quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Subscrevo

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Extracto do artigo de Rui Tavares, publicado no seu blog ( http://ruitavares.net/blog/ ) em 10 de Fevereiro de 2010, com o título "Não pode passar em claro"
"...
A imprensa é a fraqueza de Sócrates, uma fraqueza de tonalidades nixonianas que pode acabar por o perder. Foi repetidamente avisado e não emendou caminho. O seu descontrole emocional em relação à imprensa impôs-se a qualquer sensatez política e pôs em causa a sacralidade da imprensa — para um governo a imprensa deveria ser isso mesmo: sagrada — revelando-se em coisas que vão do alegadamente patético (exteriorizações coléricas sobre um jornalista) ao alegadamente gravíssimo (ter aliados políticos interessados em mudar a propriedade de canais de media).
...
Eu compreendo que não se queira chafurdar na porcaria, e que se queira evitar quem apenas se interessa pelas vantagens tácticas imediatas desta situação. Mas isso só é aceitável em quem tiver um discurso autónomo e vigoroso sobre isto, exigindo que tudo seja esclarecido até ao fim e — caso não o seja — levantar a voz para dizer que é inaceitável que a fraqueza de um primeiro-ministro faça resvalar um país inteiro."

O Estado da Nação em 4 Andamentos

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1
ESPECIALISTA em virar os acontecimentos do avesso, ontem, durante mais um cerimonial no parque tecnológico de Cantanhede, com cobertura televisiva, José Sócrates, com a sua habitual loquacidade, falou aos jornalistas sobre o artigo publicado na última edição do semanário “Sol”, classificando a divulgação das escutas a Armando Vara, Paulo Penedos e Rui Pedro Soares como “um acto criminoso e ilegal, contra a privacidade e contra a justiça”, e lamentou que “não tenha havido um único partido da oposição a criticar o crime praticado pelos jornalistas”. Foi mais longe ainda quando disse que lamenta “que os partidos não tenham tido pudor e tenham usado esse crime para o atacar”, e com isso "foram longe demais", pois tal "é uma violação do Estado de Direito".
Resumindo: Os jornalistas são criminosos, todos partidos políticos são seus cúmplices, logo, eles sim, estão a atentar contra o Estado de Direito. Lapidar e impróprio de um primeiro-ministro!

2
O MINISTRO da Justiça, Alberto Martins, em conferência de imprensa, pediu ao procurador-geral da República Pinto Monteiro que lhe apresente uma solução para acabar com a violação do segredo de justiça. João Palma, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, comentou as preocupações do ministro da Justiça afirmando que "chega a ser ridículo e triste que se reduzam os problemas da Justiça em Portugal a alegadas violações do segredo de justiça".
Resumindo: Enquanto o processo esteve sob investigação em Aveiro, não houve qualquer violação do segredo de justiça. Ela só ocorreu a partir do momento em que a investigação chegou à Procuradoria-Geral da República, ao ponto de os escutados serem advertidos da investigação e todos (menos um) terem procedido à troca de telemóveis.

3
PINTO MONTEIRO foi veloz e incisivo na resposta: afirmou que para a quebra do segredo de justiça não tem solução. Disse ainda que não recebeu nem se pronunciou sobre as escutas divulgadas pelo semanário SOL, tendo-se limitado a decidir sobre os 11 telefonemas em que intervém o primeiro-ministro, José Sócrates. Entretanto, garante que continua a ter condições para desempenhar o seu cargo, tal como no primeiro dia.
Resumindo: A jornalista Felícia Cabrita já tinha advertido que ainda haveria de ouvir dizer que aquelas escutas nunca tinham sido apreciadas e avaliadas. Quanto à solução para a violação do segredo de justiça, compreende-se a dificuldade…

