V
Respeitando a disciplina partidária, que é uma coisa bonita de se ver, menos quando estão em causa direitos humanos e atropelos à soberania nacional, o PS vai votar contra a proposta do PCP, para a constituição de uma comissão de inquérito parlamentar destinada a averiguar sobre a veracidade dos alegados voos da CIA, que teriam escalado território nacional, com detidos acusados de terrorismo. A referida proposta foi considerada “inoportuna”, dado continuar a haver desconhecimento total, por parte das autoridades, da existência de “indícios de algo ilegal ou inconstitucional”. Na verdade, o que o governo e o grupo parlamentar do PS têm tentado fazer é evitar o rompimento da cortina de silêncio que se organizou à volta daqueles voos, contrariando a posição de abertura, que a generalidade dos países europeus adoptou sobre o assunto. A única voz dissonante tem sido a da deputada europeia Ana Gomes, a qual numa recente visita aos Açores, recolheu depoimentos de pessoas que assistiram, na base aérea das Lages, ao embarque e desembarque de grupos de prisioneiros agrilhoados. Tal como ela diz, é urgente que seja levada a cabo “uma investigação governamental, parlamentar ou judicial que dê garantias de protecção contra qualquer tipo de represálias às testemunhas. Garantias que eu [Ana Gomes], obviamente, não posso dar - e por isso não devo revelar as minhas fontes, deixando-as desprotegidas.”
O governo, convencido que anda a fazer um grande serviço aos amigos americanos, esquece-se que, de facto, anda a fazer, dentro e fora do país, uma ridícula figura de lorpa.
Respeitando a disciplina partidária, que é uma coisa bonita de se ver, menos quando estão em causa direitos humanos e atropelos à soberania nacional, o PS vai votar contra a proposta do PCP, para a constituição de uma comissão de inquérito parlamentar destinada a averiguar sobre a veracidade dos alegados voos da CIA, que teriam escalado território nacional, com detidos acusados de terrorismo. A referida proposta foi considerada “inoportuna”, dado continuar a haver desconhecimento total, por parte das autoridades, da existência de “indícios de algo ilegal ou inconstitucional”. Na verdade, o que o governo e o grupo parlamentar do PS têm tentado fazer é evitar o rompimento da cortina de silêncio que se organizou à volta daqueles voos, contrariando a posição de abertura, que a generalidade dos países europeus adoptou sobre o assunto. A única voz dissonante tem sido a da deputada europeia Ana Gomes, a qual numa recente visita aos Açores, recolheu depoimentos de pessoas que assistiram, na base aérea das Lages, ao embarque e desembarque de grupos de prisioneiros agrilhoados. Tal como ela diz, é urgente que seja levada a cabo “uma investigação governamental, parlamentar ou judicial que dê garantias de protecção contra qualquer tipo de represálias às testemunhas. Garantias que eu [Ana Gomes], obviamente, não posso dar - e por isso não devo revelar as minhas fontes, deixando-as desprotegidas.”
O governo, convencido que anda a fazer um grande serviço aos amigos americanos, esquece-se que, de facto, anda a fazer, dentro e fora do país, uma ridícula figura de lorpa.
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