M
O monstro chileno foi-se!
O mundo ficou mais leve,
Mais limpo
E mais livre
segunda-feira, dezembro 11, 2006
sábado, dezembro 09, 2006
Notas Marginais
N
Preto é, António o diz!
Preto é, António o diz!
P
António Preto, advogado e membro do PSD, ex-lider da Comissão Política Distrital daquele partido, vai ser julgado por falsificação e fraude fiscal qualificada, porém, não gostou que o jornalista Arnaldo Mesquita, tivesse noticiado o facto no jornal Público. Sem contestar a veracidade da notícia, o senhor Preto achou que o jornalista só devia ter publicado a tal notícia, depois de ouvir previamente o visado, isto é, ele mesmo, António Preto, o qual validaria a sua veracidade e ou autenticidade.Se o jornalista tivesse satisfeito aquela pretensão, ficaríamos perante uma estranha forma de fazer jornalismo, pois a decisão do Tribunal Central de Investigação de levar alguém a julgamento, apenas teria importância jornalística, depois da concordância e assentimento do arguido. Preto é, António o diz!
António Preto, advogado e membro do PSD, ex-lider da Comissão Política Distrital daquele partido, vai ser julgado por falsificação e fraude fiscal qualificada, porém, não gostou que o jornalista Arnaldo Mesquita, tivesse noticiado o facto no jornal Público. Sem contestar a veracidade da notícia, o senhor Preto achou que o jornalista só devia ter publicado a tal notícia, depois de ouvir previamente o visado, isto é, ele mesmo, António Preto, o qual validaria a sua veracidade e ou autenticidade.Se o jornalista tivesse satisfeito aquela pretensão, ficaríamos perante uma estranha forma de fazer jornalismo, pois a decisão do Tribunal Central de Investigação de levar alguém a julgamento, apenas teria importância jornalística, depois da concordância e assentimento do arguido. Preto é, António o diz!
P
Pobres e Remediados
Pobres e Remediados
P
“Rejeito as teorias e as práticas de nivelamento por baixo, designadamente em matéria de direitos sociais; combato a desavergonhada tentativa de apresentar esse tipo de nivelamento como um novo paradigma de justiça social; e denuncio esta espécie de “guerra civil” larvar que o Governo se empenha em atiçar entre pobres e remediados para que mais folgadas fiquem as costas dos riscos e poderosos.”Victor Dias in “Voltando à Vaca Quente”, no Público de 2006-12-8
“Rejeito as teorias e as práticas de nivelamento por baixo, designadamente em matéria de direitos sociais; combato a desavergonhada tentativa de apresentar esse tipo de nivelamento como um novo paradigma de justiça social; e denuncio esta espécie de “guerra civil” larvar que o Governo se empenha em atiçar entre pobres e remediados para que mais folgadas fiquem as costas dos riscos e poderosos.”Victor Dias in “Voltando à Vaca Quente”, no Público de 2006-12-8
N
Nada a Declarar!
Nada a Declarar!
N
Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, num acto de “grande dignidade” institucional, não permitiu que a sala do Senado fosse aberta, para que a comissão de inquérito do Parlamento Europeu, encarregue de investigar os voos da C.I.A., pudesse efectuar as suas diligências. Este procedimento diz bem do desprezo com que os governantes portugueses estão a encarar o esclarecimento dos factos relacionados com os tais polémicos voos dos “meninos bons”, que costumam sequestrar e torturar os “meninos maus”. Diz o governo português que, antes de mais, terá que ser a tal comissão de inquérito que tem que provar que houve envolvimento e cumplicidade do Estado nos tais actos ilícitos. Ora se é o próprio governo que não investiga, e se há ocultação de informações e de dados sobre os ditos voos, é por demais evidente que nada se pode provar. Por isso, o Governo português, muito arrogante da sua “soberania” recusou-se a ir depor a Bruxelas, e depois quando a comissão decide vir ela própria a Lisboa, nem sequer lhe arranjam instalações condignas para se instalar e reunir com os deputados portugueses. Depois de os tais voos dos “amigos americanos” terem andado por aí, sem necessidade de declararem o que transportavam, como se isto fosse tudo deles, na mais perfeita das impunidades, passa-se agora com o Governo o mesmo que se passou com os tais voos: Nada a declarar! Em última instância, só falta que o governo português, um dia destes e num pico de indignação, venha afirmar que Portugal não é “a casa da Irene” ou o vulgaríssimo “cabaret da Coxa”.Acreditamos que não houve envolvimento directo nas detenções e transferências de prisioneiros, mas houve certamente, à boa maneira portuguesa, um “fechar de olhos”, um “assobiar para o lado”, relativamente ao que estava a acontecer, com a vantagem de que quando não há documentos nem registos, também não há provas. A C.I.A. não tem por hábito improvisar ou correr riscos desnecessários, e ninguém acredita que as polícias secretas portuguesas não tivessem conhecimento da natureza daqueles 91 “voos fantasmas” que escalaram os aeroportos nacionais, à margem dos procedimentos habituais. Esta coisa das amizades é um assunto demasiado sério, e as ditas afeições não podem ser partilhadas de ânimo leve. É certo que estamos integrados na União Europeia, somos amigos dos europeus, mas quando os “amigos americanos” se metem pelo meio, outro melro canta, sobretudo quando está em causa o secretismo a que obriga a famigerada “guerra contra o terrorismo”, e quando há que dar continuidade à hospitalidade iniciada com a Cimeira das Lages (Açores) de 16 de Março de 2003.
Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, num acto de “grande dignidade” institucional, não permitiu que a sala do Senado fosse aberta, para que a comissão de inquérito do Parlamento Europeu, encarregue de investigar os voos da C.I.A., pudesse efectuar as suas diligências. Este procedimento diz bem do desprezo com que os governantes portugueses estão a encarar o esclarecimento dos factos relacionados com os tais polémicos voos dos “meninos bons”, que costumam sequestrar e torturar os “meninos maus”. Diz o governo português que, antes de mais, terá que ser a tal comissão de inquérito que tem que provar que houve envolvimento e cumplicidade do Estado nos tais actos ilícitos. Ora se é o próprio governo que não investiga, e se há ocultação de informações e de dados sobre os ditos voos, é por demais evidente que nada se pode provar. Por isso, o Governo português, muito arrogante da sua “soberania” recusou-se a ir depor a Bruxelas, e depois quando a comissão decide vir ela própria a Lisboa, nem sequer lhe arranjam instalações condignas para se instalar e reunir com os deputados portugueses. Depois de os tais voos dos “amigos americanos” terem andado por aí, sem necessidade de declararem o que transportavam, como se isto fosse tudo deles, na mais perfeita das impunidades, passa-se agora com o Governo o mesmo que se passou com os tais voos: Nada a declarar! Em última instância, só falta que o governo português, um dia destes e num pico de indignação, venha afirmar que Portugal não é “a casa da Irene” ou o vulgaríssimo “cabaret da Coxa”.Acreditamos que não houve envolvimento directo nas detenções e transferências de prisioneiros, mas houve certamente, à boa maneira portuguesa, um “fechar de olhos”, um “assobiar para o lado”, relativamente ao que estava a acontecer, com a vantagem de que quando não há documentos nem registos, também não há provas. A C.I.A. não tem por hábito improvisar ou correr riscos desnecessários, e ninguém acredita que as polícias secretas portuguesas não tivessem conhecimento da natureza daqueles 91 “voos fantasmas” que escalaram os aeroportos nacionais, à margem dos procedimentos habituais. Esta coisa das amizades é um assunto demasiado sério, e as ditas afeições não podem ser partilhadas de ânimo leve. É certo que estamos integrados na União Europeia, somos amigos dos europeus, mas quando os “amigos americanos” se metem pelo meio, outro melro canta, sobretudo quando está em causa o secretismo a que obriga a famigerada “guerra contra o terrorismo”, e quando há que dar continuidade à hospitalidade iniciada com a Cimeira das Lages (Açores) de 16 de Março de 2003.
H
Há mais Censura…
Há mais Censura…
H
A Entidade Reguladora da Comunicação Social afirmou, como lhe compete e seria de esperar, que “não é um tribunal de jornalistas”. No entanto, não enjeitou declarar a condenação de um jornalista que, na função de comentador, produziu um artigo de opinião de rigor duvidoso e com conteúdo não fundamentado, bem como do director do jornal que o publicou.Havendo mais censura, para além da censura, para a ressurreição da extinta Comissão de Censura (do consulado de António Salazar) ou da Comissão de Exame Prévio (do consulado de Marcello Caetano) apenas falta o regresso do lápis azul, porque candidatos ao seu uso é coisa que não falta por aí.
A Entidade Reguladora da Comunicação Social afirmou, como lhe compete e seria de esperar, que “não é um tribunal de jornalistas”. No entanto, não enjeitou declarar a condenação de um jornalista que, na função de comentador, produziu um artigo de opinião de rigor duvidoso e com conteúdo não fundamentado, bem como do director do jornal que o publicou.Havendo mais censura, para além da censura, para a ressurreição da extinta Comissão de Censura (do consulado de António Salazar) ou da Comissão de Exame Prévio (do consulado de Marcello Caetano) apenas falta o regresso do lápis azul, porque candidatos ao seu uso é coisa que não falta por aí.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Salários Mínimos
S
Luxemburgo: 1369
Holanda: 1249
Bélgica: 1163
França: 1154
Reino Unido: 1105
Irlanda: 1073
Estados Unidos da América: 877
Grécia: 605
Malta: 535
Espanha: 526
Eslovénia: 451
Portugal: 386
Hungria: 212
Polónia: 201
República Checa: 199
Estónia: 138
Lituânia: 125
Eslováquia: 118
Letónia: 116
Turquia: 89
Roménia: 73
Bulgária: 56
F
Fonte: Deutsche Welle - Valores em EUROS
F
Na lista acima os E.U.A. e a Turquia aparecem apenas como referências, relativamente ao conjunto de países da União Europeia. Se fizéssemos um cruzamento dos salários com os índices de custo de vida, o cenário (para Portugal) seria ainda mais deprimente. Acresce que o salário mínimo português é inversamente proporcional ao enriquecimento da sua classe empresarial. Não tenho mais palavras, porque imagino o lugar que ocuparemos daqui a alguns anos, se o andar da carruagem se mantiver. Aceitam-se comentários. As reclamações são em São Bento.
Luxemburgo: 1369
Holanda: 1249
Bélgica: 1163
França: 1154
Reino Unido: 1105
Irlanda: 1073
Estados Unidos da América: 877
Grécia: 605
Malta: 535
Espanha: 526
Eslovénia: 451
Portugal: 386
Hungria: 212
Polónia: 201
República Checa: 199
Estónia: 138
Lituânia: 125
Eslováquia: 118
Letónia: 116
Turquia: 89
Roménia: 73
Bulgária: 56
F
Fonte: Deutsche Welle - Valores em EUROS
F
Na lista acima os E.U.A. e a Turquia aparecem apenas como referências, relativamente ao conjunto de países da União Europeia. Se fizéssemos um cruzamento dos salários com os índices de custo de vida, o cenário (para Portugal) seria ainda mais deprimente. Acresce que o salário mínimo português é inversamente proporcional ao enriquecimento da sua classe empresarial. Não tenho mais palavras, porque imagino o lugar que ocuparemos daqui a alguns anos, se o andar da carruagem se mantiver. Aceitam-se comentários. As reclamações são em São Bento.
Desabafos
D
Até mil oitocentos e sessenta e um (1861), uma carta enviada pelo serviço Pony Express (antigos serviços postais americanos), levava dez (10) dias para percorrer a distância entre Nova York e a Califórnia, o que perfaz aproximadamente 2.000 milhas (3.200 quilómetros). Em 2006, cento e quarenta e cinco (145) anos depois, uma carta com taxa de Correio Azul (prioritário), entre Lisboa e Alverca, e que anda à volta de uma distância de vinte (20) quilómetros, leva três (3) dias para chegar ao destinatário, isto se não chover ou não houver greve nos correios. Abençoado “choque tecnológico"! Fernando Torres in comentário a um post.
A
Assunto: PT = PORTUGAL TRAPALHONA?
Verifiquei que para se aceder ao endereço www.1820.pt , que veio substituir o antigo 118 (lista telefónica on-line), é necessário os utilizadores registarem-se previamente, e se não tiverem TELEFONE, não têm direito a aceder ao serviço.
