O
Nos Estados Unidos da América, os neoconservadores são um Estado dentro do Estado, na medida em que se encontram infiltrados em todos os órgãos de poder, impondo os seus planos e projectos, seja no Departamento de Estado, no Congresso, no Pentágono e nas Forças Armadas, na área financeira, nos meios de comunicação social, nas congregações religiosas, ou na sociedade em geral. Desde 1997, sob a protecção da administração Bush que eles vinham tecendo as linhas mestras do seu Project for a New American Century (Projecto para um Novo Século Americano), um propósito de dominação americana à escala planetária, e à sombra disso vinham elaborando projectos, conquistando e consolidando posições. Para além de influenciarem individualidades muito próximas, senão mesmo detentoras do poder político, a dimensão intelectual, a nível conceptual e doutrinal, é uma das características dos membros (ver nota 1) deste “think tank” (viveiro de ideias). Neste sentido, longe de se resguardarem como membros de uma sociedade secreta, ou de se comportarem como activos e ruidosos militantes, os seus mentores fazem questão de promover as suas ideias, divulgando-as em jornais, revistas, conferências e seminários, e questão curiosa, não são esquisitos, relativamente a preferências políticas, sabendo antecipadamente que a fronteira entre democratas e republicanos, possui uma amplitude suficientemente larga para fazerem germinar as suas sementes. Agora, o que fica por saber é com é que eles irão resolver o problema da perda de influência que detinham, através do Partido Republicano, e que foi perdida com as últimas eleições intercalares, junto dos principais órgãos de poder, que são o Senado e a Câmara dos Representantes. Quase em simultâneo com esse desaire eleitoral e a par do colapso das intervenções no Afeganistão e no Iraque, também a grande resistência oferecida ao filho dilecto do exército americano, o Tsahal israelita, na recente tentativa de invasão do Líbano, veio confirmar que nem tudo está a correr bem, nem sob controlo, no campo neoconservador. Assim, irão eles tentar aliciar para os seus propósitos o Partido Democrata, vão entrar em hibernação, ou pura e simplesmente vão desistir do projecto? Entretanto, as grandes federações económicas e financeiras, sempre interessadas em manterem-se tão próximas quanto possível de quem detém o poder, isto é, longe da política mas bem perto dos políticos, já começaram a reexaminar os seus apoios, iniciando as necessárias manobras de sedução junto dos democratas.Por outro lado, enquanto Norman Podhoretz, um dos grandes impulsionadores do neoconservadorismo norte-americano, adepto do polémico conceito de “destruição criativa” nas acções militares, considera que George W.Bush actuou de forma correcta relativamente ao Iraque, e que o posterior clima de confrontação interna que se verifica, é um sinal evidente de que os Estados Unidos estão no bom caminho, já Richard Perle, outro proeminente neoconservador, desde a primeira hora, grande mentor e apoiante da invasão do Iraque, iniciou um processo de desvinculação da política de agressão do presidente Bush, acusando-o de incompetência e responsabilizando-o pelo insucesso da guerra. Só falta dizer: Oh amigo, não era isto que esperávamos de ti!.Mas voltemos ao Project for a New American Century. Ligado ao poderoso Council on Foreign Relations e muito próximo do Partido Republicano, é uma organização que foi criada com a finalidade de dar assessoria à defesa, segurança interna, espionagem, estando determinada a desempenhar um papel decisivo nos bastidores da política, com o objectivo de reformular a política externa americana. Embora a sua génese venha do fim da década de setenta, a sua ingerência começou a esboçar-se em 1986, tendo adquirido forma e consistência, a partir do momento em que o ocorreu a desagregação do Bloco de Leste e a implosão da União Soviética em 1991. Diga-se o que se disser, o objectivo declarado do Project for a New American Century é bastante simples: "Combater e vencer decisivamente em teatros de guerra múltiplos e simultâneos". Armado com esta ideia simples, convertida em doutrina, o Project for a New American Century visa conduzir os E.U.A. à hegemonia planetária, senão mesmo à edificação de um “império”, estruturando toda a sua acção prática, à volta das seguintes realizações:
