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Já li A MINISTRA de Miguel Real, que referi no meu post «A Páginas Tantas…» em 13 de Agosto, não me desiludiu, antes pelo contrário, razão porque o recomendo. Sendo a terceira obra de uma tetralogia dedicada ao sexo feminino, é a história de uma mulher, contada através de uma análise introspectiva, em estilo de monólogo, muito concentrado, levado a cabo numa véspera de Natal. Tal exercício de reflexão, auto-avaliação e revisão dos momentos mais determinantes de toda a sua vida, ocorre quando essa mulher está à beira de atingir um alto patamar da missão a que se propôs, isto é, ser premiada, nada mais, nada menos, com a sua indigitação para futura ministra da educação.
Essa mulher é uma criatura com uma infância dramática, a qual deixou marcas profundas na sua personalidade. É uma mulher insignificante, reservada, nada atraente, sovina, insociável, solitária e egoísta, porém, trabalhadora incansável que acredita que tudo se pode resolver com a manipulação dos números e das estatísticas, o que quer dizer, mais coisa, menos coisa, que todas as mentiras e falsificações são desculpáveis, se os seus propósitos forem razoáveis, tese que defende com grande empenho e devoção.
Armada daquelas convicções e referências, que em alguns aspectos exibem um típico cunho fascistóide, actua com prepotência, tanto no meio familiar como profissional, é intransigente, interesseira, calculista, oportunista e manipuladora, e, está determinada a progredir no seu mister de professora, custe o que custar, não como forma de realização pessoal, mas sim como meio de dominação no seu meio, mesmo que para isso tenha que usar as pessoas que a rodeiam, como meros instrumentos, desprezíveis e descartáveis, essenciais para a concretização dos seus desígnios e ambições, num singular aproveitamento da maquiavélica fórmula de que os fins justificam os meios, a que juntava a convicção, que sempre defendeu com tenacidade, segundo a qual o valor das coisas se mede apenas pela sua utilidade prática, rejeitando como supérfluo e inútil tudo o que se possa rotular de actividade intelectual ou espiritual.
Logo no início da obra somos advertidos pelo autor de que a personagem só existe no plano da ficção. Contudo, ao longo das suas 130 páginas, que se lêem de um fôlego, não ficamos indiferentes a certas analogias, pelo que é enorme a tentação de identificarmos a criatura com uma personagem real, sobejamente conhecida, sobretudo da classe docente.
Apesar da textura do discurso ser densa, não linear, com recurso a grande abundância de «flash-back», o conteúdo é sólido, está muito bem estruturado e muito bem escrito. Curiosa coincidência, ou talvez não, o autor deu como terminada a redacção do romance a 1 de Abril de 2009, dia do ano que, habitualmente, é associado com as mentiras.
Já li A MINISTRA de Miguel Real, que referi no meu post «A Páginas Tantas…» em 13 de Agosto, não me desiludiu, antes pelo contrário, razão porque o recomendo. Sendo a terceira obra de uma tetralogia dedicada ao sexo feminino, é a história de uma mulher, contada através de uma análise introspectiva, em estilo de monólogo, muito concentrado, levado a cabo numa véspera de Natal. Tal exercício de reflexão, auto-avaliação e revisão dos momentos mais determinantes de toda a sua vida, ocorre quando essa mulher está à beira de atingir um alto patamar da missão a que se propôs, isto é, ser premiada, nada mais, nada menos, com a sua indigitação para futura ministra da educação.
Essa mulher é uma criatura com uma infância dramática, a qual deixou marcas profundas na sua personalidade. É uma mulher insignificante, reservada, nada atraente, sovina, insociável, solitária e egoísta, porém, trabalhadora incansável que acredita que tudo se pode resolver com a manipulação dos números e das estatísticas, o que quer dizer, mais coisa, menos coisa, que todas as mentiras e falsificações são desculpáveis, se os seus propósitos forem razoáveis, tese que defende com grande empenho e devoção.
Armada daquelas convicções e referências, que em alguns aspectos exibem um típico cunho fascistóide, actua com prepotência, tanto no meio familiar como profissional, é intransigente, interesseira, calculista, oportunista e manipuladora, e, está determinada a progredir no seu mister de professora, custe o que custar, não como forma de realização pessoal, mas sim como meio de dominação no seu meio, mesmo que para isso tenha que usar as pessoas que a rodeiam, como meros instrumentos, desprezíveis e descartáveis, essenciais para a concretização dos seus desígnios e ambições, num singular aproveitamento da maquiavélica fórmula de que os fins justificam os meios, a que juntava a convicção, que sempre defendeu com tenacidade, segundo a qual o valor das coisas se mede apenas pela sua utilidade prática, rejeitando como supérfluo e inútil tudo o que se possa rotular de actividade intelectual ou espiritual.
Logo no início da obra somos advertidos pelo autor de que a personagem só existe no plano da ficção. Contudo, ao longo das suas 130 páginas, que se lêem de um fôlego, não ficamos indiferentes a certas analogias, pelo que é enorme a tentação de identificarmos a criatura com uma personagem real, sobejamente conhecida, sobretudo da classe docente.
Apesar da textura do discurso ser densa, não linear, com recurso a grande abundância de «flash-back», o conteúdo é sólido, está muito bem estruturado e muito bem escrito. Curiosa coincidência, ou talvez não, o autor deu como terminada a redacção do romance a 1 de Abril de 2009, dia do ano que, habitualmente, é associado com as mentiras.
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