFSS, as pensões correm sérios riscos de perder muito dinheiro", alerta João Cantiga Esteves, professor de Economia no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). No final de Junho, o FEFSS tinha um valor total de 11 mil milhões de euros.

O Governo, através de uma portaria assinada ainda pelo ex-ministro das Finanças e pelo ministro da Segurança Social [Vitor Gaspar], determina que, a partir de 3 de julho, sejam investidos em dívida pública portuguesa até 90% das verbas do FEFSS. Vítor Gaspar e Pedro Mota Soares dizem que a medida está prevista no memorando assinado com a troika e tem em vista a sustentabilidade da dívida do Estado.

No final de Junho, segundo o Ministério da Segurança Social, o valor do FEFSS ascendia a 11 mil milhões de euros, dos quais cerca de 55% aplicados em dívida pública portuguesa. Com a nova orientação do Governo, o investimento do FEFSS em dívida pública aumentará para 9,9 mil milhões de euros, contra os atuais seis mil milhões de euros.

Para Cantiga Esteves, "o risco é demasiado", até porque "não é recomendável pôr os 'ovos todos no mesmo cesto'". José Santos Teixeira, responsável da Optimize, reconhece que o reforço das aplicações do FEFSS "é bom para a dívida pública, porque é um comprador suplementar e pode segurar as taxas de juro no mercado secundário." Só que, "no fundo, aumenta o risco no pagamento futuro das reformas", frisa.»

Artigo de António Sérgio Azenha, com o título "90% do dinheiro das reformas em títulos de dívida do Estado", in jornal CORREIO DA MANHÃ em 6 de Julho de 2013. O título do post é de minha autoria.

segunda-feira, julho 08, 2013

Segundo Resgate a Caminho…

… ou aquilo que os outros sabem e nós não sabemos, porque há quem nos queira manter na ignorância. A imagem é de um recorte do jornal EL PAÍS on-line de 8 de Julho de 2013.

domingo, julho 07, 2013

As Misérias De Que Se Fala

O SENHOR Manuel Clemente devia pensar duas vezes naquilo de diz, mais a mais na sua primeira homilia do Mosteiro dos Jerónimos, logo após a sua tomada de posse como patriarca. No meio dos tratos de polé a que o Governo sujeita o povo, era dispensável que alguém viesse acentuar, como ele o fez, que uns são mais sacrificados que outros, ou que uns são mais exemplo de resistência que outros, pois os portugueses não precisam que os dividam, mas sim que os unam. Que eu saiba, a pregação de Cristo nunca se inspirou ou fez distinção entre gentes do norte, do centro ou do sul, sobretudo quando todos estão sob o mesmo jugo e são alvo das mesmas malfeitorias. E numa audiência daquela solenidade, tão frequentada por gentes que sobraçam o poder e gostam de exibir a sua devoção, era desejável que não ficassem isentos de reparo, já que são eles que fabricam as misérias de que se fala.

sábado, julho 06, 2013

Ensaio Sobre a Crise-Mistério


A SOLUÇÃO da crise está encontrada, agora só falta o veredicto do inquilino de Belém (o tal que não é pressionável), que ainda tem que cumprir o calendário de receber os partidos da oposição, uma tarefa de faz-de-conta, apenas para simular que ainda está a formar a sua decisão, e que somos uma democracia cheia de nove horas. Entrementes, o Coelho e o Portas protagonizaram mais uma encenação e vieram confessar-nos, numa comunicação conjunta ao país, com tonalidades porno-softcore, que tinham encontrado a quadratura do círculo, a bem da durabilidade e da estabilidade governativa. Fica no ar a imagem junto do povo crente que o pequenote "david" derrotou o grande "golias". Em vez da pedrada certeira que eliminou o adversário, a "negociação" e o "consenso" prevaleceram. O mútuo desejo de salvação da pátria e de levar a bom termo o seu resgate, sobrepôs-se às diferenças que cada um deles tem sobre o modelo e aspectos particulares da governação, e o compromisso acabou por ser encontrado. Se não podes vencê-lo, junta-te a ele, mas impõe condições, e ficam ambos perdoados! Lá para terça ou quarta-feira, Sua Quinta-Essência o presidente Cavaco, descerá do "monte sinai" e dirá de sua justiça. Estão a perceber, não estão?

Assim, o CDS, com os olhos postos nos superiores interesses da nação - logo devíamos estar humildemente reconhecidos e obrigados pelo seu labor - reforça a sua posição no Governo, com o "contrabandista" Portas, que disse nunca transgredir a fronteira das suas convicções, fronteira essa que afinal tem um traçado variável, conforme as conveniências, a passar a vice-primeiro-ministro, indo agora mudar de fato, para voltar a tomar posse, fraternalmente agradecido a Passos Coelho por este ter rejeitado o seu “irrevogável” pedido de demissão, mas a deixar no ar a suspeita de que tudo não passou de jogo combinado. Já o Álvaro "pastel-de-nata" deixa a economia e regressa a Vancouver, parece que substituído por António Pires de Lima, ao passo que o Jorge Moreira da Silva parece que fica a tratar do Ambiente, ao passo que permanece a incógnita de quem ficará com o casarão das Necessidades, compondo assim o ramalhete deste simulacro de remodelação, onde o elenco governativo se transmuda de tamanho S em tamanho XL. Curiosamente, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, o factor determinante da "discórdia" do Portas com o Coelho, mantém-se no Governo e ficam todos amigos, renovando-se a suspeita de que ela apenas serviu de pretexto para o desencadear desta misteriosa "crise". O objectivo era dramatizar e colocar o meio político sobre uma pressão insuportável, tentando convencer-nos que com a agudização da crise social e o constante pedido de eleições antecipadas, desembocaríamos num inevitável segundo resgate, sendo adiado "sine die" o regresso aos queridos mercados.