Será que quando me dirigir a uma estação dos CTT ou ao balcão de informações da PT, para consultar uma LISTA TELEFÓNICA, só ma vão dispensar depois de provar que sou utilizador de TELECOMUNICAÇÕES?
E-mail enviado por Fernando Torres para PT Comunicações em 2006-11-30
E
Em Portugal as escolas de condução automóvel fazem tudo menos preparar civicamente os futuros condutores para partilharem a rede rodoviária. Eles saem de lá com uma espécie de licença de porte de arma no bolso, para depois se enfrentarem nas cidades, estradas e auto-estradas, transformadas em autênticos campos de batalha. Fernando Torres in comentário a um post.
A
A seguir ao referendo do aborto, prepara-se nova encenação dramática, para desencaminhar, a comunicação social em particular, e os portugueses em geral, dos grandes problemas do país. O processo de Camarate, tantas vezes desenterrado, quantas as vezes que foi arquivado, continua a funcionar como aquele separador televisivo de outros tempos, que dizia: PEDIMOS DESCULPA PELA INTERRUPÇÃO, O PROGRAMA SEGUE DENTRO DE MOMENTOS.
Fernando Torres in comentário a um post.
P
“Presa na teia administrativa do Ministério da Educação, Lurdes Rodrigues, mantém-se em silêncio sobre a questão da TLEBS (Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário). O Ministério da Educação trata das colocações e do estatuto do professores, do encerramento e da abertura das escolas… Material e humanamente absorvido nesta actividade algures entre o economato, a tesouraria e o departamento de pessoal, ao Ministério da Educação não sobra tempo nem disponibilidade para discutir a educação propriamente dita.”
Helena Matos, in A Pedido da Mulher. Jornal Público em 2006-12-2
E
“Em política, a capacidade de adaptação é proporcional à ausência de vergonha.”
Alberto Gonçalves in Correio da Manhã de 2006-11-22
R
“Reformar não é inovar.”
Edmund Burke (1729-1797) estadista e escritor
A
“Assim que aprendemos a desistir, isso passa a tornar-se um hábito.”
Vince Lombardi (1913-1970), técnico de futebol americano.
Q
"Quem não sabe arte não a estima".»
Luís Vaz de Camões (1524-1580), poeta português
V
Viriato, Sertório, Vercingetorix, Spartacus, Afonso Henriques, Nuno Alvares Pereira, Jeanne d'Arc, Tupac Amaru, Touro Sentado, Jerónimo, De Gaulle, coronel Fabien, Jean Moulin, os “maquisards” russos, franceses, italianos, jugoslavos, etc, da II Guerra Mundial, Nelson Mandela, Amílcar Cabral, Mondlane, Xanana Gusmão, Arafat e muitos mais, todos eles, em dado momento da História, foram qualificados de “terroristas”, pelos seus adversários e inimigos.
Fernando Torres in comentário a um post.
S
Se escolhermos um programa de leitura em que iremos reler o “Admirável Mundo Novo” de Aldous Uxley, o “1984” de George Orwell e o “Farenheith 451” de Ray Bradbury, ficaremos mais despertos e vigilantes para os perigos que, pé ante pé, neste século XXI, se acercam de nós.
Fernando Torres in comentário a um post.
C
CONVERSAR OU ATIRAR A MATAR?
“Se a França e a Alemanha aceitarem a visão do mundo da Doutrina Bush; se houver um papel positivo da União Europeia nos assuntos de segurança internacional; se os países recentemente libertados da Europa Central e Oriental forem permanentemente integrados no Ocidente; e se a comunidade atlântica for vista como um conjunto de princípios em vez duma área geográfica limitada, então há imensas razões para continuar a conversar.”
Tom Donnely, encarregado de estudos de defesa e segurança nacional no American Enterprise Institute em Washington.
A
“As liberdades nos EUA não são concessões de qualquer governo ou documento, mas uma doação de Deus."
John Ashcroft, Procurador-geral dos EUA
D
Deus, com toda a parafernália que o tem acompanhado desde tempos imemoriais, não é mais que uma boa e riquíssima personagem de ficção.
Fernando Torres in comentário a um post.
O
“O orgasmo será sempre, para este Papa, um genocídio.”
Carlos Esperança in Diário Ateísta
Até mil oitocentos e sessenta e um (1861), uma carta enviada pelo serviço Pony Express (antigos serviços postais americanos), levava dez (10) dias para percorrer a distância entre Nova York e a Califórnia, o que perfaz aproximadamente 2.000 milhas (3.200 quilómetros). Em 2006, cento e quarenta e cinco (145) anos depois, uma carta com taxa de Correio Azul (prioritário), entre Lisboa e Alverca, e que anda à volta de uma distância de vinte (20) quilómetros, leva três (3) dias para chegar ao destinatário, isto se não chover ou não houver greve nos correios. Abençoado “choque tecnológico"! Fernando Torres in comentário a um post.
A
Assunto: PT = PORTUGAL TRAPALHONA?
Verifiquei que para se aceder ao endereço www.1820.pt , que veio substituir o antigo 118 (lista telefónica on-line), é necessário os utilizadores registarem-se previamente, e se não tiverem TELEFONE, não têm direito a aceder ao serviço.
Será que quando me dirigir a uma estação dos CTT ou ao balcão de informações da PT, para consultar uma LISTA TELEFÓNICA, só ma vão dispensar depois de provar que sou utilizador de TELECOMUNICAÇÕES?
E-mail enviado por Fernando Torres para PT Comunicações em 2006-11-30
E
Em Portugal as escolas de condução automóvel fazem tudo menos preparar civicamente os futuros condutores para partilharem a rede rodoviária. Eles saem de lá com uma espécie de licença de porte de arma no bolso, para depois se enfrentarem nas cidades, estradas e auto-estradas, transformadas em autênticos campos de batalha. Fernando Torres in comentário a um post.
A
A seguir ao referendo do aborto, prepara-se nova encenação dramática, para desencaminhar, a comunicação social em particular, e os portugueses em geral, dos grandes problemas do país. O processo de Camarate, tantas vezes desenterrado, quantas as vezes que foi arquivado, continua a funcionar como aquele separador televisivo de outros tempos, que dizia: PEDIMOS DESCULPA PELA INTERRUPÇÃO, O PROGRAMA SEGUE DENTRO DE MOMENTOS.
Fernando Torres in comentário a um post.
P
“Presa na teia administrativa do Ministério da Educação, Lurdes Rodrigues, mantém-se em silêncio sobre a questão da TLEBS (Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário). O Ministério da Educação trata das colocações e do estatuto do professores, do encerramento e da abertura das escolas… Material e humanamente absorvido nesta actividade algures entre o economato, a tesouraria e o departamento de pessoal, ao Ministério da Educação não sobra tempo nem disponibilidade para discutir a educação propriamente dita.”
Helena Matos, in A Pedido da Mulher. Jornal Público em 2006-12-2
E
“Em política, a capacidade de adaptação é proporcional à ausência de vergonha.”
Alberto Gonçalves in Correio da Manhã de 2006-11-22
R
“Reformar não é inovar.”
Edmund Burke (1729-1797) estadista e escritor
A
“Assim que aprendemos a desistir, isso passa a tornar-se um hábito.”
Vince Lombardi (1913-1970), técnico de futebol americano.
Q
"Quem não sabe arte não a estima".»
Luís Vaz de Camões (1524-1580), poeta português
V
Viriato, Sertório, Vercingetorix, Spartacus, Afonso Henriques, Nuno Alvares Pereira, Jeanne d'Arc, Tupac Amaru, Touro Sentado, Jerónimo, De Gaulle, coronel Fabien, Jean Moulin, os “maquisards” russos, franceses, italianos, jugoslavos, etc, da II Guerra Mundial, Nelson Mandela, Amílcar Cabral, Mondlane, Xanana Gusmão, Arafat e muitos mais, todos eles, em dado momento da História, foram qualificados de “terroristas”, pelos seus adversários e inimigos.
Fernando Torres in comentário a um post.
S
Se escolhermos um programa de leitura em que iremos reler o “Admirável Mundo Novo” de Aldous Uxley, o “1984” de George Orwell e o “Farenheith 451” de Ray Bradbury, ficaremos mais despertos e vigilantes para os perigos que, pé ante pé, neste século XXI, se acercam de nós.
Fernando Torres in comentário a um post.
C
CONVERSAR OU ATIRAR A MATAR?
“Se a França e a Alemanha aceitarem a visão do mundo da Doutrina Bush; se houver um papel positivo da União Europeia nos assuntos de segurança internacional; se os países recentemente libertados da Europa Central e Oriental forem permanentemente integrados no Ocidente; e se a comunidade atlântica for vista como um conjunto de princípios em vez duma área geográfica limitada, então há imensas razões para continuar a conversar.”
Tom Donnely, encarregado de estudos de defesa e segurança nacional no American Enterprise Institute em Washington.
A
“As liberdades nos EUA não são concessões de qualquer governo ou documento, mas uma doação de Deus."
John Ashcroft, Procurador-geral dos EUA
D
Deus, com toda a parafernália que o tem acompanhado desde tempos imemoriais, não é mais que uma boa e riquíssima personagem de ficção.
Fernando Torres in comentário a um post.
O
“O orgasmo será sempre, para este Papa, um genocídio.”
Carlos Esperança in Diário Ateísta
domingo, dezembro 03, 2006
Contágio ou Quê?
C
Neste tempo de cerrada contestação às “burkas” e véus islâmicos, alguém será capaz de me explicar porque é que os militares portugueses que estiveram a dar apoio nas recentes eleições da República Popular do Congo, quando regressaram a Lisboa, no dia 2 de Dezembro, se apresentaram na formatura, perante as próprias chefias, na base militar de Figo Maduro, embuçados com capuzes de tipo “passa-montanhas”?
Pergunto isto, porque há dias, foi grande o escândalo junto de entidades civis e militares, quando os meios de comunicação divulgaram uma conferência de imprensa de militares descontentes, onde os porta-vozes se apresentaram igualmente embuçados, com capuzes do mesmo tipo. Na altura, disseram que tal aparato fazia lembrar os vídeo-comunicados do I.R.A. ou da E.T.A.. Então os militares de Figo Maduro, fazem lembrar o quê?
Neste tempo de cerrada contestação às “burkas” e véus islâmicos, alguém será capaz de me explicar porque é que os militares portugueses que estiveram a dar apoio nas recentes eleições da República Popular do Congo, quando regressaram a Lisboa, no dia 2 de Dezembro, se apresentaram na formatura, perante as próprias chefias, na base militar de Figo Maduro, embuçados com capuzes de tipo “passa-montanhas”?
Pergunto isto, porque há dias, foi grande o escândalo junto de entidades civis e militares, quando os meios de comunicação divulgaram uma conferência de imprensa de militares descontentes, onde os porta-vozes se apresentaram igualmente embuçados, com capuzes do mesmo tipo. Na altura, disseram que tal aparato fazia lembrar os vídeo-comunicados do I.R.A. ou da E.T.A.. Então os militares de Figo Maduro, fazem lembrar o quê?
Sinistro e Ridículo
S
Dois pacatos cidadãos norte-americanos foram detidos pelo FBI, um em Agosto e outro em Novembro de 2006, por terem sintonizado as suas antenas parabólicas, a fim de poderem captar, entre outras, as emissões da cadeia de televisão Al-Manar, pertença do Hezbollah, organização política que integra o governo libanês, e que os americanos classificam de terrorista.
A justiça norte-americana, acabou por considerar que a atitude dos dois detidos, ao orientarem as suas antenas para sintonizarem a dita estação, traduzia manifesta cumplicidade com uma organização terrorista. Vem a propósito recordar que em Portugal, nos anos 50 e 60 do século passado, tempo da ditadura salazarista, quem fosse denunciado por escutar a Rádio Moscovo ou a Rádio Portugal Livre, corria o risco de ser visitado pela polícia política PIDE/DGS, estagiar nos calabouços (curros) do Aljube e passar pelas salas de interrogatórios da António Maria Cardoso, até deitar cá para fora, tudo o que sabia e não sabia.
