terça-feira, janeiro 20, 2009

Novo Provérbio

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A MOÇÃO de José Sócrates, também conhecido por Pinto de Sousa, ao congresso do PS, intitulada A FORÇA DA MUDANÇA, pretende assumir-se como programa de acção do PS, tendo em vista os próximos actos eleitorais, com especial destaque para as eleições legislativas. É um blá-blá-blá de 26 páginas, repleto de rebuçados, carregado de boas intenções e justas causas descongeladas, que nem um verdadeiro crente leva muito a sério, atendendo à passada experiência dos últimos 4 anos, em que este mesmo partido esteve no governo, mas quer dar a entender que não. Sustentado no adágio de que águas passadas não movem moinhos, Sócrates quer passar uma esponja sobre a memória colectiva, exibindo-se ao eleitorado com um santinho de pau carunchoso, e como se tal não bastasse, aí está mais um arrazoado de balelas e panaceias, com alguns pozinhos de mágica à mistura, para que acreditemos no seu PS, que como ele diz se apresenta moderno, moderado e popular, mas que na verdade, tem mais de situacionista que de socialista. Não se pode acreditar em tudo o que nos querem impingir, sobretudo em altura de eleições, vindo de gente pouco recomendável, que faz tábua rasa do estado lastimoso em que deixou o país e a generalidade dos portugueses. A pior coisa que nos pode acontecer é sermos levados a acreditar num malfeitor, cínico e mentiroso, que se quer fazer passar por gente decente, séria e virtuosa. Só os ingénuos e incautos embarcam nas suas promessas. Por isso, nada melhor que um provérbio reciclado para ilustrar tanto atrevimento:
Com Sócrates e palavreado se quer burlar o eleitorado.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

“Acordar do pesadelo”

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Da autoria do jornalista António José Teixeira, transcrevo o artigo publicado no Diário Económico de 16-JAN-2009, o qual subscrevo na totalidade. Antes das eleições americanas poderia ser considerado um aviso; depois delas é uma amarga constatação.

“A tragédia Bush fica para a história como um intervalo de irracionalidade onde a ganância de alguns arrastou multidões para a miséria.

Foram oito anos de profundo retrocesso civilizacional. A poucos dias de sair de cena, a herança de George W. Bush não poderia ser mais negativa. Provavelmente, com ou sem Bush, o rastilho do terrorismo teria sido suficiente para incendiar as relações internacionais e minar a confiança que se respirava antes do 11 de Setembro. Mas Bush conseguiu o impensável: piorar tudo o que foi possível piorar. Fortaleceu os fundamentalismos, a pretexto do combate ao terrorismo. Começou por desvalorizá-lo, ignorando repetidos avisos, acabou por lançar uma guerra desnecessária, palco para uma longa série de abusos. Limitou as liberdades no país da liberdade, aproveitou-se do medo e da insegurança para justificar prepotências. Desmascarou-se em Abu Ghraib e em Guantanamo. Fez crescer o Irão. Riu-se do aquecimento global. Alargou as desigualdades. Alheou-se das desgraças que se abateram sobre o seu próprio povo, como aconteceu com o furacão Katrina. Como se não bastasse, despede-se agora deixando a economia americana e mundial numa das mais graves recessões de sempre.
A tragédia Bush fica para a história como um intervalo de irracionalidade onde a ganância de alguns arrastou multidões para a miséria. Será muito para atribuir a um só homem. Será desgraça a mais para um presidente duvidosamente eleito em 2000, ainda assim reeleito em tempo de guerra. Será. Mas o vendaval que varre boa parte da Humanidade tem a sua impressão digital, por acção ou omissão.
O balanço não é original nem resulta de qualquer senha antiamericana. Está escrito na imprensa dos EUA, que demorou a aperceber-se da deriva irresponsável e autoritária da administração de George W. Bush. Não sobram defensores deste legado. Cá e lá, já não há quem se atreva a justificar o injustificável. Não há palavras brandas, delicadas, que possam dissimular a tragédia em mero azar da história.
"A história de Bush é uma história de Ícaro - um homem que se despenha porque não compreende os seus limites ou as suas motivações. Ser presidente era algo que estava além das suas capacidades e ele não teve noção disso." As palavras são de Jacob Weisberg, que examinou exaustivamente a família Bush e o seu círculo de conselheiros. Não é apenas um problema de impreparação, é um impulso de predestinação disparatado, e o desejo de afirmação de um homem vulgar imerso num círculo ideológico de neoconservadores revanchistas.
Não foi agora que se provou a tragédia Bush. O republicano Paul O'Neill, que W. Bush escolheu para seu primeiro secretário do Tesouro, não demorou a perceber que o presidente era como "um cego numa casa de surdos". Estava O'Neill ainda na administração americana e, ele que trabalhara com o pai, depressa se desiludiu com o filho. A descrição dos seus encontros com o presidente é constrangedora. Silêncios inexpressivos cruzam-se com uma extrema dificuldade de argumentação e uma inabalável vontade de subordinar a decisão política a interesses particulares. É impressionante reler o livro que Ron Suskind publicou em 2004, "O Preço da Lealdade", escrito a partir de um lote de 19 mil documentos que O'Neill entregou ao jornalista. Importante para perceber o perfil sombrio de Bush e para constatar até que ponto a degradação das finanças públicas americanas, a manipulação dos resultados das empresas, a pouca transparência dos mercados e a falta de independência dos auditores eram já constatáveis. Paul O'Neill falava em 2002 da necessidade de "restabelecer um sistema de responsabilidade e contabilidade orientados para um crescimento sustentado a longo-prazo, não para uma ganância de mercado a curto-prazo". E o seu amigo Alan Greenspan era ainda mais peremptório. Numa reunião, realizada em Fevereiro desse ano, o presidente da Reserva Federal não tinha dúvidas: "Brincou-se demasiado com o sistema, até que se rompeu. O capitalismo deixou de funcionar! Há uma corrupção do sistema capitalista". A diferença entre estes dois homens é que O'Neill apenas se demorou dois anos com Bush, enquanto que Greenspan foi conivente com boa parte deste consulado.
Não espanta que a insanidade necessite da catarse da literatura. Philip Roth, no seu último livro, fala do "vexame sem remissão que consiste em ser um cidadão consciente no reinado de George W. Bush"... O fantasma está a sair de cena. Oxalá Barack Obama tenha a clarividência e a audácia necessárias a tamanho desafio.”

domingo, janeiro 18, 2009

A Crise e o Despudor (4)

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O ORÇAMENTO de estado para 2009, foi aprovado pelo Presidente da República em 30 de Dezembro de 2008. Ele é quase unanimemente reconhecido como o instrumento mais desajustado à realidade portuguesa, que foi produzido nos últimos tempos pelos economistas de serviço à governação portuguesa, a tal senhora que andou ausente e distraída da realidade nacional e internacional, desde os fins de 2007. Tudo indica que aquele orçamento foi o produto final de uma enorme manobra de ocultação da crise económica portuguesa, levada a cabo pelo actual governo. Entretanto, e em abono desta suspeita, quinze dias passados, já foi revisto e objecto de orçamento rectificativo. Entretanto, o governo, em mais um passe de ilusionismo, apelida-o de orçamento suplementar, tudo isto para não reconhecer a sua desadequação à realidade nacional e aos ventos de crise que sopravam por todo o lado, e que vieram abalar ainda mais a já frágil economia portuguesa. Para a História ficam os inesquecíveis episódios protagonizados pelo ministro Teixeira dos Santos, quando num passe de inexplicável soberba, correu a assegurar que estávamos imunes aos ventos de crise que sopravam lá de fora, e garantiu que as nossas instituições financeiras respiravam saúde.