Nos Estados Unidos da América, os neoconservadores são um Estado dentro do Estado, na medida em que se encontram infiltrados em todos os órgãos de poder, impondo os seus planos e projectos, seja no Departamento de Estado, no Congresso, no Pentágono e nas Forças Armadas, na área financeira, nos meios de comunicação social, nas congregações religiosas, ou na sociedade em geral. Desde 1997, sob a protecção da administração Bush que eles vinham tecendo as linhas mestras do seu Project for a New American Century (Projecto para um Novo Século Americano), um propósito de dominação americana à escala planetária, e à sombra disso vinham elaborando projectos, conquistando e consolidando posições. Para além de influenciarem individualidades muito próximas, senão mesmo detentoras do poder político, a dimensão intelectual, a nível conceptual e doutrinal, é uma das características dos membros (ver nota 1) deste “think tank” (viveiro de ideias). Neste sentido, longe de se resguardarem como membros de uma sociedade secreta, ou de se comportarem como activos e ruidosos militantes, os seus mentores fazem questão de promover as suas ideias, divulgando-as em jornais, revistas, conferências e seminários, e questão curiosa, não são esquisitos, relativamente a preferências políticas, sabendo antecipadamente que a fronteira entre democratas e republicanos, possui uma amplitude suficientemente larga para fazerem germinar as suas sementes. Agora, o que fica por saber é com é que eles irão resolver o problema da perda de influência que detinham, através do Partido Republicano, e que foi perdida com as últimas eleições intercalares, junto dos principais órgãos de poder, que são o Senado e a Câmara dos Representantes. Quase em simultâneo com esse desaire eleitoral e a par do colapso das intervenções no Afeganistão e no Iraque, também a grande resistência oferecida ao filho dilecto do exército americano, o Tsahal israelita, na recente tentativa de invasão do Líbano, veio confirmar que nem tudo está a correr bem, nem sob controlo, no campo neoconservador. Assim, irão eles tentar aliciar para os seus propósitos o Partido Democrata, vão entrar em hibernação, ou pura e simplesmente vão desistir do projecto? Entretanto, as grandes federações económicas e financeiras, sempre interessadas em manterem-se tão próximas quanto possível de quem detém o poder, isto é, longe da política mas bem perto dos políticos, já começaram a reexaminar os seus apoios, iniciando as necessárias manobras de sedução junto dos democratas.Por outro lado, enquanto Norman Podhoretz, um dos grandes impulsionadores do neoconservadorismo norte-americano, adepto do polémico conceito de “destruição criativa” nas acções militares, considera que George W.Bush actuou de forma correcta relativamente ao Iraque, e que o posterior clima de confrontação interna que se verifica, é um sinal evidente de que os Estados Unidos estão no bom caminho, já Richard Perle, outro proeminente neoconservador, desde a primeira hora, grande mentor e apoiante da invasão do Iraque, iniciou um processo de desvinculação da política de agressão do presidente Bush, acusando-o de incompetência e responsabilizando-o pelo insucesso da guerra. Só falta dizer: Oh amigo, não era isto que esperávamos de ti!.Mas voltemos ao Project for a New American Century. Ligado ao poderoso Council on Foreign Relations e muito próximo do Partido Republicano, é uma organização que foi criada com a finalidade de dar assessoria à defesa, segurança interna, espionagem, estando determinada a desempenhar um papel decisivo nos bastidores da política, com o objectivo de reformular a política externa americana. Embora a sua génese venha do fim da década de setenta, a sua ingerência começou a esboçar-se em 1986, tendo adquirido forma e consistência, a partir do momento em que o ocorreu a desagregação do Bloco de Leste e a implosão da União Soviética em 1991. Diga-se o que se disser, o objectivo declarado do Project for a New American Century é bastante simples: "Combater e vencer decisivamente em teatros de guerra múltiplos e simultâneos". Armado com esta ideia simples, convertida em doutrina, o Project for a New American Century visa conduzir os E.U.A. à hegemonia planetária, senão mesmo à edificação de um “império”, estruturando toda a sua acção prática, à volta das seguintes realizações:
1
1 - Dentro da política unilateral defendida pelos E.U.A., não existe muito espaço para diálogos, negociações e consensos. Portanto, há que acabar com as Nações Unidas, tal como a conhecemos, na sua função de reguladora das relações internacionais e de garante da paz e dos direitos humanos. Há que refundá-la para novas funções subsidiárias, pondo-a a cumprir unicamente tarefas de apoio humanitário, acudindo a catástrofes e remediando desequilíbrios, deixando todas as outras tarefas para a omnisciente e omnipresente Presidência e Departamento de Estado dos E.U.A.;
1 - Dentro da política unilateral defendida pelos E.U.A., não existe muito espaço para diálogos, negociações e consensos. Portanto, há que acabar com as Nações Unidas, tal como a conhecemos, na sua função de reguladora das relações internacionais e de garante da paz e dos direitos humanos. Há que refundá-la para novas funções subsidiárias, pondo-a a cumprir unicamente tarefas de apoio humanitário, acudindo a catástrofes e remediando desequilíbrios, deixando todas as outras tarefas para a omnisciente e omnipresente Presidência e Departamento de Estado dos E.U.A.;
2
