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Terminei ontem a leitura das “Pequenas Memórias” de José Saramago, e assim a frio, perguntei a mim próprio se a seguir às pequenas não virão umas “Grandes Memórias”, ou apenas mais “Memórias”. No entanto, memórias e recordações é matéria frágil que escasseia, e nem todas podem ser trazidas para o domínio público. Para já, fiquemos por estes pequenos nadas, registos e fulgores que ficaram da infância e da juventude, que o autor entendeu necessário, senão mesmo obrigatório, posterizar pela escrita, em curtíssimos fragmentos, fazendo lembrar a repescagem de cenas cortadas, da montagem de um filme, que acabaram por se guardar, para o que desse e viesse. Os anos que vão passando são um bom coador, e a idade um observatório privilegiado, para reavaliar e interpretar, aquilo que conseguimos reter do nosso passado, seja ela a imagem desfocada de um irmão que não sobreviveu, a saga das deambulações, por quartos e “partes de casa” de Lisboa, com os poucos haveres às costas, a lembrança de um avô de nenhumas letras e poucas falas, mas tão sábio como o mais sábio, a maçaroca de milho que pesa na consciência ou o lagarto verde que deixou de se ver, pelas bandas da Azinhaga.
Com a leitura das “Pequenas Memórias”, poder-se-á avaliar a abissal diferença que existe entre um grande escritor e um mero escrevinhador.
Terminei ontem a leitura das “Pequenas Memórias” de José Saramago, e assim a frio, perguntei a mim próprio se a seguir às pequenas não virão umas “Grandes Memórias”, ou apenas mais “Memórias”. No entanto, memórias e recordações é matéria frágil que escasseia, e nem todas podem ser trazidas para o domínio público. Para já, fiquemos por estes pequenos nadas, registos e fulgores que ficaram da infância e da juventude, que o autor entendeu necessário, senão mesmo obrigatório, posterizar pela escrita, em curtíssimos fragmentos, fazendo lembrar a repescagem de cenas cortadas, da montagem de um filme, que acabaram por se guardar, para o que desse e viesse. Os anos que vão passando são um bom coador, e a idade um observatório privilegiado, para reavaliar e interpretar, aquilo que conseguimos reter do nosso passado, seja ela a imagem desfocada de um irmão que não sobreviveu, a saga das deambulações, por quartos e “partes de casa” de Lisboa, com os poucos haveres às costas, a lembrança de um avô de nenhumas letras e poucas falas, mas tão sábio como o mais sábio, a maçaroca de milho que pesa na consciência ou o lagarto verde que deixou de se ver, pelas bandas da Azinhaga.
Com a leitura das “Pequenas Memórias”, poder-se-á avaliar a abissal diferença que existe entre um grande escritor e um mero escrevinhador.
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