Invoicejacking

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UMA LEITURA atenta das facturas da EDP mostra-nos uma rubrica denominada Outros Débitos/Créditos que serve para nos facturar uma denominada Contribuição Audio-visual, pelo valor de 3,42 Euros (bimestral), valor que se destina a financiar os serviços de radiodifusão (RDP, Antena 1 e Antena 2) e televisão (RTP1 e Canal 2), ao abrigo da Lei n.º 30/2003, de 22 de Agosto alterada pelo Decreto-Lei n.º 169-A/2005, de 3 de Outubro.
Sem contar com o seu despropósito, já que a rádio e televisão se auto-financiam através das enormes receitas geradas pela publicidade, existem diversas situações em que esta taxa é completamente abusiva, para não dizer absurda, nomeadamente nas seguintes situações:

1) Quando o consumidor é subscritor de TV Cabo, Cabovisão, TVTel, Meo ou qualquer outro fornecedor de serviços do mesmo tipo;
2) Casas de campo para apoio agrícola;
3) Facturação relativa a consumos das partes comuns dos condomínios, tais como escadas, garagens, elevadores, bombas elevatórias e outros dispositivos.

Como se já não bastasse aquela tentativa de quererem pôr os clientes pagadores a arcarem com os valores incobráveis dos maus clientes (outro modelo inovador e simplex de meter as mãos aos bolsos dos respeitáveis cidadãos para ter receita assegurada), os especialistas do governo, em matéria de técnicas de extorsão, estão a refinar os seus processos, utilizando neste caso a interposta pessoa da EDP para efectuar mais um descarado assalto à carteira dos contribuintes. Já agora, porque não alcavalar a factura da electricidade com mais uma taxa para financiar as actividades do ministério da cultura? É fácil de perceber que 1 milhão de facturas gera, de dois em dois meses, sem mexer uma palha, uma receita limpa e garantida de mais de 3 milhões de Euros. Portanto, imaginem os milhões de Euros que brotarão deste expediente, se considerarmos a totalidade dos clientes da EDP multiplicada por 3,42 euros, e este produto multiplicado pelas seis facturações anuais.
Por força dos tempos que vivemos, e por termos uma predilecção especial pelas expressões inglesas, já tínhamos importado o “carjacking” e o “homejacking”; agora só nos faltava inventar esta coisa do “invoicejacking”, uma autêntica preciosidade com chancela governamental.
Se concorda com a extinção desta aberração, subscreva a petição que para o efeito se encontra disponível em:

Link: http://www.petitiononline.com/edp15/petition.html

O país que já não anda de candeeiro a petróleo, agradece reconhecido.

sábado, janeiro 17, 2009

Primeiras Previsões

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COM AS ELEIÇÕES à vista, com o seu congresso em preparação e o refogado da moção de estratégia do José Sócrates Pinto de Sousa a receber os temperos finais, o PS prepara-se para um banho de descontaminação das políticas neoliberais em que andou mergulhado durante os últimos 4 anos. Agora que o trabalho mais pesado e sujo está feito, os meninos turbulentos que andaram a infernizar a vida dos portugueses, preparam-se para se transfigurarem política e ideologicamente, aparecendo aos nossos olhos como meninos de coro, incapazes de partirem um prato ou entornarem os frascos da compota.
Na campanha eleitoral que já se passeia pelo adro, o grande bombo da festa vai ser a tal crise financeira internacional que ninguém previa, as “off-shores”, os “fundos tóxicos” e a falência de um certo “capitalismo ganancioso” que os malvados dos banqueiros andaram a propagar (com a conivência e permissão da governação), e não o sistemático esvaziamento da administração pública, o desacerto ou inexistência de medidas para a recuperação económica, o estrangulamento fiscal dos contribuintes, a degradação dos salários e das pensões de reforma, a precariedade laboral sustentada e garantida pelo novo código de trabalho, tudo a contribuir para o generalizado empobrecimento dos portugueses, mais a negligência, a incompetência, o favorecimento e a corrupção que estão largamente disseminados por todos os estratos da vida pública, e ainda a patética obstinação do querido e iluminado líder, que não recua nem desarma, mesmo que seja evidente que está a cometer um erro descomunal. Além disso é preciso voltar a repetir até à exaustão, que os pessimistas, os profetas da desgraça e os Velhos do Restelo sempre foram os grandes inimigos do povo português, tornando-se também urgente passar uma esponja sobre aquelas notícias desagradáveis que prevêem - tal como diz a Economist Intelligence Unit - uma contracção da economia portuguesa de dois por cento em 2009 e de 0,1 por cento em 2010, com a taxa de desemprego a subir para 8,8 por cento já este ano e para 9 por cento no próximo, tudo coisas que só podem estragar as doses maciças de propaganda que se avizinham e a reconquista de uma mal cuidada credibilidade. Em resumo: ouviremos dizer que as águas passadas não movem moinhos, à mistura com mais umas toneladas de promessas a torto e a direito.
As eleições vão ser o pretexto para uma urgente lavagem das ideias e a recuperação de alguns chavões caros ao socialismo, que haviam sido emprateleirados, mas que funcionam sempre, se agitados na altura devida como causas imortais, tais como a solidariedade social, o direito ao trabalho, o combate à pobreza e às desigualdades sociais, culturais, económicas, políticas e cívicas, o apoio aos mais desprotegidos, a regionalização, os casamentos homossexuais e mais umas quantas bagatelas, tudo coisas que invocadas na altura própria, deixam o comum dos portugueses sensibilizados, direi mesmo, amansados nas suas cóleras de há uns quantos dias atrás. Se esta desinfecção for acompanhada de algumas oportunas autocríticas e confissões de “mea culpa”, por erros cometidos na governação, pronunciadas em tom coloquial, coisa que sensibiliza e cai sempre bem nos brandos costumes portugueses, e que serve para amaciar o caminho para a concessão da tão desejada segunda oportunidade, melhor ainda.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Crise e Despudor (3)

