quinta-feira, março 12, 2009

Em Nome de Quem?


O título é meu, mas passo a transcrever o post de Luís Grave Rodrigues, intitulado “Uma questão de opção ética”, publicado no blog Diário Ateísta, em 9 Março, 2009. O assunto é de estarrecer, se atendermos que vivemos no século XXI e a Humanidade viveu durante 500 anos sob o terror autoritário e sanguinário da Inquisição e dos seus autos de fé, autênticos sacrifícios humanos expostos na praça pública. O que seria o mundo de hoje se o domínio da Igreja, mancomunada com os ricos e poderosos, continuasse a pôr e dispor dos governados como se de marionetas de tratassem? Certamente que a Igreja, invocando sempre que o fazia em nome de Deus, iria muito mais longe do que ser uma gestora cautelosa mas implacável do seu império empresarial, uma colaboradora discreta de regimes totalitários, manter-se uma recatada adversária do evolucionismo, fazer vista grossa da actividade dos padres genocidas e pedófilos, ou a dar sem efeito a excomunhão de um clérigo que, apesar de todas as evidências históricas, fala do Holocausto como se tal se tratasse de um embuste…
Mas vamos aos factos:


“A menina tem 9 anos de idade.Vive perto de Recife, no Brasil.Descobriu-se agora que o padrasto, de 23 anos, há cerca de 3 anos que a violava regularmente.
O padrasto está agora em prisão preventiva.Também violava uma irmã da menina, de 14 anos de idade, deficiente física e mental.Antes de ser preso quase foi linchado pelos vizinhos, enfurecidos com esta tenebrosa revelação.
Acontece que a menina de 9 anos estava grávida.
De gémeos.
O médicos foram peremptórios; ou a menina abortava ou morria.
E com ela, como é óbvio, morreriam também os bébés de que estava grávida.Aos 9 anos de idade o seu corpo franzino e subnutrido não tinha estrutura física para suportar uma gravidez.Ainda por cima de gémeos.
Foi feito o aborto.
Seria até demasiado estúpido não o fazer.Na sua inocência roubada desde os 6 anos, a menina nunca soube nem se apercebeu que estava grávida.Disseram-lhe que tinha sido operada a outra coisa qualquer.
Primeiro através das autoridades brasileiras e depois pelo próprio Vaticano, a posição da Igreja Católica sobre este assunto não se fez esperar: não sem antes ter sido tentado impedir o aborto junto das autoridades judiciárias brasileiras, de imediato a mãe da menina e os médicos que realizaram o aborto foram excomungados.
Aliás, “latae sententiae”, que é como quem diz automaticamente e pela prática do próprio acto.
Gianfranco Grieco, o presidente do Conselho Pontifício para a Família, afirmou que a «Igreja não pode “trair” sua postura tradicional de defesa da vida até seu fim natural, mesmo que trate de um drama humano como a violência sobre uma menina».
Como é óbvio, o que está aqui menos em causa é a excomunhão.Tal como o exorcismo, o baptismo ou as unções várias, todas essas crendices tão primitivas como pacóvias fazem parte do profundo ridículo que constitui a imbecilidade dos rituais católicos.
O que está aqui em causa é a posição ética de quem pensa que tem autoridade para impor aos outros os seus princípios e os seus dogmas religiosos.
O que está aqui em causa é a posição ética de quem defende que a VIDA de uma criança de 9 anos, uma menina franzina e subnutrida, cuja infância lhe foi roubada por um facínora qualquer, deve ainda ser sacrificada em nome de um dogma imbecil.
Mas o que está aqui também em causa é a posição ética de quem se conforma e até se identifica plenamente com tudo isto e, no final, tem a coragem e o autêntico desplante de continuar a intitular-se… católico!”

Meu comentário final:
Atropelando os categóricos pareceres médicos e as mais legítimas convicções éticas e religiosas, eis como a Igreja defende um trôpego e aberrante conceito de humanismo, que não lembraria ao Diabo.

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