Neste caso, o julgamento dos “perigosos cúmplices de terroristas” irá ocorrer em Manhattan, e a justiça americana, encorajada pelas disposições fascistóides do Patriot Act de G.W.Bush, prevê para este tipo de “crime”, nada mais, nada menos, que a módica pena de 110 anos de prisão. Se não estivéssemos no país que já se considerou o farol da democracia, e que tem derivado perigosamente para uma espécie de estado policial, diria que toda esta intriga, e os seus mentores, corriam o risco de se cobrirem de ridículo.
Dois pacatos cidadãos norte-americanos foram detidos pelo FBI, um em Agosto e outro em Novembro de 2006, por terem sintonizado as suas antenas parabólicas, a fim de poderem captar, entre outras, as emissões da cadeia de televisão Al-Manar, pertença do Hezbollah, organização política que integra o governo libanês, e que os americanos classificam de terrorista.
A justiça norte-americana, acabou por considerar que a atitude dos dois detidos, ao orientarem as suas antenas para sintonizarem a dita estação, traduzia manifesta cumplicidade com uma organização terrorista. Vem a propósito recordar que em Portugal, nos anos 50 e 60 do século passado, tempo da ditadura salazarista, quem fosse denunciado por escutar a Rádio Moscovo ou a Rádio Portugal Livre, corria o risco de ser visitado pela polícia política PIDE/DGS, estagiar nos calabouços (curros) do Aljube e passar pelas salas de interrogatórios da António Maria Cardoso, até deitar cá para fora, tudo o que sabia e não sabia.
Neste caso, o julgamento dos “perigosos cúmplices de terroristas” irá ocorrer em Manhattan, e a justiça americana, encorajada pelas disposições fascistóides do Patriot Act de G.W.Bush, prevê para este tipo de “crime”, nada mais, nada menos, que a módica pena de 110 anos de prisão. Se não estivéssemos no país que já se considerou o farol da democracia, e que tem derivado perigosamente para uma espécie de estado policial, diria que toda esta intriga, e os seus mentores, corriam o risco de se cobrirem de ridículo.
São Assim!
A
S
S
São assim, belos e altivos. Nervosos de início, acabam por tornar-se grandes companheiros para toda a vida.
Coudelaria da Companhia das Lezírias em 2006-JAN-28
Coudelaria da Companhia das Lezírias em 2006-JAN-28
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Memórias
M
Terminei ontem a leitura das “Pequenas Memórias” de José Saramago, e assim a frio, perguntei a mim próprio se a seguir às pequenas não virão umas “Grandes Memórias”, ou apenas mais “Memórias”. No entanto, memórias e recordações é matéria frágil que escasseia, e nem todas podem ser trazidas para o domínio público. Para já, fiquemos por estes pequenos nadas, registos e fulgores que ficaram da infância e da juventude, que o autor entendeu necessário, senão mesmo obrigatório, posterizar pela escrita, em curtíssimos fragmentos, fazendo lembrar a repescagem de cenas cortadas, da montagem de um filme, que acabaram por se guardar, para o que desse e viesse. Os anos que vão passando são um bom coador, e a idade um observatório privilegiado, para reavaliar e interpretar, aquilo que conseguimos reter do nosso passado, seja ela a imagem desfocada de um irmão que não sobreviveu, a saga das deambulações, por quartos e “partes de casa” de Lisboa, com os poucos haveres às costas, a lembrança de um avô de nenhumas letras e poucas falas, mas tão sábio como o mais sábio, a maçaroca de milho que pesa na consciência ou o lagarto verde que deixou de se ver, pelas bandas da Azinhaga.
Com a leitura das “Pequenas Memórias”, poder-se-á avaliar a abissal diferença que existe entre um grande escritor e um mero escrevinhador.
Terminei ontem a leitura das “Pequenas Memórias” de José Saramago, e assim a frio, perguntei a mim próprio se a seguir às pequenas não virão umas “Grandes Memórias”, ou apenas mais “Memórias”. No entanto, memórias e recordações é matéria frágil que escasseia, e nem todas podem ser trazidas para o domínio público. Para já, fiquemos por estes pequenos nadas, registos e fulgores que ficaram da infância e da juventude, que o autor entendeu necessário, senão mesmo obrigatório, posterizar pela escrita, em curtíssimos fragmentos, fazendo lembrar a repescagem de cenas cortadas, da montagem de um filme, que acabaram por se guardar, para o que desse e viesse. Os anos que vão passando são um bom coador, e a idade um observatório privilegiado, para reavaliar e interpretar, aquilo que conseguimos reter do nosso passado, seja ela a imagem desfocada de um irmão que não sobreviveu, a saga das deambulações, por quartos e “partes de casa” de Lisboa, com os poucos haveres às costas, a lembrança de um avô de nenhumas letras e poucas falas, mas tão sábio como o mais sábio, a maçaroca de milho que pesa na consciência ou o lagarto verde que deixou de se ver, pelas bandas da Azinhaga.
Com a leitura das “Pequenas Memórias”, poder-se-á avaliar a abissal diferença que existe entre um grande escritor e um mero escrevinhador.
quinta-feira, novembro 30, 2006
Esquerda Moderna
E
O governo anda a pedir sacrifícios aos portugueses, para superar o défice orçamental e os maus momentos por que passa a economia, porém esses sacrifícios não são extensivos a todos. Chega-nos agora a informação, via Tribunal de Contas, que no Metro do Porto, entre os membros da administração, aquilo tem sido um fartar vilanagem. Eles banqueteiam-se com prémios de gestão de 100.000 Euros, atribuídos sem qualquer aprovação e mais alambazados que os praticados nas outras empresas públicas, eles distribuem entre si cartões de crédito com chorudas dotações mensais de 1.247 Euros, mesmo para aqueles administradores sem cargos executivos, e que só lá aparecem de quinze em quinze dias para fazer prova de vida e justificarem os 4.800 Euros de vencimento, eles mandam executar obras sem concurso público, em clara violação das leis, e dão-se ao luxo, pasme-se, de participar em negócios estranhos à actividade da empresa Metro do Porto. Ora vejam lá se adivinham quem é o presidente desta entidade? Acertou! Nem mais nem menos que o senhor Valentim, mais conhecido por “batatas”, dos tempos em que “administrava” a intendência militar, ex-presidente do Boavista e da Liga de Futebol Profissional, e que agora gere o seus interesses pessoais, como autarca cativo das terras de Gondomar, grande distribuidor de electrodomésticos em tempo de eleições, ofensor-ofendido de agentes da PSP e da Brigada de Trânsito, e ainda possível arguido no processo “apito dourado”, que passou a “apito encravado” pelas razões mais que óbvias. Diz ele, impante e insolente, como sempre o conhecemos, que tudo isto não passa de manobras de quem não quer reconhecer o trabalho esforçado e diligente, de gente sacrificada, dedicada à causa pública e cumpridora da lei, que paga impostos, não tem nada a temer nem a esconder, e que portanto não pode deixar de ser condignamente remunerada. Secundou-o, reforçando o seu límpido raciocínio, e com outros tantos argumentos inabaláveis, um conceituado e perpétuo autarca socialista, de nome Narciso, que também vai mamando na tetina do Metro do Porto.
Entretanto, conforme divulgam os semanários “Expresso”e “Focus”, a EDP tem um novo assessor jurídico, de seu nome Pedro Santana Lopes, a auferir 10.000 Euros mensais, um quadro superior da GALP, admitido em 2002, sai agora com uma indemnização de 290.000 Euros, para logo a seguir ser admitido na REFER, o filho de Miguel Horta e Costa, recém-licenciado, entra na GALP com um “salário” de 6.600 Euros, o cunhado de Morais Sarmento, transfere-se da ESSO para a GALP com um “salário” de 17.400 Euros, e Ferreira do Amaral, presidente não-executivo do conselho de administração da GALP, é remunerado de forma simbólica pelas presenças com 3.000 Euros mensais, mais um complemento de 10.000 Euros em PPR.
Eis quanto custam ao bolso dos contribuintes algumas inutilidades, para somar aos outros milhares de inutilidades que fervilham por esse país fora, e que nada acrescentam ao PIB, muito antes pelo contrário.
Do outro lado estão as universidades que se começam a queixar de que estão com sérias dificuldades para pagar o 13º. mês, tanto a funcionários como ao pessoal docente, dado que nem sequer podem recorrer às suas receitas próprias, pois o Estado, de há dois anos a esta parte, cativa esses valores (para além de outros do próprio Orçamento do Estado), desrespeitando a autonomia dos estabelecimentos de ensino superior. “As universidades não são gastadoras, nem contratam pessoas em excesso. Não estamos a pedir nada para nós. Estamos a dizer que para fazer médicos, engenheiros e economistas, o dinheiro não chega”, assegura Leopoldo Guimarães, reitor da Universidade Nova de Lisboa. É evidente que estas universidades não fazem políticos, nem autarcas, nem administradores-bibelots, porque senão outro galo cantaria.
Entretanto, no meio da fartura para uns e da indigência para outros, este governo da “esquerda moderna”, desinveste em áreas vitais para a sociedade portuguesa e continua a cortar desenfreadamente em certas regalias de quem trabalha, dizendo que o mal do país é estar atulhado de gente trabalhadora com privilégios a mais. São tantas e tão chorudas as regalias que os trabalhadores portugueses desfrutam, que os pobres dos patrões, dos gestores e administradores, continuam impossibilitados de gerir e administrar as suas empresas, de forma a tornarem-nas modernas e competitivas. Este governo que anda a pedir sacrifícios aos portugueses para equilibrar a balança, esbugalha os olhos para uns e vai-os fechando para os outros, os tais que sabem como continuar a facturar regiamente, contornando as barreiras legais e os insistentes pedidos de sacrifícios. Para este governo, inovar confunde-se com reformar, o que não é exactamente a mesma coisa. Para este governo, reformar é desideologizar a acção política e governativa, levando a prosperidade a si e aos seus amigos, e deixando cair nos serviços mínimos o resto da população.
Este governo que se diz da “esquerda moderna”, é o tal que promete uma coisa para ganhar as eleições, para depois fazer o seu contrário na acção governativa. É o governo que se diz inovador e reformista, mas que na prática é o governo da degradação das condições de vida, do congelamento dos salários, da espiral do desemprego, do aumento especulativo dos preços de bens essenciais, do aumento de impostos para os que trabalham por conta de outrem, das taxas e comissões a esmo, por tudo e por nada, a par da manutenção do paraíso e das facilidades para a actividade bancária, a indústria do betão, a especulação imobiliária, e a sempre omnipresente economia paralela.
Ah, é verdade, este é também o governo da introdução dos cartões de crédito para arredondar os honorários e compensar a “rapaziada” que se anda a sacrificar no serviço público, acumulando prebendas e sinecuras, tendo para isso que prescindir de um terço da reforma, ou um terço do vencimento.
O governo anda a pedir sacrifícios aos portugueses, para superar o défice orçamental e os maus momentos por que passa a economia, porém esses sacrifícios não são extensivos a todos. Chega-nos agora a informação, via Tribunal de Contas, que no Metro do Porto, entre os membros da administração, aquilo tem sido um fartar vilanagem. Eles banqueteiam-se com prémios de gestão de 100.000 Euros, atribuídos sem qualquer aprovação e mais alambazados que os praticados nas outras empresas públicas, eles distribuem entre si cartões de crédito com chorudas dotações mensais de 1.247 Euros, mesmo para aqueles administradores sem cargos executivos, e que só lá aparecem de quinze em quinze dias para fazer prova de vida e justificarem os 4.800 Euros de vencimento, eles mandam executar obras sem concurso público, em clara violação das leis, e dão-se ao luxo, pasme-se, de participar em negócios estranhos à actividade da empresa Metro do Porto. Ora vejam lá se adivinham quem é o presidente desta entidade? Acertou! Nem mais nem menos que o senhor Valentim, mais conhecido por “batatas”, dos tempos em que “administrava” a intendência militar, ex-presidente do Boavista e da Liga de Futebol Profissional, e que agora gere o seus interesses pessoais, como autarca cativo das terras de Gondomar, grande distribuidor de electrodomésticos em tempo de eleições, ofensor-ofendido de agentes da PSP e da Brigada de Trânsito, e ainda possível arguido no processo “apito dourado”, que passou a “apito encravado” pelas razões mais que óbvias. Diz ele, impante e insolente, como sempre o conhecemos, que tudo isto não passa de manobras de quem não quer reconhecer o trabalho esforçado e diligente, de gente sacrificada, dedicada à causa pública e cumpridora da lei, que paga impostos, não tem nada a temer nem a esconder, e que portanto não pode deixar de ser condignamente remunerada. Secundou-o, reforçando o seu límpido raciocínio, e com outros tantos argumentos inabaláveis, um conceituado e perpétuo autarca socialista, de nome Narciso, que também vai mamando na tetina do Metro do Porto.