2 - O Banco Mundial, presidido pelo neoconservador Paul Wolfowitz, é já um primeiro passo para a transformação das estruturas económicas e financeiras, subsidiárias da futura O.N.U, em benefício dos propósitos de dominação, por parte dos E.U.A.. Na verdade, o Banco Mundial já é hoje o principal financiador da edificação do muro de separação entre Israel e a Palestina, argumentando que lhe estava subjacente o “desenvolvimento económico” da região, isto apesar do Tribunal Internacional de Justiça haver ordenado o abandono e desmantelamento da ignóbil edificação, bem como a indemnização das populações palestinianas afectadas;
2 - O Banco Mundial, presidido pelo neoconservador Paul Wolfowitz, é já um primeiro passo para a transformação das estruturas económicas e financeiras, subsidiárias da futura O.N.U, em benefício dos propósitos de dominação, por parte dos E.U.A.. Na verdade, o Banco Mundial já é hoje o principal financiador da edificação do muro de separação entre Israel e a Palestina, argumentando que lhe estava subjacente o “desenvolvimento económico” da região, isto apesar do Tribunal Internacional de Justiça haver ordenado o abandono e desmantelamento da ignóbil edificação, bem como a indemnização das populações palestinianas afectadas;
3
3 – Acelerar o investimento técnico-científico em novos tipos de armas, ditas limpas (canhões de raios laser, bombas magnéticas, desenvolvimento de uma nova geração de armas nucleares, etc.), como forma de assegurar, no campo do armamento, a superioridade militar dos E.U.A.;
3 – Acelerar o investimento técnico-científico em novos tipos de armas, ditas limpas (canhões de raios laser, bombas magnéticas, desenvolvimento de uma nova geração de armas nucleares, etc.), como forma de assegurar, no campo do armamento, a superioridade militar dos E.U.A.;
4
4 - Explanada na National Security Strategy, é elevado a doutrina de Estado o conceito de "guerra defensiva" antecipativa e da "guerra ao terrorismo" contra a organização Al Kaeda, uma criação da CIA, por ela armada e financiada, durante a invasão soviética do Afeganistão. Estes dois conceitos são o suporte essencial da nova política do Pentágono, e o objectivo é apresentar a "acção militar antecipativa" como um acto de "autodefesa" contra duas categorias de inimigos: os "estados párias" e o "terrorismo islâmico". A par desta inovação, Washington passou a adoptar uma política nuclear de primeiro ataque (first strike) "antecipativo", a qual recebeu a aprovação do Congresso, então de maioria Republicana. As armas nucleares deixaram de ter um efeito dissuasor e constituírem uma arma de último recurso, como o foram durante a época da Guerra Fria, para passarem a ter um estatuto equivalente às demais;
4 - Explanada na National Security Strategy, é elevado a doutrina de Estado o conceito de "guerra defensiva" antecipativa e da "guerra ao terrorismo" contra a organização Al Kaeda, uma criação da CIA, por ela armada e financiada, durante a invasão soviética do Afeganistão. Estes dois conceitos são o suporte essencial da nova política do Pentágono, e o objectivo é apresentar a "acção militar antecipativa" como um acto de "autodefesa" contra duas categorias de inimigos: os "estados párias" e o "terrorismo islâmico". A par desta inovação, Washington passou a adoptar uma política nuclear de primeiro ataque (first strike) "antecipativo", a qual recebeu a aprovação do Congresso, então de maioria Republicana. As armas nucleares deixaram de ter um efeito dissuasor e constituírem uma arma de último recurso, como o foram durante a época da Guerra Fria, para passarem a ter um estatuto equivalente às demais;
5
5 - As duas frentes de guerra agora em andamento, respectivamente no Afeganistão e no Iraque, acabam por ser o desenvolvimento da Guerra do Golfo de 1991, desencadeada durante a presidência de Bush pai, e das guerras conduzidas contra a Jugoslávia entre 1991 e 2001, a coberto da estrutura da NATO. O objectivo é ampliar o raio de intervenção da NATO, atribuindo-lhe missões extra-territoriais à Europa, convertendo-a numa réplica das ferozes Divisões Bárbaras do decadente Império Romano. Na verdade, aquela aliança militar, em que os E.U.A. funcionam como a roda mandante, já opera no Afeganistão, a coberto da doutrina da assimétrica e desterritorializada “guerra contra o terrorismo”, possuindo ambições mais vastas, que passam pelo domínio geo-estratégico de uma vasta região que se estende desde os Balcãs até a Ásia Central;
5 - As duas frentes de guerra agora em andamento, respectivamente no Afeganistão e no Iraque, acabam por ser o desenvolvimento da Guerra do Golfo de 1991, desencadeada durante a presidência de Bush pai, e das guerras conduzidas contra a Jugoslávia entre 1991 e 2001, a coberto da estrutura da NATO. O objectivo é ampliar o raio de intervenção da NATO, atribuindo-lhe missões extra-territoriais à Europa, convertendo-a numa réplica das ferozes Divisões Bárbaras do decadente Império Romano. Na verdade, aquela aliança militar, em que os E.U.A. funcionam como a roda mandante, já opera no Afeganistão, a coberto da doutrina da assimétrica e desterritorializada “guerra contra o terrorismo”, possuindo ambições mais vastas, que passam pelo domínio geo-estratégico de uma vasta região que se estende desde os Balcãs até a Ásia Central;