Que se lixe a taça, que se lixem as eleições e outras complicações, pois os objectivos foram atingidos. Vejam só que até a meteorologia tem vindo, nos últimos dias, a dar uma preciosa ajuda à recuperação económica do país, passando a desenrolar-se em piloto automático. Para além da satisfação dos mercados e das agências de rating, importante mesmo era manter operacional a quadrilha de malfeitores, com a tarefa que têm entre-mãos de fazer o "reset" do país e dos portugueses. Volto a dizer que eles não são garotelhos inexperientes nem incompetentes, apenas se querem fazer passar por tal, e com isso obterem a nossa comiseração. Como diria o "outro", sabem muito bem o que querem e para onde vão, e com estes episódios, apenas nos querem fazer passar por parvos, enquanto eles, entre garraiadas e improvisações, vão levando a água ao seu moinho. Das aparências não reza a história, mas sempre vão dando uma ajuda substancial, para esbater as diferenças entre o ser e o parecer. Foi uma mini-série dramática que se irá arrastar durante semana e meia, que garantirá mais uns tempos de sobrevivência à coligação, contando que o 2015, não tarda nada, já estará ali ao virar da esquina. Mas isto são apenas as suas intenções, que não quer dizer se concretizem. A ver vamos!

sexta-feira, julho 05, 2013

Alguém Tem Dúvidas?

PARA regressar às feiras e aos mercados, a pessoa indicada é o Paulo Portas. Alguém tem dúvidas?

Crise, Qual Crise?

CRISE, qual crise? Afinal, tudo não passou de um equívoco. O Portas, cuja demissão passou de irrevogável a negociável, provavelmente por razões "patrióticas, apenas queria negociar (tal como a sardinha na lota) o peso de CDS-PP no Governo. Só os mal-intencionados podem dizer que houve crise. Como se pode ver, as presidenciais diligências de Cavaco, continuam em passo de caracol e envoltas em mistério. Uns dizem que ele exige que o Portas se mantenha no Governo, outros que isso não é condição essencial. Entretanto, o que transpira cá para fora, diz que tudo continua na mesma, e que ele apenas exige que o Governo encontre e apresente soluções de estabilidade e durabilidade, tal como as pilhas "duracell", e que evitem perturbar a sua magistratura de influência.

quarta-feira, julho 03, 2013

De Surpresa em Surpresa


COMEÇAM a juntar-se as peças do puzzle e verifica-se que as palhaçadas e as anedotas extravasaram Belém e São Bento e começam a contaminar toda a cena política do país. Reparem, o Governo começa por dizer que a demissão de Victor Gaspar o apanhou de surpresa. Paulo Portas repete que foi uma surpresa a nomeação da Maria Albuquerque para ministra das Finanças, que não concorda com a solução e demite-se. O primeiro-ministro Coelho, a ver o governo ficar em fanicos e o poder a fugir-lhe por entre os dedos, acrescenta que foi para si uma surpresa o pedido de demissão do "guarda fronteiriço" Paulo Portas, e por isso não a aceitou, pedindo mais explicações e rejeitando demitir-se, garantindo que não abandona Portugal, ao passo que o senhor Cavaco, com uma leitura minimalista dos seus poderes institucionais, sem o mínimo sentido de Estado e indiferente a tudo o que se passa à sua volta, dava posse à ministra Maria Albuquerque e aos seus secretários de Estado, duas horas depois de já ser conhecida a demissão do Paulo Portas, segunda figura do Governo. E assim vamos de surpresa em surpresa até ao descalabro total.

Conclusão: Cavaco Silva prefere continuar a brincar com os binóculos, a ver passar os comboios, mantendo o neófito tiranete ligado ao ventilador, como se nada estivesse a acontecer, ao mesmo tempo que se começa a ouvir um coro de vozes de "gente importante", banqueiros, grandes empresários, marcelos e marcelinhos, politólogos da treta e comentadores de aviário (só falta pedir a opinião ao Papa Francisco e ao Durão Barroso) a repetirem, em sincronizada algazarra, que eleições antecipadas nem pensar, olhem que se perde a estabilidade e a luz ao fundo do túnel, que há o vazio do poder, que a reforma do Estado fica adiada, que os sacrifícios dos portugueses não podem ser desperdiçados, que a troika não vai gostar, que os mercados não vão gostar e os juros vão disparar, que logo virá um segundo resgate, que Portugal não é a Grécia, etecetera e tal. A propósito, já me esquecia, que será feito do Relvas?

segunda-feira, julho 01, 2013

Ai a Minha Imaginação!

APESAR do retumbante "sucesso do programa de ajustamento", do desemprego a continuar a fazer a sua escalada ascensional, com a dívida pública quase em 130% e o défice a passar para 10,6%, o glorioso Pedro Passos Coelho garante que desta vez é que vai ser, e que é no último trimestre deste ano, nem mais, que se vai operar a milagrosa "viragem da tendência económica".

Entre o caos harmonioso do Sócrates e a luminosa obscuridade do Coelho, como é usual dizer-se, que venha o diabo e escolha. Por isso há quem acredite que todos os tormentos que nos afligem, são obra do diabo, que anda por aí à solta. Nada mais errado, pois os diabretes são outros! O pérfido estado de excepção em que vivemos é bem humano, não tem nada de sobrenatural, muito embora nos seus contornos tenha todas as perversas características daquilo que seria uma parceria público-privada entre o Governo e satanás, para instalar aqui uma sucursal do inferno, salvaguardada com mais um “swap” especulativo.

Entretanto, a cambada governativa, com todos os argumentos e embustes esgotados, passou a aconselhar que procuremos na fé, na esperança e numa grande dose de "boa sorte", os remédios para os nossos males. Para consumar essa intenção, e à falta de um balcão para serem passados atestados de pobreza, o Coelho achou por bem inaugurar uma "sala de chuto" para atender diariamente a comunicação social, onde o ministro Poiares Maduro exercitará os seus dotes de anestesista. Entretanto, fico à espera que me venha dizer (ou repetir) que o ministro Gaspar já tinha pedido a demissão há oito (8) meses, e que o Coelho não aceitou. Que isto foi um contratempo, mas que vai voltar tudo a entrar nos eixos. Há oito (8) meses, quem diria! Como vingança, vejam só o que ele fez de lá para cá! E depois, para que a História se volte a repetir, só falta que o Coelho se demita, queixando-se de falta de apoio, e o Cavaco, sempre desejoso de manter a estabilidade política e governativa, chame a Belém o "mago das finanças" Victor Gaspar, para o convidar para primeiro-ministro e formar governo...

domingo, junho 30, 2013

Registo Para Memória Futura (88)


«A proposta de lei que reduz o cálculo das indemnizações em caso de despedimento para 12 dias por cada ana de trabalho foi hoje aprovada na generalidade. A proposta de lei do Governo Nº. 120/XII foi aprovada no Parlamento com os votos favoráveis das bancadas do PSD, CDS-PP e PS. PCP, Bloco de Esquerda e Verdes votaram contra.»

