sábado, fevereiro 06, 2010

Um Filme às Avessas

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NO DIA em que o semanário SOL publicou os despachos em que o juiz de Aveiro, António da Costa Gomes considerava haver «indícios muito fortes da existência de um plano» em que estaria envolvido o primeiro ministro José Sócrates, com o intuito de controlar a TVI, o bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. Marinho e Pinto, achou por bem dar o seu clarividente parecer sobre o assunto, afirmando que não competia ao magistrado, talvez motivado por paixões políticas, fazer aquele tipo de apreciações, pois está-se mesmo a ver que o objectivo não era o de salvaguardar os princípios do Estado de Direito, mas sim atingir a idoneidade do primeiro-ministro José Sócrates. Isto é, para este douto causídico, o magistrado devia ficar muito quietinho, reduzir-se à sua insignificância, resignar-se, meter o rabo entre as pernas ou ir tomar um calmante. Quanto à publicação pelo SOL do despacho e dos extractos das escutas telefónicas, acha ele que isso foi uma coisa imperdoável, melhor, uma forma de torpedear a decisão do Supremo de mandar destruir as escutas, que há uma sensação de apodrecimento das instituições judiciais, e isso demonstra que a sociedade portuguesa está numa deriva de desrespeito pelos valores essenciais da democracia e do Estado de Direito.
Coitado do senhor, é quase garantido que anda a rebobinar mal! A visão que ele tem do problema é como se estivéssemos a ver um filme cómico em que um bando de ladrões anda a perseguir os polícias, a algemá-los, a prendê-los e a levá-los a julgamento, sob a acusação de que não os deixam trabalhar em paz.

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