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6 - Disseminação de bases militares permanentes por todo o planeta, como forma de assegurar a hegemonia, o domínio e a superioridade globais. Conforme diz Juan Carlos Galindo, “desde o fatídico 11 de Setembro, os Estados Unidos aumentaram a sua presença militar no mundo em cerca de 20 por cento, pelo que já tem quase 300 mil soldados em mais de 140 países (ver nota 2). Apesar de o argumento explícito ser a luta contra o terrorismo, uma análise da distribuição das tropas não deixa lugar a dúvidas. A Casa Branca aproveitou a fachada da operação "liberdade duradoura" a fim de assegurar para si uma influência decisiva em zonas estratégicas e controlar as reservas naturais mais ricas do mundo. E ainda quer mais.” Vai criando assim, passo a passo, um anel de fogo planetário. Após o desmoronamento da U.R.S.S., e já depois de se terem dissipado os riscos associados com a “guerra-fria”, os E.U.A. instalaram importantes bases militares na Bósnia, Kosovo, Uzbequistão (1000 soldados), Tadjiquistão e Quirguistão (mais de 3.000 soldados). Na sequência dos atentados de 11 de Setembro e a coberto da operação “liberdade duradoura”, estenderam o seu braço armado ao Bahrein, Oman, Emiratos Árabes Unidos, Qatar, Kuwait, Arábia Saudita, e naturalmente ao Afeganistão e Iraque. A fim de aumentar o seu poder letal e dar uma cobertura mais próxima às fontes petrolíferas e de gás natural, o Departamento de Defesa dos E.U.A. manifestou recentemente a sua intenção de redistribuir algumas das suas forças armadas destacadas, redireccionando-as para países africanos, tais como o Uganda, Djibouti, Senegal e S.Tomé e Príncipe. Além do mais convém não esquecer que a guerra e a globalização andam de mãos dadas, abrindo novas fronteiras económicas ao sistema de "mercado livre";
6 - Disseminação de bases militares permanentes por todo o planeta, como forma de assegurar a hegemonia, o domínio e a superioridade globais. Conforme diz Juan Carlos Galindo, “desde o fatídico 11 de Setembro, os Estados Unidos aumentaram a sua presença militar no mundo em cerca de 20 por cento, pelo que já tem quase 300 mil soldados em mais de 140 países (ver nota 2). Apesar de o argumento explícito ser a luta contra o terrorismo, uma análise da distribuição das tropas não deixa lugar a dúvidas. A Casa Branca aproveitou a fachada da operação "liberdade duradoura" a fim de assegurar para si uma influência decisiva em zonas estratégicas e controlar as reservas naturais mais ricas do mundo. E ainda quer mais.” Vai criando assim, passo a passo, um anel de fogo planetário. Após o desmoronamento da U.R.S.S., e já depois de se terem dissipado os riscos associados com a “guerra-fria”, os E.U.A. instalaram importantes bases militares na Bósnia, Kosovo, Uzbequistão (1000 soldados), Tadjiquistão e Quirguistão (mais de 3.000 soldados). Na sequência dos atentados de 11 de Setembro e a coberto da operação “liberdade duradoura”, estenderam o seu braço armado ao Bahrein, Oman, Emiratos Árabes Unidos, Qatar, Kuwait, Arábia Saudita, e naturalmente ao Afeganistão e Iraque. A fim de aumentar o seu poder letal e dar uma cobertura mais próxima às fontes petrolíferas e de gás natural, o Departamento de Defesa dos E.U.A. manifestou recentemente a sua intenção de redistribuir algumas das suas forças armadas destacadas, redireccionando-as para países africanos, tais como o Uganda, Djibouti, Senegal e S.Tomé e Príncipe. Além do mais convém não esquecer que a guerra e a globalização andam de mãos dadas, abrindo novas fronteiras económicas ao sistema de "mercado livre";
7
7 - Os E.U.A. não avançam com nenhum projecto sem que esteja assegurada uma componente de índole político-militar. O relançamento da colonização lunar não é pesquisa pura, nem o ressurgimento do projecto da “Guerra das Estrelas”, da era Reagan, com a criação de umas Forças Armadas Espaciais, o “guião” para alguma produção de Hollywood, mas sim um mega-projecto destinado a alargar ao espaço as tenazes de dominação americana;
7 - Os E.U.A. não avançam com nenhum projecto sem que esteja assegurada uma componente de índole político-militar. O relançamento da colonização lunar não é pesquisa pura, nem o ressurgimento do projecto da “Guerra das Estrelas”, da era Reagan, com a criação de umas Forças Armadas Espaciais, o “guião” para alguma produção de Hollywood, mas sim um mega-projecto destinado a alargar ao espaço as tenazes de dominação americana;
8
8 – Adopção do unilateralismo no campo diplomático. Impedir o aparecimento de novos blocos de países, que possam constituir ameaça ou concorrência económica e militar aos E.U.A.. Rejeição e desvinculação de todos os acordos e tratados internacionais que entrem em conflito com os seus desígnios. A diplomacia passa a ser usada como instrumento de pressão para assegurar a supremacia dos E.U.A.. Quando falha a diplomacia avança a intervenção militar. Menos palavras e mais acção.