4
O EDITORIAL da Direcção Nacional da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, versando sobre o caso das escutas, diz a dado passo que “o silêncio, ou os escassos esclarecimentos, a que se remeteram de novo as autoridades judiciárias que fizeram a avaliação final dos indícios não contribuiu, em nada, para a credibilidade da Justiça.”. Considerando que “é um imperativo democrático que as principais autoridades judiciárias prestem os esclarecimentos que têm a prestar”, apela por isso ao “Procurador-Geral da República e ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça para que assegurem aos portugueses que têm razões para confiar na autonomia do Ministério Público e na independência do poder judicial.”
Resumindo: Tudo aponta que o poder político e o poder judicial, que deveriam ser autónomos, se encontram conluiados, amparando-se um ao outro na tarefa de encobrimento e branqueamento dos processos polémicos que têm assolado a sociedade portuguesa. A Democracia e o Estado de Direito não são compatíveis com alianças deste tipo, e em consequência disso a Nação está num impasse.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Abafar é Preciso...

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CONSTA que José Sócrates está disposto a recorrer a uma providência cautelar para proibir a eventual divulgação das escutas com Armando Vara, controversamente declaradas nulas pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça. O engenheiro incompleto, determinado a abafar a comunicação social a qualquer preço, se não o consegue de uma maneira, consegue-o de outra.

A Baboseira do Dia

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Nuno Godinho de Matos, um dos advogados de Armando Vara, administrador do BCP, e um dos protagonistas do caso "Face Oculta" e do negócio da aquisição da TVI pela PT, afirmou que é contra a divulgação das escutas que envolvem o seu cliente e o primeiro-ministro, pois "a divulgação dessas escutas é tão ilegítima como um testemunho obtido sob tortura".

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

As Ventosas do Polvo

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Passo a transcrever um extracto da notícia publicada pelo jornal PÚBLICO de 8 de Fevereiro de 2010, onde se pode verificar, a par do congelamento de salários da função pública, o resultado da campanha de austeridade que o Governo está a aplicar sobre si próprio, no sentido de reduzir o despesismo causado pelo desperdício, e contribuir para o combate ao défice. Como se pode verificar, persiste a preocupação de que tudo se passe de forma transparente e não seja afectada a competência e eficácia do governo. Claro que estas nomeações são complementares das outras, de carácter eminentemente político, cujos titulares chegam a deter mais poder que os próprios ministros, e que são habitualmente conhecidas por “jobs for the boys”, os tentáculos do octópode…

“O segundo Governo de José Sócrates já nomeou 1361 pessoas desde que assumiu funções no final de Outubro. Só para os gabinetes ministeriais já foram recrutadas 997 pessoas, 323 sem qualquer vínculo à Administração Pública. Estas são as principais conclusões que se podem retirar da pesquisa efectuada pelo PÚBLICO aos despachos publicados em Diário da República até à última sexta-feira.
Estes números significam que o Governo de José Sócrates já nomeou mais pessoas do que os de Santana Lopes e Durão Barroso. Após cinco meses em funções - data em que foi feito o primeiro balanço das nomeações do primeiro executivo PSD/PP - Durão Barroso e os seus 18 ministros e 34 secretários de Estado tinham efectuado 1260 nomeações, das quais 940 para os gabinetes (250 sem vínculo à Administração Pública).

Apesar de bater os seus antecessores, o segundo executivo de José Sócrates está, ainda assim, aquém das 5597 pessoas que o Governo de António Guterres nomeou entre Outubro de 1995 e Junho de 1999. Só para os gabinetes ministeriais, a equipa de António Guterres chegou a nomear 2132 pessoas, de acordo com os dados divulgados em Julho de 1999 pela Secretaria de Estado da Administração Pública.

Apesar de a legislação em vigor determinar que os despachos publicados em Diário da República devem conter o currículo dos nomeados para os gabinetes, tal obrigação continua por cumprir.