Entretanto, conforme divulgam os semanários “Expresso”e “Focus”, a EDP tem um novo assessor jurídico, de seu nome Pedro Santana Lopes, a auferir 10.000 Euros mensais, um quadro superior da GALP, admitido em 2002, sai agora com uma indemnização de 290.000 Euros, para logo a seguir ser admitido na REFER, o filho de Miguel Horta e Costa, recém-licenciado, entra na GALP com um “salário” de 6.600 Euros, o cunhado de Morais Sarmento, transfere-se da ESSO para a GALP com um “salário” de 17.400 Euros, e Ferreira do Amaral, presidente não-executivo do conselho de administração da GALP, é remunerado de forma simbólica pelas presenças com 3.000 Euros mensais, mais um complemento de 10.000 Euros em PPR.
Eis quanto custam ao bolso dos contribuintes algumas inutilidades, para somar aos outros milhares de inutilidades que fervilham por esse país fora, e que nada acrescentam ao PIB, muito antes pelo contrário.
Do outro lado estão as universidades que se começam a queixar de que estão com sérias dificuldades para pagar o 13º. mês, tanto a funcionários como ao pessoal docente, dado que nem sequer podem recorrer às suas receitas próprias, pois o Estado, de há dois anos a esta parte, cativa esses valores (para além de outros do próprio Orçamento do Estado), desrespeitando a autonomia dos estabelecimentos de ensino superior. “As universidades não são gastadoras, nem contratam pessoas em excesso. Não estamos a pedir nada para nós. Estamos a dizer que para fazer médicos, engenheiros e economistas, o dinheiro não chega”, assegura Leopoldo Guimarães, reitor da Universidade Nova de Lisboa. É evidente que estas universidades não fazem políticos, nem autarcas, nem administradores-bibelots, porque senão outro galo cantaria.
Entretanto, no meio da fartura para uns e da indigência para outros, este governo da “esquerda moderna”, desinveste em áreas vitais para a sociedade portuguesa e continua a cortar desenfreadamente em certas regalias de quem trabalha, dizendo que o mal do país é estar atulhado de gente trabalhadora com privilégios a mais. São tantas e tão chorudas as regalias que os trabalhadores portugueses desfrutam, que os pobres dos patrões, dos gestores e administradores, continuam impossibilitados de gerir e administrar as suas empresas, de forma a tornarem-nas modernas e competitivas. Este governo que anda a pedir sacrifícios aos portugueses para equilibrar a balança, esbugalha os olhos para uns e vai-os fechando para os outros, os tais que sabem como continuar a facturar regiamente, contornando as barreiras legais e os insistentes pedidos de sacrifícios. Para este governo, inovar confunde-se com reformar, o que não é exactamente a mesma coisa. Para este governo, reformar é desideologizar a acção política e governativa, levando a prosperidade a si e aos seus amigos, e deixando cair nos serviços mínimos o resto da população.
Este governo que se diz da “esquerda moderna”, é o tal que promete uma coisa para ganhar as eleições, para depois fazer o seu contrário na acção governativa. É o governo que se diz inovador e reformista, mas que na prática é o governo da degradação das condições de vida, do congelamento dos salários, da espiral do desemprego, do aumento especulativo dos preços de bens essenciais, do aumento de impostos para os que trabalham por conta de outrem, das taxas e comissões a esmo, por tudo e por nada, a par da manutenção do paraíso e das facilidades para a actividade bancária, a indústria do betão, a especulação imobiliária, e a sempre omnipresente economia paralela.
Ah, é verdade, este é também o governo da introdução dos cartões de crédito para arredondar os honorários e compensar a “rapaziada” que se anda a sacrificar no serviço público, acumulando prebendas e sinecuras, tendo para isso que prescindir de um terço da reforma, ou um terço do vencimento.
segunda-feira, novembro 27, 2006
(in)Fidelidades
(I
Um deputado comunista, a quem deve fidelidade? Aos seus eleitores ou ao seu partido?
Em caso de conflito, um comunista, a quem deve fidelidade? À nação ou ao seu partido?
Um deputado comunista, a quem deve fidelidade? Aos seus eleitores ou ao seu partido?
Em caso de conflito, um comunista, a quem deve fidelidade? À nação ou ao seu partido?
Um deputado comunista, saneado da bancada pelo seu partido, o que deve fazer? Recusar-se a aceita a decisão, mantendo-se no seu posto e arriscando-se a ver-lhe retirada “alguma confiança política” (outro eufemismo!), ou aceitar o veredicto e ir colar cartazes?
Tudo isto vem a propósito da deputada Luísa Mesquita ter recusado a resignação do seu cargo, a propósito de uma suposta “renovação da bancada parlamentar” (não lembra ao diabo fazê-la a meio de uma legislatura), em que, para além dela, estão envolvidos outros dois deputados, Odete Santos e Abílio Fernandes, os quais aceitaram obedientemente a decisão. “Somos deputados, não somos objectos” terá afirmado a deputada amotinada, quando confrontada com o decisão partidária. “O mandato é do deputado, mas o programa pelo qual foi eleito é do PCP”, terá respondido o secretário-geral. Quer isto dizer que o partido está à frente de tudo, e não há mais conversas. A tão ignóbil precariedade que invadiu o mundo do trabalho, acaba assim por também chegar à política, vinda do sector mais inesperado.
Não gosto de ver um partido de esquerda tratar desta forma os seus representantes eleitos pelo povo, pois deixa-me a amarga sensação de que, lá dentro, a democracia é entendida como um assunto menor, tão descartável como qualquer deputado, mesmo que esse deputado seja um empedernido ortodoxo, que só tardiamente percebeu que lhe podia acontecer a ele, o que, entretanto, já tinha acontecido a outros.
De facto, a gerontocracia cinzenta que continua a manobrar nos bastidores do PCP, não tem nada a ver com democracia, nem sequer com aquela coisa que ironicamente foi baptizada de “centralismo democrático”. Nos momentos cruciais dá-lhes para fazer coisas tão grosseiras como ostracisar e sanear deputados, ou então, exprimir controversas solidariedades, dirigidas ao “querido líder” pseudo-comunista da Coreia do Norte, Kim Jong-Il, e ao seu hediondo regime concentracionário. Aquela casta dirigente, alicerçada numa funcionarite crónica, para quem a própria competência e fidelidade têm um valor duvidoso, continua a usar militantes e quadros políticos como instrumentos e não como pessoas. Quando aqueles deixam de servir os seus interesses partidários, são descontinuados como qualquer ferramenta gasta. Quando não afinam pelo seu diapasão, levam com a etiqueta de traidores, fraccionistas ou reaccionários, e se não renunciarem, é certo que acabam banidos.
Na verdade, não sei se isto não será mesmo propositado. O exemplo está em que tanto conseguem reunir um grupo parlamentar altamente competente, como logo a seguir correm a desmembrá-lo. O PCP continua a ser o partido da liturgia dos congressos, da democracia interna que apenas serve para dar conhecimento das decisões das cúpulas dirigentes, da exploração até limites inaceitáveis, da generosidade dos militantes, dos delitos de opinião, e onde cair em desgraça, tanto pode ser uma consequência como uma inevitabilidade. Avessos a compromissos, os comunistas insistem em viver no seu limbo, com as suas regras muito próprias, são grandes lutadores pelas causas de uma sociedade mais justa, mas continuam a fazer muito pouco para se mostrarem como um possível e credível parceiro de coligação, ou mesmo uma alternativa de governo. Apesar das “paredes de vidro” terem passado a ser expressão obrigatória do seu léxico, e da festa do Avante! ter sido elevada a desígnio nacional, tal não consegue apagar uma matriz autoritária e centralista, que não passa despercebida a ninguém. Mais purga, menos purga, o PCP continuará a achar que tudo lhe é permitido, e tudo lhe será perdoado, se o seu objectivo for sobreviver e seguir em frente, como se ainda vivesse na obscura dureza dos tempos da clandestinidade.
Tudo isto vem a propósito da deputada Luísa Mesquita ter recusado a resignação do seu cargo, a propósito de uma suposta “renovação da bancada parlamentar” (não lembra ao diabo fazê-la a meio de uma legislatura), em que, para além dela, estão envolvidos outros dois deputados, Odete Santos e Abílio Fernandes, os quais aceitaram obedientemente a decisão. “Somos deputados, não somos objectos” terá afirmado a deputada amotinada, quando confrontada com o decisão partidária. “O mandato é do deputado, mas o programa pelo qual foi eleito é do PCP”, terá respondido o secretário-geral. Quer isto dizer que o partido está à frente de tudo, e não há mais conversas. A tão ignóbil precariedade que invadiu o mundo do trabalho, acaba assim por também chegar à política, vinda do sector mais inesperado.
Não gosto de ver um partido de esquerda tratar desta forma os seus representantes eleitos pelo povo, pois deixa-me a amarga sensação de que, lá dentro, a democracia é entendida como um assunto menor, tão descartável como qualquer deputado, mesmo que esse deputado seja um empedernido ortodoxo, que só tardiamente percebeu que lhe podia acontecer a ele, o que, entretanto, já tinha acontecido a outros.
De facto, a gerontocracia cinzenta que continua a manobrar nos bastidores do PCP, não tem nada a ver com democracia, nem sequer com aquela coisa que ironicamente foi baptizada de “centralismo democrático”. Nos momentos cruciais dá-lhes para fazer coisas tão grosseiras como ostracisar e sanear deputados, ou então, exprimir controversas solidariedades, dirigidas ao “querido líder” pseudo-comunista da Coreia do Norte, Kim Jong-Il, e ao seu hediondo regime concentracionário. Aquela casta dirigente, alicerçada numa funcionarite crónica, para quem a própria competência e fidelidade têm um valor duvidoso, continua a usar militantes e quadros políticos como instrumentos e não como pessoas. Quando aqueles deixam de servir os seus interesses partidários, são descontinuados como qualquer ferramenta gasta. Quando não afinam pelo seu diapasão, levam com a etiqueta de traidores, fraccionistas ou reaccionários, e se não renunciarem, é certo que acabam banidos.
Na verdade, não sei se isto não será mesmo propositado. O exemplo está em que tanto conseguem reunir um grupo parlamentar altamente competente, como logo a seguir correm a desmembrá-lo. O PCP continua a ser o partido da liturgia dos congressos, da democracia interna que apenas serve para dar conhecimento das decisões das cúpulas dirigentes, da exploração até limites inaceitáveis, da generosidade dos militantes, dos delitos de opinião, e onde cair em desgraça, tanto pode ser uma consequência como uma inevitabilidade. Avessos a compromissos, os comunistas insistem em viver no seu limbo, com as suas regras muito próprias, são grandes lutadores pelas causas de uma sociedade mais justa, mas continuam a fazer muito pouco para se mostrarem como um possível e credível parceiro de coligação, ou mesmo uma alternativa de governo. Apesar das “paredes de vidro” terem passado a ser expressão obrigatória do seu léxico, e da festa do Avante! ter sido elevada a desígnio nacional, tal não consegue apagar uma matriz autoritária e centralista, que não passa despercebida a ninguém. Mais purga, menos purga, o PCP continuará a achar que tudo lhe é permitido, e tudo lhe será perdoado, se o seu objectivo for sobreviver e seguir em frente, como se ainda vivesse na obscura dureza dos tempos da clandestinidade.
domingo, novembro 26, 2006
Em Frente, MARCHE!
E
Vasco Pulido Valente (VPV), na sua croniqueta das sextas-feiras no jornal PÚBLICO, insurgiu-se contra alguns militares, por aqueles terem promovido “um passeio” entre o Rossio e a Praça do Comércio, o qual pretendeu ser uma forma pacífica de mostrar o seu descontentamento, face às medidas restritivas que este governo, com a sua matriz agressiva e uma inabilidade nata para lidar com pessoas, lhes quer impor. O governo do Sócrates arranjou mais um inimigo para entreter a malta, e as pessoas, apesar da repetição dos episódios, com variação de vítimas, tardam em aperceberem-se do ardil, e o próprio VPV engoliu o isco.