8 – Adopção do unilateralismo no campo diplomático. Impedir o aparecimento de novos blocos de países, que possam constituir ameaça ou concorrência económica e militar aos E.U.A.. Rejeição e desvinculação de todos os acordos e tratados internacionais que entrem em conflito com os seus desígnios. A diplomacia passa a ser usada como instrumento de pressão para assegurar a supremacia dos E.U.A.. Quando falha a diplomacia avança a intervenção militar. Menos palavras e mais acção.
C
Como se pode ver, o Project for a New American Century é um plano demasiado ambicioso, com tão tentacular, profundo e importante envolvimento da classe política americana, que é pouco crível que seja remetido, sem mais nem menos, para uma gaveta, ou simplesmente votado ao abandono. Os obstáculos, seja de que natureza forem, foram feitos para serem removidos, mas a perda de influência por força de resultados eleitorais, é um obstáculo demasiado sensível e intransponível, embora possa ser contornado. A prova disso está em que o 11 de Setembro foi o evento que os neoconservadores aguardavam, e que tinham invocado nos seus próprios ensaios e memorandos, como um incidente desejável, que funcionaria como catalizador da sociedade civil à volta dos seus lideres políticos, ao mesmo tempo que seria o ambicionado pretexto para desencadear a guerra e levar à prática o seu projecto de dominação planetária. Já Zbigniew Brzezinski, antigo Conselheiro de Segurança Nacional do Presidente Jimmy Carter, e que foi um dos arquitectos da rede Al Kaeda, criada pela CIA, aquando da invasão soviética do Afeganistão, entre 1979-1989, tinha dissertado sobre este tema no seu livro The Grand Chessboard (O Grande Tabuleiro de Xadrês): "Como a América se está tornar uma sociedade cada vez mais multicultural, pode vir a tornar-se difícil moldar um consenso sobre questões de política externa, excepto na circunstância de ocorrer uma ameaça externa directa, verdadeiramente maciça e amplamente compreendida". Quer isto dizer que, desde o início da década de 1980, já estava em cima da mesa dos políticos conservadores americanos, com todas as letras, uma ideia que associava a expansão planetária e a hegemonia americana, com a necessidade de um “endurecimento autoritário” do seu próprio regime democrático, até aí amplamente cioso das liberdades e dos direitos humanos. Mais tarde, em 1994, David Rockfeller, quando disse ao United Nations Business Council que "Estamos à beira da transformação global. Tudo o que precisamos é de uma grande crise, para que as nações aceitem a Nova Ordem Mundial", estava a contribuir e a dar o seu aval para que o tal “apocalipse” acontecesse, escancarando as portas para a entrada em cena de um novo século americano. Mais recentemente, o general Tommy Franks, ex-comandante das forças armadas americanas na invasão do Iraque de 2003, temível falcão e notável neoconservador, sugeriu, numa entrevista dada em Novembro de 2003, que um ataque terrorista, um "evento do tipo Pearl Harbor", poderia vir a funcionar como detonador de um golpe de estado militar na América, levando o povo a questionar a eficácia do actual regime e da Constituição, consentindo assim na sua modificação. Quando o general Franks diz uma coisa com este alcance, um homem com tão altas responsabilidades na estrutura militar dos E.U.A. e tão profundamente envolvido no planeamento das missões militares, encomendadas pelos dirigentes políticos da nação, ninguém acredita que ele está a dar uma opinião pessoal. As suas palavras acabam por reflectir o pensamento e a doutrina dominante que reina entre o Pentágono, as múltiplas agências governamentais especializadas em segurança, o Departamento de Estado e a Casa Branca. Na verdade, em muitos aspectos, a militarização das instituições da administração civil nos EUA é já um facto, funcionando sob a fachada de uma falsa democracia, ao passo que os regulares falsos “alertas laranja” servem para manter a sociedade constantemente intimidada, amedrontada e sob tensão, disposta a trocar liberdades democráticas por segurança. Um “alerta vermelho”, real ou fictício, é garantido que paralisará todo o país, com consequências imprevisíveis. Como diz Michel Chossudovsky, “o que é terrífico nestas afirmações é que elas provêm dos arquitectos da política externa americana. Por outras palavras, os líderes da América em Washington e Wall Street acreditam firmemente na justeza da guerra e de formas autoritárias de governo como meios para "salvaguardar valores democráticos". O repúdio da democracia é retractado como um meio para proporcionar "segurança interna" e sustentar liberdades civis. Verdade é falsidade e falsidade é verdade. Realidades são viradas de cabeça para baixo. Actos de guerra são apregoados como "intervenções humanitárias" montadas para sustentar a democracia. A ocupação militar e a matança de civis são apresentadas como "operações de manutenção da paz"”. A "guerra ao terrorismo" é a pedra angular da doutrina de segurança nacional de G.W.Bush e seus comparsas. A pretexto dela tudo é permitido, tudo é possível. E um mentiroso compulsivo à frente dos destinos de uma nação, como é o caso de G.W.Bush, pode levar a que à custa disso, um qualquer outro país seja invadido, como foi o caso do Iraque.