Notícia da Agência LUSA em 28 de Junho de 2013

Meu comentário: Despedir é cada vez mais fácil, acreditar nos partidos da "troika" (PSD, CDS-PP e PS), seja pelo que dizem ou pelo que fazem, é cada vez mais difícil, senão mesmo impossível.

sexta-feira, junho 28, 2013

Documento Essencial da História Recente


Título - Alcora - O Acordo Secreto do Colonialismo
Autores - Aniceto Afonso - Carlos de Matos Gomes
Prefácio - Fernando Rosas
Género - História de Portugal Contemporânea

Editor - Divina Comédia
Data da Edição – 2013
Capa – Patrícia Furtado
Paginação – Segundo Capítulo
Impressão - Rainho e Neves, Lda.
Páginas – 399

NOTA – Um documento de capital importância que faz a abordagem de uma importante, altamente secreta e contranatura aliança, em que o salazarismo e o marcelismo se envolveram, na desesperada tentativa de sobreviverem aos “ventos de mudança” que assolaram a última fase do colonialismo português, até ao desfecho do 25 de Abril de 1974.

Sindicalismo Ornamental

«Quem se mete com o governo leva, é a tradução jorgecoelhista desta proposta vinda de quem vive mal com a liberdade sindical e o direito à greve. Quem faz este tipo ataque é a favor do direito à greve se ele não for exercido, a favor do sindicalismo livre se ele não for viável e a favor da concertação social se ela resultar em acordos em que só um dos lados tem uma palavra a dizer.»

Conclusões de um artigo do comentador Daniel Oliveira. O título deste post é de minha autoria.

quinta-feira, junho 27, 2013

No Decurso da Greve Geral

“O país não está parado e a opinião do Governo é que é exactamente de trabalho que o país precisa”, disse Marques Guedes na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de Conselho de Ministros, ocorrida em dia de Greve Geral.

NOTA - Reunião essa do Conselho de Ministros onde certamente foram aprovadas mais umas quantas medidas do seu catálogo de malfeitorias, que levarão à destruição de mais uns quantos postos de trabalho.

Hoje Estou em GREVE!

 
De produtivo, ESCREVER é a única coisa que farei para desancar nos malfeitores que nos querem (ou já conseguiram) perder.

quarta-feira, junho 26, 2013

Haja Muita Paciência!

Um garatujador chamado Bruno Proença escreveu um comentário de grosso calibre no DIÁRIO ECONÓMICO sobre a greve dos professores. E fez a descoberta do século! No essencial, entre outras barbaridades, garante que Portugal faliu por causa de greves como esta, e que quando o governo capitula, os grandes derrotados são os contribuintes, pois os grevistas não produzem o suficiente para justificar o que custam, e com isso o Estado continua a acumular défice e dívida, e o País acaba às mãos da troika, a sofrer com as medidas de austeridade. Só faltou dizer que o bem intencionado ministro Nuno Crato, ao meter-se com os sindicatos, acabou todo emporcalhado. Nem mais! O garatujador disse isto tudo sem pestanejar nem titubear. Que foi por causa dos professores, e outros que tais, que Portugal está falido. Uma calamidade! Não foi por causa dos "swaps", nem das parcerias público-privadas, nem do BPP e do BPN, nem dos défices camuflados, nem dos cálculos mirabolantes do Victor Gaspar, nem da economia paralela, nem das fugas de capitais para os "paraísos fiscais", nem das fugas aos impostos, nem dos perdões fiscais, nem dos ajustes directos, nem dos estádios de futebol, nem da compra dos submarinos e dos blindados "pandur", nem da recapitalização dos bancos à custa dos contribuintes, nem da destruição do tecido económico, gerador de desemprego e pobreza, desprezo pelos pobres e roubo sistemático dos “remediados”, nem dos “furacões” sem fim à vista, nem da corrupção generalizada. Nada disso! As culpadas são as greves, e com isso, o persistente adiamento da tal reforma do Estado, uma medida tão necessária como um ataque de sarna. Em resumo: o rabiscador não resvalou, nem tropeçou, estatelou-se ao comprido e apenas resta desejar-lhe as melhoras. E quanto ao jornalismo situacionista e de meia-tigela, só lhe faltava emparceirar com o comentário rasca e acintoso. Haja muita paciência!

Notícias às Três Pancadas

Reparem no "bom português" do jornal PÚBLICO on-line de 26 de Junho de 2013...

 
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segunda-feira, junho 24, 2013

O Anjinho Bom e os Diabinhos Maus

Miguel Poiares Maduro funciona no Governo como válvula de compensação, uma espécie de anjinho bom que se põe do nosso lado, e nos canta umas lérias ao ouvido, sempre que os diabinhos maus, fazem ou vão fazer das suas. Depois de nos ter confidenciado que o Governo "quer oferecer esperança aos portugueses", agora, para justificar os "castigos" e "penitências" que nos estão a ser impostos pelos diabinhos exterminadores da troika e do Governo, foi a vez de nos vir dizer que isso se deve ao facto de "durante muito tempo este país ter vivido fora da realidade", como podem ver, uma variante do já estafado argumento do termos vivido acima das nossas possibilidades. E que tal se fosse dar banho às pulgas...

domingo, junho 23, 2013

Registo Para Memória Futura (87)

«Está em implementação o Sistema Integrado de Informação Criminal, aprovado pelos "partidos do poder" (PSD e CDS-PP) com o indisfarçável propósito de controlar politicamente a investigação criminal e as informações que esta produz, aproveitando-as para fins que a Constituição não permite, como a "prevenção de ameaças graves e imediatas à segurança interna", conceito que, como temos visto, hoje tudo abarca, até meras manifestações cívicas.

