segunda-feira, março 27, 2006

Miniaturas

A miniaturização não é apenas um fenómeno dos séculos XX e XXI. Já no século XIX se produziam missais como este, datado de 1856, ano da inauguração do primeiro troço de caminho de ferro, entre Lisboa e o Carregado, e da concessão da liberdade a todos os escravos que desembarcassem em Portugal continental, Ilhas adjacentes, Índia e Macau. Tem as modestas dimensões de 68x48x16 milímetros (compare-se com os dicionários Lilliput ou com a moeda de 2 Euros), que dava para dissimular no cano das botas ou entre os punhos de renda, encerrando 255 páginas de católica e piedosa devoção. A capa é rígida e está decorada com a figura de um doutor da igreja, embutida numa filigrânica moldura oval. Está recheado de gravuras alusivas à missa e tem a protecção de um irrepreensível fecho dourado, feito de um metal indestrutível (será latão?), da mesma estirpe da moldura da capa. Com a idade de 150 anos (chegou até mim através de várias e parcas heranças), este Manual abreviadíssimo da Missa em português (e não em provecto e obscuro latim), foi compilado pelo presbítero J.-I. Roquette, editado e impresso pelos livreiros Aillaud, Monlon & Cª., com sede na Rue S.-André-des-Arts, 47, em Paris.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom-dia! Foi com grato prazer que descobri este artigo quando andava a pesquisar para um tranbalho de mestrado. Tenho também um Manual pequeno da Missa e da Confissão, do JI Roquette, e ando a pesquisar sobre Aillaud e Monlon, mas nada encontro que me fale da história desse livreiro, no séc. XIX. Saberás algo a esse respeito?
Obrigada.

LP
marepraia@sapo.pt