Não obstante a escassa informação sobre o percurso profissional dos nomeados, uma análise mais cuidada dos despachos permitiu encontrar algumas situações em que, à partida, não se vislumbra qualquer relação entre o serviço de origem dos recrutados e as áreas governamentais para onde foram trabalhar.
…”

domingo, fevereiro 07, 2010

O Buraco da Fechadura e a Antecâmara do Estado Totalitário

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José Sócrates, incomodado e irritado com o jornalismo de investigação que põe a nu o manobrismo, a podridão e o baixo carácter de alguma classe política, e dos seus homens de mão, resolve classificá-lo de infame "jornalismo de buraco de fechadura". Contrariando o que ele diz, aquilo que os jornalistas andam a destapar não são meras conversas privadas, mas sim combinações de pura conspiração. O seu objectivo não é atacar pessoas, mas sim expor processos e modos de actuação marginais, com efectiva relevância criminal, na medida em que atentam contra a liberdade de informação (e não só!), um dos pilares da democracia e do estado de direito. Se alguém tem contribuído para a degradação da nossa vida pública, tem sido exactamente ele, o engenheiro incompleto, que pouco tem governado, mais o seu círculo próximo que tem vindo a movimentar-se, com grande destreza, para utilizar gente de confiança, uns mercenários, outros moços de fretes, para ocupar todos os lugares relevantes que sirvam para alavancar o poder, numa manobra que visa a consolidação de uma versão consentida de estado totalitário, com fachada democrática. Se atentarmos bem, eles não têm governado o país, mas sim ocupado posições, para eles e seus amigos, em tudo o que sejam empresas estratégicas, actividade financeira, comunicação social, aparelho judicial, enfim, tudo o que sirva para alargar e consolidar o poder.
Para distrair o povo enquanto vai conspirando e alargando a sua teia de influências, o primeiro-ministro José Sócrates, também conhecido por engenheiro incompleto, ou Zézito, ou menino de ouro, ou o raio que o parta, vai passando todos os dias nas nossas televisões, com cenários de ocasião, como se fosse um político em versão de desenho animado pindérico, o seu one-man-show onde vai impingindo pensos rápidos, atropelos, benzeduras, promessas, objectivos bacocos, recuperações económicas e optimismo às pazadas, e umas quantas receitas de emagrecimento, que as gentes crédulas, vão engolindo sem mastigar.
A ele, engenheiro incompleto, socialista defeituoso, falso menino de coro, grande mestre da ocultação, aconselho-o a inscrever-se numa qualquer maratona, a calçar umas sapatilhas e a só parar quando chegar a Vilar de Maçada, para fazer um retiro espiritual e começar tudo do princípio, rumo a uma vida nova, se for capaz.

sábado, fevereiro 06, 2010

Um Filme às Avessas

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NO DIA em que o semanário SOL publicou os despachos em que o juiz de Aveiro, António da Costa Gomes considerava haver «indícios muito fortes da existência de um plano» em que estaria envolvido o primeiro ministro José Sócrates, com o intuito de controlar a TVI, o bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. Marinho e Pinto, achou por bem dar o seu clarividente parecer sobre o assunto, afirmando que não competia ao magistrado, talvez motivado por paixões políticas, fazer aquele tipo de apreciações, pois está-se mesmo a ver que o objectivo não era o de salvaguardar os princípios do Estado de Direito, mas sim atingir a idoneidade do primeiro-ministro José Sócrates. Isto é, para este douto causídico, o magistrado devia ficar muito quietinho, reduzir-se à sua insignificância, resignar-se, meter o rabo entre as pernas ou ir tomar um calmante. Quanto à publicação pelo SOL do despacho e dos extractos das escutas telefónicas, acha ele que isso foi uma coisa imperdoável, melhor, uma forma de torpedear a decisão do Supremo de mandar destruir as escutas, que há uma sensação de apodrecimento das instituições judiciais, e isso demonstra que a sociedade portuguesa está numa deriva de desrespeito pelos valores essenciais da democracia e do Estado de Direito.
Coitado do senhor, é quase garantido que anda a rebobinar mal! A visão que ele tem do problema é como se estivéssemos a ver um filme cómico em que um bando de ladrões anda a perseguir os polícias, a algemá-los, a prendê-los e a levá-los a julgamento, sob a acusação de que não os deixam trabalhar em paz.