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SE REPARAREM BEM, verão que de há três meses para cá, não há nenhuma declaração dos responsáveis do PS, dos ministros do governo PS e do sacristães que habitualmente ajudam às missas do PS, que sempre que falam, discursam ou fazem declarações políticas, não se sintam na obrigação de sublinhar com ênfase que a situação de crise que o país o país está a viver, é exclusivamente da responsabilidade da crise internacional, e não, como sabemos, também produto das políticas neo-liberais e liquidacionistas, desenvolvidas desde 2003 até à actualidade, tanto pelo PSD e CDS, mas especialmente pelo PS, o qual nos últimos quatro anos aprofundou a penúria social e económica do país, a pretexto de um vasto programa de pseudo-reformas mal alinhavadas. Esta técnica de desembaraçar-se de responsabilidades e tentar branquear a realidade, repetindo até à exaustão uma mentira, para que se converta numa verdade, é tão velha como a humanidade, e costuma estar associada aos maus políticos que por esta via pretendem ocultar os seus erros de governação, tal como o alvitrou o pouco recomendável G.W.Bush, quando disse que “se tiverem problemas culpem outra pessoa”.

A Máquina do Tempo (3)

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NO DIA 2 de Março de 2006, quinta-feira (já lá vão quase três anos), este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

Começou...

Como já tenho vindo a tentar avisar desde que iniciei este blog em 2004, e como repito insistentemente desde o principio do Inverno, este mês será o principio do fim do mundo como nos habituamos a conhecê-lo. Ainda no meu texto do dia 8 de Fevereiro avisei especificamente para isso. Agora foi também o Laboratoire Européen d’Anticipation Politique Europe2020, que é uma organização detida por vários grupos económicos como poderão ver na página deles, que faz a derradeira afirmação.
www.europe2020.org tem o texto em inglês e em francês. Vou só colocar aqui o primeiro parágrafo em inglês. Se ainda não agiram façam qualquer coisa agora de modo a minorar o impacto financeiro que isto vai ter nas vossas vidas. O povo português é muito de falar disto e daquilo mas de nunca agir com antecipação. Agora têm a oportunidade. Libertem-se de dívidas bancárias que possam, comprem algum ouro ou prata transaccionável, não comprem casa nova, não comprem carro novo, libertem-se das acções que tenham em empresas que não sejam das áreas da energia, farmácia ou engenharia genética. Se o valor da vossa casa está próximo do valor de divida ao banco tentem vende-la, se tiver uma divida menor do que metade do valor da casa não a vendam e não pensem em comprar outra. Se tiverem casa já paga nunca se livrem dela. Vendam os carros que consumam mais enquanto é tempo. Para quem tiver estômago e coragem para vender a sua dívida, quer dizer, casa, é mais rentável viver numa casa alugada por uns tempos pois tem uma actualização de rendas sempre abaixo da inflação real e os juros a subir não garantem o mesmo, bem pelo contrario, é bem provável que subam desmesuradamente. Arrendando quase congelam o valor da renda por cinco anos, ao passo que em cinco anos quase não se amortiza nada na casa, especialmente se esta descer de valor. Se quiserem conselhos mais concretos o meu mail está aberto para isso.
E agora o primeiro paragrafo do tal texto:

The Laboratoire Européen d’Anticipation Politique Europe 2020 (LEAP/E2020) now estimates to over 80% the probability that the week of March 20-26, 2006 will be the beginning of the most significant political crisis the world has known since the Fall of the Iron Curtain in 1989, together with an economic and financial crisis of a scope comparable with that of 1929. This last week of March 2006 will be the turning-point of a number of critical developments, resulting in an acceleration of all the factors leading to a major crisis, disregard any American or Israeli military intervention against Iran. In case such an intervention is conducted, the probability of a major crisis to start rises up to 100%, according to LEAP/E2020.

Oportunamente voltarei a fazer mais transcrições deste blog, devidamente autorizadas pelo autor.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

O Circo Já Desceu à Cidade

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Com as eleições ainda longe, o circo desceu à cidade, já está a ser montada a tenda e o espectáculo promete. Para levar a cabo esse espectáculo que se prevê inesquecível, o Ministério das Obras Públicas fez um “mailing” para várias empresas e organismos públicos tutelados pelo ministério, a exigir que o informem com antecedência, qual o seu calendário de inaugurações, lançamento de obras, adjudicações ou apresentações à comunicação social. É óbvio que o governo, empenhado em “jardinizar” a vida política portuguesa, dispõe-se a aproveitar todos os eventos e iniciativas, para se introduzir em festa alheia, como qualquer atrevido “penetra”, a fim de com este suplemento propagandístico, colher os competentes dividendos eleitorais, pois toda a gente sabe que tais acontecimentos terão um peso muito importante no reforço da campanha eleitoral que se aproxima. Prevejo, portanto, que iremos ser agraciados com uma enxurrada de sessões solenes, recheadas de discursos e auto-elogios, cada vez que o elenco governativo é convidado para cortar a fita ou lançar a primeira pedra, seja ela de um simples fontanário ou de mais outro lanço de auto-estrada. Como já se suspeitava, o ministério recusa que haja objectivos políticos com esta medida, mas nas empresas o pedido foi recebido com surpresa, por não ser habitual.
Como se pode ver, a preocupação com as eleições já ocupa o topo da lista das prioridades deste governo, o qual não tem pejo em mobilizar toda a sua máquina, não em proveito da governação e do combate à crise, mas sim com os cinco sentidos virados para a permanência no poder.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

O Tejo Sublime

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O Tejo em Alcochete em 7-DEZ-2007
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O Tejo em Alcochete em 7-DEZ-2007

Crise e Despudor (2)

