segunda-feira, janeiro 02, 2006

Pontos nos is


Quando os políticos, por tudo e por nada, enchem a boca com a palavra democracia, isso é sinal evidente de que aquela está a ser corrompida. “Estamos a prestar um serviço à democracia”, dizem eles, quando na realidade estão a prestar serviços a si próprios e aos seus amigos. A democracia não precisa que lhe dediquem serviços. Sustenta-se e enobrece-se a si própria, pelo bom uso que dela fazemos. É isso sim, um instrumento através do qual se prestam serviços às comunidades e aos países, e não um pretexto para que certos políticos, escudando-se atrás dos veredictos eleitorais, simulem estar a representar e a defender os interesses de quem os elegeu. Prova disso são as promessas incumpridas ou concretizadas às avessas. Na verdade, estão a negociar as suas carreiras, ao mesmo tempo que estreitam relações e fazem favores a outros poderes, entre os quais o poder económico e financeiro.

Quando a palavra de ordem é “aproveitar enquanto é tempo” e “salve-se quem puder”, e já muito poucos se impressionam, indiferentes ao grande lamaçal que vai alastrando, isso é porque há um país que está a agonizar, entre risos, patranhas, embustes, falta de pudor, um galão e uma torrada, concursos na TV e férias a crédito. Primeiro perde-se a dimensão e sentido da realidade, depois a vergonha. Perde-se depois a independência económica, e por último a independência política.

Já ninguém se indigna quando o homem mais poderoso da Terra declara que iniciou uma guerra com um saldo de 30 mil mortos, por um erro de informação. Quem isto escreveu foi Eduardo Lourenço, ensaísta português.

Por cá, os médicos das urgências vão passar a receber à peça, tratando doentes como quem vende cosméticos, porta-a-porta e à comissão.

Recapitulemos

Primeira Arte - Dança
Segunda Arte - Teatro
Terceira Arte - Música
Quarta Arte - Literatura
Quinta Arte - Pintura
Sexta Arte - Escultura
Sétima Arte - Cinema

O artista, seja ele pintor, escultor, músico, poeta, escritor, fotógrafo ou realizador de cinema, sempre foi, e será, um manipulador dos meios de expressão que tem ao seu alcance. A finalidade da arte está em que as pessoas se sintam e deixem ser manipuladas, sem que isso afecte a sua liberdade, o seu discernimento e o seu livre arbítrio.

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