Gente Pouco Recomendável

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ONTEM, sexta-feira, o semanário SOL publicou os despachos do juiz de instrução e alguns excertos das conversas telefónicas trocadas entre Paulo Penedos, Rui Pedro Soares e Armando Vara, arguidos do processo “Face Oculta”, através das quais se descobriu que, a par das traficâncias de sucatas, congeminavam um plano, e acertaram os pormenores (com José Sócrates, apanhado nas escutas) para levar a cabo a aquisição encapotada da Televisão Independente (TVI), com o objectivo de a colocarem sob a alçada do governo, com gente de confiança à sua frente, atropelando a liberdade de independência dos órgãos de comunicação social, logo atentando contra as regras do Estado de Direito.
Este não é o local indicado para transcrever os artigos publicados. Quem quiser conhecer os pormenores, pode consultar o SOL, no entanto, e em síntese, o semanário tomou como base um extracto do despacho do juiz do processo, o qual reza o seguinte:

“Das conversações entre Paulo Penedos e Armando Vara resultam indícios muito fortes da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo, nomeadamente o Primeiro-Ministro, visando o controlo da estação de televisão TVI e o afastamento da jornalista Manuela Moura Guedes e do seu marido, José Eduardo Moniz, para controlar o teor das notícias.
Resultam ainda fortes indícios de que as pessoas envolvidas no plano tentaram condicionar a actuação do Presidente da República, procurando evitar que o mesmo fizesse uma apreciação crítica do negócio.”

O artigo está muito bem estruturado e redigido, permitindo saber-se quem é quem dentro deste grupo de conspiradores, como se relacionavam, além de que a organização cronológica das várias conversas telefónicas transcritas, permite estabelecer uma ligação coerente com os respectivos acontecimentos, e compreender com uma clareza, mais do que suficiente, os pormenores daquele plano secreto e maquiavélico com que o governo de José Sócrates pretendia assumir o controle da TVI, através da Portugal Telecom (PT), colmatando os prejuízos que a PT pudesse vir a ter com “favores” do Estado.
Neste retrato ficaram muito mal o Procurador-Geral da República, Fernando Pinto Ribeiro, e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, os quais padecem de um mal profundo, que se está instalando na sociedade portuguesa, e que se chama subserviência e situacionismo, para não lhe chamar subtil encobrimento.
Quem ler os despachos dos juízes e as transcrições das conversas telefónicas publicadas no semanário SOL, fica perplexo, sem entender porque razão estes senhores magistrados desvalorizaram as provas, considerando existir falta de indícios fortes e relevância criminal para continuar a investigação, para levar os seus protagonistas perante a justiça. Uma verdade é certa: esta gente não é recomendável, não olha a meios, está organizada e está à frente dos poderes e destinos do país.

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Conselho de Estado

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GOSTAVA de ser mosca para ter entrado à socapa e ter assistido ao Conselho de Estado que ontem teve lugar em Belém. Espremidas as parcas declarações que foram feitas à saída, sobra-nos aquela com que o pitoresco e intragável Alberto João Jardim nos brindou à despedida, sabe-se lá com que secretas intenções: “desejos de um bom Carnaval”…

Declarações de IRS na Internet

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Strecht Ribeiro, Afonso Candal e Mota Andrade, três dos 12 vice-presidentes da bancada parlamentar do PS, à revelia de José Sócrates e Francisco Assis, avançaram com um projecto, que se inseria num suposto combate à corrupção, que visava tornar públicos, através da Internet, os rendimentos brutos declarados ao fisco pelos contribuintes. José Sócrates e Francisco Assis correram a matar o projecto à nascença, numa tentativa para evitar divisões e uma crise interna no partido. Com esta iniciativa os subscritores do projecto apenas conseguiam transferir para o domínio público, convertendo-o num mero exercício de bisbilhotice, e na proliferação de denunciantes acobertados pelo anonimato, as responsabilidades que cabem ao Estado, no que diz respeito ao combate contra a corrupção, a fuga ao fisco e as variadas formas de enriquecimento ilícito.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

O Coiso e Tal...