Diz VPV que os portugueses não devem nada aos militares, sobretudo aqueles que fizeram o 25 de Abril. Ora o povo português, tanto em relação aos militares, como com outras instituições do regime, não tem nada que ter contas saldadas, mas sim uma conta corrente, permanentemente aberta. Quanto à disciplina, ordem e respeito de que fala VPV, mas onde é que eu já ouvi isto? Eu que também andei por lá, entre 1968 e 1972, percebi que a “tropa”, embora sendo uma sociedade autónoma e com regras próprias, também ela não se conseguiu libertar dos anseios próprios da sociedade civil. De tal forma que no ano de 1973/1974, por não abdicarem dos seus direitos e não se sentirem inibidos com o napoleónico Regulamento de Disciplina Militar, romperam com o quadro da legalidade de então, conspiraram e rebelaram-se contra a ditadura, gerando o MFA. E porque eram portugueses, tão iguais e diferentes como os demais, acabaram por desencadear o 25 de Abril.
Hoje, ano de 2006, mês de Novembro, diz o meu amigo FMF que isto, fruto de algumas controversas acções e reacções, está tão parecido com o “antigamente” que até já nem se pode passear no Rossio! E se calhar, até tem razão, porque aqueles militares, com procuração ou não, de outros que ficaram lá atrás, como pessoas que se prezam, não fizeram mais que contestar, a intenção de quem lhes quer tirar o pouco que têm.
VPV diz que os militares, com esta sua iniciativa, ameaçaram (consciente ou inconscientemente) o poder civil, mas o que eu vi foi, não uma “quartelada” ou “levantamento”, mas apenas uma forma pacífica de trazer até à opinião pública, alguns dos problemas do foro civil, com que todos nós, e também eles, nos debatemos.
Afirma VPV que os militares, sejam de que posto ou categoria forem, não gozam dos mesmos direitos de um vulgar cidadão. Insiste ele que abdicaram desses direitos, para que o Estado lhes conceda o direito de exercerem, interna e externamente, o uso da força. Ora, a condição militar não implica apenas deveres e obrigações, e nunca ouvi dizer que dessa condição, troca por troca, estivesse excluído o direito à reclamação. Além disso, se os militares não têm os mesmos direitos que o vulgar cidadão, também não podem (nem devem) ter o mesmo tratamento que a restante sociedade civil. Ora o que temos pela frente é exactamente o contrário. Os militares estão a ser tratados como meros funcionários públicos indiferenciados, o que não é o caso.
Vamos imaginar uma situação. Se o governo, investido do poder democrático, e armado da sua discutível clarividência, decidisse, sem mais, reduzir em 50% o vencimento dos militares, o que achava VPV que eles fizessem? Que ficassem quietos e reduzidos à sua condição de militares silenciosos, obedientes e disciplinados? E que fazer, quando o direito à reclamação esbarra com a insensibilidade e indiferença das hierarquias? Reclamar será rebelião? Ou ficar calado será cobardia?
Os militares (tal como a PSP e a GNR) limitaram-se a mostrar à sociedade civil, que também eles têm um problema e um contencioso para solucionar com este governo, especializado em coleccionar inimigos públicos, e o estado a que chegámos não terá sido certamente porque houve diálogo, negociação e consenso (prática que não tem sido muito habitual), mas talvez porque o que se passou foi exactamente o contrário. E não confundamos este mal-estar dos militares, com aquela iniciativa de um bando de cómicos e debilitados, que achou por bem pôr uma acção em tribunal, por crime de traição à pátria, contra o ministro das obras públicas, por aquele se dizer um adepto convicto do iberismo.
Preocupe-se e acautele-se VPV com outros sinais, bem mais preocupantes, que transparecem na sociedade portuguesa, porque quanto àquele “passeio”, não me pareceu estar em causa a fidelidade das forças armadas, nem elas estarem contaminadas de qualquer intenção “putchista”. Afinal, VPV quer que os militares regressem aos quartéis, sem que eles, verdade seja dita, nunca de lá tenham saído.
Vasco Pulido Valente (VPV), na sua croniqueta das sextas-feiras no jornal PÚBLICO, insurgiu-se contra alguns militares, por aqueles terem promovido “um passeio” entre o Rossio e a Praça do Comércio, o qual pretendeu ser uma forma pacífica de mostrar o seu descontentamento, face às medidas restritivas que este governo, com a sua matriz agressiva e uma inabilidade nata para lidar com pessoas, lhes quer impor. O governo do Sócrates arranjou mais um inimigo para entreter a malta, e as pessoas, apesar da repetição dos episódios, com variação de vítimas, tardam em aperceberem-se do ardil, e o próprio VPV engoliu o isco.
Diz VPV que os portugueses não devem nada aos militares, sobretudo aqueles que fizeram o 25 de Abril. Ora o povo português, tanto em relação aos militares, como com outras instituições do regime, não tem nada que ter contas saldadas, mas sim uma conta corrente, permanentemente aberta. Quanto à disciplina, ordem e respeito de que fala VPV, mas onde é que eu já ouvi isto? Eu que também andei por lá, entre 1968 e 1972, percebi que a “tropa”, embora sendo uma sociedade autónoma e com regras próprias, também ela não se conseguiu libertar dos anseios próprios da sociedade civil. De tal forma que no ano de 1973/1974, por não abdicarem dos seus direitos e não se sentirem inibidos com o napoleónico Regulamento de Disciplina Militar, romperam com o quadro da legalidade de então, conspiraram e rebelaram-se contra a ditadura, gerando o MFA. E porque eram portugueses, tão iguais e diferentes como os demais, acabaram por desencadear o 25 de Abril.
Hoje, ano de 2006, mês de Novembro, diz o meu amigo FMF que isto, fruto de algumas controversas acções e reacções, está tão parecido com o “antigamente” que até já nem se pode passear no Rossio! E se calhar, até tem razão, porque aqueles militares, com procuração ou não, de outros que ficaram lá atrás, como pessoas que se prezam, não fizeram mais que contestar, a intenção de quem lhes quer tirar o pouco que têm.
VPV diz que os militares, com esta sua iniciativa, ameaçaram (consciente ou inconscientemente) o poder civil, mas o que eu vi foi, não uma “quartelada” ou “levantamento”, mas apenas uma forma pacífica de trazer até à opinião pública, alguns dos problemas do foro civil, com que todos nós, e também eles, nos debatemos.
Afirma VPV que os militares, sejam de que posto ou categoria forem, não gozam dos mesmos direitos de um vulgar cidadão. Insiste ele que abdicaram desses direitos, para que o Estado lhes conceda o direito de exercerem, interna e externamente, o uso da força. Ora, a condição militar não implica apenas deveres e obrigações, e nunca ouvi dizer que dessa condição, troca por troca, estivesse excluído o direito à reclamação. Além disso, se os militares não têm os mesmos direitos que o vulgar cidadão, também não podem (nem devem) ter o mesmo tratamento que a restante sociedade civil. Ora o que temos pela frente é exactamente o contrário. Os militares estão a ser tratados como meros funcionários públicos indiferenciados, o que não é o caso.
Vamos imaginar uma situação. Se o governo, investido do poder democrático, e armado da sua discutível clarividência, decidisse, sem mais, reduzir em 50% o vencimento dos militares, o que achava VPV que eles fizessem? Que ficassem quietos e reduzidos à sua condição de militares silenciosos, obedientes e disciplinados? E que fazer, quando o direito à reclamação esbarra com a insensibilidade e indiferença das hierarquias? Reclamar será rebelião? Ou ficar calado será cobardia?
Os militares (tal como a PSP e a GNR) limitaram-se a mostrar à sociedade civil, que também eles têm um problema e um contencioso para solucionar com este governo, especializado em coleccionar inimigos públicos, e o estado a que chegámos não terá sido certamente porque houve diálogo, negociação e consenso (prática que não tem sido muito habitual), mas talvez porque o que se passou foi exactamente o contrário. E não confundamos este mal-estar dos militares, com aquela iniciativa de um bando de cómicos e debilitados, que achou por bem pôr uma acção em tribunal, por crime de traição à pátria, contra o ministro das obras públicas, por aquele se dizer um adepto convicto do iberismo.
Preocupe-se e acautele-se VPV com outros sinais, bem mais preocupantes, que transparecem na sociedade portuguesa, porque quanto àquele “passeio”, não me pareceu estar em causa a fidelidade das forças armadas, nem elas estarem contaminadas de qualquer intenção “putchista”. Afinal, VPV quer que os militares regressem aos quartéis, sem que eles, verdade seja dita, nunca de lá tenham saído.
quarta-feira, novembro 22, 2006
Excessos
E
O juiz-conselheiro Artur Maurício, presidente do Tribunal Constitucional, numa curiosa intervenção, pronunciada no dia 20 de Novembro, a propósito do trigésimo aniversário da Constituição, entre outras considerações, constatou a “utilização quase frenética”, e por vezes abusiva, dessa mesma Constituição. Por estarmos desenfreada e repetidamente, “por tudo e por nada”, a recorrer ao aparelho jurídico, invocando a primeira lei do regime, para se resolverem incompatibilidades, problemas e atropelos de índole política, receia o referido senhor que estejamos a contribuir para banalizar, senão mesmo a desgastar, a dita Constituição, e consequentemente, digo eu, a incomodar os meritíssimos juízes que, tendo pouco que fazer, ainda menos querem fazer. Na minha modesta opinião, entendo que era bom sinal, e deveria ser motivo de júbilo e orgulho, que a Constituição Portuguesa fosse exibida, recomendada e solicitada, sempre que necessário, e mesmo que o pretexto fosse insignificante. Como garante do edifício jurídico-constitucional, e porque a Constituição é um instrumento de vigilância do regime democrático, ao seu guardião-mor, ficava-lhe bem escolher um tema mais actual e esclarecedor. Por exemplo, demonstrar preocupação e enunciar quantas vezes a Constituição tem sido violada.
O juiz-conselheiro Artur Maurício, presidente do Tribunal Constitucional, numa curiosa intervenção, pronunciada no dia 20 de Novembro, a propósito do trigésimo aniversário da Constituição, entre outras considerações, constatou a “utilização quase frenética”, e por vezes abusiva, dessa mesma Constituição. Por estarmos desenfreada e repetidamente, “por tudo e por nada”, a recorrer ao aparelho jurídico, invocando a primeira lei do regime, para se resolverem incompatibilidades, problemas e atropelos de índole política, receia o referido senhor que estejamos a contribuir para banalizar, senão mesmo a desgastar, a dita Constituição, e consequentemente, digo eu, a incomodar os meritíssimos juízes que, tendo pouco que fazer, ainda menos querem fazer. Na minha modesta opinião, entendo que era bom sinal, e deveria ser motivo de júbilo e orgulho, que a Constituição Portuguesa fosse exibida, recomendada e solicitada, sempre que necessário, e mesmo que o pretexto fosse insignificante. Como garante do edifício jurídico-constitucional, e porque a Constituição é um instrumento de vigilância do regime democrático, ao seu guardião-mor, ficava-lhe bem escolher um tema mais actual e esclarecedor. Por exemplo, demonstrar preocupação e enunciar quantas vezes a Constituição tem sido violada.
terça-feira, novembro 21, 2006
Revolução
R
Diz Vital Moreira no blog Causa Nossa, que “A expressiva derrota dos Republicanos - a maior vitória Democrata nos últimos 30 anos -- não é somente a derrota de Bush mas também o princípio do fim da chamada "revolução neoconservadora", que os ideólogos prepararam desde os anos 70, a que a conjugação entre o big business e a direita religiosa proporcionou base social e dinheiro e que os homens de Bush tentaram consumar no plano das políticas públicas, incluindo na guerra do Iraque. Quem não quer dar-se conta disso, não quer perceber o significado profundo destas eleições.”