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O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS), organismo tutelado por Vieira da Silva, ministro do trabalho e solidariedade, detentor de activos destinados a assegurar o pagamento das pensões dos portugueses, sofreu, durante o ano de 2008, uma desvalorização (seria melhor dizer descapitalização) de 302 milhões de euros, decorrente dos imprudentes e lesivos investimentos que foram efectuados, em produtos financeiros de alto risco, entretanto afectados pela actual crise financeira internacional, ou ainda em entidades bancárias pouco respeitáveis, como é o caso do Banco Português de Negócios. Disse o jornal Correio da Manhã, na sua edição de 10 de Janeiro, que o valor das perdas daria para pagar uma reforma média de 415 euros a quase 52 mil pessoas, durante um ano.
Entretanto, chega-nos a notícia que os trabalhadores portugueses que se reformarem neste ano vão ver as suas pensões descerem 1,32 por cento devido à aplicação do factor de sustentabilidade (0,9868), ontem divulgado pelo Instituto da Segurança Social. Isto significa que, numa reforma de mil euros, serão menos 13,20 euros por mês e menos 184,80 euros por ano (as pensões são pagas 14 meses). Para quem tem uma reforma de 500 euros, pode contar com menos 6,60 euros por mês e menos 92,40 euros por ano. Quem quiser receber a sua reforma por inteiro terá que trabalhar para além dos 65 anos, sendo este expediente um forma encapotada de aumentar a idade de reforma dos trabalhadores, sem que o governo tenha que recorrer a outros procedimentos. Correm a dizer-nos que esta redução tem a ver com o aumento da esperança de vida dos portugueses, mas talvez fosse mais correcto acrescentar que os maus investimentos também corroeram os activos do fundo, afectando e encurtando a sustentabilidade do sistema, pelo que se tornou necessário proceder já às respectivas correcções. Como não há milagres, tempo virá em que, fatalmente, também virão a ser atingidas por reduções, as reformas anteriores a 2009. É talvez contando já com isso, que os gestores e altos quadros da administração pública, os quais, com grande antecipação se costumam precaver contra estes malefícios, têm garantido que as suas reformas sejam substancialmente reforçadas, levando a cabo promoções de última hora.
Resumindo: recorrer à “economia de casino” e usar o dinheiro dos actuais e futuros reformados portugueses, para jogar na bolsa e fazer apostas em produtos financeiros de índole especulativa, logo desaconselháveis, é também uma das formas com que este "socialismo moderno, moderado e popular" nos quer convencer, que zela escrupulosamente pelos nossos interesses.

terça-feira, janeiro 13, 2009

A Máquina do Tempo (2)

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No dia 5 de Fevereiro de 2006, domingo (está quase a fazer três anos), este post do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, dizia o seguinte:

O ramalhete vai-se compondo...

Hoje por volta das 11h saiu o relatório das vendas de casas nos EUA. Era um relatório muito aguardado pois iria trazer notícias sobre o motor da economia americana. O motor porque o consumo na América é a única coisa que tem feito a economia mexer, e este é suportado pelo recente e disparatado boom imobiliário que tem habituado os americanos a ter uma máquina multibanco no quarto. Isto deve-se ao ainda mais disparatado boom nos refinanciamentos imobiliários que tem dado aos americanos a hipótese de re-hipotecarem as suas casas devido à subida dos preços das mesmas. Mas hoje foi revelado que as novas vendas baixaram mais de 10% e o inventário de casas vazias é estonteante. Os preços só poderão baixar mais embora as dividas se mantenham, muitas delas aumentem pois os bancos tinham inventado mil e uma formas de conceder credito, desde carências eternas até amortizações negativas. Foi exactamente esta a causa da grande depressão de 1929, bastando para isso substituírem a palavra imobiliário por bolsa. A partir de agora o consumo vai descer e a economia voltar ao seu estado verdadeiro, o de recessão grave. A juntar a isto temos a subida de 2 dólares do preço do petróleo o que originou uma subida de 10 dólares no preço do ouro, algo que até a mim me surpreendeu. Na Europa as coisas não vao melhores, com o numero de desempregados a atingir os 19 milhões e uma taxa de desemprego entre os jovens de 18%. A juntar ao desemprego escondido a verdade é que estamos a viver as taxas de desemprego que se viveram na grande depressão de 1932. Mas está toda a gente cega e só se pensa no carro que se vai comprar a seguir e na marca do plasma que se há-de comprar. Enquanto isso, a China e a Índia têm taxas de crescimento de dois dígitos. A mastodôntica Europa vê com muito maus olhos os exemplos eslovaco e irlandês que cortaram dramaticamente nos impostos para conseguir um crescimento notável. De facto, os líderes europeus já se preparam para proibir esta mexida nas politicas fiscais que retira competitividade a países com os impostos mais altos como a Alemanha, a França e os países escandinavos, devido ao endividamento nacional. A politica que se pretende seguir é a de prosseguir o modelo escandinavo já completamente ultrapassado, de ter os impostos mais elevados do mundo. O mito da prosperidade escandinava já caiu por terra há muito, já que desde 1970 que os países escandinavos não conseguem parar a descida do crescimento interno e passaram de estar entre os cinco países mais prósperos para ocupar posições perto do 15º lugar. Por isso só se compreende a tomada da Escandinávia como exemplo económico quando percebemos o enorme sarilho em que nos encontramos relativamente ao endividamento e esse ser o caminho mais rápido para angariar fundos para o pagamento da mesma. Já na reunião dos Bilderberg em Sintra se falava que se devia aumentar progressivamente os impostos de modo a serem os 52% de IRS da Suécia um nível normal na Europa. Os pequenos países que querem ser competitivos serão proibidos de o fazer. Também durante a semana passada assistimos, sem ninguém saber ou falar disso, à maior fraude bancária da história com o roubo das informações dos cartões de débito do Citibank. Estranho é que com toda a segurança informática, o Citibank tenha deixado os PIN´s dos cartões e a chave de desencriptação dos mesmos no mesmo servidor, ou seja um único ataque causou todo o estrago possível. Cheira-me a mais um teste ao grande ataque informático previsto que vai assolar o mundo financeiro de tal forma que seja então posta em pratica a chamada internet 2, onde só entidades certificadas têm acesso a ter sites. Isto vai finalmente dar aos senhores do mundo a oportunidade de estancarem a resistência e imporem a censura na net. Só para terminar, e para os resistentes à teoria da desvalorização permanente do dólar, vejamos só que em 2000, 49,6% dos activos financeiros chineses eram em dólares e apenas 31,1% em euros. Seis anos depois, 37% em dólares e 46,8% em euros. É uma mudança maciça da predominância dos activos em tão pouco tempo. É por isso que nesta semana sai o ultimo relatório do Fed sobre a propriedade de activos financeiros no estrangeiro, um relatório que se publica desde sempre e que o Fed decide agora abolir.