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José Sócrates, o nosso primeiro-ministro, também conhecido por engenheiro incompleto, comemorou os 100 dias do seu mino-maioritário governo constitucional, com um repasto-convívio com 14 (catorze ou quatorze?) senhoras da nossa praça, que aceitaram embarcar (coitadas!) na fantochada. Se ligarmos esta iniciativa com as notícias que a imprensa cor-de-rosa tem vindo a debitar sobre os sexy-dotes, desamores e novos amores desta fraude política, a coisa vai-se percebendo como sendo mais uma insidiosa e cientificamente programada campanha de marketing político (não esqueçam, paga por todos nós!), destinada a açucarar e a trazer para o "convívio humano" a desgastada imagem do homem, do artista, do sedutor, enquanto coiso e tal...

terça-feira, fevereiro 02, 2010

“O Fim da Linha”

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Passo a transcrever o artigo redigido pelo jornalista Mário Crespo, destinado a ser publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 1/Fev/2010, mas que o director daquele matutino, José Leite Pereira, rejeitou. Na sequência daquela decisão, o jornalista cessou a sua colaboração naquele jornal. O artigo foi posteriormente publicado no site do Instituto Francisco Sá Carneiro. Contactado o governo para se pronunciar sobre o conteúdo do artigo, aquele respondeu que "o Governo não se ocupa de casos fabricados com base em calhandrices". A verdade é que a liberdade de informação e de opinião, um bem inestimável do 25 de Abril, está a ser sistematicamente condicionada. O recuo e o protesto civilizado, sendo uma solução, não faz ceder a escumalha que detém e usa o poder em benefício de outras causas, que têm muito a ver com duvidosos projectos de poder pessoal, e muito pouco a ver com a democracia e a liberdade de expressão. Exigem-se outras medidas. Avancem os carrosséis!

“Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.”

Mário Crespo

Manias e Lapalissadas

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O NOSSO egrégio e sofisticado ministro das finanças, senhor Teixeira dos Santos (o tal que se enganou redondamente nas contas do orçamento e previsões do défice), declarou que não haverá penalizações nas reformas da função pública, na condição de os funcionários não solicitarem a reforma antecipada. O senhor Jacques de la Palice não diria melhor, isto é, se eu resolver não sair de sair de casa, posso ter quase a certeza absoluta de que não serei atropelado.
Entretanto, na cerimónia de lançamento da primeira pedra do futuro Museu dos Coches, e num momento que quase roçou a intimidade, o nosso engenheiro incompleto, também conhecido por José Sócrates, confessou que sempre teve a mania de que percebia alguma coisa de arquitectura. Neste caso, e apenas neste, estou perfeitamente de acordo com ele. Essa mania, enquanto tal, é apenas um capricho e não a insinuação de alguma recalcada competência, podendo ser comprovada pelos projectos de mamarrachos que ele assinou, quando andou a "fazer pela vida" na Câmara Municipal da Guarda.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Não Há Duas Sem Quatro

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A CERIMÓNIA de lançamento da primeira pedra do novo Museu dos Coches, à qual deveria comparecer e dar cobertura o engenheiro incompleto (José Sócrates), foi iniciada com hora e meia de atraso. Segundo informação de um elemento da comitiva, que pediu o anonimato, o facto deveu-se à impossibilidade de encontrar uma primeira pedra apropriada, tantas são as cerimónias desta espécie, que a pedreira já não tem mãos a medir para satisfazer as exigências do coitado do nosso trolha acidental...