Eu percebo o significado destas eleições, mas não estou assim tão certo que esta revolução tenha provocado o início da curva descendente desse domínio neoconservador, iniciado nos anos 70, e entrado em aceleração desenfreada após a implosão do bloco de leste. Eles (os neoconservadores) infiltraram-se e contaminaram de tal modo todos os domínios da administração, do poder e da economia, que hoje será difícil saber o quão profundamente o sistema está infectado, ao ponto de o conseguir paralisar. Não devemos esquecer que George W.Bush chegou ao poder, nas eleições presidenciais do ano 2000, empurrado por uma espécie de golpe de estado constitucional muito bem urdido. Para já, e considerando que o novo Congresso apenas iniciará funções em Janeiro de 2007, o presidente George W.Bush e os seus influentes “conselheiros”, preparam-se para gastar os cartuchos destes dois meses finais de maioria republicana, para fazerem aprovar um lote de leis tão controversas como a que legaliza as escutas telefónicas, sem prévio mandato judicial, reforçando assim os poderes discricionários da presidência, a aprovação de venda de tecnologia nuclear à Índia (país não subscritor do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares), e a confirmação de John Bolton à frente da representação dos E.U.A. junto da O.N.U..
Em Portugal, país de brandos costumes, dir-se-ia que era natural que até ao lavar dos cestos fosse vindima; nos E.U.A., e considerando a implantação e domínio que os neoconservadores conquistaram, não imagino, para já, como esta “revolução Democrata” está a ser interpretada e digerida, que valores quer transmitir e estabelecer, nem como se irá consolidar.
Diz Vital Moreira no blog Causa Nossa, que “A expressiva derrota dos Republicanos - a maior vitória Democrata nos últimos 30 anos -- não é somente a derrota de Bush mas também o princípio do fim da chamada "revolução neoconservadora", que os ideólogos prepararam desde os anos 70, a que a conjugação entre o big business e a direita religiosa proporcionou base social e dinheiro e que os homens de Bush tentaram consumar no plano das políticas públicas, incluindo na guerra do Iraque. Quem não quer dar-se conta disso, não quer perceber o significado profundo destas eleições.”
Eu percebo o significado destas eleições, mas não estou assim tão certo que esta revolução tenha provocado o início da curva descendente desse domínio neoconservador, iniciado nos anos 70, e entrado em aceleração desenfreada após a implosão do bloco de leste. Eles (os neoconservadores) infiltraram-se e contaminaram de tal modo todos os domínios da administração, do poder e da economia, que hoje será difícil saber o quão profundamente o sistema está infectado, ao ponto de o conseguir paralisar. Não devemos esquecer que George W.Bush chegou ao poder, nas eleições presidenciais do ano 2000, empurrado por uma espécie de golpe de estado constitucional muito bem urdido. Para já, e considerando que o novo Congresso apenas iniciará funções em Janeiro de 2007, o presidente George W.Bush e os seus influentes “conselheiros”, preparam-se para gastar os cartuchos destes dois meses finais de maioria republicana, para fazerem aprovar um lote de leis tão controversas como a que legaliza as escutas telefónicas, sem prévio mandato judicial, reforçando assim os poderes discricionários da presidência, a aprovação de venda de tecnologia nuclear à Índia (país não subscritor do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares), e a confirmação de John Bolton à frente da representação dos E.U.A. junto da O.N.U..
Em Portugal, país de brandos costumes, dir-se-ia que era natural que até ao lavar dos cestos fosse vindima; nos E.U.A., e considerando a implantação e domínio que os neoconservadores conquistaram, não imagino, para já, como esta “revolução Democrata” está a ser interpretada e digerida, que valores quer transmitir e estabelecer, nem como se irá consolidar.
domingo, novembro 19, 2006
Quem Diria?
Q
Os elogios que o Presidente Cavaco Silva fez ao desempenho do governo de José Sócrates (*), teve três consequências. A primeira é que veio abrir uma fenda nas velhas lealdades que o PSD julgava manterem-se intactas, em relação a Cavaco Silva, e a segunda é que tais considerações do Presidente da República, cheirando a traição, acabaram por sabotar a já de si fraca e incipiente oposição que esse mesmo PSD tem vindo a fazer ao governo (pudera! O PS resolve na prática o que o PSD andou a formular em teoria). A terceira é uma consequência bizarra: vem mostrar que, finalmente, contrariando a lógica e a maioria dos cenários, que há uns anos atrás, os áugures e pitonizas deste burgo vaticinavam (verdade seja dita, houve uma minoria que acertou com estrondo), acabaram por se reunir as condições para que Portugal disfrute, enfim, da tríade constituída por UM PRESIDENTE, UM GOVERNO E UMA MAIORIA. Quem diria?
(
(*) Há 30 anos atrás, José Sócrates foi militante da JSD (Juventude Social Democrata), e na minha modesta opinião, nunca devia de lá ter saído.
Os elogios que o Presidente Cavaco Silva fez ao desempenho do governo de José Sócrates (*), teve três consequências. A primeira é que veio abrir uma fenda nas velhas lealdades que o PSD julgava manterem-se intactas, em relação a Cavaco Silva, e a segunda é que tais considerações do Presidente da República, cheirando a traição, acabaram por sabotar a já de si fraca e incipiente oposição que esse mesmo PSD tem vindo a fazer ao governo (pudera! O PS resolve na prática o que o PSD andou a formular em teoria). A terceira é uma consequência bizarra: vem mostrar que, finalmente, contrariando a lógica e a maioria dos cenários, que há uns anos atrás, os áugures e pitonizas deste burgo vaticinavam (verdade seja dita, houve uma minoria que acertou com estrondo), acabaram por se reunir as condições para que Portugal disfrute, enfim, da tríade constituída por UM PRESIDENTE, UM GOVERNO E UMA MAIORIA. Quem diria?
(
(*) Há 30 anos atrás, José Sócrates foi militante da JSD (Juventude Social Democrata), e na minha modesta opinião, nunca devia de lá ter saído.
Aberrações
A
Seja o Vaticano por razões de cariz religioso, seja as autoridades de um punhado de países que decidiram levar ao extremo a sua paranóia securitária, todos se estão a virar contra o uso do véu islâmico, nas suas mais variadas formas. A Santa Madre Igreja, no seu piedoso entendimento, invoca o respeito que os muçulmanos devem ter para com a cultura dos países de acolhimento, abstendo-se de exibirem as suas “chocantes” tradições, ao passo que esse mesmo Vaticano, já não se preocupa em aplicar a mesma regra, no que diz respeito às freiras e frades capuchinhos, quando estes se deslocam para países com outras religiões dominantes. Quanto aos governos, na sua infinita cretinice, estão a proibir o uso do véu, uns argumentando com o choque de tradições e as exigências do estado laico, ao passo que outros, mais directos e pragmáticos, admitem que sob os véus islâmicos se possam albergar, não frágeis e inofensivas figuras femininas, mas sim perigosos terroristas e bombistas. Uns e outros, acabam por esquecer que o uso do véu integral ainda é usado por muitas viúvas cristãs, e até voltou novamente a dominar algumas passareles da moda. Esperemos que o uso de óculos escuros e de máscaras de Carnaval continuam a estar excluídos daquela aberrante proibição, que tem tanto de estúpida como de desprezo pelas tradições alheias.
Seja o Vaticano por razões de cariz religioso, seja as autoridades de um punhado de países que decidiram levar ao extremo a sua paranóia securitária, todos se estão a virar contra o uso do véu islâmico, nas suas mais variadas formas. A Santa Madre Igreja, no seu piedoso entendimento, invoca o respeito que os muçulmanos devem ter para com a cultura dos países de acolhimento, abstendo-se de exibirem as suas “chocantes” tradições, ao passo que esse mesmo Vaticano, já não se preocupa em aplicar a mesma regra, no que diz respeito às freiras e frades capuchinhos, quando estes se deslocam para países com outras religiões dominantes. Quanto aos governos, na sua infinita cretinice, estão a proibir o uso do véu, uns argumentando com o choque de tradições e as exigências do estado laico, ao passo que outros, mais directos e pragmáticos, admitem que sob os véus islâmicos se possam albergar, não frágeis e inofensivas figuras femininas, mas sim perigosos terroristas e bombistas. Uns e outros, acabam por esquecer que o uso do véu integral ainda é usado por muitas viúvas cristãs, e até voltou novamente a dominar algumas passareles da moda. Esperemos que o uso de óculos escuros e de máscaras de Carnaval continuam a estar excluídos daquela aberrante proibição, que tem tanto de estúpida como de desprezo pelas tradições alheias.
Cumplicidades
C
Desde que a guerra contra o Líbano entrou em fase de rescaldo, Israel elegeu a Faixa de Gaza como sua coutada privada, para apurar as suas táticas militares e praticar uma espécie de desporto, conhecido por caça aos palestinianos. Desta vez, porque o brado internacional se fez ouvir mais alto e com mais persistência, Israel veio dizer que o assassinato de 18 civis em Gaza, pelas forças judaicas, foi um "erro técnico". Provavelmente tão “erro técnico” como o bombardeamento e morte de militares da ONU, instalados num posto fronteiriço libanês, ou os sobrevoos provocatórios da força aérea israelita, sobre as forças francesas de pacificação, instaladas no sul do Líbano.
Na sequência deste emblemático crime de guerra, e como os amigos são para as ocasiões, os Estados Unidos, sempre empenhados na resolução pacífica dos conflitos no médio-oriente, VETARAM na reunião do Conselho de Segurança da ONU, de 11 de Novembro de 2006, um projecto de resolução que condenava as operações militares de Israel na Faixa de Gaza. Muito embora as amizades e as cumplicidades não devam ser confundidas, sempre haverá quem o faça com a mais descarada das insolências.
Desde que a guerra contra o Líbano entrou em fase de rescaldo, Israel elegeu a Faixa de Gaza como sua coutada privada, para apurar as suas táticas militares e praticar uma espécie de desporto, conhecido por caça aos palestinianos. Desta vez, porque o brado internacional se fez ouvir mais alto e com mais persistência, Israel veio dizer que o assassinato de 18 civis em Gaza, pelas forças judaicas, foi um "erro técnico". Provavelmente tão “erro técnico” como o bombardeamento e morte de militares da ONU, instalados num posto fronteiriço libanês, ou os sobrevoos provocatórios da força aérea israelita, sobre as forças francesas de pacificação, instaladas no sul do Líbano.
Na sequência deste emblemático crime de guerra, e como os amigos são para as ocasiões, os Estados Unidos, sempre empenhados na resolução pacífica dos conflitos no médio-oriente, VETARAM na reunião do Conselho de Segurança da ONU, de 11 de Novembro de 2006, um projecto de resolução que condenava as operações militares de Israel na Faixa de Gaza. Muito embora as amizades e as cumplicidades não devam ser confundidas, sempre haverá quem o faça com a mais descarada das insolências.
Bacalhau com Todos
B
Enquanto aos portugueses lhes passa tudo ao lado, como se estivéssemos no paraíso, uma organização ecologista espanhola veio a público denunciar a existência de empresas transportadoras portuguesas, que utilizavam camiões para transportar para Espanha resíduos tóxicos perigosos, e que no regresso, usavam as mesmas viaturas para efectuar o transporte de produtos alimentares, tanto para uso humano como animal.
Os portugueses da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, puseram-se em campo para avaliar a veracidade da denúncia, investigarem o caso e apurarem pormenores, ao mesmo tempo que ia aparecendo nas televisões um qualquer (ir)responsável, de um qualquer organismo com atribuições nesta área, a afirmar que nada impedia que os transportadores utilizassem os mesmos camiões para o transporte de coisas tão incompatíveis como resíduos tóxicos e bens alimentares, desde que entre cada carregamento, os camiões fossem limpos e lavados, o que parece não ser totalmente verdade, se atentarmos ao que sobre o assunto diz a competente legislação.
Se assim fosse, é como se os escarradores, os bacios e as arrastadeiras hospitalares, depois de bem lavadinhos, também pudessem ser usados para cozinhar uma nova versão de bacalhau com todos.
Enquanto aos portugueses lhes passa tudo ao lado, como se estivéssemos no paraíso, uma organização ecologista espanhola veio a público denunciar a existência de empresas transportadoras portuguesas, que utilizavam camiões para transportar para Espanha resíduos tóxicos perigosos, e que no regresso, usavam as mesmas viaturas para efectuar o transporte de produtos alimentares, tanto para uso humano como animal.
Os portugueses da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, puseram-se em campo para avaliar a veracidade da denúncia, investigarem o caso e apurarem pormenores, ao mesmo tempo que ia aparecendo nas televisões um qualquer (ir)responsável, de um qualquer organismo com atribuições nesta área, a afirmar que nada impedia que os transportadores utilizassem os mesmos camiões para o transporte de coisas tão incompatíveis como resíduos tóxicos e bens alimentares, desde que entre cada carregamento, os camiões fossem limpos e lavados, o que parece não ser totalmente verdade, se atentarmos ao que sobre o assunto diz a competente legislação.
