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VOLTEMOS à questão da aprovação ou não (porque não o adiamento?) do arranque do projecto do TGV.
O interesse do PS (partido Sócrates) percebo; são as grandes construtoras, os grandes negócios e os grandes amigos a quem se deve dar uma mão e não faltar ao prometido.
Os interesses do PCP, do BE e do PEV não percebo; aliás, o Partido Comunista Português, além do envolvimento de substancial mão-de-obra, a que não há ninguém que não seja sensível, o que atenuaria a actual situação de desemprego, colocou três exigências para concordar com a aprovação do projecto, a saber:
1) A defesa e modernização da rede ferroviária nacional;
2) Que o investimento fosse público;
3) Que houvesse significativa incorporação da produção nacional no projecto.
Quanto à modernização da rede ferroviária nacional, o que se tem assistido nos últimos tempos, é a uma política de desinvestimento e descontinuação de certos troços, por parte da Refer, isto para não falar na extravagância que é a prometida linha de TGV (em bitola europeia) não contemplar o transporte de mercadorias, e para esse efeito ir ser construída uma linha paralela à do TGV, esta em bitola ibérica.
No aspecto do investimento ser público, o que tem sido divulgado é a existência de um consórcio constituído por uma constelação de entidades predominantemente privadas, tais como, Soares da Costa, Brisa (Grupo Mello), Grupo Lena, Edifer, Alves Ribeiro, Zagobe, BES, CGD, BCP, banco Invest, Vinci , Somague, Teixeira Duarte, etc, o que sugere que o lucro será privado, e que tendencialmente, havendo prejuízos, como é habitual, acabem por vir desaguar ao domínio público.
No capítulo da incorporação da indústria nacional, diz quem sabe que a percentagem será insignificante ou mesmo nula, tanto mais que o material circulante (e não só) será totalmente importado.
Quanto à mão-de-obra, isto é, o contributo para o aumento do emprego, não será coisa significativa, na medida em que as grandes construtoras actuam em regime de subcontratação com outras empresas do sector, onde predomina a mão-de-obra imigrante e estrangeira, e que, particularmente neste caso, será essencialmente temporária. Não é que essa mão-de-obra não tenha direito ao trabalho, mas não convém confundir as coisas. Entretanto, benefícios e retorno do investimento, se os houver, apenas ocorrerão a médio ou longo prazo.
As exigências do PCP não tiveram eco por parte do governo. Apesar disso o PCP votou a favor da continuação do projecto, nos moldes apresentados pelo governo. Assim sendo, não creio que tenham sido devidamente acautelados os interesses nacionais, nem pesadas as vantagens e os inconvenientes de tal projecto, pois o seu impacto para a recuperação económica do país, tanto pela natureza dos envolvimentos como pelos recursos investidos, não têm comparação com o que foi feito nos E.U.A., como resposta do New Deal de Franklin Delano Roosevelt, à depressão de 1930. Numa abordagem simples do caso TGV, parece-me que são maiores os inconvenientes do que as vantagens, logo continuo sem perceber o porquê e com que fundamento o PCP votou contra a proposta de adiamento do projecto.
Esta minha opinião é condicionada pela circunstância da existência da actual crise, muito embora seja adepto do investimento público, levado a cabo segundo uma rigorosa escala de prioridades, e considere que Portugal não pode nem deve ficar de fora da rede europeia de alta velocidade (apenas deve adiar o projecto), sob pena de se tornar mais periférico do que já é. Sempre fui adepto da frase de Aníbal, general cartaginês, que quando confrontado com a travessia dos Alpes, para invadir a Itália, terá dito: «É preciso encontrar um caminho! Se não houver, temos que abrir um!». Mesmo que esse caminho seja longo e difícil, acrescento eu.
VOLTEMOS à questão da aprovação ou não (porque não o adiamento?) do arranque do projecto do TGV.
O interesse do PS (partido Sócrates) percebo; são as grandes construtoras, os grandes negócios e os grandes amigos a quem se deve dar uma mão e não faltar ao prometido.
Os interesses do PCP, do BE e do PEV não percebo; aliás, o Partido Comunista Português, além do envolvimento de substancial mão-de-obra, a que não há ninguém que não seja sensível, o que atenuaria a actual situação de desemprego, colocou três exigências para concordar com a aprovação do projecto, a saber:
1) A defesa e modernização da rede ferroviária nacional;
2) Que o investimento fosse público;
3) Que houvesse significativa incorporação da produção nacional no projecto.
Quanto à modernização da rede ferroviária nacional, o que se tem assistido nos últimos tempos, é a uma política de desinvestimento e descontinuação de certos troços, por parte da Refer, isto para não falar na extravagância que é a prometida linha de TGV (em bitola europeia) não contemplar o transporte de mercadorias, e para esse efeito ir ser construída uma linha paralela à do TGV, esta em bitola ibérica.
No aspecto do investimento ser público, o que tem sido divulgado é a existência de um consórcio constituído por uma constelação de entidades predominantemente privadas, tais como, Soares da Costa, Brisa (Grupo Mello), Grupo Lena, Edifer, Alves Ribeiro, Zagobe, BES, CGD, BCP, banco Invest, Vinci , Somague, Teixeira Duarte, etc, o que sugere que o lucro será privado, e que tendencialmente, havendo prejuízos, como é habitual, acabem por vir desaguar ao domínio público.
No capítulo da incorporação da indústria nacional, diz quem sabe que a percentagem será insignificante ou mesmo nula, tanto mais que o material circulante (e não só) será totalmente importado.
Quanto à mão-de-obra, isto é, o contributo para o aumento do emprego, não será coisa significativa, na medida em que as grandes construtoras actuam em regime de subcontratação com outras empresas do sector, onde predomina a mão-de-obra imigrante e estrangeira, e que, particularmente neste caso, será essencialmente temporária. Não é que essa mão-de-obra não tenha direito ao trabalho, mas não convém confundir as coisas. Entretanto, benefícios e retorno do investimento, se os houver, apenas ocorrerão a médio ou longo prazo.
As exigências do PCP não tiveram eco por parte do governo. Apesar disso o PCP votou a favor da continuação do projecto, nos moldes apresentados pelo governo. Assim sendo, não creio que tenham sido devidamente acautelados os interesses nacionais, nem pesadas as vantagens e os inconvenientes de tal projecto, pois o seu impacto para a recuperação económica do país, tanto pela natureza dos envolvimentos como pelos recursos investidos, não têm comparação com o que foi feito nos E.U.A., como resposta do New Deal de Franklin Delano Roosevelt, à depressão de 1930. Numa abordagem simples do caso TGV, parece-me que são maiores os inconvenientes do que as vantagens, logo continuo sem perceber o porquê e com que fundamento o PCP votou contra a proposta de adiamento do projecto.
Esta minha opinião é condicionada pela circunstância da existência da actual crise, muito embora seja adepto do investimento público, levado a cabo segundo uma rigorosa escala de prioridades, e considere que Portugal não pode nem deve ficar de fora da rede europeia de alta velocidade (apenas deve adiar o projecto), sob pena de se tornar mais periférico do que já é. Sempre fui adepto da frase de Aníbal, general cartaginês, que quando confrontado com a travessia dos Alpes, para invadir a Itália, terá dito: «É preciso encontrar um caminho! Se não houver, temos que abrir um!». Mesmo que esse caminho seja longo e difícil, acrescento eu.
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