quarta-feira, janeiro 14, 2009

O Tejo Sublime

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O Tejo em Alcochete em 7-DEZ-2007
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O Tejo em Alcochete em 7-DEZ-2007

Crise e Despudor (2)

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O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS), organismo tutelado por Vieira da Silva, ministro do trabalho e solidariedade, detentor de activos destinados a assegurar o pagamento das pensões dos portugueses, sofreu, durante o ano de 2008, uma desvalorização (seria melhor dizer descapitalização) de 302 milhões de euros, decorrente dos imprudentes e lesivos investimentos que foram efectuados, em produtos financeiros de alto risco, entretanto afectados pela actual crise financeira internacional, ou ainda em entidades bancárias pouco respeitáveis, como é o caso do Banco Português de Negócios. Disse o jornal Correio da Manhã, na sua edição de 10 de Janeiro, que o valor das perdas daria para pagar uma reforma média de 415 euros a quase 52 mil pessoas, durante um ano.
Entretanto, chega-nos a notícia que os trabalhadores portugueses que se reformarem neste ano vão ver as suas pensões descerem 1,32 por cento devido à aplicação do factor de sustentabilidade (0,9868), ontem divulgado pelo Instituto da Segurança Social. Isto significa que, numa reforma de mil euros, serão menos 13,20 euros por mês e menos 184,80 euros por ano (as pensões são pagas 14 meses). Para quem tem uma reforma de 500 euros, pode contar com menos 6,60 euros por mês e menos 92,40 euros por ano. Quem quiser receber a sua reforma por inteiro terá que trabalhar para além dos 65 anos, sendo este expediente um forma encapotada de aumentar a idade de reforma dos trabalhadores, sem que o governo tenha que recorrer a outros procedimentos. Correm a dizer-nos que esta redução tem a ver com o aumento da esperança de vida dos portugueses, mas talvez fosse mais correcto acrescentar que os maus investimentos também corroeram os activos do fundo, afectando e encurtando a sustentabilidade do sistema, pelo que se tornou necessário proceder já às respectivas correcções. Como não há milagres, tempo virá em que, fatalmente, também virão a ser atingidas por reduções, as reformas anteriores a 2009. É talvez contando já com isso, que os gestores e altos quadros da administração pública, os quais, com grande antecipação se costumam precaver contra estes malefícios, têm garantido que as suas reformas sejam substancialmente reforçadas, levando a cabo promoções de última hora.
Resumindo: recorrer à “economia de casino” e usar o dinheiro dos actuais e futuros reformados portugueses, para jogar na bolsa e fazer apostas em produtos financeiros de índole especulativa, logo desaconselháveis, é também uma das formas com que este "socialismo moderno, moderado e popular" nos quer convencer, que zela escrupulosamente pelos nossos interesses.

terça-feira, janeiro 13, 2009

A Máquina do Tempo (2)

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No dia 5 de Fevereiro de 2006, domingo (está quase a fazer três anos), este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

O ramalhete vai-se compondo...

Hoje por volta das 11h saiu o relatório das vendas de casas nos EUA. Era um relatório muito aguardado pois iria trazer notícias sobre o motor da economia americana. O motor porque o consumo na América é a única coisa que tem feito a economia mexer, e este é suportado pelo recente e disparatado boom imobiliário que tem habituado os americanos a ter uma máquina multibanco no quarto. Isto deve-se ao ainda mais disparatado boom nos refinanciamentos imobiliários que tem dado aos americanos a hipótese de re-hipotecarem as suas casas devido à subida dos preços das mesmas. Mas hoje foi revelado que as novas vendas baixaram mais de 10% e o inventário de casas vazias é estonteante. Os preços só poderão baixar mais embora as dividas se mantenham, muitas delas aumentem pois os bancos tinham inventado mil e uma formas de conceder credito, desde carências eternas até amortizações negativas. Foi exactamente esta a causa da grande depressão de 1929, bastando para isso substituírem a palavra imobiliário por bolsa. A partir de agora o consumo vai descer e a economia voltar ao seu estado verdadeiro, o de recessão grave. A juntar a isto temos a subida de 2 dólares do preço do petróleo o que originou uma subida de 10 dólares no preço do ouro, algo que até a mim me surpreendeu. Na Europa as coisas não vao melhores, com o numero de desempregados a atingir os 19 milhões e uma taxa de desemprego entre os jovens de 18%. A juntar ao desemprego escondido a verdade é que estamos a viver as taxas de desemprego que se viveram na grande depressão de 1932. Mas está toda a gente cega e só se pensa no carro que se vai comprar a seguir e na marca do plasma que se há-de comprar. Enquanto isso, a China e a Índia têm taxas de crescimento de dois dígitos. A mastodôntica Europa vê com muito maus olhos os exemplos eslovaco e irlandês que cortaram dramaticamente nos impostos para conseguir um crescimento notável. De facto, os líderes europeus já se preparam para proibir esta mexida nas politicas fiscais que retira competitividade a países com os impostos mais altos como a Alemanha, a França e os países escandinavos, devido ao endividamento nacional. A politica que se pretende seguir é a de prosseguir o modelo escandinavo já completamente ultrapassado, de ter os impostos mais elevados do mundo. O mito da prosperidade escandinava já caiu por terra há muito, já que desde 1970 que os países escandinavos não conseguem parar a descida do crescimento interno e passaram de estar entre os cinco países mais prósperos para ocupar posições perto do 15º lugar. Por isso só se compreende a tomada da Escandinávia como exemplo económico quando percebemos o enorme sarilho em que nos encontramos relativamente ao endividamento e esse ser o caminho mais rápido para angariar fundos para o pagamento da mesma. Já na reunião dos Bilderberg em Sintra se falava que se devia aumentar progressivamente os impostos de modo a serem os 52% de IRS da Suécia um nível normal na Europa. Os pequenos países que querem ser competitivos serão proibidos de o fazer. Também durante a semana passada assistimos, sem ninguém saber ou falar disso, à maior fraude bancária da história com o roubo das informações dos cartões de débito do Citibank. Estranho é que com toda a segurança informática, o Citibank tenha deixado os PIN´s dos cartões e a chave de desencriptação dos mesmos no mesmo servidor, ou seja um único ataque causou todo o estrago possível. Cheira-me a mais um teste ao grande ataque informático previsto que vai assolar o mundo financeiro de tal forma que seja então posta em pratica a chamada internet 2, onde só entidades certificadas têm acesso a ter sites. Isto vai finalmente dar aos senhores do mundo a oportunidade de estancarem a resistência e imporem a censura na net. Só para terminar, e para os resistentes à teoria da desvalorização permanente do dólar, vejamos só que em 2000, 49,6% dos activos financeiros chineses eram em dólares e apenas 31,1% em euros. Seis anos depois, 37% em dólares e 46,8% em euros. É uma mudança maciça da predominância dos activos em tão pouco tempo. É por isso que nesta semana sai o ultimo relatório do Fed sobre a propriedade de activos financeiros no estrangeiro, um relatório que se publica desde sempre e que o Fed decide agora abolir.