Se assim fosse, é como se os escarradores, os bacios e as arrastadeiras hospitalares, depois de bem lavadinhos, também pudessem ser usados para cozinhar uma nova versão de bacalhau com todos.
O Livro do Lopes
O
O senhor Lopes publicou um livro, objecto que dá pelo nome de PERSEPÇÕES E REALIDADE. Nada nos garante que o tenha escrito (para já, mal sabe ler), já que, hoje em dia, com um gravador para onde se vão debitando algumas memórias e considerações, mais a contratação de um bom escriba para ajeitar o material, e se a tudo isto juntarmos a simpática ajuda das competentes e promocionais entrevistas televisivas, feitas em horário nobre, e em cima do acontecimento, consegue-se arranjar um candidato a “best-seller”, tal é a opinião da preclaríssima Zita Seabra. Como diria a saudosa avó Bernarda, “embora esse Lopes seja um eterno desistente, temos homem! Com uma beijoca aqui, uma bicada acoli, mais uma trincadela acolá, lá vai sobrevivendo”. Além de ser um catedrático jubilado das vidas nocturnas, presidente inacabado de clubes de futebol e ter grangeado fama (sem proveito) de “menino terrível” da política, onde os culpados da má governação são sempre os outros, agora, para não cair no esquecimento, está a tentar-se perfilar como um historiador-escritor-repórter das sacanices, matreirices, brejeirices e politiquices ocorridas durante o seu consulado como primeiro-ministro. Para já, e só para as primeiras impressões, o senhor Lopes ficou-se, humildemente, pelos 5.000 exemplares deste devaneio proto-literário.
Não li o livro, não faço conta de o ler, mas tenho saboreado algumas dissertações de terceiros sobre o seu conteúdo, o qual não divergirá muito da “metodogia de galinheiro”, uma vezes anarco-intuitiva, outras delico-doce e intimista, outras ainda a esbracejar o papel de vítima, que o senhor Lopes adoptou, enquanto primeiro-ministro falhado daquele poleiro, que dava pelo nome de Governo de Portugal.
Diz ele que “está longe da vida política” mas vai “continuar a andar por aí”, como se de uma “reserva da república” se tratasse, não está nos seus planos voltar a assumir funções governativas, mas como “o futuro a Deus pertence”, ninguém sabe o dia de amanhã. Pois não, a não ser que todo o povo desta terra ficasse atacado, de um dia para o outro, com a doença de Alzheimer. No entanto, com o baixo nível a que os políticos nos foram habituando, e depois de ter visto um porco a andar de bicicleta, já nada me espanta.
O senhor Lopes publicou um livro, objecto que dá pelo nome de PERSEPÇÕES E REALIDADE. Nada nos garante que o tenha escrito (para já, mal sabe ler), já que, hoje em dia, com um gravador para onde se vão debitando algumas memórias e considerações, mais a contratação de um bom escriba para ajeitar o material, e se a tudo isto juntarmos a simpática ajuda das competentes e promocionais entrevistas televisivas, feitas em horário nobre, e em cima do acontecimento, consegue-se arranjar um candidato a “best-seller”, tal é a opinião da preclaríssima Zita Seabra. Como diria a saudosa avó Bernarda, “embora esse Lopes seja um eterno desistente, temos homem! Com uma beijoca aqui, uma bicada acoli, mais uma trincadela acolá, lá vai sobrevivendo”. Além de ser um catedrático jubilado das vidas nocturnas, presidente inacabado de clubes de futebol e ter grangeado fama (sem proveito) de “menino terrível” da política, onde os culpados da má governação são sempre os outros, agora, para não cair no esquecimento, está a tentar-se perfilar como um historiador-escritor-repórter das sacanices, matreirices, brejeirices e politiquices ocorridas durante o seu consulado como primeiro-ministro. Para já, e só para as primeiras impressões, o senhor Lopes ficou-se, humildemente, pelos 5.000 exemplares deste devaneio proto-literário.
Não li o livro, não faço conta de o ler, mas tenho saboreado algumas dissertações de terceiros sobre o seu conteúdo, o qual não divergirá muito da “metodogia de galinheiro”, uma vezes anarco-intuitiva, outras delico-doce e intimista, outras ainda a esbracejar o papel de vítima, que o senhor Lopes adoptou, enquanto primeiro-ministro falhado daquele poleiro, que dava pelo nome de Governo de Portugal.
Diz ele que “está longe da vida política” mas vai “continuar a andar por aí”, como se de uma “reserva da república” se tratasse, não está nos seus planos voltar a assumir funções governativas, mas como “o futuro a Deus pertence”, ninguém sabe o dia de amanhã. Pois não, a não ser que todo o povo desta terra ficasse atacado, de um dia para o outro, com a doença de Alzheimer. No entanto, com o baixo nível a que os políticos nos foram habituando, e depois de ter visto um porco a andar de bicicleta, já nada me espanta.
segunda-feira, novembro 13, 2006
Verdades Amargas
V
“Emagrece-se o Estado, os serviços públicos. E aquilo que era obrigação social do estado e um direito de todos os cidadãos passa a ser lucro de alguns, numa lógica de privatização. Ora, conseguir mais justiça social não é tarefa do mercado. É-o, sim, da política. Mas esse terá deixado de ser o paradigma do actual PS. O que mantém os militantes ao lado de Sócrates é – além das próprias carreiras – a tranquilização da consciência com a ideia de que com o PSD ainda seria pior. Pura ilusão.”
São José Almeida in Liquidação? Público de 2006-11-11
O
O governo do PS transformou o dia-a-dia da governação, junto dos meios de comunicação social, participados ou detidos pelo Estado, numa espécie de permanente e agressiva campanha eleitoral - diga-se de passagem, magistralmente bem orquestrada – conduzida pelo artista principal que é o primeiro-ministro Sócrates, que tem sempre debaixo de mira um inimigo público a abater, e que se desenrola sem o concurso da oposição. A curiosidade que me assalta é onde está instalado e quem estará à frente desta espécie de “ministério da propaganda”, e já agora, quantos assessores envolverá. Porque quem o paga, já estamos fartos de saber quem é…
Fernando Torres in comentário a um post
J
Já nem os pescadores amadores escapam à fúria colectora deste governo, pois vão ser obrigados a ter licença e a pagar uma taxa. Nesta primeira investida sobre os momentos de ócio dos portugueses, foi a pesca desportiva a feliz contemplada, abrindo um grave precedente. Dizem os responsáveis governativos que esta iniciativa vem regulamentar uma actividade lúdica que, muitas vezes, encobria uma actividade profissional, sendo que por arrastamento acaba por funcionar como instrumento passivo de protecção das espécies, com as minhocas incluídas, ora nem mais! A moral da história é esta: o imposto tem por objectivo proteger as espécies, porém, se pagarmos imposto já estamos autorizados a contribuir para a sua extinção. Como convém, o diploma não é extensivo às regiões autónomas. Lá pode-se brincar, cá nem pensar!
Não são apenas os bancos que possuem o dom da criatividade para conceberem taxas sobre as mais insignificantes operações bancárias. Este governo aceitou o desafio e parece ter tomado o freio nos dentes. O que virá a seguir? Imposto sobre os campeonatos de dominó nos jardins públicos?
Fernando Torres in comentário a post.
H
Hoje em dia, lutar pela ecologia, gera negócios e dá dinheiro. Lutar contra a miséria, os refugiados, a fome, a poluição e as doenças, também gera negócios e dá dinheiro. E se der dinheiro, mesmo sem acabar com esse imenso cortejo de problemas, nem eliminar as suas causas, que venham mais problemas, que nós voluntários, pagos pela tabela de mercenários, cá estamos para os enfrentar.
Quanto ao Estado, agradece que os voluntários se multipliquem com a mesma determinação com que ele se desmultiplica das suas funções e atribuições básicas.
Fernando Torres in comentário a post.
E
“É teoricamente aceitável que as empresas não paguem impostos. Que paguem apenas as pessoas.”
António Lobo Xavier in Quadratura do Círculo em 8-11-2006
E
É necessário aplicar aqui (em Israel) o modelo cipriota. Desde que os turcos tomaram posse de uma parte da ilha e os gregos fugiram para a outra, Chipre vive em segurança, estabilidade e prosperidade. Vinte por centro dos árabes israelitas formam uma quinta coluna que aspira apenas a destruir Israel. Os deputados e os cidadãos que negoceiem com o Hamas, merecem ser acusados perante um tribunal de Nuremberga. É preciso proibir uma vez por todas os árabes israelitas de se candidatarem ao Knesset (parlamento israelita).
Declaração de Avigdor Lieberman, ministro do governo israelita, em entrevista a um jornal de Telavive.
C
Conhece-te a ti próprio e ao teu adversário e em cem batalhas vencerás cem. Se te conheceres mas não conheceres o teu adversário, em cem batalhas vencerás cinquenta. Se não te conheceres nem conheceres o teu adversário, em cem batalhas não vencerás nenhuma.
Sun Tzu in A Arte da Guerra
E
“Eu até consigo aproveitar as partes boas das pessoas más, pois o desperdício é a coisa mais feia que existe.”
Joaquim Guerreiro a falar de improviso.
A
Ai de ti, se não tens “agenda”! Um homem sem “agenda” é como um barco desgovernado, um político sem rumo, ou a tal casa que se quer construir, sem projecto nem orçamento. Um homem sem “agenda” é meio caminho andado para se tornar um desqualificado, uma aberração, um zé-ninguém, um ser desprezível a tender para a marginalidade. Seja ela o clássico livrinho que cabe no cano das meias, ou o último grito, em miniatura, das tecnologias de informação, é bom que todo o homem (ou mulher) tenha a sua “agenda”, mesmo que nunca tenha intenção de cumprir as tarefas “agendadas”.
Fernando Torres in comentário a um post
A
“A imprensa só é livre para quem é dono dela.”
Do filme O INFORMADOR (Insider) do realizador Michael Mann
E
Enquanto que as outras, por esse mundo fora, crescem, as nossas diminuem. Estou a falar das nossas Feiras do Livro, tanto a de Lisboa como a do Porto, as quais neste ano de 2006 ostentaram menos 23 pavilhões, reflectindo assim o desinteresse pela leitura, tanto dos editores e livreiros, como dos portugueses em geral.
Fernando Torres in comentário a um post
S
Se o Universo foi começado num dado momento, em que se ocuparia Deus antes de o inventar?
António Lobo Antunes, escritor português
D
Daqui a 3.000 anos, quando os arqueólogos desenterrarem a nossa civilização, e se depararem no Vaticano com os arquivos da Congregação para a Causa dos Santos, exclamarão certamente: - Ora bem, cá temos mais outra religião politeísta!
Fernando Torres in comentário a um post
N
"não me temo de Castela, temo-me desta canalha".
Desabafo do Padre António Vieira (1608-1697), jesuíta português autor dos célebres “Sermões”, a propósito da sistemática perseguição que lhe era movida pela Inquisição.
“Emagrece-se o Estado, os serviços públicos. E aquilo que era obrigação social do estado e um direito de todos os cidadãos passa a ser lucro de alguns, numa lógica de privatização. Ora, conseguir mais justiça social não é tarefa do mercado. É-o, sim, da política. Mas esse terá deixado de ser o paradigma do actual PS. O que mantém os militantes ao lado de Sócrates é – além das próprias carreiras – a tranquilização da consciência com a ideia de que com o PSD ainda seria pior. Pura ilusão.”
São José Almeida in Liquidação? Público de 2006-11-11
O
O governo do PS transformou o dia-a-dia da governação, junto dos meios de comunicação social, participados ou detidos pelo Estado, numa espécie de permanente e agressiva campanha eleitoral - diga-se de passagem, magistralmente bem orquestrada – conduzida pelo artista principal que é o primeiro-ministro Sócrates, que tem sempre debaixo de mira um inimigo público a abater, e que se desenrola sem o concurso da oposição. A curiosidade que me assalta é onde está instalado e quem estará à frente desta espécie de “ministério da propaganda”, e já agora, quantos assessores envolverá. Porque quem o paga, já estamos fartos de saber quem é…
Fernando Torres in comentário a um post
J
Já nem os pescadores amadores escapam à fúria colectora deste governo, pois vão ser obrigados a ter licença e a pagar uma taxa. Nesta primeira investida sobre os momentos de ócio dos portugueses, foi a pesca desportiva a feliz contemplada, abrindo um grave precedente. Dizem os responsáveis governativos que esta iniciativa vem regulamentar uma actividade lúdica que, muitas vezes, encobria uma actividade profissional, sendo que por arrastamento acaba por funcionar como instrumento passivo de protecção das espécies, com as minhocas incluídas, ora nem mais! A moral da história é esta: o imposto tem por objectivo proteger as espécies, porém, se pagarmos imposto já estamos autorizados a contribuir para a sua extinção. Como convém, o diploma não é extensivo às regiões autónomas. Lá pode-se brincar, cá nem pensar!