Este sistema é "coordenado" por um secretário-geral que depende directamente do Primeiro Ministro.O Governo, que não pode ter acesso aos inquéritos-crime, administra a base dos dados que os mesmos produzem!

O Ministério Público, que por imposição constitucional dirige a investigação criminal e a quem todas as polícias criminais devem obediência funcional, está afastado da direcção deste sistema, tendo até um acesso muito mais limitado do que qualquer polícia.

Uma aberração que deve merecer a maior preocupação!»

Artigo de Rui Cardoso, Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, em 4 de Março de 2013, no jornal CORREIO DA MANHÃ e com o título "A Aberração".

Meu comentário: É uma espécie de "Patriot Act", produzido pelas mentes diabólicas e alucinadas que moram no ministério da Administração Interna, e para aplicar aos indígenas da Ocidental Praia Lusitana, se eles deixarem, claro está.

quinta-feira, junho 20, 2013

Lei da Greve ou Outra Qualquer

SE O GOVERNO discorda da Lei da Greve (ou de outra qualquer), a solução é simples: altera-se a Lei! Daí até proibir as greves (ou outra coisa qualquer), vai um salto de curta distância. A fazer coro com alguns jagunços que andam por aí, o inenarrável Alberto João Jardim, já declarou que é insustentável o direito à greve em certos sectores, e defendeu a proibição da realização de greves na saúde, justiça, transportes, forças armadas e forças de segurança. Só faltou acrescentar que a seguir pode ir o resto, basta haver vontade para isso. E com o presidente da República que temos, que contra o que era habitual, passou a promulgar leis, vinte e quatro (24) horas depois de lhe terem sido enviadas para apreciação, a coisa está garantida. É preciso não esquecer que o inquilino de Belém, em tempos, também foi barreirista, e ultimamente, entusiasmado com o andar da carruagem, deve ter voltado aos treinos.

Acertar Agulhas

O Governo volta a reunir o Conselho de Ministros no próximo sábado dia 22, com dois pratos fortes: assinalar os dois anos da (des)governação em que hipotecou o país e fez a vida negra aos portugueses, e fazer a compilação das iniciativas políticas e legislativas associadas com a tão desejada "reforma do Estado", onde continuarão a delinear e acertar agulhas para aplicar mais um pacote de malfeitorias. Tanto o que foi feito como o que falta fazer, é garantido que têm uma característica comum: não constam do Programa de Governo com que se apresentaram às eleições de 2011. O receio de ser recebido com protestos, assobiadelas e "grandoladas" fez com o Governo tenha decidido reunir fora de Lisboa, em local mantido em segredo, e suspeita-se que não serão divulgadas conclusões pormenorizadas no fim da reunião.

quarta-feira, junho 19, 2013

Registo Para Memória Futura (86)

«(...) O Governo já cancelou os contratos de swap das empresas públicas com todos os bancos à exceção do Santander Totta, de acordo com informações avançadas hoje por fonte oficial do ministério das Finanças. Do total de perdas potenciais iniciais a rondar 3.000 milhões de euros, restam agora cerca de metade que dizem respeito apenas aos contratos celebrados com o banco espanhol que, entre os vários swaps contratados, tem seis casos "potencialmente especulativos".
Os números exatos da negociação com os bancos não foram divulgados mas o ministério de Vítor Gaspar refere que a poupança conseguida no cancelamento dos contratos rondou 30% - cerca de 500 milhões de euros -e que o Estado irá pagar os restantes 1.000 milhões de euros. (...)»

Excerto de notícia do EXPRESSO on-line de 18 de Junho de 2013, e que adopta o novo acordo ortográfico.

Meu comentário: E depois ainda continuam a repetir até à exaustão que é a saúde, a educação, as prestações sociais, as deficitárias empresas públicas e o nosso faustoso (des)nível de vida que são insustentáveis, sendo necessário passarmos de país pobre a país paupérrimo. A par disso, alguns dos figurões que negociaram os tais "contratos especulativos" foram "desobrigados" das suas funções governativas, vão passar uns tempos a "branquear-se", e depois, quando as fúrias acalmarem, lá voltarão ao circuito da gestão de topo das empresas privadas, depois de terem andado a treinar-se e a usar as empresas públicas como laboratórios de experiências de alto risco, espatifando-as com grande competência. Entretanto, continuo com grande curiosidade em saber pormenores sobre o tal inquérito às Parcerias Público-Privadas, que segundo consta deixou certas áreas na sombra, não apurando toda a extensão e totalidade das responsabilidades, limitando-se a fazer recair, exclusivamente, sobre José Sócrates e alguns dos seus ministros, o grosso das patifarias.

segunda-feira, junho 17, 2013

Euro-Pensadores

António José Seguro, líder do Partido Socialista português, afirmou pretender que o desemprego europeu fique abaixo dos 11% em 2020 e que a partir de 2021 exista uma "mutualização europeia do pagamento dos subsídios de desemprego" quando a taxa ultrapassar a média europeia. Avançou com estas propostas durante o Fórum dos Progressistas Europeus, encontro organizado pelo PS francês e pelas fundações Jean Jaurès e Européenne d'Études Progressistes.

Por sua vez, Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República portuguesa, durante a sua visita às instâncias da União Europeia, argumentou que é necessário repensar a participação do Fundo Monetário Internacional na constituição da troika, aquando da concepção e gestão dos programas de ajustamento dos países sob resgate.

Mantem-se entre os políticos portugueses, este hábito nada saudável de dizerem lá fora o que não se atrevem a dizer cá dentro.

Homens da Limpeza

Miguel Poiares Maduro, Ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, veio dizer que o Governo até queria marcar novas datas para os exames, para que aqueles não fossem afectados pela greve dos professores, mas parece que as coisas não se passaram bem assim. Em política estes cavalheiros também são eufemisticamente conhecidos por "homens da limpeza". Recorrendo ao verbo fácil e a uma postura que transmite credibilidade, mas usando vários estratagemas, servem para salvar a honra, controlar os danos, ocultar e eliminar provas das falcatruas da governação.

domingo, junho 16, 2013

Os Pesos e Medidas da Justiça


UM HOMEM de 25 anos, acompanhado pela mulher e dois filhos menores, foi detido em 9 de Junho de 2013, durante uma cerimónia oficial em Elvas, por agentes à paisana, da segurança do Presidente da República, Cavaco Silva, depois daquele o ter invectivado de gatuno (provavelmente por ter andado envolvido no tráfico de acções do BPN) e mandado trabalhar (se calhar por a expressão "deixem-me trabalhar" ser aquela que Cavaco habitualmente usava quando era questionado, na época em que era primeiro-ministro).