Oportunamente voltarei a fazer mais transcrições, devidamente autorizadas pelo autor.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Crise e Despudor (1)

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Palavras para quê? É um artista português!
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“Armando Vara foi promovido na Caixa Geral de Depósitos (CGD) um mês e meio depois de ter abandonado os quadros do banco público para assumir a vice-presidência do Banco Comercial Portugal (BCP). O ex-administrador da CGD e ex-quadro da instituição, com a categoria de director, foi promovido ao escalão máximo de vencimento, ou seja, o nível 18, o que terá reflexos para efeitos de reforma. A promoção, do escalão 17 para o 18, foi decidida pelo conselho de administração a 27 de Fevereiro de 2008, já pela administração de Faria de Oliveira, que ascendeu ao cargo após a saída de Carlos Santos Ferreira e dos administradores Armando Vara e Vítor Manuel Lopes Fernandes para a administração do maior banco privado.De acordo com informação oficial fornecida pela Caixa, "Armando Vara desvinculou-se da CGD no dia 15 de Janeiro de 2008". A acta da reunião da administração de 27 de Fevereiro, a que o PÚBLICO teve acesso, refere que, "na sequência da cessação de funções de administrador da CGD do dr. Armando António Martins Vara, quadro da instituição com a categoria de director, o conselho deliberou a sua promoção ao nível 18 e os seguintes ajustamentos remuneratórios: remuneração de base - 18 E ; II IT de 47 por cento; RC E RER no valor de 2000 euros e 3000 euros, respectivamente". Esta alteração terá um efeito positivo na reforma em montantes que dependem do momento e da forma em que acontecer.
…”
Extracto da notícia assinada pela jornalista Rosa Soares, publicada pelo jornal PÚBLICO de 12 de Janeiro 2009

Crise e Despudor

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O texto que a seguir reproduzo, dá uma ideia do que se passa nos Estados Unidos da América, mas podia perfeitamente adaptar-se ao caso português. Os maus exemplos são os que mais rapidamente se propagam e copiam.
“…
Quando se trata de enfrentar problemas culturais, os conservadores têm evidentemente os seus pontos fracos. Por exemplo, a questão dos salários dos executivos. Em 1980, um CEO (chief executive officer) médio levava para casa um salário quarenta e duas vezes superior ao de um trabalhador pago à hora. Em 2005, o rácio era de duzentos e sessenta e dois para um. Os media conservadores, como a página editorial do Wall Street Journal, tentam justificar os salários astronómicos e as stock options (1), considerando-os necessários para atrair os melhores talentos; e dão a entender que, quantos mais as chefias das empresas americanas andarem gordas e felizes, melhor funciona a economia. Só que a explosão dos salários dos CEO teve pouco a ver com melhorias de desempenho. De facto, os CEO do país mais recompensados na última década foram responsáveis por enormes quebras de rendimentos, perdas de valores de acções, despedimentos em massa e subfinanciamento dos fundos de pensão dos seus trabalhadores.
As alterações dos salários dos CEO não se justificam por qualquer imperativo de mercado. Trata-se de uma questão cultural. Numa altura em que os trabalhadores médios poucos ou nenhuns aumentos têm, muitos dos CEO perderam todo o pudor para se agarrarem a todas as benesses que as administrações, manipuláveis e escolhidas a dedo, permitirem. Os Americanos estão cientes dos danos que esta ética da ganância inflige nas nossas vida colectivas. Os conservadores podem ter razão quando afirmam que o Governo não deve tentar determinar os pacotes salariais dos executivos, mas deveriam ao menos estar dispostos a manifestar-se contra os comportamentos indecentes nas administrações das empresas, mostrando a mesma força moral e o mesmo sentido de revolta com que atacam as letras de rap mais obscenas.
…”
(1) Stock options são remunerações extraordinárias, em dinheiro ou espécie, entregues aos gestores e colaboradores de uma firma como forma de os remunerar, e de fazer alinhar os seus objectivos com os objectivos da empresa.