Oportunamente voltarei a fazer mais transcrições, devidamente autorizadas pelo autor.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Crise e Despudor (1)

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Palavras para quê? É um artista português!
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“Armando Vara foi promovido na Caixa Geral de Depósitos (CGD) um mês e meio depois de ter abandonado os quadros do banco público para assumir a vice-presidência do Banco Comercial Portugal (BCP). O ex-administrador da CGD e ex-quadro da instituição, com a categoria de director, foi promovido ao escalão máximo de vencimento, ou seja, o nível 18, o que terá reflexos para efeitos de reforma. A promoção, do escalão 17 para o 18, foi decidida pelo conselho de administração a 27 de Fevereiro de 2008, já pela administração de Faria de Oliveira, que ascendeu ao cargo após a saída de Carlos Santos Ferreira e dos administradores Armando Vara e Vítor Manuel Lopes Fernandes para a administração do maior banco privado.De acordo com informação oficial fornecida pela Caixa, "Armando Vara desvinculou-se da CGD no dia 15 de Janeiro de 2008". A acta da reunião da administração de 27 de Fevereiro, a que o PÚBLICO teve acesso, refere que, "na sequência da cessação de funções de administrador da CGD do dr. Armando António Martins Vara, quadro da instituição com a categoria de director, o conselho deliberou a sua promoção ao nível 18 e os seguintes ajustamentos remuneratórios: remuneração de base - 18 E ; II IT de 47 por cento; RC E RER no valor de 2000 euros e 3000 euros, respectivamente". Esta alteração terá um efeito positivo na reforma em montantes que dependem do momento e da forma em que acontecer.
…”
Extracto da notícia assinada pela jornalista Rosa Soares, publicada pelo jornal PÚBLICO de 12 de Janeiro 2009

Crise e Despudor

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O texto que a seguir reproduzo, dá uma ideia do que se passa nos Estados Unidos da América, mas podia perfeitamente adaptar-se ao caso português. Os maus exemplos são os que mais rapidamente se propagam e copiam.
“…
Quando se trata de enfrentar problemas culturais, os conservadores têm evidentemente os seus pontos fracos. Por exemplo, a questão dos salários dos executivos. Em 1980, um CEO (chief executive officer) médio levava para casa um salário quarenta e duas vezes superior ao de um trabalhador pago à hora. Em 2005, o rácio era de duzentos e sessenta e dois para um. Os media conservadores, como a página editorial do Wall Street Journal, tentam justificar os salários astronómicos e as stock options (1), considerando-os necessários para atrair os melhores talentos; e dão a entender que, quantos mais as chefias das empresas americanas andarem gordas e felizes, melhor funciona a economia. Só que a explosão dos salários dos CEO teve pouco a ver com melhorias de desempenho. De facto, os CEO do país mais recompensados na última década foram responsáveis por enormes quebras de rendimentos, perdas de valores de acções, despedimentos em massa e subfinanciamento dos fundos de pensão dos seus trabalhadores.
As alterações dos salários dos CEO não se justificam por qualquer imperativo de mercado. Trata-se de uma questão cultural. Numa altura em que os trabalhadores médios poucos ou nenhuns aumentos têm, muitos dos CEO perderam todo o pudor para se agarrarem a todas as benesses que as administrações, manipuláveis e escolhidas a dedo, permitirem. Os Americanos estão cientes dos danos que esta ética da ganância inflige nas nossas vida colectivas. Os conservadores podem ter razão quando afirmam que o Governo não deve tentar determinar os pacotes salariais dos executivos, mas deveriam ao menos estar dispostos a manifestar-se contra os comportamentos indecentes nas administrações das empresas, mostrando a mesma força moral e o mesmo sentido de revolta com que atacam as letras de rap mais obscenas.
…”
(1) Stock options são remunerações extraordinárias, em dinheiro ou espécie, entregues aos gestores e colaboradores de uma firma como forma de os remunerar, e de fazer alinhar os seus objectivos com os objectivos da empresa.

Extracto do livro “A Audácia da Esperança”, da autoria de Barack Obama, presidente eleito dos E.U.A.

domingo, janeiro 11, 2009

A Máquina do Tempo (1)

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SABER LER e interpretar os sinais com algum rigor é uma ciência, não um exercício de adivinhação ou futurologia. No dia 3 de Dezembro de 2005, sábado (já lá vão mais de três anos), este post que a seguir transcrevo, do blog SABER A VERDADE, que aparece na lista de links aqui do lado esquerdo, e que continua a poder ser consultado, deixou-me entre o perplexo e o incrédulo. O tempo e os acontecimentos vieram dar-lhe 90 por cento de razão (ninguém é infalível ou detentor da verdade absoluta), porém, estas pequenas lições podem clarificar muita coisa. O tal post dizia o seguinte:

O colapso financeiro antes do Verão e porquê...

Em consonância com os meus posts anteriores sobre a situação no Irão e nos EUA, consegui a confirmação de que os gestores de balcões de alguns, senão todos, os bancos nos EUA, estavam a ser informados dos procedimentos a tomar em caso de catástrofe financeira. Sobretudo o modo de reagir para com os clientes que têm valores depositados nos cofres dos bancos. Então, estão a ser instruídos a, quando solicitados a abrir os cofres por parte dos legítimos donos, devolver apenas a papelada que lá esteja e confiscar o dinheiro, ouro e prata que apenas poderão ser devolvidos por ordem dos agentes federais. Como tenho vindo a alertar, a catástrofe financeira americana está mais do que iminente e é possível que ocorra antes mesmo do Verão. A bolsa de petróleo iraniana a abrir em Março, o limite de endividamento do Governo Federal dos EUA a atingir o máximo que a lei permite em meados de Fevereiro, a mais do que esperada venda das obrigações americanas por parte dos chineses e japoneses face à desvalorização do dólar, o aumento incrível do preço do ouro e da prata a que temos assistido nestas ultimas semanas, o petróleo a escalar de novo os preços, falando a CNN já em 262 dólares por barril ainda este ano, e o rebentamento da bolha imobiliária nos EUA tudo premissas que já havia aqui previsto ainda no ano passado, faz-me pensar na saída lógica de tudo isto. Teremos uma crise financeira que fará o crash de 1929 parecer uma pequena recessão. A América passou da nação a quem mais deviam para a nação que mais devia em apenas 14 anos. Warren Buffet já se desfez dos seus dólares para investir em Euros e em prata, Greenspan começa agora a falar o que lhe vai na alma com medo que lhe fique algum peso na consciência pelo mal que fez durante os seus anos de Fed, Bill Gates também já só compra Euros e a China, que tem aguentado a divida publica americana aos ombros vai ter de retaliar quando os EUA lhe aplicar uma taxa de entrada aos seus produtos de 27 e meio por cento, a acontecer muito brevemente. Temos aqui os ingredientes para o colapso completo do país mais devedor do mundo. Não podemos pensar é que ficaremos imunes ao que se passará do outro lado do Atlântico, pois como diz o velho ditado financeiro " Quando alguém deve 100.000 euros ao banco tem um grave problema, mas quando alguém deve 100.000.000 de euros ao banco é o banco que tem um grave problema". Neste caso o mundo inteiro é o banco e são os EUA que devem os 100.000.000 (Mais precisamente 7,2 triliões).