Como se pode ver, o Project for a New American Century é um plano demasiado ambicioso, com tão tentacular, profundo e importante envolvimento da classe política americana, que é pouco crível que seja remetido, sem mais nem menos, para uma gaveta, ou simplesmente votado ao abandono. Os obstáculos, seja de que natureza forem, foram feitos para serem removidos, mas a perda de influência por força de resultados eleitorais, é um obstáculo demasiado sensível e intransponível, embora possa ser contornado. A prova disso está em que o 11 de Setembro foi o evento que os neoconservadores aguardavam, e que tinham invocado nos seus próprios ensaios e memorandos, como um incidente desejável, que funcionaria como catalizador da sociedade civil à volta dos seus lideres políticos, ao mesmo tempo que seria o ambicionado pretexto para desencadear a guerra e levar à prática o seu projecto de dominação planetária. Já Zbigniew Brzezinski, antigo Conselheiro de Segurança Nacional do Presidente Jimmy Carter, e que foi um dos arquitectos da rede Al Kaeda, criada pela CIA, aquando da invasão soviética do Afeganistão, entre 1979-1989, tinha dissertado sobre este tema no seu livro The Grand Chessboard (O Grande Tabuleiro de Xadrês): "Como a América se está tornar uma sociedade cada vez mais multicultural, pode vir a tornar-se difícil moldar um consenso sobre questões de política externa, excepto na circunstância de ocorrer uma ameaça externa directa, verdadeiramente maciça e amplamente compreendida". Quer isto dizer que, desde o início da década de 1980, já estava em cima da mesa dos políticos conservadores americanos, com todas as letras, uma ideia que associava a expansão planetária e a hegemonia americana, com a necessidade de um “endurecimento autoritário” do seu próprio regime democrático, até aí amplamente cioso das liberdades e dos direitos humanos. Mais tarde, em 1994, David Rockfeller, quando disse ao United Nations Business Council que "Estamos à beira da transformação global. Tudo o que precisamos é de uma grande crise, para que as nações aceitem a Nova Ordem Mundial", estava a contribuir e a dar o seu aval para que o tal “apocalipse” acontecesse, escancarando as portas para a entrada em cena de um novo século americano. Mais recentemente, o general Tommy Franks, ex-comandante das forças armadas americanas na invasão do Iraque de 2003, temível falcão e notável neoconservador, sugeriu, numa entrevista dada em Novembro de 2003, que um ataque terrorista, um "evento do tipo Pearl Harbor", poderia vir a funcionar como detonador de um golpe de estado militar na América, levando o povo a questionar a eficácia do actual regime e da Constituição, consentindo assim na sua modificação. Quando o general Franks diz uma coisa com este alcance, um homem com tão altas responsabilidades na estrutura militar dos E.U.A. e tão profundamente envolvido no planeamento das missões militares, encomendadas pelos dirigentes políticos da nação, ninguém acredita que ele está a dar uma opinião pessoal. As suas palavras acabam por reflectir o pensamento e a doutrina dominante que reina entre o Pentágono, as múltiplas agências governamentais especializadas em segurança, o Departamento de Estado e a Casa Branca. Na verdade, em muitos aspectos, a militarização das instituições da administração civil nos EUA é já um facto, funcionando sob a fachada de uma falsa democracia, ao passo que os regulares falsos “alertas laranja” servem para manter a sociedade constantemente intimidada, amedrontada e sob tensão, disposta a trocar liberdades democráticas por segurança. Um “alerta vermelho”, real ou fictício, é garantido que paralisará todo o país, com consequências imprevisíveis. Como diz Michel Chossudovsky, “o que é terrífico nestas afirmações é que elas provêm dos arquitectos da política externa americana. Por outras palavras, os líderes da América em Washington e Wall Street acreditam firmemente na justeza da guerra e de formas autoritárias de governo como meios para "salvaguardar valores democráticos". O repúdio da democracia é retractado como um meio para proporcionar "segurança interna" e sustentar liberdades civis. Verdade é falsidade e falsidade é verdade. Realidades são viradas de cabeça para baixo. Actos de guerra são apregoados como "intervenções humanitárias" montadas para sustentar a democracia. A ocupação militar e a matança de civis são apresentadas como "operações de manutenção da paz"”. A "guerra ao terrorismo" é a pedra angular da doutrina de segurança nacional de G.W.Bush e seus comparsas. A pretexto dela tudo é permitido, tudo é possível. E um mentiroso compulsivo à frente dos destinos de uma nação, como é o caso de G.W.Bush, pode levar a que à custa disso, um qualquer outro país seja invadido, como foi o caso do Iraque.