O MINISTRO das finanças Teixeira dos Santos diz que se enganou nas contas redondamente, em todo o lado, e sobretudo na previsão sobre o défice, e que a coisa não foi intencional (coitado!), o que significa que o ministro das finanças só tem duas alternativas: ou sai de ministro, por indecente, má figura e nos querer fazer passar por estúpidos, ou mete férias e inscreve-se nas Novas Oportunidades para aprender a tabuada…

O JORNALISTA Mário Crespo diz ter conhecimento que José Sócrates, Pedro Silva Pereira e Jorge Lacão (a corja), tiveram uma reunião com um executivo de televisão, onde apelidaram o jornalista de ser “profissionalmente impreparado”, “mentalmente débil”, carecer de internamento psiquiátrico, e constituir “um problema que teria que ter solução”. Insatisfeita com a razia provocada pelo afastamento de Manuela Moura Guedes, Marcelo Rebelo de Sousa e José Manuel Fernandes, na mira da governamentalização de alguns sectores da comunicação social, a corja prepara-se para o passo seguinte, no sentido de silenciar mais algumas vozes incómodas…

HÁ UM MÊS atrás iniciei o caderno deste ano de 2010, sob a égide da corrupção, do lixo e das sucatas, o que se veio a provar não ter sido um exagero, atendendo a que chegou agora ao domínio público a informação de que está sob investigação um grande negócio de facturas falsas em negócios de sucatas, ocorrido entre 1999 e 2003, com um prejuízo para o Estado Português na ordem dos 4,8 milhões de euros, envolvendo a vereadora Guilhermina Rego da Câmara Municipal do Porto, a qual nega qualquer envolvimento no caso (é sempre).
Portanto, mais sucatices e corrupção, eis o que nos espera...

É Uma Série Portuguesa, Com Certeza…

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Recebi por e-mail a seguinte informação:

CHEGA a notícia de que está em preparação uma série televisiva que passará na Rádio Televisão Portuguesa (RTP) em Outubro, por altura da comemoração do 100º aniversário da Proclamação da República - série que, em oito episódios de 50 minutos cada, se propõe falar-nos de «cem anos de política portuguesa, entre 1910 e 2010».
Ora aí está uma excelente ideia!

A notícia prossegue, informando que esses cem anos chegar-nos-ão «através do olhar privilegiado de Mário Soares», que é «a personagem principal» da série e que nos «vai contar as suas memórias».
Ora aí está como se estraga uma excelente ideia!

A notícia diz, também, que «o testemunho de Mário Soares será, depois, cruzado e confrontado com os testemunhos de outras personagens» pertencentes «a todos os quadrantes políticos».
Lendo os nomes dessas «outras personagens» constata-se que estão lá «todos os quadrantes políticos»... menos o dos comunistas...
Ora aí está no que uma excelente ideia pode dar!

Quem está a realizar a série é um cineasta sobrinho de Mário Soares, de seu nome Mário Barroso - apoiado numa «equipa ecléctica de oito intelectuais», ou seja: também pertencentes «a todos os quadrantes políticos».
Lendo os nomes dos oito eclécticos constata-se que nenhum deles é comunista - nem pouco mais ou menos...
Ora aí está a ideia!...

Posto isto, está-se mesmo a ver o que aí vem: é uma série portuguesa, com certeza, é com certeza uma série portuguesa...

NOTA – Estarei atento, aguardando pela exibição da prometida série, sobre cem anos de política portuguesa, entre 1910 e 2010, em que a estrela da companhia será Mário Soares, para avaliar do rigor e credibilidade de tal trabalho, e tecer o meu comentário.

domingo, janeiro 31, 2010

As Sementes da República

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ESTE ANO, no centenário da Implantação da República Portuguesa, as comemorações iniciam-se no Porto, recordando que as sementes do novo regime começaram a germinar no Porto, com a revolta de 31 de Janeiro de 1891, acontecimento ocorrido dezanove anos antes da sua consumação de facto.
A Inês, do blog
RETALHOS DE HISTÓRIA dá-nos uma curta síntese do que se passou há 119 anos.