Volto a insistir no que disse no parágrafo inicial: este escrito data de 3 de Dezembro de 2005, sábado (já lá vão mais de três anos). Escusado será dizer que o blog original poderá comprovar o que digo. Oportunamente voltarei a fazer mais transcrições, devidamente autorizadas pelo autor.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Com amigos destes não precisamos de inimigos

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ANTEONTEM, com data de 31/12/2008, a frio, sem me tratar por V.Exa., nem sequer por Senhor, recebi uma carta do meu banco que, sem mais delongas, me comunicou o seguinte:
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“Informa-se que a partir do dia 01/02/2009 passarão a ser cobradas as seguintes comissões:
- Comissão de 5,00 Eur, acrescida de 4% de Imposto de Selo, por cada dia que a conta à ordem se encontre em situação de descoberto acidental. Esta comissão será cobrada no final de cada mês, em função do número de dias que a conta tenha estado em descoberto acidental.
- Comissão de 20,00 Eur, acrescida de 4% de Imposto de Selo, por cada cheque pago sem que a conta à ordem esteja devidamente aprovisionada. Esta Comissão será cobrada diariamente.
Por forma a evitar a cobrança destas comissões tenha sempre presente o saldo disponível na sua Conta à Ordem no momento em que efectua um pagamento.
Em Março de 2009 [o banco] irá rever o preçário das Despesas de Manutenção de acordo com os seguintes critérios:
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(A) Património inferior a 1.000 Eur e Responsabilidades inferiores a 2.500 Eur – 15 Eur;
(B) Património inferior a 2.000 Eur e Responsabilidades inferiores a 5.000 Eur – 10 Eur;
(C) Património inferior a 3.000 Eur e Responsabilidades inferiores a 7.500 Eur – 5 Eur;
(D) Restantes situações – Isento
Os valores apresentados são cobrados trimestralmente e sujeitos a 4% de Imposto de Selo.
Para ficar isento desta comissão, basta aderir à conta ordenado e domiciliar automaticamente o seu ordenado, ou manter um saldo médio trimestral na sua Conta à Ordem superior a 1.000 Eur, ou subscrever um PPR de montante superior a 1.000 Eur ou contratar um Crédito à Habitação. Ficam ainda isentas as contas de Clientes cujo 1.º Titular tenha idade inferior a 26 anos.”
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A dita carta acaba tão friamente (deve ser do tempo) como começou. Sem “cordiais cumprimentos”, sem um “atentamente”, nem mesmo uma simples assinatura, já não digo do presidente, mas para mim bastava da senhora da limpeza. Porém, avaliadas melhor as coisas, também concordo que seria uma violência envolvê-la neste processo.
Esta preciosidade que agora aterrou na minha caixa de correio, fez-me lembrar uma outra que ocorreu, se não me engano, entre fins de 2005 e princípios de 2006, e que envolveu a CGD (Caixa Geral de Depósitos), quando esta decidiu enviar uma carta aos seus clientes/depositantes, puxando dos seus galões de banco estatal e senhor todo-poderoso das economias dos portugueses, advertindo-os que para continuarem a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção, teriam que ter em cada trimestre um saldo médio superior a 1.000 euros, ter crédito de vencimento ou ser detentor de aplicações financeiras associadas à respectiva conta. A violência daquela atitude não seria de estranhar, atendendo à habitual ganância dos banqueiros, não fosse dar-se o caso de que uma grande porção dos clientes da CGD serem pensionistas de baixos recursos, que subsistem com exíguas pensões de invalidez e de sobrevivência, que assim que recebem o abono têm que correr a levantá-lo para enfrentarem as necessidades do dia-a-dia, e que ainda por cima não podem mudar de banco, porque a Segurança Social os obriga a receber através do banco estatal. Antigamente os ladrões iam roubar para estrada, agora podem fazê-lo comodamente instalados nos gabinetes climatizados onde tomam as decisões.
Como está bem de ver, os exemplos vêm de cima, e os lucros escandalosos que os bancos têm auferido até agora, não inibe os senhores administradores, principescamente pagos e insensíveis à crise que se vai vivendo, de produzirem normas destinadas a extorquir mais umas coimas aos clientes, tratando-os com o desprezo próprio de quem está convencido que tem a faca e o queijo na mão. Nada mais falso. Posso não mudar de casa nem de carro, mas de certeza absoluta que vou novamente mudar de banco.
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Entretanto, deixo aqui uma adivinha: Qual é o banco, qual é ele, que me mandou a tão simpática cartinha? Aceitam-se sugestões, tanto para o e-mail como para a caixa de comentários deste post.

A Cidade Fascinante (3) – Alfama

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NÃO É DIFÍCIL perdermo-nos no meio de Alfama, este bairro que tem uma geografia única. Desordenado, labiríntico, entrópico. São becos, ruas, ruelas e vielas que se articulam entre si ligados por mais de 50 lances de escadas de calçada que vencem os desníveis da encosta. E é neste sobe e desce que se vai avançando à descoberta de um mundo diferente das avenidas cosmopolitas, dos centros comerciais ou das lojas da moda.
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(Texto extraído do site http://www.lifecooler.com/ - Fotos de Fernando Torres feitas em 29-FEV-2008)
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Alfama - Beco do Penabuquel - 29-FEV-2008

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Alfama - Rua dos Remédios - 29-FEV-2008
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Alfama - Arco do Rosário - 29-FEV-2008
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Alfama - Fonte do Poeta - 29-FEV-2008
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Alfama - Arco de Jesus – 29-FEV-2008

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Os Assessores Estão Pela Hora da Morte

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Via E-MAIL, recebi a seguinte novidade:

Este país do faz-de-conta é cada vez mais uma anedota pegada. Ora atentem lá nesta coisa vinda no Diário da República nº 255 de 6 de Novembro 2008:

EXEMPLO 1
No aviso nº 11 466/2008 (2ª Série), declara-se aberto concurso no I.P.J. para um cargo de "ASSESSOR", cujo vencimento anda à roda de 3500 EUR (700 contos). O " Método de selecção a utilizar é o concurso de prova pública que consiste na apreciação e discussão do currículo profissional do candidato."

EXEMPLO 2
No Aviso simples da pág. 26922, a Câmara Municipal de Lisboa lança concurso externo de ingresso para COVEIRO, cujo vencimento anda à roda de 450EUR (90 contos) mensais."
Método de selecção:
Prova de conhecimentos globais de natureza teórica e escrita com a duração de 90 minutos. A prova consiste no seguinte:
1. - Direitos e Deveres da Função Pública e Deontologia Profissional;
2. - Regime de Férias, Faltas e Licenças;
3. - Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos.
Depois vem a prova de conhecimentos técnicos: Inumações, cremações, exumações, trasladações, ossários, jazigos, columbários ou cendrários.
Por fim, o homem tem que perceber de transporte e remoção de restos mortais. Os cemitérios fornecem documentação para estudo. Para rematar, se o candidato tiver:
- A escolaridade obrigatória somará + 16 valores;
- O 11º ano de escolaridade somará + 18 valores;
- O 12º ano de escolaridade somará + 20 valores.
No final haverá um exame médico para aferimento das capacidades físicas e psíquicas do candidato.