C
Serão os E.U.A. uma sociedade militarista ou militarizada? A resposta não é difícil de dar, se atendermos que as forças armadas americanas foram, durante todo o século XX, uma instituição que veio absorvendo uma elevada percentagem de jovens que não conseguiam entrar no mercado de trabalho, além de efectuarem um recrutamento contínuo e muito agressivo, junto das camadas jovens que frequentam os estudos secundários. E se perguntarmos, se é verdade ou não, que a instituição militar, habitualmente conservadora, se encarrega de injectar no indivíduo, a respectiva dose cavalar de estereótipos de direita, misturados com filosofia de caserna, que acaba por limitar a percepção e os juízos de valor mais complexos, ninguém tem dúvidas em concordar que é verdade. Assim, excluindo a polémica tese de que o espírito militarista é transmitido pelos genes, diz a experiência que começa-se por ser militarizado, passa-se a militarista, e daí a imperialista vai um curto passo. Por isso, há que não abrandar a vigilância dos neoconservadores, aquela associação de pessoas poucos recomendáveis, que pensam poder manipular a humanidade, como se de um teatrinho de marionetas se tratasse. No entanto, também diz a experiência que devemos ter cuidados redobrados com um animal ferido, sobretudo quando é feroz. É o caso desta extrema-direita americana que tem assessorado e manobrado a presidência de George W.Bush, e que apesar de sacudida pelo recente revês eleitoral, não perdeu o poder da noite para o dia. Eles estão lá, continuam lá e são imprevisíveis, havendo mesmo quem diga que eles não excluem a via do golpe de estado, puro e duro, sugerido por Tommy Franks, uma espécie de triplo “grande salto em frente”, que termine de vez com o que resta da consciência anti-imperialista, herdada da Declaração de Independência, que reduza à expressão mais simples o orgulho numa tradição de justiça e democracia, e que acabe de vez com o incómodo reinado de uma Constituição quase exemplar.
Serão os E.U.A. uma sociedade militarista ou militarizada? A resposta não é difícil de dar, se atendermos que as forças armadas americanas foram, durante todo o século XX, uma instituição que veio absorvendo uma elevada percentagem de jovens que não conseguiam entrar no mercado de trabalho, além de efectuarem um recrutamento contínuo e muito agressivo, junto das camadas jovens que frequentam os estudos secundários. E se perguntarmos, se é verdade ou não, que a instituição militar, habitualmente conservadora, se encarrega de injectar no indivíduo, a respectiva dose cavalar de estereótipos de direita, misturados com filosofia de caserna, que acaba por limitar a percepção e os juízos de valor mais complexos, ninguém tem dúvidas em concordar que é verdade. Assim, excluindo a polémica tese de que o espírito militarista é transmitido pelos genes, diz a experiência que começa-se por ser militarizado, passa-se a militarista, e daí a imperialista vai um curto passo. Por isso, há que não abrandar a vigilância dos neoconservadores, aquela associação de pessoas poucos recomendáveis, que pensam poder manipular a humanidade, como se de um teatrinho de marionetas se tratasse. No entanto, também diz a experiência que devemos ter cuidados redobrados com um animal ferido, sobretudo quando é feroz. É o caso desta extrema-direita americana que tem assessorado e manobrado a presidência de George W.Bush, e que apesar de sacudida pelo recente revês eleitoral, não perdeu o poder da noite para o dia. Eles estão lá, continuam lá e são imprevisíveis, havendo mesmo quem diga que eles não excluem a via do golpe de estado, puro e duro, sugerido por Tommy Franks, uma espécie de triplo “grande salto em frente”, que termine de vez com o que resta da consciência anti-imperialista, herdada da Declaração de Independência, que reduza à expressão mais simples o orgulho numa tradição de justiça e democracia, e que acabe de vez com o incómodo reinado de uma Constituição quase exemplar.