“Revolta do 31 de Janeiro de 1891

Onde e porquê?

No dia 31 de Janeiro de 1891 deu-se, no Porto, a 1ª tentativa de implantar a República em Portugal.

Os revoltosos estavam descontentes com a situação económico-financeira do país, com a situação social e com as decisões do governo relativas ao Ultimato Inglês de 1890, tendo por isso tentado implantar a República, através deste movimento revolucionário.

O que aconteceu?

A revolta começou na madrugada do dia 31 de Janeiro. Os soldados dirigiram-se para o Campo de Santo Ovídio (hoje em dia, Praça da República) e daí descem a Rua do Almada até à actual Praça da Liberdade. No antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, Alves da Veiga proclama o governo provisório da República, hasteando uma bandeira verde e vermelha.

Entretanto, a multidão, que já festejava, sobe a Rua de Santo António e vai em direcção à Praça da Batalha para tomar a estação de Correios e Telégrafos.

Porém, uma carga de artilharia e fuzilaria da Guarda Municipal, posicionada no topo da rua, interrompe bruscamente o cortejo, acabando por ferir tanto militares revoltosos como civis. O balanço foi de 12 mortos e cerca de 40 feridos.

Resultados

Apesar de a revolta ter fracassado, foi considerada o primeiro grande passo em direcção à Implantação da República.

Mais tarde, depois de implantada a República, o nome da Rua de Santo António foi alterado para Rua de 31 de Janeiro, em honra desta revolta e de todas as suas vítimas.”

sábado, janeiro 30, 2010

Os Sumo-Intrujões

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BASTOU que Victor Constâncio tivesse andado por Bruxelas, a tratar do seu futuro exílio dourado, portanto, um bocado arredado dos problemas do país e das contas de mercearia em que costuma atolar-se, para que o défice, esse monstro voraz e implacável, tivesse aproveitado a distracção do sacerdote da suma-intrujice, e tivesse progredido de 9,24 para 9,30, deixando o nosso (in)Constâncio, indignado e amedrontado com tanto atrevimento, o suficiente para que ele se sentisse na obrigação de exibir um ar compungido, entre o preocupado e o assustado, sobre o lindo futuro que nos espera.
Tal como Teixeira dos Santos, também ele é verdadeiro artista que balança entre os anúncios da retoma e a persistência das dificuldades económicas, ajustando as suas declarações às necessidades político-propagandísticas do governo.

"O pelintra pródigo"

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PARA REFLECTIR sobre a pobreza, como potencial geradora de muitas e diversas generosidades, passo a transcrever o artigo de opinião de Manuel António Pina, publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 27 de Janeiro de 2010.

"A notícia vem no DN: o Governo português comprometeu-se a emprestar a Angola até 200 milhões de dólares. Para isso, apesar de a dívida externa do país ultrapassar já os 100% do PIB (e com as agências de "rating" a anunciar, em face disso, o aumento das taxas de juro da remuneração da dívida), o Governo irá contrair um (mais um) empréstimo.