Não são apenas os bancos que possuem o dom da criatividade para conceberem taxas sobre as mais insignificantes operações bancárias. Este governo aceitou o desafio e parece ter tomado o freio nos dentes. O que virá a seguir? Imposto sobre os campeonatos de dominó nos jardins públicos?
Fernando Torres in comentário a post.
H
Hoje em dia, lutar pela ecologia, gera negócios e dá dinheiro. Lutar contra a miséria, os refugiados, a fome, a poluição e as doenças, também gera negócios e dá dinheiro. E se der dinheiro, mesmo sem acabar com esse imenso cortejo de problemas, nem eliminar as suas causas, que venham mais problemas, que nós voluntários, pagos pela tabela de mercenários, cá estamos para os enfrentar.
Quanto ao Estado, agradece que os voluntários se multipliquem com a mesma determinação com que ele se desmultiplica das suas funções e atribuições básicas.
Fernando Torres in comentário a post.
E
“É teoricamente aceitável que as empresas não paguem impostos. Que paguem apenas as pessoas.”
António Lobo Xavier in Quadratura do Círculo em 8-11-2006
E
É necessário aplicar aqui (em Israel) o modelo cipriota. Desde que os turcos tomaram posse de uma parte da ilha e os gregos fugiram para a outra, Chipre vive em segurança, estabilidade e prosperidade. Vinte por centro dos árabes israelitas formam uma quinta coluna que aspira apenas a destruir Israel. Os deputados e os cidadãos que negoceiem com o Hamas, merecem ser acusados perante um tribunal de Nuremberga. É preciso proibir uma vez por todas os árabes israelitas de se candidatarem ao Knesset (parlamento israelita).
Declaração de Avigdor Lieberman, ministro do governo israelita, em entrevista a um jornal de Telavive.
C
Conhece-te a ti próprio e ao teu adversário e em cem batalhas vencerás cem. Se te conheceres mas não conheceres o teu adversário, em cem batalhas vencerás cinquenta. Se não te conheceres nem conheceres o teu adversário, em cem batalhas não vencerás nenhuma.
Sun Tzu in A Arte da Guerra
E
“Eu até consigo aproveitar as partes boas das pessoas más, pois o desperdício é a coisa mais feia que existe.”
Joaquim Guerreiro a falar de improviso.
A
Ai de ti, se não tens “agenda”! Um homem sem “agenda” é como um barco desgovernado, um político sem rumo, ou a tal casa que se quer construir, sem projecto nem orçamento. Um homem sem “agenda” é meio caminho andado para se tornar um desqualificado, uma aberração, um zé-ninguém, um ser desprezível a tender para a marginalidade. Seja ela o clássico livrinho que cabe no cano das meias, ou o último grito, em miniatura, das tecnologias de informação, é bom que todo o homem (ou mulher) tenha a sua “agenda”, mesmo que nunca tenha intenção de cumprir as tarefas “agendadas”.
Fernando Torres in comentário a um post
A
“A imprensa só é livre para quem é dono dela.”
Do filme O INFORMADOR (Insider) do realizador Michael Mann
E
Enquanto que as outras, por esse mundo fora, crescem, as nossas diminuem. Estou a falar das nossas Feiras do Livro, tanto a de Lisboa como a do Porto, as quais neste ano de 2006 ostentaram menos 23 pavilhões, reflectindo assim o desinteresse pela leitura, tanto dos editores e livreiros, como dos portugueses em geral.
Fernando Torres in comentário a um post
S
Se o Universo foi começado num dado momento, em que se ocuparia Deus antes de o inventar?
António Lobo Antunes, escritor português
D
Daqui a 3.000 anos, quando os arqueólogos desenterrarem a nossa civilização, e se depararem no Vaticano com os arquivos da Congregação para a Causa dos Santos, exclamarão certamente: - Ora bem, cá temos mais outra religião politeísta!
Fernando Torres in comentário a um post
N
"não me temo de Castela, temo-me desta canalha".
Desabafo do Padre António Vieira (1608-1697), jesuíta português autor dos célebres “Sermões”, a propósito da sistemática perseguição que lhe era movida pela Inquisição.
Que Fazer Com Esta Victória?
Q
Que fazer com esta victória, é o que dirão agora os democratas americanos, quando confrontados com a nova realidade, depois de terem reconquistado a maioria na Câmara dos Representantes e no Senado, além do governo de alguns Estados.
Demitir e fazer recuar o Donald Rumsfeld (nem Kissinger gostava dele) para os bastidores da política, onde continuará a tricotar as suas ideias e influências, era o mínimo que G.W.Bush tinha que fazer, pois aquele havia sido o arquitecto da invasão do Iraque, e nestas eleições, foi o descalabro em que se transformou aquele país, associado à memória da intervenção no Vietname, que levou o eleitorado a inverter o sentido do voto, levando os republicanos a esta amarga derrota.
A invasão e a ocupação do Iraque, fundamentada em grossas mentiras, que garantiam uma suposta posse de armas de destruição maciça, a insolência com que os países europeus foram mimoseados, ao ponto de os resistentes aos planos americanos serem acusados de representarem a “velha Europa”, em contraste com uma enfileirada “Nova Europa”, a imposição de um unilateralismo arrogante que acabou por desembocar no desprezo pelas leis internacionais, mais a criação dos infernos concentracionários de Guantánamo e Abu Ghraib e a legalização da tortura, foi uma deriva neo-conservadora da política externa americana, que acabou por ter as consequências que estão à vista de todos: no Afeganistão a produção de ópio voltou a ser a principal actividade económica, ao passo que os talibãs voltam a controlar imensas parcelas do território, Osama Bin Laden continua algures em parte incerta a mexer os cordelinhos de um terrorismo global em franca expansão, deixando comprometida a suposta guerra contra o terrorismo, e o Iraque, transformado num imenso matadouro, encontra-se em vésperas de mergulhar numa guerra civil.
Apesar desta derrocada republicana, acho que pouco ou nada irá mudar. Muito embora, e na sequência do 11 de Setembro de 2001, hajam sido aprovadas leis que contradizem o espírito de liberdade e tolerância da sociedade americana (Patriot Act), ainda irá correr muita água debaixo das pontes, até que os E.U.A. voltem ao bom caminho, pois a presidência só voltará a estar em disputa lá para fins de 2008. Além disso, é preciso não esquecer que o círculo mais íntimo de conselheiros e colaboradores de G.W.Bush (Dick Cheney, Condoleezza Rice, John Bolton, Donald Rumsfeld, Richard Perle, George Tenet, Karl Rove, entre muitos outros), inspiradores das políticas desta presidência, são um grupo de malfeitores neo-conservadores, que não recuam em nada para continuarem a deter e a influenciar o poder.
Por agora, extintos que estão os discursos exaltados que inflamaram a campanha eleitoral e atingidos os objectivos eleitorais, os democratas, afinal, acabam por concordar com os republicanos, em linhas gerais, quanto aos objectivos da política externa norte-americana, a qual continua a pugnar por um grande espaço global não regulamentado, onde o petróleo continue a jorrar a bom ritmo, num mundo em que a “pax americana” seja vigiada por uns Estados Unidos, dominadores e intransigentes. Diferenças, se as houver, será apenas na forma e nos pormenores para a concretizar.
Assim, apesar do sentido de voto ter invertido a relação de forças entre o Congresso e a Presidência, o mais certo é que o nó górdio iraquiano continue por desatar, e as tropas americanas não regressem a casa tão cedo. Porém, os democratas que se cuidem. Em democracia, as maiorias, conforme se fazem, também se desfazem, e estas eleições são bem a prova disso.
Finalmente, um amigo meu que sempre manteve um acentuado sentido crítico, relativamente ao comportamento dos americanos, tanto dentro como fora das suas fronteiras, diz ele que, seja republicano ou democrata, quando se fala de políticos, torna-se difícil encontrar diferenças, pois é tudo farinha do mesmo saco.
Que fazer com esta victória, é o que dirão agora os democratas americanos, quando confrontados com a nova realidade, depois de terem reconquistado a maioria na Câmara dos Representantes e no Senado, além do governo de alguns Estados.
Demitir e fazer recuar o Donald Rumsfeld (nem Kissinger gostava dele) para os bastidores da política, onde continuará a tricotar as suas ideias e influências, era o mínimo que G.W.Bush tinha que fazer, pois aquele havia sido o arquitecto da invasão do Iraque, e nestas eleições, foi o descalabro em que se transformou aquele país, associado à memória da intervenção no Vietname, que levou o eleitorado a inverter o sentido do voto, levando os republicanos a esta amarga derrota.
A invasão e a ocupação do Iraque, fundamentada em grossas mentiras, que garantiam uma suposta posse de armas de destruição maciça, a insolência com que os países europeus foram mimoseados, ao ponto de os resistentes aos planos americanos serem acusados de representarem a “velha Europa”, em contraste com uma enfileirada “Nova Europa”, a imposição de um unilateralismo arrogante que acabou por desembocar no desprezo pelas leis internacionais, mais a criação dos infernos concentracionários de Guantánamo e Abu Ghraib e a legalização da tortura, foi uma deriva neo-conservadora da política externa americana, que acabou por ter as consequências que estão à vista de todos: no Afeganistão a produção de ópio voltou a ser a principal actividade económica, ao passo que os talibãs voltam a controlar imensas parcelas do território, Osama Bin Laden continua algures em parte incerta a mexer os cordelinhos de um terrorismo global em franca expansão, deixando comprometida a suposta guerra contra o terrorismo, e o Iraque, transformado num imenso matadouro, encontra-se em vésperas de mergulhar numa guerra civil.
Apesar desta derrocada republicana, acho que pouco ou nada irá mudar. Muito embora, e na sequência do 11 de Setembro de 2001, hajam sido aprovadas leis que contradizem o espírito de liberdade e tolerância da sociedade americana (Patriot Act), ainda irá correr muita água debaixo das pontes, até que os E.U.A. voltem ao bom caminho, pois a presidência só voltará a estar em disputa lá para fins de 2008. Além disso, é preciso não esquecer que o círculo mais íntimo de conselheiros e colaboradores de G.W.Bush (Dick Cheney, Condoleezza Rice, John Bolton, Donald Rumsfeld, Richard Perle, George Tenet, Karl Rove, entre muitos outros), inspiradores das políticas desta presidência, são um grupo de malfeitores neo-conservadores, que não recuam em nada para continuarem a deter e a influenciar o poder.
Por agora, extintos que estão os discursos exaltados que inflamaram a campanha eleitoral e atingidos os objectivos eleitorais, os democratas, afinal, acabam por concordar com os republicanos, em linhas gerais, quanto aos objectivos da política externa norte-americana, a qual continua a pugnar por um grande espaço global não regulamentado, onde o petróleo continue a jorrar a bom ritmo, num mundo em que a “pax americana” seja vigiada por uns Estados Unidos, dominadores e intransigentes. Diferenças, se as houver, será apenas na forma e nos pormenores para a concretizar.
Assim, apesar do sentido de voto ter invertido a relação de forças entre o Congresso e a Presidência, o mais certo é que o nó górdio iraquiano continue por desatar, e as tropas americanas não regressem a casa tão cedo. Porém, os democratas que se cuidem. Em democracia, as maiorias, conforme se fazem, também se desfazem, e estas eleições são bem a prova disso.
Finalmente, um amigo meu que sempre manteve um acentuado sentido crítico, relativamente ao comportamento dos americanos, tanto dentro como fora das suas fronteiras, diz ele que, seja republicano ou democrata, quando se fala de políticos, torna-se difícil encontrar diferenças, pois é tudo farinha do mesmo saco.
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