sexta-feira, janeiro 23, 2009

Caso Freeport (Acto 1)

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PINTO DE SOUSA, também conhecido por José Sócrates, à época ministro do Ambiente de António Guterres, foi co-autor de um despacho, assinado três dias antes das eleições de 2002, que reduziu a área da Zona Protegida do Estuário do Tejo, viabilizando a construção do empreendimento Freeport de Alcochete. Entretanto, havendo suspeitas de ter ocorrido tráfico de influências, actos de favorecimento e corrupção, a Polícia Judiciária iniciou uma investigação que acabou a ganhar ramificações com a “Operação Furacão”, e se estendeu até à actualidade.Ontem, o primeiro ministro num intervalo da cimeira entre Portugal e Espanha em Zamora, comentando as buscas ordenadas pelo Ministério Público e que a Polícia Judiciária levou a cabo, coadjuvada por um juiz - e que visaram um tio do primeiro-ministro, escritórios de arquitectos e advogados envolvidos no caso - fez questão de voltar a demarcar-se das investigações e recordar que o caso teve uma primeira versão aquando das eleições de 2005, sublinhando que o caso “volta agora [em 2009] quando vão novamente ser disputadas eleições". Fica no ar a ideia de os investigadores seriam sensíveis à proximidade das eleições para retomarem o caso. Deixo aqui uma pergunta: com esta evocação, será que o primeiro-ministro quis lançar suspeitas sobre a oportunidade ou lisura de tais diligências do Ministério Público e da Polícia Judiciária, deixando no ar a ideia de que estariam a soldo de alguém com malévolas intenções? Fico a aguardar os desenvolvimentos deste caso.

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