Isto tudo para um vencimento de 450 euros mensais, enquanto que o outro, com 3.500 euros, apenas precisa de uma cunha. Vale a pena dizer mais alguma coisa?

quarta-feira, janeiro 07, 2009

“Sinto muito”

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ATÉ QUE PONTO a comunicação social em Portugal está domesticada e obediente? A minha opinião é que, em Portugal, já não é preciso voltar a instituir a Censura ou a Comissão de Exame Prévio, pois estes instrumentos limitadores da liberdade de expressão passaram a ser desempenhados pelas dóceis direcções e redacções de alguns jornais, rádios e televisões, e instalados na própria cabeça dos jornalistas, dependentes, ou melhor, à mercê, de uma controversa lealdade, em relação a quem lhe assegura o vencimento, atitude que pode ser sintetizada naquela expressão de um profissional das nossas televisões, quando disse, certo dia, que “quem tem ética passa fome”. O artigo que se segue põe o dedo na ferida, e é bem demonstrativo do patético estado em que se encontra, em certos meios, um certo tipo de jornalismo.

“Sinto muito, mas a entrevista dada ao ‘Expresso’ por Azeredo Lopes, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, não pode deixar ninguém indiferente, muito menos os senhores jornalistas. Mas, mais uma vez, a única voz que se ouviu foi a do silêncio. Não sei se foi por terem medo deste ‘patrão’, se foi por subserviência ou falta de consciência profissional e social.
A transparência e a qualidade da Democracia exigem mais destes actores que exercem uma profissão que, sendo nobre, não pode ficar condicionada na sua actividade nem ‘algemada’ no seu espírito crítico. O que se passou foi grave aos olhos do Estatuto dos Jornalista e das legis arte desta profissão, não tanto pela substância da entrevista, que não trouxe nada de novo, mas pela circunstância do entrevistado se ter dado ao luxo de vetar a presença de um jornalista do ‘Expresso’. O direito de informar e de ser informado, em suma a liberdade de expressão, mereciam mais respeito de Azeredo Lopes, quer enquanto cidadão, quer, sobretudo, enquanto presidente da Entidade que regula este sector.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que foi politicamente santificada e que pretende ser um poço de pureza ética, não pode dar este mau exemplo. Nesta fotografia, a preto e branco, todos ficaram mal vistos. Ficou mal visto Azeredo Lopes, que, embora tendo direito à palavra, era a última pessoa a ter o direito de escolher os jornalistas que iam fazer a entrevista (só faltou escolher as perguntas). Se já havia dúvidas sobre as qualidades e a eficácia do funcionamento regular desta instituição a que preside Azeredo Lopes, ao recusar falar com um jornalista, demonstrou que não acredita na regulação nem no seu papel. O direito à palavra nada tem que ver com a escolha dos jornalistas para uma entrevista.
A isenção e a independência que deveriam ser salvaguardadas pela ERC, ficaram à porta com o jornalista vetado. Ficou, igualmente, mal vista a jornalista do ‘Expresso’, Rosa Lima, que aceitou fazer o frete imposto pela sua direcção e conduzir a entrevista sozinha, sabendo que o seu colega de profissão, tinha sido ‘escorraçado’. Seria bom, antes de mais, ler o seu Código Deontológico, para ver se andou bem e se não foram violados os mandamentos da sua profissão. Também ficou mal visto o ‘Expresso’ que, com uma justificação irresponsável e absurda, aceitou fazer este ‘servicinho’. No fundo, o ‘Expresso’, Azeredo Lopes e Rosa Lima estão bem uns para os outros.
Bom Ano a todos os leitores.”

Artigo de Rui Rangel, Juiz desembargador, em Jornal Correio da Manhã de 31 Dezembro 2008

Sobre este lamentável caso, do site gestor de conteúdos IN VITRUS, colhemos a seguinte informação:

A entrevista ao presidente da Reguladora da Comunicação Social tem um enredo que, em nome da transparência para com os leitores, deve ser contado.
1.A ideia da entrevista foi sugerida pelo assessor de comunicação da ERC e aceite pela direcção do Expresso, que designou para a tarefa os dois jornalistas que habitualmente fazem a cobertura desta área: Humberto Costa (HC) e Rosa Pedroso Lima. A entrevista decorreria sem limite de temas ou de tempo.
2.Depois de marcada e designados os jornalistas, o mesmo assessor de imprensa comunicou que a entrevista não se realizaria caso HC nela participasse.
3.O Expresso repudiou a ideia de que o entrevistado pudesse escolher os entrevistadores. Mas, num acordo entre os jornalistas envolvidos e a direcção, foi decidido fazer uma contra-proposta à ERC, dando-lhe a possibilidade de a entrevista ser realizada sem HC (e com a prévia aceitação deste jornalista) desde que começasse precisamente por confrontar o presidente da Reguladora com esta atitude e com a sua adequação a alguém que, precisamente, tem para com a Comunicação Social deveres de isenção e imparcialidade. Só nestes termos o Expresso aceitou este trabalho, considerando que desta forma se garantia o dever de informar e de ser informado.
4.A entrevista decorreu como combinado. Durou mais de duas horas, numa conversa viva, por vezes acesa.
5.O presidente da ERC, porém, não conseguiu explicar com base em factos qual o motivo da exclusão de HC, cujas notícias nunca sofreram qualquer desmentido por parte da ERC ou de qualquer dos seus membros.
6.O presidente da ERC sustentou a sua atitude no facto de o jornal ser "sistematicamente hostil à ERC", apesar de reconhecer que nunca lhe fora "negado espaço no Expresso" em artigos de opinião. Afirmou ainda que "não existiu (no Expresso) nenhuma notícia neutra" em relação àquele organismo e que considera legítimo recusar falar com um jornalista, pois tem "o direito à palavra, o que significa que falo com quem quero".
7.Deixou claro, aliás, que HC é "o único jornalista em Portugal com quem não falo". E sente que nem o facto de ser detentor de um cargo público - regulador da Comunicação Social - o obriga a mudar de atitude. Admite mesmo que HC e o Expresso possam apresentar queixa à ERC contra o seu presidente, por ter vetado um jornalista e negado o seu acesso à informação. Garante que não participará na discussão deste assunto.
Nota da Direcção
Neutro?
Azeredo Lopes acusa o Expresso, entre outras coisas, de falta de neutralidade no tratamento da ERC. Mas acrescenta que nunca a ele lhe foi negado espaço para contrapor e responder. É, precisamente, por reconhecermos que podemos cometer erros que damos, com todo o gosto, espaço a Azeredo Lopes. E cremos que a independência do jornal (que é diferente da neutralidade) fica assim assegurada e manifesta, ao contrário do que pensa o responsável pela regulação dos jornais. Um jornal plural como o Expresso há-de ter diferentes opiniões, incluindo a do presidente da ERC a quem excepcionalmente permitimos o veto a um entrevistador. O que não há-de ter é a neutralidade química que Azeredo reivindica. Porque a exigida neutralidade (mesurável, segundo afirma) é uma outra forma de alguém exterior ao jornal decidir o que nele se publica. E isso tem um nome que todos sabemos qual é.
Texto publicado na edição impressa do Expresso de 20 de Dezembro.