Entregue no posto da PSP, foi condenado em julgamento sumário pelo Tribunal de Elvas a 200 dias de multa, num total de 1.300 euros, embora tivesse reconhecido que se tinha excedido no seu desabafo político. O envio para julgamento ocorreu só depois de ter sido contactada a Presidência da República, caso contrário não seria levado a julgamento, limitando-se apenas a ser sujeito a mera identificação pelas autoridades.

Dois dias depois, em comunicado, o Ministério Público alegou a "nulidade insanável" deste caso de ofensa à honra do Presidente da República, por não ser admissível, no caso deste crime, o uso daquela forma, nos termos do artigo 381º, nº 2, do Código Processo Penal.

Em Portugal, a Justiça ou é tão lenta, ritualista e branda, que nos deixa atónitos e descrentes da sua eficácia, ou é tão célere, expedita e vesga, que até nos repugna e assusta.

quinta-feira, junho 13, 2013

Recado aos Figurões


OS ILUSTRES figurões que actualmente estão no poder bem podem ter a ousadia de privatizar os CTT, porém, não devem esquecer um pormenor: se tudo o que é público é privatizável, também tudo o que é privado é nacionalizável.

quarta-feira, junho 12, 2013

Os Fora-da-Lei

CONTRARIANDO a decisão do Tribunal Constitucional que reprovou o pagamento dos subsídios de férias apenas em Novembro, o Governo deu ordem aos serviços para que os mesmos não sejam pagos em Junho, argumentando que não estão previstos os meios necessários e suficientes para proceder a tal pagamento, isto é, não há cabimento orçamental para tal. Muito embora a decisão seja apontada como uma retaliação, na prática, à inconstitucionalidade o Governo responde com uma ilegalidade, atributo que se tornou a sua imagem de marca. Acresce que esta decisão foi deliberada pelo Conselho de Ministros do passado dia 6 de Junho, mas mantida sob sigilo até agora, talvez para não acicatar os ânimos, ensombrar ou deslustrar as cerimónias do 10 de Junho.

Em compensação, o Orçamento Rectificativo de 2013 foi reforçado em cerca de mil milhões de euros, verba essa que se destina a suportar os custos da liquidação (o Governo chama-lhe “operação de limpeza”) dos contratos “swap” especulativos, subscritos pelas empresas públicas Metropolitano de Lisboa, Metro do Porto e Refer, que utilizarão este dinheiro para pagar às instituições financeiras as perdas acumuladas com estes contratos. Temos, portanto, dois pesos e duas medidas. Para o primeiro caso, e porque estamos a tratar com pessoas, não há cabimento orçamental, para o segundo caso, e porque estamos a lidar com instituições financeiras, faz-se os possíveis e impossíveis. Isto apenas vem provar que o Governo não é incompetente, antes pelo contrário, sabe o que faz e recorre à subversão, sempre que necessário, servindo-se de todos os meios, mesmo os que roçam a ilegalidade, para atingir os seus objectivos, sendo para esse lado que Coelho, Gaspar & Companhia dormem melhor. Exactamente como qualquer fora-da-lei que se preze.

terça-feira, junho 11, 2013

Pluriemprego

«Pedro Reis, presidente da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, vai acumular com o cargo de administrador não executivo da Caixa Geral de Depósitos»

Cabeçalho de notícia do semanário SOL on-line de 11 de Junho de 2013

Meu comentário: Mais um factor para agravar a escassez de oportunidades de emprego, ou como diria Zeca Afonso "eles comem tudo e não deixam nada".

Conhecimento Essencial

Título - O Julgamento de Nuremberga
Título Original – Der Nurnberger Prozess
Autores – Joe J. Heydecker e Johannes Leeb

Tradutores - Jaime Mas e Leite de Melo
Editora – Editorial Ibis
Data da Edição – 1962
Data da Edição original - 1958
Páginas – 475

NOTA – Passo a passo é descrito o julgamento levado a cabo pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial, no Tribunal Militar Internacional de Nuremberga, dos monstros que deram forma e conteúdo ao Terceiro Reich, entre a guerra mundial que desencadearam e o terror da indústria de extermínio que espalharam por toda a Europa, com aniquilação pelo trabalho escravo, pela fome e assassínio nas câmaras de gás, ou pelo puro e simples fuzilamento. Ao longo de 12 anos de pesadelo nazi (entre 1933 e 1945), a passagem daquele abominável bando de facínoras pelo cenário europeu, saldou-se num rasto sangrento de largos milhões de vítimas, distribuídos por crimes de guerra e contra a humanidade, a eliminação física de adversários políticos, doentes incuráveis, débeis mentais e cidadãos improdutivos, a espoliação de bens públicos e a política de trabalhos forçados, a perseguição e extermínio programado de judeus, minorias étnicas e religiosas, assassínios e maus tratos de prisioneiros de guerra e populações civis. Tudo isto levado a cabo por gente que se considerava uma raça superior e a nata da civilização. Hoje, setenta anos depois, as marcas e a contabilidade das vítimas daquele horror continuam em actualização.

segunda-feira, junho 10, 2013

Sacudir a Água do Capote

O SENHOR Presidente da República, prof. Aníbal Cavaco Silva, lá pelo meio dos seus estafantes discursos pronunciados em 10 de Junho de 2013, recusou a ideia de que a adesão de Portugal à CEE, em 1986, destruiu a agricultura portuguesa. Está a tentar encobrir o que aconteceu depois, de 1986 até 1995, por obra e graça da cavacal governação deste mesmíssimo senhor, enquanto primeiro-ministro, que para agrado da "Europa Connosco", se encarregou de desmantelar o tecido económico do país. Diga o que disser, a História não o absolverá, nem disso nem do que (des)fez e ajudou a (des)fazer depois, até ao momento presente, mesmo que se esmere a sacudir a água do capote, e se esquive a ser vaiado como merece, pois já demonstrou que está empenhado em manter ligada, custe o que custar, a máquina de apoio de vida do actual (des)governo. Se há coisa com que eu embirro solenemente, é com as pessoas que tentam driblar a memória que se guarda dos factos, ou que afirmam que tudo aconteceu sem eles darem conta disso. Neste caso, esteja descansado que sempre cá estaremos para lhe avivar a memória.