Extracto do livro “A Audácia da Esperança”, da autoria de Barack Obama, presidente eleito dos E.U.A.

domingo, janeiro 11, 2009

A Máquina do Tempo (1)

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SABER LER e interpretar os sinais com algum rigor é uma ciência, não um exercício de adivinhação ou futurologia. No dia 3 de Dezembro de 2005, sábado (já lá vão mais de três anos), este post que a seguir transcrevo, do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, e que continua a poder ser consultado, deixou-me entre o perplexo e o incrédulo. O tempo e os acontecimentos vieram dar-lhe 90 por cento de razão (ninguém é infalível ou detentor da verdade absoluta), porém, estas pequenas lições podem clarificar muita coisa. O tal post dizia o seguinte:

O colapso financeiro antes do Verão e porquê...

Em consonância com os meus posts anteriores sobre a situação no Irão e nos EUA, consegui a confirmação de que os gestores de balcões de alguns, senão todos, os bancos nos EUA, estavam a ser informados dos procedimentos a tomar em caso de catástrofe financeira. Sobretudo o modo de reagir para com os clientes que têm valores depositados nos cofres dos bancos. Então, estão a ser instruídos a, quando solicitados a abrir os cofres por parte dos legítimos donos, devolver apenas a papelada que lá esteja e confiscar o dinheiro, ouro e prata que apenas poderão ser devolvidos por ordem dos agentes federais. Como tenho vindo a alertar, a catástrofe financeira americana está mais do que iminente e é possível que ocorra antes mesmo do Verão. A bolsa de petróleo iraniana a abrir em Março, o limite de endividamento do Governo Federal dos EUA a atingir o máximo que a lei permite em meados de Fevereiro, a mais do que esperada venda das obrigações americanas por parte dos chineses e japoneses face à desvalorização do dólar, o aumento incrível do preço do ouro e da prata a que temos assistido nestas ultimas semanas, o petróleo a escalar de novo os preços, falando a CNN já em 262 dólares por barril ainda este ano, e o rebentamento da bolha imobiliária nos EUA tudo premissas que já havia aqui previsto ainda no ano passado, faz-me pensar na saída lógica de tudo isto. Teremos uma crise financeira que fará o crash de 1929 parecer uma pequena recessão. A América passou da nação a quem mais deviam para a nação que mais devia em apenas 14 anos. Warren Buffet já se desfez dos seus dólares para investir em Euros e em prata, Greenspan começa agora a falar o que lhe vai na alma com medo que lhe fique algum peso na consciência pelo mal que fez durante os seus anos de Fed, Bill Gates também já só compra Euros e a China, que tem aguentado a divida publica americana aos ombros vai ter de retaliar quando os EUA lhe aplicar uma taxa de entrada aos seus produtos de 27 e meio por cento, a acontecer muito brevemente. Temos aqui os ingredientes para o colapso completo do país mais devedor do mundo. Não podemos pensar é que ficaremos imunes ao que se passará do outro lado do Atlântico, pois como diz o velho ditado financeiro " Quando alguém deve 100.000 euros ao banco tem um grave problema, mas quando alguém deve 100.000.000 de euros ao banco é o banco que tem um grave problema". Neste caso o mundo inteiro é o banco e são os EUA que devem os 100.000.000 (Mais precisamente 7,2 triliões).

Volto a insistir no que disse no parágrafo inicial: este escrito data de 3 de Dezembro de 2005, sábado (já lá vão mais de três anos). Escusado será dizer que o blog original poderá comprovar o que digo. Oportunamente voltarei a fazer mais transcrições, devidamente autorizadas pelo autor.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Com amigos destes não precisamos de inimigos