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NOTAS
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(1) - São estas as principais figuras que representam o neoconservadorismo norte-americano do século XX - XXI, e que subscrevem o Project for a New American Century: Charles Krauthammer, Condoleezza Rice, David Frum, Dick Cheney, Donald Rumsfeld, Douglas Feith, Elliott Abrams, Gary Schmitt, James Woolsey, Jeb Bush, John Bolton, Kenneth Adelman, Lewis Libby, Max Boot, Norman Podhoretz, Otto J. Reich, Paul Wolfowitz, Richard Perle, Robert Kagan, Robert Kaplan, Robert Zoellick, Stanley Kurtz, Tommy Ray Franks (General) e William Kristol.
(1) - São estas as principais figuras que representam o neoconservadorismo norte-americano do século XX - XXI, e que subscrevem o Project for a New American Century: Charles Krauthammer, Condoleezza Rice, David Frum, Dick Cheney, Donald Rumsfeld, Douglas Feith, Elliott Abrams, Gary Schmitt, James Woolsey, Jeb Bush, John Bolton, Kenneth Adelman, Lewis Libby, Max Boot, Norman Podhoretz, Otto J. Reich, Paul Wolfowitz, Richard Perle, Robert Kagan, Robert Kaplan, Robert Zoellick, Stanley Kurtz, Tommy Ray Franks (General) e William Kristol.
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(2) - Países, possessões e territórios autónomos nos quais estão localizadas bases militares dos E.U.A.: Afeganistão, Samoa Americana, Antigua, Aruba, austrália, Áustria, Ilhas Bahamas, Bahrain, Bélgica, Bósnia, Bulgária, Canadá, Colômbia, Cuba (Guantanamo), Curaçao, Dinamarca, Equador, El Salvador, França, Alemanha, Grécia, Groenlândia, Guam, Honduras, Hong Kong, Iraque, Islândia, Oceano Índico (Diego Garcia), Indonésia, Itália, Japão, Atol Johnston, Coreia do Sul, Kosovo, Kwait, Atol Kwajalein, Kirgizistão, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Oman, Paquistão, Peru, Portugal (Açores), Porto Rico, Qatar, Arábia Saudita, Singapura, Espanha, Santa Helena, Tajiquistão, Turquia, Egipto, Reino Unido, Estados Unidos da América, Uzbequistão, Venezuela, Ilhas Virgens, Ilha Wake.
(2) - Países, possessões e territórios autónomos nos quais estão localizadas bases militares dos E.U.A.: Afeganistão, Samoa Americana, Antigua, Aruba, austrália, Áustria, Ilhas Bahamas, Bahrain, Bélgica, Bósnia, Bulgária, Canadá, Colômbia, Cuba (Guantanamo), Curaçao, Dinamarca, Equador, El Salvador, França, Alemanha, Grécia, Groenlândia, Guam, Honduras, Hong Kong, Iraque, Islândia, Oceano Índico (Diego Garcia), Indonésia, Itália, Japão, Atol Johnston, Coreia do Sul, Kosovo, Kwait, Atol Kwajalein, Kirgizistão, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Oman, Paquistão, Peru, Portugal (Açores), Porto Rico, Qatar, Arábia Saudita, Singapura, Espanha, Santa Helena, Tajiquistão, Turquia, Egipto, Reino Unido, Estados Unidos da América, Uzbequistão, Venezuela, Ilhas Virgens, Ilha Wake.
C
Comandos e Regiões Militares das Forças Armadas dos E.U.A.
USNORTHCOM – América do Norte – Zona Norte da América Central
Comandos e Regiões Militares das Forças Armadas dos E.U.A.
USNORTHCOM – América do Norte – Zona Norte da América Central
USSOUTHCOM – América do Sul – Zona Sul da América Central
USPACOM – Oceano Pacífico – Oceânia – Sudoeste Asiático – Antártida
USEUCOM – Europa – Rússia Asiática – Ártico - África Ocidental
USCENTCOM – África Oriental (Corno) – Próximo e Médio Oriente
SOCOM – Operações Especiais
JFCOM – Forças Conjuntas
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Fonte: Departamento de Defesa dos E.U.A.
Fonte: Departamento de Defesa dos E.U.A.
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