O Decreto dos Milhões

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O ANO 2008 acabou bem, e o 2009 que agora começa promete muito mais, mas tal como anteriormente, apenas e só para alguns. Senão, vejamos:
O actual primeiro-ministro Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, o tal “menino de ouro do PS”, achou por bem entrar em concorrência directa com os Jogos da Santa Casa, e também está na disposição de começar a distribuir muitos milhões, pelos felizes contemplados do costume. Isto tudo porque um recente decreto aprovado no conselho de ministros de 30 de Dezembro, reza o seguinte:

“O regime excepcional agora aprovado vigorará em 2009 e 2010 e, no essencial, prevê:(i) A possibilidade de ser escolhido o procedimento de ajuste directo, no âmbito de empreitadas de obras públicas, para contratos com valor até 5 150 000 euros e, no âmbito da aquisição ou locação de bens móveis ou da aquisição de serviços, para contratos com valor até 206 000 euros;(ii) A redução global dos prazos dos procedimentos relativos a concursos limitados por prévia qualificação e a procedimentos de negociação de 103 dias para 41 dias, ou de 96 para 36 dias quando o anúncio seja preparado e enviado por meios electrónicos.”

Segundo informa a agência Lusa, diz o Governo que se trata de um conjunto de medidas adoptadas com carácter de urgência no âmbito da “Iniciativa para o Investimento e Emprego” adoptada pelo executivo no Conselho de Ministros do passado dia 13.Com a aprovação do diploma, passará a haver maior “flexibilidade” na concretização de investimentos para a modernização de escolas, energia sustentável, modernização de infra-estruturas tecnológicas (redes de banda larga de nova geração), apoio especial à actividade económica, exportações e pequenas e médias empresas, assim como para apoio ao emprego. No final do Conselho de Ministros, o secretário de Estado da Presidência, com a sua lábia habitual, referiu que o diploma “visa uma mais rápida execução dos investimentos públicos considerados prioritários”.
Enfim, tudo conversa da treta, de alto gabarito. Se nas adjudicações sujeitas a concurso pública, já acontecem os ardis e episódios mais incríveis, para que o serviço seja entregue à entidade menos recomendável (mas mais amigável), imaginemos o que se irá passar daqui para a frente. O limite de 5,15 milhões de euros não é uma quantia insignificante; corresponde em moeda antiga a qualquer coisa como 1 milhão e trinta e dois mil contos.
Subjacente a esta medida pulsa muito favorecimento, muito frete, muito amiguismo, muita corrupção, muita falta de vergonha, senão mesmo financiamento encapotado de partidos, que se tenta dissimular com a pretensa necessidade de “uma maior flexibilidade e uma mais rápida execução dos investimentos públicos considerados prioritários”, como o afirmou o inefável e intraduzível secretário de estado da Presidência. Tal como é sugerido no blog “Blasfémias”, “face a este descaramento, pergunto se não será mais idóneo começarmos a pagar os nossos impostos directamente às construtoras em vez de ao presente intermediário governamental.”

terça-feira, janeiro 06, 2009

Conversas com o "Menino de Ouro"

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PINTO DE SOUSA, também conhecido por José Sócrates, "Menino de Ouro" para os amigos, deu uma entrevista à SIC, para falar sobre a governação.
Reconheceu que iremos entrar em recessão, que vai rever as previsões para o desemprego e crescimento, o que significa avançar já com rectificações ao Orçamento de Estado recém aprovado, mas continua a insistir que as grandes dificuldades com que nos iremos deparar neste ano de 2009 resultam dos efeitos da crise internacional, e não do aprofundamento e agravamento da crise nacional que já estava implantada há muito no nosso tecido económico.
Desvalorizou as divergências com o Presidente da República e teceu rasgados elogios ao seu programa de investimentos para colmatar os efeitos da crise, os quais se resumem a salvar da falência bancos pouco recomendáveis, impermeabilizar o país com mais cimento e asfalto, construir um novo aeroporto e ir para a frente com um TGV de dimensões estratosféricas, onde os principais beneficiários serão os grandes construtores, e onde os resultados de combate ao desemprego serão reduzidos, dado que aquele sector recruta preferencialmente a mão-de-obra imigrante. Quanto a investimentos em recursos produtivos, pouco ou nada há, tal como é total a sua despreocupação, quando lhe falam do insustentável endividamento externo, continuando também por explicar as disparatadas declarações do Ministro da Economia, quando afirmou há meses que a crise tinha acabado, e as do Ministro das Finanças que, em cima da crise financeira mundial, garantiu que o sistema financeiro português estava de boa saúde e não necessitava de ser intervencionado pelo Estado.
À mistura com os habituais tiques de autoritarismo e obstinação, e o facto de não gostar de ser contraditado e contrariado, Pinto de Sousa continuou a exibir muito jogo de cintura e socorreu-se da repetição exaustiva dos chavões sobre a obra feita, a redução do défice, da coragem e determinação com que enfrentou a urgência de reformas, tudo isso para fugir às muitas perguntas incómodas, colocadas pelos entrevistadores.
Sobre o problema da avaliação de desempenho dos professores, chegou mesmo a afirmar que a inexistência de um modelo credível era a causa principal do endémico e precoce abandono escolar, querendo dar a entender que esse abandono tinha como causa a má qualidade do ensino prestado pelos docentes, quando a causa desse fenómeno é bem diferente.
Na parte final da entrevista transfigurou-se. Afivelou o ar cândido de quem não parte um prato, disse que continua a contar com Manuel Alegre nas fileiras deste PS, que como ele diz é o “partido do povo de esquerda e não de vanguardas e elites”, espera vir a ser reeleito secretário-geral do PS e novamente primeiro-ministro, e para o efeito avançou com um pedido de maioria absoluta nas próximas eleições legislativas. Está no seu direito, assim como os eleitores estão no seu direito de não lha concederem.