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ANTEONTEM, com data de 31/12/2008, a frio, sem me tratar por V.Exa., nem sequer por Senhor, recebi uma carta do meu banco que, sem mais delongas, me comunicou o seguinte:
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“Informa-se que a partir do dia 01/02/2009 passarão a ser cobradas as seguintes comissões:
- Comissão de 5,00 Eur, acrescida de 4% de Imposto de Selo, por cada dia que a conta à ordem se encontre em situação de descoberto acidental. Esta comissão será cobrada no final de cada mês, em função do número de dias que a conta tenha estado em descoberto acidental.
- Comissão de 20,00 Eur, acrescida de 4% de Imposto de Selo, por cada cheque pago sem que a conta à ordem esteja devidamente aprovisionada. Esta Comissão será cobrada diariamente.
Por forma a evitar a cobrança destas comissões tenha sempre presente o saldo disponível na sua Conta à Ordem no momento em que efectua um pagamento.
Em Março de 2009 [o banco] irá rever o preçário das Despesas de Manutenção de acordo com os seguintes critérios:
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(A) Património inferior a 1.000 Eur e Responsabilidades inferiores a 2.500 Eur – 15 Eur;
(B) Património inferior a 2.000 Eur e Responsabilidades inferiores a 5.000 Eur – 10 Eur;
(C) Património inferior a 3.000 Eur e Responsabilidades inferiores a 7.500 Eur – 5 Eur;
(D) Restantes situações – Isento
Os valores apresentados são cobrados trimestralmente e sujeitos a 4% de Imposto de Selo.
Para ficar isento desta comissão, basta aderir à conta ordenado e domiciliar automaticamente o seu ordenado, ou manter um saldo médio trimestral na sua Conta à Ordem superior a 1.000 Eur, ou subscrever um PPR de montante superior a 1.000 Eur ou contratar um Crédito à Habitação. Ficam ainda isentas as contas de Clientes cujo 1.º Titular tenha idade inferior a 26 anos.”
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A dita carta acaba tão friamente (deve ser do tempo) como começou. Sem “cordiais cumprimentos”, sem um “atentamente”, nem mesmo uma simples assinatura, já não digo do presidente, mas para mim bastava da senhora da limpeza. Porém, avaliadas melhor as coisas, também concordo que seria uma violência envolvê-la neste processo.
Esta preciosidade que agora aterrou na minha caixa de correio, fez-me lembrar uma outra que ocorreu, se não me engano, entre fins de 2005 e princípios de 2006, e que envolveu a CGD (Caixa Geral de Depósitos), quando esta decidiu enviar uma carta aos seus clientes/depositantes, puxando dos seus galões de banco estatal e senhor todo-poderoso das economias dos portugueses, advertindo-os que para continuarem a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção, teriam que ter em cada trimestre um saldo médio superior a 1.000 euros, ter crédito de vencimento ou ser detentor de aplicações financeiras associadas à respectiva conta. A violência daquela atitude não seria de estranhar, atendendo à habitual ganância dos banqueiros, não fosse dar-se o caso de que uma grande porção dos clientes da CGD serem pensionistas de baixos recursos, que subsistem com exíguas pensões de invalidez e de sobrevivência, que assim que recebem o abono têm que correr a levantá-lo para enfrentarem as necessidades do dia-a-dia, e que ainda por cima não podem mudar de banco, porque a Segurança Social os obriga a receber através do banco estatal. Antigamente os ladrões iam roubar para estrada, agora podem fazê-lo comodamente instalados nos gabinetes climatizados onde tomam as decisões.
Como está bem de ver, os exemplos vêm de cima, e os lucros escandalosos que os bancos têm auferido até agora, não inibe os senhores administradores, principescamente pagos e insensíveis à crise que se vai vivendo, de produzirem normas destinadas a extorquir mais umas coimas aos clientes, tratando-os com o desprezo próprio de quem está convencido que tem a faca e o queijo na mão. Nada mais falso. Posso não mudar de casa nem de carro, mas de certeza absoluta que vou novamente mudar de banco.
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Entretanto, deixo aqui uma adivinha: Qual é o banco, qual é ele, que me mandou a tão simpática cartinha? Aceitam-se sugestões, tanto para o e-mail como para a caixa de comentários deste post.

A Cidade Fascinante (3) – Alfama

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NÃO É DIFÍCIL perdermo-nos no meio de Alfama, este bairro que tem uma geografia única. Desordenado, labiríntico, entrópico. São becos, ruas, ruelas e vielas que se articulam entre si ligados por mais de 50 lances de escadas de calçada que vencem os desníveis da encosta. E é neste sobe e desce que se vai avançando à descoberta de um mundo diferente das avenidas cosmopolitas, dos centros comerciais ou das lojas da moda.
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(Texto extraído do site http://www.lifecooler.com/ - Fotos de Fernando Torres feitas em 29-FEV-2008)
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Alfama - Beco do Penabuquel - 29-FEV-2008

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Alfama - Rua dos Remédios - 29-FEV-2008
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Alfama - Arco do Rosário - 29-FEV-2008
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Alfama - Fonte do Poeta - 29-FEV-2008
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Alfama - Arco de Jesus – 29-FEV-2008

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Os Assessores Estão Pela Hora da Morte

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Via E-MAIL, recebi a seguinte novidade:

Este país do faz-de-conta é cada vez mais uma anedota pegada. Ora atentem lá nesta coisa vinda no Diário da República nº 255 de 6 de Novembro 2008:

EXEMPLO 1
No aviso nº 11 466/2008 (2ª Série), declara-se aberto concurso no I.P.J. para um cargo de "ASSESSOR", cujo vencimento anda à roda de 3500 EUR (700 contos). O " Método de selecção a utilizar é o concurso de prova pública que consiste na apreciação e discussão do currículo profissional do candidato."

