terça-feira, janeiro 20, 2009

Os Irmãos Metralha

.
EM 30 DE DEZEMBRO de 2007 (já lá vai mais de um ano), entre outros considerandos que teci sobre a actividade governativa, disse, com um claro acento jocoso, que sem pretender obscurecer a persistência e combatividade do primeiro-ministro, era de toda a justiça louvar a excepcional qualidade dos seus ministros, pois se não o fizéssemos, correríamos o risco de praticar a mais ignóbil das injustiças, isto é, deixar na penumbra as excelsas qualidades e competências daqueles actores governativos, tantas vezes vilipendiados e incompreendidos, que por obras e actos valorosos em prol da democracia e do bem-estar do povo, mereciam (e continuam a merecer) serem referenciados e citados nos futuros manuais da boa governação. Por falta de espaço e não por vontade própria, referi apenas os mais notáveis, tais como Correia de Campos (que entretanto foi tratar da vidinha), Maria de Lurdes Rodrigues (a falsa anarquista), Mário Lino (o desencravador de fotocopiadoras), Rui Pereira (o robocop), Manuel Pinho (o 2+2=22) e Mariano Gago (o homem invisível), tudo gente que dando o peito às balas, mais se destacaram nesta legislatura, marcando-a de forma inolvidável, mudando o rosto do país e as estatísticas da União Europeia.
Passou um ano sobre estas considerações, e certo, certo, é que o país mudou, muito embora para pior. À lista poderia agora acrescentar outros nomes, como os secretários de estado Valter Lemos e Jorge Pedreira (Dupont e Dupont), e um certo Castilho dos Santos (o exterminador implacável), secretário de estado da administração pública, o tal que achou por bem ameaçar que os "trabalhadores, serviços e dirigentes que não estejam com a reforma serão trucidados", e que, apesar de tudo, continua a “ir a despacho” e a pavonear-se alegremente pelos corredores ministeriais. Porém, no topo da pirâmide, alinha-se a socretíssima trindade constituída por Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates, Augusto Santos Silva e Pedro Silva Pereira, coadjuvados pelo amanuense Victor Constâncio (com doutorais aparições quinzenais), os quais se comportam como uma espécie de “irmãos metralha” em versão lusa, bem paga, bem vestida e bem barbeada, que em vez de tentarem cobrar do “tio patinhas”, escolheram o povo trabalhador como primeiríssima fonte de receita para as suas políticas “socialistas, modernas, moderadas e populares”. Quanto ao “avô metralha” Teixeira dos Santos cabe-lhe o papel de se desdobrar em lamentações, justificações e contradições. Avatares pseudo-políticos empoleirados no topo da pirâmide, eles são a cereja em cima do bolo de uma ideia que não é nova, funciona na perfeição e é a seguinte: para o primeiro-ministro Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates (o animal feroz e chefe do bando), tanto lhe faz que a chefia dos ministérios esteja a cargo de A, B, C ou D, seja competente ou não, porque quem traça o caminho é ele, as opiniões dos outros são acessórias ou irrelevantes, e o que ele necessita é que para cada área de governação haja alguém que se disponha a ficar na linha da frente, debaixo de fogo, funcionando como amortecedor e escudo protector da sua sublime pessoa. A ele cabe-lhe o papel para o qual se encontra verdadeiramente vocacionado, isto é, andar a impingir o “magalhães” a torto e a direito, não cumprir promessas nem pagar as contas do estado, ser o cabeça de cartaz da propaganda política, bem iluminada, bem oleada e encenada, destinada a adormecer o eleitorado e a ocultar as verdades e as evidências. Para compor o quadro, deleita-se a escutar as “Janeiras” cantaroladas pelos “Meninos da Luz”.
Portanto, bater nos anões ministróides é tarefa inútil, condenada ao fracasso, uma pura perda de tempo. Não têm ideias, não argumentam, não ripostam, passam de largo com ar austero e convencido, sem prestarem declarações, à espera que a missão termine depressa e sejam contemplados com um “tacho” a preceito, na constelação de institutos e empresas públicas, onde possam facturar tranquilamente. Resumindo: não têm coluna vertebral. Tal como diz Baptista Bastos “é impossível ver qualquer membro deste Governo sem ser assaltado por uma repugnância visceral. O carácter desta gente é inexistente… há um ranço salazarista nesta gente. E, com a passagem dos dias, cada vez mais se me acentua a ideia de que a saída só reside na cultura da revolta.”
Eis em traços largos o tal “socialismo moderno, moderado e popular, avesso a vanguardas e elites ”, recheado de truques e mentiras propagadas pelo “menino de ouro do PS”, o líder dos “metralhas”, risonho, bem nutrido e encadernado. A mim não me vai ludibriar com juras de viragem à esquerda, e a minha promessa fica desde já aqui feita: até às eleições legislativas, pode ter garantido que também lhe vou cantar as “Janeiras”, embora de uma maneira muito especial.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que a sua tinta não se esgote, pois havemos de por cá passar mais vezes!