Este mês de Abril continua recheado de surpresas, nem todas agradáveis. A UGT (União Geral de Trabalhadores) veio até à comunicação social para nos dizer que os dias de gozo de “ponte” deveriam ser descontados nas férias dos trabalhadores, a fim de minimizar os seus efeitos negativos sobre a produtividade do país. Diz a mesma UGT que não irá tomar qualquer iniciativa em prol daquela sua sugestão (seria um escândalo se o fizesse), deixando esse papel às associações patronais, em sede de concertação social. Fica por explicar qual a intenção da central sindical, avançando com a sugestão de tal medida, tão original quanto desenquadrada das suas habituais preocupações, competências e vocação. Não se percebe mesmo este propósito de querer “meter a foice em seara alheia”, já que as “pontes” não estão contempladas no articulado dos contratos colectivos e outras convenções laborais, sendo concedidas exclusiva e extraordinariamente pelas empresas, quando entendem fazê-lo, não sendo, portanto, matéria negociável. Assim, qualquer cidadão mais avisado, é levado a concluir que se anda a insinuar alguma abrangente conspiração, destinada a conseguir a extraordinária proeza de unir patrões e sindicatos contra os trabalhadores, confirmando que, por vezes, os inimigos surgem de onde menos se espera. Ou terá isto alguma coisa a ver com a suposta “modernidade” que o governo pretende incutir e espalhar por todo o país?
Em defesa dos interesses desses mesmos trabalhadores e da economia portuguesa, melhor seria que a UGT arrolasse entre as suas preocupações, a revisão do regime de contratos a prazo, pois a sua proliferação, além de ser um agente de instabilidade social, faz baixar perigosamente os níveis de produtividade e qualidade do trabalho.
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