Arremedando Camões


NÃO CUIDO que os sisudos deuses tal graça me concedessem, mas se por obra de tão olímpico gesto despertasse, voltando a provar o mel e fel desta lusa terra, certamente não encontraria arte, nem jeito nem palavras, para cantar todo o pérfido desconcerto que daqui vislumbro.

domingo, junho 09, 2013

Passo a Passo, Lá Voltaremos


O Ministério da Saúde quer fazer poupanças, reutilizando dispositivos médicos que só devem ser usados uma única vez, e para o efeito fez publicar em "Diário da República" um despacho sobre os dispositivos médicos de uso único reprocessados, "com o objectivo de estabelecer as condições de adequada segurança que permitam alcançar poupanças indispensáveis para continuar a disponibilizar terapias e tecnologias inovadoras". Para a Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses (AESOP), o reprocessamento dos dispositivos médicos é um "verdadeiro atentado à saúde pública". Entretanto, ficamos a aguardar a reacção dos médicos.

A este propósito e como comentário, passo a contar a seguinte história verídica:

Em 1964 fui internado e operado no Hospital de São José. Na enfermaria de recobro, onde os recém-operados eram muitos, gemiam à desgarrada e morriam que nem tordos, estive dois dias sem dormir, porque os lamentos eram noite e dia, sem comer, porque não tinha trazido talheres de casa, sem assistência, porque os médicos de ronda passavam pela minha cama e nem sequer paravam, porque não me fizeram pensos, embora o pedisse com insistência, nem me mudaram os lençóis da cama que começaram a ficar empapados de sangue. Lembro-me do doente cego que ocupava a outra cama, do meu lado direito, a comer com as mãos e sem haver ninguém que lhe fosse esvaziar a arrastadeira. Ao terceiro dia fui até ao corredor onde havia um telefone público, liguei a um amigo e pedi-lhe que me trouxesse uma gabardina e uns ténis ao hospital. Assim foi. Ele chegou à hora da visita, deu-me o embrulho com a gabardina e os ténis, fui à casa de banho vestir-me e calçar-me, e depois saímos os dois para a rua, onde apanhei um táxi e regressei a casa. O desejo de fugir era tão grande que até deixei para trás a minha roupa que tinha ficado depositada no dispensário do hospital. Uma experiência semelhante, embora sem deserção, só voltei a tê-la em 1968, aquando do meu internamento no Anexo de Campolide do Hospital Militar Principal. À distância de quase cinquenta anos, quando ainda hoje penso no caso, presumo que a fuga de doentes daquele hospital era uma situação vulgar, e por este andar, se nada for feito, passo a passo, lá voltaremos. Tudo indica que, seja lá de que maneira for, o que eles querem mesmo é tratar-nos da saúde.

sábado, junho 08, 2013

Registo para Memória Futura (85)

«O investimento no primeiro trimestre deste ano é adversamente afectado pelas condições meteorológicas nos primeiros três meses do ano, que prejudicaram a actividade da construção» 

Conclusão do ministro das Finanças Vítor Gaspar, em 7 de Junho de 2013, na Assembleia da República, durante o debate do Orçamento Rectificativo.

Meu comentário: Quando julgávamos que a variável "condições climatéricas desfavoráveis" apenas afectava a actividade agrícola e as pescas, eis que o grande visionário Victor Gaspar elege uma nova vítima dessas condições adversas: nada mais, nada menos que a construção civil. Como se pode verificar, desta vez, a responsabilidade pelos maus indicadores económicos não é imputada ao Tribunal Constitucional, nem a fórmulas viciadas do programa Excel, mas sim - pasme-se - ao severo manda-chuva São Pedro. Haja paciência!

quinta-feira, junho 06, 2013

Um País, Três Visões e Vários Figurões

«O Produto Interno Bruto (PIB) registou uma diminuição homóloga de 4,0% em volume no 1º trimestre de 2013 (...) No 1º trimestre de 2013, assistiu-se a uma diminuição mais expressiva do Investimento em volume, que passou de -2,1% em termos homólogos no 4º trimestre de 2012 para -16,8%.»

Dados do Instituto Nacional de Estatística divulgados em 5 de Junho de 2013

«Portugal implementou nos últimos dois anos o programa de reformas (entenda-se, destruição do estado social) mais ambicioso na Europa desde a era Thatcher.»

Frase do ministro da economia Álvaro Santos Pereira, em Leiria, no encerramento do Fórum "Como o Planeamento Pode Dinamizar a Economia e Criar Emprego"

«Tenho muito orgulho no trabalho que estou a fazer (…) Vamos recuperar a nossa autonomia (...) não vamos ter o paraíso na terra. A recuperação vai ser lenta, exigir muito esforço e dedicação. Vamos ver um fim para a crise e recuperar.»

Pedro Passos Coelho durante a sessão de apresentação do candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS-PP à Câmara Municipal da Amadora, em 5 de Junho de 2013

«Nós não criamos compartimentos estanques na política. Eu não tenho medo dessas coisas. Eu não tenho medo do resultado das autárquicas, eu não tenho medo do resultado das europeias, eu não tenho medo dos portugueses, nem do seu julgamento.»

