quarta-feira, abril 19, 2006

Coincidências e Maquinações


As pessoas que pronunciaram ou escreveram as frases que se transcrevem a seguir, sabiam o que diziam, uns porque foram ou são gente muito íntima do poder, outros porque estão bem informados e conhecem os mecanismos e labirintos desse mesmo poder. Por isso, se é verdade que nem tudo o que acontece nos meandros da política pode ser classificado como conspiração, também é certo que são poucos os factos que podem ser considerados meras coincidências. Quando um ministro nos vem falar ao coração, dizendo que há que aceitar uma medida impopular, reconhecendo-a como dolorosa, porém necessária para se alcançar um hipotético benefício futuro, o mais certo é estar a tentar obter o nosso consentimento, para algo de que não iremos colher qualquer proveito, além de que o verdadeiro beneficiário irá ser outro que não nós.
Quando uma empresa declara falência e lança no desemprego os muitos que lá trabalham, é quase certo que antes disso, alguém andou a preparar o terreno, apropriando-se de teres e haveres, para depois bater em retirada no momento certo. Quando um país entra em guerra, é certo que vem aí uma grande calamidade para muita gente, mas em contrapartida vai ser um grande maná para os poucos do costume. Ora bem! Está na altura de deixar para trás a idade da inocência, da ingenuidade e do desconhecimento. E também o pendor para a resignação. Ouçamos o que têm para dizer os meus convidados!

O homem prudente deve seguir sempre as vias traçadas pelos grandes personagens.

Toda acção é orientada em termos do fim que se procura atingir.

Todos compreendem como é digno de encómios um príncipe quando cumpre a sua palavra e vive com integridade e não com astúcia. No entanto, a experiência de nossos dias mostra haverem realizado grandes coisas os príncipes que, pouco caso fazendo da palavra dada e sabendo com astúcia iludir os homens, acabaram triunfando dos que tinham por norma de proceder a lealdade.

Saiba-se que existem dois modos de combater: um com as leis, outro com a força. O primeiro é próprio do homem, o segundo dos animais. Não sendo, porém, muitas vezes suficiente o primeiro, convém recorrer ao segundo. Por conseguinte, a um príncipe é mister saber comportar-se como homem e como animal (...)

Tendo, portanto, necessidade de proceder como animal, deve um príncipe adoptar a índole ao mesmo tempo do leão e da raposa; porque o leão não sabe fugir das armadilhas e a raposa não sabe defender-se dos lobos. Assim, cumpre ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para amedrontar os lobos. Quem se contenta de ser leão demonstra não conhecer o assunto.

Um príncipe sábio não pode, pois, nem deve manter-se fiel às suas promessas quando, extinta a causa que o levou a fazê-las, o cumprimento delas traz-lhe prejuízo Este preceito não seria bom se os homens fossem todos bons. Como, porém, são maus e, por isso mesmo, faltariam à palavra que acaso nos dessem, nada impede venhamos nós a faltar também à nossa (...)

Quando não há possibilidade de alterar o curso das acções dos homens e, sobretudo, dos príncipes, procura-se distinguir sempre o fim a que eles tendem.

Busque, pois, um príncipe triunfar das dificuldades e manter o Estado que os meios para isso nunca deixarão de ser julgados honrosos, e todos os aplaudirão. Na verdade, o vulgo sempre se deixa seduzir pelas aparências e pelos resultados.
Nicolau Maquiavel – Estadista e escritor florentino do século XVI. Extractos da sua obra “O Príncipe”, considerado um tratado de ciência política.

Uma verdade insignificante pode ser eclipsada por uma falsidade emocionante.
Aldous Huxley – Escritor inglês, autor do romance Brave New World, publicado em 1932.

Em política nada acontece por acaso. Cada vez que um acontecimento surge, podemos estar seguros que foi preparado por alguém para ser levado a cabo dessa maneira.
Franklin Delano Roosevelt - Presidente dos Estados Unidos da América entre 1933 e 1945.

A humanidade está dividida em três grupos: Há um pequeno grupo de pessoas que concebe e produz acontecimentos, depois um grupo um pouco maior que assegura a execução e observa os resultados, e finalmente um grupo largamente maioritário que ignora o que na realidade está a acontecer.
Nicholas Murray Butler - Presidente da Pilgrim Society, membro da Carnegie, membro do CFR (Council on Foreign Relations).

Iremos ter um governo mundial, quer queiramos ou não. A única questão que falta saber é se será imposto ou consentido.
Paul Warburg - Financeiro e membro do CFR (Council on Foreign Relations).

O povo francês desconhece, mas a verdade é que estamos em guerra com os E.U.A.. É uma guerra permanente, económica, uma guerra sem mortos. Efectivamente, os americanos são muito duros e vorazes, sendo sua intenção dominar o mundo, sem nada partilhar com os outros.
François Mitterrand - Político francês, num comentário feito no fim de uma entrevista, pouco antes de falecer, citado pelo
Courrier International de Abril de 2000

Quase sem nos apercebermos, estamos a viver, nos países ocidentais, de há dez anos para cá, uma mudança radical de regime político, com o advento de um novo tipo de poder, baseado nas redes económicas e financeiras. Por isso, há razões de sobra para não nos considerarmos, de todo, a viver em democracia.
A ditadura sem ditador não aspira a tomar o poder, mas sim a exercer o poder sobre aqueles que o detêm.
Viviane Forrester - Autora de várias novelas e ensaios, é crítica literária do jornal Le Monde e membro da organização Femina.

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