A boa notícia é que o mais certo é que parte desses milhões, ao menos a das "comissões" e das "contrapartidas", acabe por voltar a penates, seja através das empresas e dos negócios do costume, seja em artigos de "griffe" como relógios de ouro Rolex e Patek Phillipe, pulseiras Dior e H. Stern, roupas Ermenegildo Zegna e até... casacos de peles, comprados nas lojas de luxo de Lisboa sem olhar a preços. De facto, as elites do regime angolano constituem hoje, segundo uma notícia publicada pelo EXPRESSO em finais de 2009, 30% do mercado de luxo português. Que isso nos sirva de conforto, aos pelintras contribuintes portugueses, quando pagarmos a escandalosa factura dos 200 milhões. Porque, como diria o gondoleiro de "Morte em Veneza", haveremos de pagá-la."

sexta-feira, janeiro 29, 2010

O Respeitinho é Uma Coisa Muito Bonita…

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“Cavaco é um ditador! Mandou quatro amigos meus, dos melhores ministros, para a rua, assim, 'com vermelho directo’”, afirmação de Belmiro de Azevedo, fundador e ex-presidente da SONAE, referindo-se a Aníbal Cavaco Silva, em entrevista publicada na revista VISÃO de 28 de Janeiro de 2010.

Meu comentário - Só porque telefona ou manda telefonar com muita frequência, se calhar a queixar-se do jornal PÚBLICO, então o engenheiro incompleto, também conhecido por José Sócrates, só gosta de mandar e já não é ditador? Não há dúvida que o respeitinho é uma coisa muito bonita…

quinta-feira, janeiro 28, 2010

A SAGRES a Todo o Pano

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O NE (Navio Escola) SAGRES iniciou a sua 3ª. viagem de circum-navegação, uma aliciante aventura que aconselhamos a seguir, não a par e passo, mas dia a dia, nó a nó, ou sempre que o vento rode. Acompanhemo-la através deste SITE e votos de boa viagem, tanto para os que embarcaram como para os que ficaram.
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Extracto da primeira entrada no Diário de Bordo, em 19 de Janeiro de 2010
Por Proença Mendes Comandante do NRP "Sagres"
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“Após 2 semanas de trabalho intenso para preparar o melhor possível esta epopeia de um ano, em que houve vários problemas de pessoal e material para resolver ou atenuar, estamos finalmente a navegar para SSW.Este foi também o período em que a Sagres e a sua guarnição tiveram a maior exposição mediática de sempre, o que é altamente motivante para as nossas famílias e um motivo acrescido de orgulho e responsabilidade para os que embarcámos nesta aventura!
Largámos pouco depois das 11:00 após alguns directos para as Rádios e TV's, uma rápida apresentação da viagem às 4 dezenas de jornalistas a bordo, e as despedidas de alguns amigos que fizeram questão de se virem despedir pessoalmente.
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Navegámos um pouco para montante e passámos frente ao Cais de Alcântara já com algumas velas latinas a saudar as centenas de pessoas que assistiram à largada.Os jornalistas desembarcaram frente à Torre de Belém para embarcações da Capitania do Porto de Lisboa e nós seguimos viagem acompanhados de algumas embarcações que só desistiram quando a ondulação começou a ficar mais dura, à saída da barra.
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Esta era para ser uma tarde calma, até porque o vento W não permitia caçar pano redondo (um dia destes explico estas coisas!) mas o motor sobreaqueceu e foi necessário desmontar o arrefecedor - estava obstruído com lodo e detritos. Houve mais uma pequena reparação numa vela e os preparativos para uma reparação mais complicada num verga sécia que prendeu num apêndice do cais, à largada.
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Há vários jovens que estão a fazer a sua primeira saída para o mar, e muitos estão enjoados. Há também muito pessoal a fazer de observador até poder fazer quartos sozinho e, por isso, alguns outros estão a bordadas (quartos de 6 em 6h).
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Já determinei: Amanhã teremos alvorada surda, i.e. apenas para o pessoal que entra de quarto. E sem ruído!
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Não temos sinal de TV, pelo que não pudemos ver se a nossa largada saiu nos telejornais. Mas a TV serviu para uma demonstração das capacidades da Wii do nosso engenheiro. Promete!
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O vento vinha muito fechado e estávamos a progredir abaixo da média necessária mas já abriu e, com o pano latino a ajudar, já temos uma folga que me deixa mais descansado!”