EXEMPLO 2
No Aviso simples da pág. 26922, a Câmara Municipal de Lisboa lança concurso externo de ingresso para COVEIRO, cujo vencimento anda à roda de 450EUR (90 contos) mensais."
Método de selecção:
Prova de conhecimentos globais de natureza teórica e escrita com a duração de 90 minutos. A prova consiste no seguinte:
1. - Direitos e Deveres da Função Pública e Deontologia Profissional;
2. - Regime de Férias, Faltas e Licenças;
3. - Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos.
Depois vem a prova de conhecimentos técnicos: Inumações, cremações, exumações, trasladações, ossários, jazigos, columbários ou cendrários.
Por fim, o homem tem que perceber de transporte e remoção de restos mortais. Os cemitérios fornecem documentação para estudo. Para rematar, se o candidato tiver:
- A escolaridade obrigatória somará + 16 valores;
- O 11º ano de escolaridade somará + 18 valores;
- O 12º ano de escolaridade somará + 20 valores.
No final haverá um exame médico para aferimento das capacidades físicas e psíquicas do candidato.

Isto tudo para um vencimento de 450 euros mensais, enquanto que o outro, com 3.500 euros, apenas precisa de uma cunha. Vale a pena dizer mais alguma coisa?

quarta-feira, janeiro 07, 2009

“Sinto muito”

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ATÉ QUE PONTO a comunicação social em Portugal está domesticada e obediente? A minha opinião é que, em Portugal, já não é preciso voltar a instituir a Censura ou a Comissão de Exame Prévio, pois estes instrumentos limitadores da liberdade de expressão passaram a ser desempenhados pelas dóceis direcções e redacções de alguns jornais, rádios e televisões, e instalados na própria cabeça dos jornalistas, dependentes, ou melhor, à mercê, de uma controversa lealdade, em relação a quem lhe assegura o vencimento, atitude que pode ser sintetizada naquela expressão de um profissional das nossas televisões, quando disse, certo dia, que “quem tem ética passa fome”. O artigo que se segue põe o dedo na ferida, e é bem demonstrativo do patético estado em que se encontra, em certos meios, um certo tipo de jornalismo.

“Sinto muito, mas a entrevista dada ao ‘Expresso’ por Azeredo Lopes, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, não pode deixar ninguém indiferente, muito menos os senhores jornalistas. Mas, mais uma vez, a única voz que se ouviu foi a do silêncio. Não sei se foi por terem medo deste ‘patrão’, se foi por subserviência ou falta de consciência profissional e social.
A transparência e a qualidade da Democracia exigem mais destes actores que exercem uma profissão que, sendo nobre, não pode ficar condicionada na sua actividade nem ‘algemada’ no seu espírito crítico. O que se passou foi grave aos olhos do Estatuto dos Jornalista e das legis arte desta profissão, não tanto pela substância da entrevista, que não trouxe nada de novo, mas pela circunstância do entrevistado se ter dado ao luxo de vetar a presença de um jornalista do ‘Expresso’. O direito de informar e de ser informado, em suma a liberdade de expressão, mereciam mais respeito de Azeredo Lopes, quer enquanto cidadão, quer, sobretudo, enquanto presidente da Entidade que regula este sector.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que foi politicamente santificada e que pretende ser um poço de pureza ética, não pode dar este mau exemplo. Nesta fotografia, a preto e branco, todos ficaram mal vistos. Ficou mal visto Azeredo Lopes, que, embora tendo direito à palavra, era a última pessoa a ter o direito de escolher os jornalistas que iam fazer a entrevista (só faltou escolher as perguntas). Se já havia dúvidas sobre as qualidades e a eficácia do funcionamento regular desta instituição a que preside Azeredo Lopes, ao recusar falar com um jornalista, demonstrou que não acredita na regulação nem no seu papel. O direito à palavra nada tem que ver com a escolha dos jornalistas para uma entrevista.
A isenção e a independência que deveriam ser salvaguardadas pela ERC, ficaram à porta com o jornalista vetado. Ficou, igualmente, mal vista a jornalista do ‘Expresso’, Rosa Lima, que aceitou fazer o frete imposto pela sua direcção e conduzir a entrevista sozinha, sabendo que o seu colega de profissão, tinha sido ‘escorraçado’. Seria bom, antes de mais, ler o seu Código Deontológico, para ver se andou bem e se não foram violados os mandamentos da sua profissão. Também ficou mal visto o ‘Expresso’ que, com uma justificação irresponsável e absurda, aceitou fazer este ‘servicinho’. No fundo, o ‘Expresso’, Azeredo Lopes e Rosa Lima estão bem uns para os outros.
Bom Ano a todos os leitores.”

Artigo de Rui Rangel, Juiz desembargador, em Jornal Correio da Manhã de 31 Dezembro 2008

Sobre este lamentável caso, do site gestor de conteúdos IN VITRUS, colhemos a seguinte informação:

