Depois de ter apontado uma mão cheia de razões para não se candidatar, será Mário Soares suficientemente convincente para explicar o porquê de algumas semanas depois ter mudado de opinião, sob pena de desbaratar todo o capital de credibilidade que tinha angariado?
Dizem uns que tudo isto é um desejo senil de divertimento e de querer provar que ainda é o melhor, entre os melhores, aliás, um defeito característico de quem faz da antiguidade uma posição previligiada, uma vantagem, um posto. A mim parece-me mais que lhe é insuportável, como se de uma persistente urticária se tratasse, a ele que é um lutador nato, ver o outro “gajo” preparar-se para ir disfrutar o lugar que ele ocupou durante dois mandatos, sem que antes tivesse lugar uma luta renhida e umas quantas equimoses. Será que Mário Soares, decidiu, em definitivo, ir buscar à gaveta o socialismo, que ele mesmo despejou, na década de 80 do século passado, para o arquivo de inutilidades? Fica o enigma para ser desconstruído.
Dizem uns que Soares é um animal político. Eu prefiro defini-lo como um jogador nato, profundo conhecedor dos seus adversários, das suas tácticas e estratégias, que de forma abrangente consegue interpretar o ambiente político que nos envolve. Gosta de ser adulado e adorado, e não se queixa de ser arrancado à sua distanciada intervenção, feita de seminários e muitos escritos. Se tivesse sido jogador de xadrez, seria um adversário de respeito, talvez um campeão. Já engolimos sapos, que mais iremos engolir?
Se o governo aposta em tudo e mais alguma coisa, e os portugueses, à falta de outras oportunidades, apostam desenfreadamente no euro-milhões, porque não há-de ele apostar numa serôdia candidatura a presidente da república?
Sem comentários:
Enviar um comentário