Pedro Passos Coelho à saída da mesma sessão de apresentação do candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS-PP à Câmara Municipal da Amadora, em 5 de Junho de 2013

domingo, junho 02, 2013

Assaltos em Alta Definição

EM PORTUGAL os salteadores continuam muito activos, cada vez mais atrevidos, mais expeditos e inovadores, sempre em busca de novos métodos de se apropriarem do alheio. E como o Governo costuma dar o exemplo e fazer escola, desta vez prepara-se para aperfeiçoar a arma de assalto chamada RTP, aquela coisa que nos entra pela casa dentro, através dos receptores de TV, e que nos entra igualmente nos bolsos, sem pedir licença, através daquela Contribuição Audio-Visual (CAV), que todos os meses pagamos na factura da energia, tenhamos ou não TV lá em casa, sejamos ou não ouvintes da rádio. Se quem quer saúde terá que a pagar, se já se materializou a peregrima ideia do utilizador-pagador, porque não estender o conceito ao audio-visual, mesmo que seja serviço público?

Ora a RTP está a levar a cabo um Plano de Desenvolvimento e Redimensão que implica rescisões amigáveis de contratos de trabalho, não sendo excluída a hipótese de eventuais despedimentos colectivos, mais as respectivas indemnizações, coisas que implicam uma injecção suplementar de muito dinheiro, situação que a RTP vai superar contraindo junto da banca um empréstimo de 30 milhões de euros. Mas como alguém vai ter que pagar esse empréstimo, adivinhem lá quem será? Pois é, acertaram! Serão os do costume, e já para 2014, com a promessa do secretário de Estado da Energia de que a tal CAV aparecerá numa nova versão, sob novos moldes, e com o respectivo agravamento, a condizer com as necessidades de financiamento da RTP. Como eu disse no início, os gatunos não têm mãos a medir, estão cada vez mais atrevidos e inovadores, e agora, acompanhando o desenvolvimento tecnológico, até já fazem assaltos em Alta Definição (HD).

sexta-feira, maio 31, 2013

Livros e Autores Que Me Fascinaram (3)



O Evangelho Segundo Jesus Cristo
Autor – José Saramago

Género - Romance
Editor – Circulo de Leitores
Data da edição - 1999
Data da primeira edição - 1991
Nº de páginas – 445

NOTA – José Saramago (1922 - 2010) foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1998.
Esta obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” recebeu em 1993 o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, porém, numa polémica decisão que fez lembrar a Real Mesa Censória de antanho, foi vetada pelo subsecretário de Estado da Cultura, António Sousa Lara, e impedida de se apresentar como candidata ao Prémio Literário Europeu. O governante, fundamentando esta atitude de intemporal inquisidor, declarou que "a obra atacou princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses, e longe de os unir, dividiu-os." Patético!

quarta-feira, maio 29, 2013

Registo Para Memória Futura (84)

«O que se está a passar em Portugal é inaceitável (...) Não me digam que Portugal teve más políticas no passado e que tem agora profundos problemas estruturais. Claro que tem; como aliás toda a gente, e enquanto que os de Portugal poderão possivelmente ser piores do que os de alguns outros países, como é que faz sentido que se consiga lidar com estes problemas condenando ao desemprego um grande número de trabalhadores que querem trabalhar?»

Excerto de um artigo publicado por Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia de 2008, no seu blog do jornal NEW YORK TIMES

terça-feira, maio 28, 2013

Palhaçadas ou Ilusionismo?


Aníbal Cavaco Silva queixou-se de Miguel Sousa Tavares, por este lhe ter chamado "palhaço", uma expressão infeliz que acaba por manchar todos os membros de uma respeitável e digna classe profissional, que tem todos os motivos para se sentir ofendida, e que merece todo o nosso respeito. Além disso, penso que a expressão foi mal escolhida, na medida em que são muito poucas as vezes que Aníbal Cavaco Silva desperta vontade de rir. Na verdade, apenas tem contribuído para aprofundar o pesadelo social, económico e financeiro em que o país está, situação que nada tem de hilariante. Se Cavaco Silva fosse apelidado de ilusionista, o atributo já se aproximava mais da verdade, pois convocar o Conselho de Estado para falar sobre o futuro, quando se sabe o quão lamentável é o estado em que está o presente, não passa de uma pirueta política, mal medida e alinhavada, sem pitada de sentido de humor. Foi uma manobra de diversão destinada a alimentar falsas expectativas, mantendo operacional uma irmandade de malfeitores chamada Governo, que parece que está em desagregação (mas só parece), para que eles possam continuar, impunemente, a expropriar o país e a confiscar os portugueses.

domingo, maio 26, 2013

Grandes Mestres, Grandes Filmes


«Conheci um homem que era cego de nascença e que aos 40 anos fez uma operação e começou a ver. Primeiro ficou eufórico, muito extasiado. Viu rostos, cores, paisagens, mas depois tudo começou a mudar. O mundo era muito mais pobre do que ele tinha imaginado. Nunca ninguém lhe tinha dito que havia tanta sujidade, tanta fealdade, e ele via coisas abjectas por todo o lado. Quando era cego atravessava a rua sózinho, agarrado a uma bengala, mas agora, depois de recuperar a visão ficou com medo de se aventurar. Três anos depois suicidou-se.»

Monólogo de David Locke (Jack Nicholson) com uma Rapariga (Maria Schneider) no filme "Profissão: Repórter" (Professione: Reporter / The Passenger), de 1975, do realizador Michelangelo Antonioni.

sábado, maio 25, 2013

Sementes Que Voltam a Germinar


NA DÉCADA de 1930, Adolf Hitler, o führer da Alemanha Nazi, afirmava que o cancro que minava a Alemanha eram os judeus, para os quais preconizou uma coisa chamada Solução Final, que se concretizou enviando para as câmaras de gás seis milhões de judeus, e inaugurando assim o genocídio em moldes industriais.