A entrevista ao presidente da Reguladora da Comunicação Social tem um enredo que, em nome da transparência para com os leitores, deve ser contado.
1.A ideia da entrevista foi sugerida pelo assessor de comunicação da ERC e aceite pela direcção do Expresso, que designou para a tarefa os dois jornalistas que habitualmente fazem a cobertura desta área: Humberto Costa (HC) e Rosa Pedroso Lima. A entrevista decorreria sem limite de temas ou de tempo.
2.Depois de marcada e designados os jornalistas, o mesmo assessor de imprensa comunicou que a entrevista não se realizaria caso HC nela participasse.
3.O Expresso repudiou a ideia de que o entrevistado pudesse escolher os entrevistadores. Mas, num acordo entre os jornalistas envolvidos e a direcção, foi decidido fazer uma contra-proposta à ERC, dando-lhe a possibilidade de a entrevista ser realizada sem HC (e com a prévia aceitação deste jornalista) desde que começasse precisamente por confrontar o presidente da Reguladora com esta atitude e com a sua adequação a alguém que, precisamente, tem para com a Comunicação Social deveres de isenção e imparcialidade. Só nestes termos o Expresso aceitou este trabalho, considerando que desta forma se garantia o dever de informar e de ser informado.
4.A entrevista decorreu como combinado. Durou mais de duas horas, numa conversa viva, por vezes acesa.
5.O presidente da ERC, porém, não conseguiu explicar com base em factos qual o motivo da exclusão de HC, cujas notícias nunca sofreram qualquer desmentido por parte da ERC ou de qualquer dos seus membros.
6.O presidente da ERC sustentou a sua atitude no facto de o jornal ser "sistematicamente hostil à ERC", apesar de reconhecer que nunca lhe fora "negado espaço no Expresso" em artigos de opinião. Afirmou ainda que "não existiu (no Expresso) nenhuma notícia neutra" em relação àquele organismo e que considera legítimo recusar falar com um jornalista, pois tem "o direito à palavra, o que significa que falo com quem quero".
7.Deixou claro, aliás, que HC é "o único jornalista em Portugal com quem não falo". E sente que nem o facto de ser detentor de um cargo público - regulador da Comunicação Social - o obriga a mudar de atitude. Admite mesmo que HC e o Expresso possam apresentar queixa à ERC contra o seu presidente, por ter vetado um jornalista e negado o seu acesso à informação. Garante que não participará na discussão deste assunto.
Nota da Direcção
Neutro?
Azeredo Lopes acusa o Expresso, entre outras coisas, de falta de neutralidade no tratamento da ERC. Mas acrescenta que nunca a ele lhe foi negado espaço para contrapor e responder. É, precisamente, por reconhecermos que podemos cometer erros que damos, com todo o gosto, espaço a Azeredo Lopes. E cremos que a independência do jornal (que é diferente da neutralidade) fica assim assegurada e manifesta, ao contrário do que pensa o responsável pela regulação dos jornais. Um jornal plural como o Expresso há-de ter diferentes opiniões, incluindo a do presidente da ERC a quem excepcionalmente permitimos o veto a um entrevistador. O que não há-de ter é a neutralidade química que Azeredo reivindica. Porque a exigida neutralidade (mesurável, segundo afirma) é uma outra forma de alguém exterior ao jornal decidir o que nele se publica. E isso tem um nome que todos sabemos qual é.
Texto publicado na edição impressa do Expresso de 20 de Dezembro.

O Decreto dos Milhões

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O ANO 2008 acabou bem, e o 2009 que agora começa promete muito mais, mas tal como anteriormente, apenas e só para alguns. Senão, vejamos:
O actual primeiro-ministro Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, o tal “menino de ouro do PS”, achou por bem entrar em concorrência directa com os Jogos da Santa Casa, e também está na disposição de começar a distribuir muitos milhões, pelos felizes contemplados do costume. Isto tudo porque um recente decreto aprovado no conselho de ministros de 30 de Dezembro, reza o seguinte:

“O regime excepcional agora aprovado vigorará em 2009 e 2010 e, no essencial, prevê:(i) A possibilidade de ser escolhido o procedimento de ajuste directo, no âmbito de empreitadas de obras públicas, para contratos com valor até 5 150 000 euros e, no âmbito da aquisição ou locação de bens móveis ou da aquisição de serviços, para contratos com valor até 206 000 euros;(ii) A redução global dos prazos dos procedimentos relativos a concursos limitados por prévia qualificação e a procedimentos de negociação de 103 dias para 41 dias, ou de 96 para 36 dias quando o anúncio seja preparado e enviado por meios electrónicos.”

Segundo informa a agência Lusa, diz o Governo que se trata de um conjunto de medidas adoptadas com carácter de urgência no âmbito da “Iniciativa para o Investimento e Emprego” adoptada pelo executivo no Conselho de Ministros do passado dia 13.Com a aprovação do diploma, passará a haver maior “flexibilidade” na concretização de investimentos para a modernização de escolas, energia sustentável, modernização de infra-estruturas tecnológicas (redes de banda larga de nova geração), apoio especial à actividade económica, exportações e pequenas e médias empresas, assim como para apoio ao emprego. No final do Conselho de Ministros, o secretário de Estado da Presidência, com a sua lábia habitual, referiu que o diploma “visa uma mais rápida execução dos investimentos públicos considerados prioritários”.
Enfim, tudo conversa da treta, de alto gabarito. Se nas adjudicações sujeitas a concurso pública, já acontecem os ardis e episódios mais incríveis, para que o serviço seja entregue à entidade menos recomendável (mas mais amigável), imaginemos o que se irá passar daqui para a frente. O limite de 5,15 milhões de euros não é uma quantia insignificante; corresponde em moeda antiga a qualquer coisa como 1 milhão e trinta e dois mil contos.
Subjacente a esta medida pulsa muito favorecimento, muito frete, muito amiguismo, muita corrupção, muita falta de vergonha, senão mesmo financiamento encapotado de partidos, que se tenta dissimular com a pretensa necessidade de “uma maior flexibilidade e uma mais rápida execução dos investimentos públicos considerados prioritários”, como o afirmou o inefável e intraduzível secretário de estado da Presidência. Tal como é sugerido no blog “Blasfémias”, “face a este descaramento, pergunto se não será mais idóneo começarmos a pagar os nossos impostos directamente às construtoras em vez de ao presente intermediário governamental.”

terça-feira, janeiro 06, 2009

Conversas com o "Menino de Ouro"

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PINTO DE SOUSA, também conhecido por José Sócrates, "Menino de Ouro" para os amigos, deu uma entrevista à SIC, para falar sobre a governação.
Reconheceu que iremos entrar em recessão, que vai rever as previsões para o desemprego e crescimento, o que significa avançar já com rectificações ao Orçamento de Estado recém aprovado, mas continua a insistir que as grandes dificuldades com que nos iremos deparar neste ano de 2009 resultam dos efeitos da crise internacional, e não do aprofundamento e agravamento da crise nacional que já estava implantada há muito no nosso tecido económico.
Desvalorizou as divergências com o Presidente da República e teceu rasgados elogios ao seu programa de investimentos para colmatar os efeitos da crise, os quais se resumem a salvar da falência bancos pouco recomendáveis, impermeabilizar o país com mais cimento e asfalto, construir um novo aeroporto e ir para a frente com um TGV de dimensões estratosféricas, onde os principais beneficiários serão os grandes construtores, e onde os resultados de combate ao desemprego serão reduzidos, dado que aquele sector recruta preferencialmente a mão-de-obra imigrante. Quanto a investimentos em recursos produtivos, pouco ou nada há, tal como é total a sua despreocupação, quando lhe falam do insustentável endividamento externo, continuando também por explicar as disparatadas declarações do Ministro da Economia, quando afirmou há meses que a crise tinha acabado, e as do Ministro das Finanças que, em cima da crise financeira mundial, garantiu que o sistema financeiro português estava de boa saúde e não necessitava de ser intervencionado pelo Estado.
À mistura com os habituais tiques de autoritarismo e obstinação, e o facto de não gostar de ser contraditado e contrariado, Pinto de Sousa continuou a exibir muito jogo de cintura e socorreu-se da repetição exaustiva dos chavões sobre a obra feita, a redução do défice, da coragem e determinação com que enfrentou a urgência de reformas, tudo isso para fugir às muitas perguntas incómodas, colocadas pelos entrevistadores.
Sobre o problema da avaliação de desempenho dos professores, chegou mesmo a afirmar que a inexistência de um modelo credível era a causa principal do endémico e precoce abandono escolar, querendo dar a entender que esse abandono tinha como causa a má qualidade do ensino prestado pelos docentes, quando a causa desse fenómeno é bem diferente.
Na parte final da entrevista transfigurou-se. Afivelou o ar cândido de quem não parte um prato, disse que continua a contar com Manuel Alegre nas fileiras deste PS, que como ele diz é o “partido do povo de esquerda e não de vanguardas e elites”, espera vir a ser reeleito secretário-geral do PS e novamente primeiro-ministro, e para o efeito avançou com um pedido de maioria absoluta nas próximas eleições legislativas. Está no seu direito, assim como os eleitores estão no seu direito de não lha concederem.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Terra Prometida, Povo Comprometido

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DIGAM O QUE DISSEREM, Israel sempre se comportou como uma potência de ocupação, determinada em manter os palestinianos sob vários tipos de pressão: sujeitos a um permanente bloqueio, sem economia digna desse nome e com os movimentos tolhidos, ficam desde logo sem trabalho, condenados à miséria e simples subsistência; geográfica e politicamente divididos, ficam à mercê dos objectivos do ocupante, sendo facilmente controláveis e manobráveis. A experiência já demonstrou que o estado judaico não está interessado em negociar com os palestinianos. Ou eu muito me engano, ou Israel ainda não disse com todas as letras, preto no branco, que o seu objectivo é deixar sair dos territórios ocupados, tantos quantos os que escolherem o exílio, e dominar pela exaustão e pelo medo, até ao extermínio, os que decidirem ficar. Erigirem o vergonhoso muro da Cisjordânia, não passa de mais um passo para institucionalizar a guerra psicológica, pois ninguém gosta de viver encurralado. Já há várias décadas que avançaram com o esbulho e a ocupação do território palestiniano, logo seguido da instalação de colonatos. Não é por acaso que o dossier do retorno dos refugiados está congelado e assim continuará ad eternum, e não era agora, com negociações ou sem elas, que iam abrir mão e recuar nos seus propósitos, sendo Israel uma potência militar, e não por acaso temível, ainda para mais detentora de poder nuclear.
Adolfo Hitler iniciou a 2ª. Guerra Mundial com o fundamento da necessidade de espaço vital para a acomodação do povo alemão. À conta disso fez a guerra, ocupou quase toda a Europa, e ainda teve pretensões de se lançar para leste, tiro esse que lhe saiu pela culatra. Antes disso começou a perseguir e a eliminar os judeus, que economicamente lhe faziam sombra, e os doentes mentais e deficientes, que lhe sobrecarregavam o orçamento, mas pelo caminho, com o evoluir da guerra, pôs em prática aquela ideia redutora de exterminar todos os povos étnicamente indesejáveis. Adolf Hitler, para além de ser um alienado perverso, foi um bom mestre, de tal modo que os hebreus aprenderam bem a lição e demonstraram ser bons discípulos. Apesar de distanciado no tempo mais de 60 anos, o gueto de Gaza é hoje quase uma fotocópia do gueto de Varsóvia, com vantagens para Varsóvia. No gueto de Varsóvia os heróicos resistentes judeus ainda podiam fugir para a rede de esgotos da cidade; em Gaza, um rectângulo de território com 45 Kms de comprimento e 8 Kms de largura, onde se acotovelam 1,5 milhões de habitantes e resistentes palestinianos, nem isso. Do céu caem bombas. Em terra, de um lado há arame farpado, postos de controle e carros de combate israelitas, e do outro o mar, patrulhado pela marinha dos mesmos.
O povo judeu tem direito a existir e a dispor de um território, mas não assim. Aquela terra, nem qualquer outra terra, prometida ou não, não pode tornar-se um campo de tiro ou uma coutada de caça a seres humanos.