Entretanto, quase cem anos decorridos, em Portugal do século XXI, aquelas sementes voltaram a germinar, na forma de um energúmeno neo-nazi, militante da JSD, e de nome Carlos Peixoto, que declarou, com pompa e convicção, referindo-se aos ansiãos em geral, e aos reformados e pensionistas em particular, que o grande problema de Portugal era a epidemia da "peste grisalha". Apenas omitiu que o seu mentor, Pedro Passos Coelho, na prática já não necessita de recorrer às dispendiosas instalações de exterminio usadas pelo monstro alemão, para levar a cabo o "seu" Holocausto; basta cortar nas pensões e outros meios de subsistência, e a tal "peste grisalha" extinguir-se-á, natural e "democráticamente", como por encanto. Provávelmente, não o irá conseguir.

sexta-feira, maio 24, 2013

O Conselheiro-Sombra


AO CONTRÁRIO de Fernando Ulrich, presidente do BPI, que dadas as suas características, tem mais a função de provocador e desestabilizador da opinião pública, do que de teorizador, Ricardo Salgado, presidente do BES, que acumula o cargo de conselheiro-sombra do Governo para as questões económicas, financeiras e laborais (*), foi claro e incisivo nas suas declarações. Sentenciou que "os direitos vão recuar, os salários têm que continuar a cair" e "temos de continuar a ter moderação salarial, a reduzir os custos e remunerações em todo o lado", embora rejeite, por príncipio moral - lá vem outra vez o discurso da ética e da moralidade -, que aqueles que têm níveis mais baixos de remuneração não podem ser penalizados nas reformas, aliás, uma coisa que o incomoda e deixa muito chocado. Como é compreensível, esta parte do discurso deixou-me deveras emocionado. Talvez por vergonha não tocou no assunto, mas sabe-se que Ricardo Salgado vai colmatar os 62 milhões de euros de prejuízo do BES, com uma prática e pouco limpa redução de custos, recorrendo ao encerramento de 50 dependências e a “dispensa” de 200 trabalhadores.

(*) – Ricardo Salgado, atendendo à sua eficiência e ao seu perfil visionário, consegue a façanha de ocupar, simultâneamente, o lugar de capitão do mundo financeiro e conselheiro governamental, tendo transitado do defundo gabinete Sócrates para o actual de Passos Coelho, sem precisar de tomar posse.

Congresso Democrático das Alternativas


Clique AQUI para ler a Resolução da Conferência - Vencer a Crise com o Estado Social e com Democracia. 

quinta-feira, maio 23, 2013

Registo para Memória Futura (83)

«PS, PCP e Bloco de Esquerda consideram "inaceitável" que rescisões no Estado sejam feitas por portaria. O plano de rescisão com 30 mil funcionários públicos vai ser aprovado pelo Governo, sem precisar de ser votado no Parlamento e de passar no crivo de Cavaco Silva. Isto porque, o programa de rescisões vai ser concretizado numa portaria, um acto administrativo do Executivo sobre o qual apenas o Conselho de Ministros tem uma palavra a dizer.»

Excerto da notícia do DIÁRIO ECONÓMICO de 23 de Maio de 2013

Meu comentário: Seguindo o exemplo de todas as ditaduras que se prezam, Pedro Passos Coelho já está a governar por Decretos e Portarias, contornando o estorvo da oposição parlamentar, evitando as eventuais “inquietações” presidenciais e ganhando tempo para passar à agressão seguinte.

quarta-feira, maio 22, 2013

Fabulosas Máquinas Escrevinhadoras

COMECEI a fazer as minhas primeiras experiências dactilográficas na máquina de escrever portátil de meu pai, em meados da década de 1950. Era uma Remington Portable, de fim dos anos 30, comprada em segunda-mão, de cor negra, com um estojo de contraplado revestido de pergamóide, razoávelmente pesada, teclado internacional, já com alguns tipos em mau estado, e cujo mecanismo de rebobinagem da fita não funcionava. A brincar, a brincar, serviu para fazer uma razoável aprendizagem, estragar muitas folhas de papel, frente e verso, porque os tempos eram duros, e deixar a máquina cada vez mais imprópria para a função.

Quando fiquei mais crescidinho e já tinha recursos próprios, comprei em 1967 esta Brother de Luxe da imagem, numa loja de pequenos electrodomésticos da Avenida Almirante Reis, em Lisboa, de um encantador azul-bébé, e que foi cumprindo a sua função com distinção, até que na década de 1980 foi escorraçada para o cubículo dos arrumos (onde lá continua), pelos primeiros PCs e os respectivos processadores de texto. Curiosamente, e passe a publicidade, quarenta e seis anos depois, continuo fidelizado à marca. A minha actual impressora é uma Brother DCP-J140W (WIFI) multi-funções, mas penso que não resistirá tanto como a sua bisavó. Há dias assim. Hoje deu-me para relembrar os gloriosos tempos daquelas fabulosas máquinas escrevinhadoras, e com isso aproveitar para mudar o cabeçalho do blog. Podia dar-me para pior!

terça-feira, maio 21, 2013

A Presidencial Inquietação

GUARDADO por um exuberante contingente policial, o Conselho de Estado reuniu em 20 de Maio de 2013, entre as 17 e as 0 horas, para ser auscultado no que diz respeito a algumas "inquietações" que assolam a presidencial magistratura. Do "histórico" e surrealista evento sobressai a sensação de que se tratou de um exercício de futurologia, para tentar demonstrar que o Presidente da República está mais preocupado com a excelência dos objectivos, do que com os caminhos para lá chegar. Falou-se sobre os problemas que afectam a soma das partes, isto é a União Europeia, sem préviamente identificar e traçar um diagnóstico dos problemas específicos que afectam Portugal, e da quimioterapia destrutiva que tem sido prescrita e aplicada pelo Governo, que leva o couro e cabelo dos portugueses. É como se o Conselho, em vez de se debruçar sobre os cuidados que deveriam ser dispensados a um doente politraumatizado, resolvesse dissertar sobre a futura e desejada eficácia da unidade hospitalar onde esse doente está internado, a aguardar tratamento urgente.

O comunicado final é um repositório de banalidades e lugares comuns, a emoldurar o sígilo de que habitualmente se revestem os Conselhos de Estado. Diz a sua mensagem final de que o “objectivo é enfrentar, com êxito, o flagelo do desemprego que nos atinge e reconquistar a confiança dos cidadãos, devendo ser assegurado um adequado equilíbrio entre disciplina financeira, solidariedade e estímulo à atividade económica”, e depois seja o que Deus quiser.

Conclusão: Sua Impertinência, o inquilino da presidencial barraca de Belém, deve andar a gozar connosco, ou como diria o meu saudoso amigo Manuel Joaquim da Silva, se não encontramos uma solução, estamos feitos ao bife.