sexta-feira, janeiro 02, 2009

INFERNO Português Suave

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NO VERÃO grassam os fogos, no Inverno alastram as inundações, e agora até a neve deixa o país boquiaberto e paralisado, enquanto os ricos se vão banqueteando no paraíso, ao passo que o povo desabonado desce aos infernos. Entretanto, Sócrates e os seus querubins de meia-tigela, vão alimentando a fornalha.

quarta-feira, dezembro 31, 2008

Encerrado Para Balanço

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Vou encerrar temporariamente para Balanço. Voltarei no próximo ano, com um novo Caderno, mais coisa, menos coisa, lá para meados de Janeiro. Se ainda me sobrar tinta na caneta e discernimento, prevejo que vou distribuir porrada a torto e a direito.

terça-feira, dezembro 30, 2008

Assunto Sério

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A propósito da promulgação do Estatuto Político-Administrativo dos Açores pelo Presidente da República, sujeito a um veto, e duas vezes votado, digam o que disserem, argumentem o que argumentarem, nunca, jamais em tempo algum, a Constituição da República pode ser alterada por uma lei ordinária. Apenas a Assembleia da República, investida de poderes constituintes pode levá-lo a cabo. O governo, escudado na sua maioria, inchado de soberba e jactância, passou de largo, nem sequer aflorou o assunto, mas se calhar até gostaria que se iniciasse uma guerra “atómica” com o Presidente Cavaco - que neste assunto até tem razão - para obter dividendos eleitorais que tanta falta lhe farão. Que o governo tente fazer disto uma república dos ananases ainda se percebe; que a Assembleia da República, nomeadamente as oposições, embarquem nesta viagem, já é coisa que não se entende. Esperemos que o Tribunal Constitucional exerça a competente vigilância sobre este caso.

Falsificações

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Habituámo-nos a promessas que não passam disso mesmo, a engenheiros que não são engenheiros, a socialistas que não são socialistas, a políticos que não são políticos, a uma democracia que prescinde do sufrágio universal, a obras públicas que são negócios privados, a pobres que são equiparados a remediados, a remediados que são qualificados de ricos, e a ricos que não se sabe quem são nem onde param, a pessoas que se fazem passar por honestas e o não são, e o mais certo é julgarmos que somos um país e isso também não ser verdade (com grande escândalo e indignação dos patriotas do costume).

Recado

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O pior hábito que um político pode ter, é aquele que resulta de acreditar piamente nas mensagens, pareceres e sugestões dos seus assessores e conselheiros, por andar demasiado atarefado com cerimoniais e acções de propaganda, não se dando conta das diferenças que existem entre a FICÇÃO e a REALIDADE.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

A Guerra Interminável

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Estou farto sim, desta guerra interminável que se arrasta há 60 anos (desde 1948), mas calar-me é que não, para que não se chegue a uma "Solução Final" de sinal contrário, em que as antigas vítimas passam impunemente a exterminadores.

Faixa de Gaza sob bombardeamento - Foto do Palestinian Centre of Humain Rights em:
http://www.pchrgaza.org/files/PressR/English/2008/121-2008.html

Silêncio e Condescendência

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Perante o silêncio e a condescendência dos países (nomeadamente a vizinha União Europeia) que habitualmente - com outros protagonistas e noutras circunstâncias - são tão céleres a pressionar e a condenar, Israel voltou a lançar a sua força militar contra os territórios e a população palestiniana. Convém lembrar que Israel é uma potência regional expansionista, ocupante dos territórios palestinianos, de que ilegalmente se apropriou e que controla militarmente. Entretanto, o estado hebraico continua a invocar o seu direito à auto-defesa, como justificação para conduzir impunemente as acções militares, com recurso à táctica de “choque e pavor”, que pretendem levar à subjugação e genocídio do povo palestiniano, encurralado na faixa de Gaza e no gueto murado da Cisjordânia, isto sem contar com as muitas centenas de milhares que se encontram confinados a campos de refugiados, espalhados pelos países limítrofes.