terça-feira, setembro 26, 2006

O Lobo Mau

O
O meu amigo C.N., com a sua perseverante argúcia, descobriu e deu-me a conhecer uma intervenção pronunciada por Cristovam Buarque, doutor em economia, professor da Universidade de Brasília e político brasileiro, que considero vital para a compreensão das vantagens do “admirável mundo novo”, que nos querem coagir a aceitar. O debate que originou tal intervenção, ocorreu em Setembro de 2000, nas salas de convenções do Hotel Hilton, em Nova York, durante o State of The World Fórum. Não resisti a transcrever a dita intervenção e a rematá-la com um curto comentário:
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"Durante debate em uma Universidade, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Foi a primeira vez que um interveniente na discussão determinou a óptica humanista como o ponto de partida para uma resposta minha.
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De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.
Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade.
Se a Amazónia, sob uma óptica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso património da Humanidade.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o pais onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa.
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Cristovam Buarque"
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Esta exemplar intervenção do Cristovam Buarque faz-me lembrar a velha história do lobo mau que andava de olho na menina do capuchinho vermelho, à espera de uma oportunidade para lhe deitar a unha. Acabou deitado na cama da avozinha da menina do capuchinho, simulando estar muito adoentado e combalido, para conseguir aprisionar aquele apetecível naco de carne tenrinha. Quando quem sugere ou exige a internacionalização de certos patrimónios em risco, por força da ganância ou da incúria, e que são considerados essenciais para o equilíbrio e bem-estar de toda a humanidade, vestindo a pele de guardião da civilização, mas na realidade é o maior predador de recursos naturais e o maior poluidor ambiental à escala planetária, é chegada a altura de chamar os protagonistas pelos seus nomes, pô-los no seu devido lugar e conhecer as regras do seu jogo, afinal o jogo dos lobos maus. Se aceitarmos as regras deles, somos crismados de humanistas, se não o aceitarmos somos apelidados de terroristas. Os E.U.A., esses novos senhores do mundo, na verdade, desprezam tudo o que é obstáculo à sua dominação, mas também sabem que é necessário vestir amiúde a pele da menina do capuchinho vermelho, para que o lobo que são, possa ferrar o dente, mais à vontade, no corpo dos incautos. É assim que, recentemente amparados a causas nobres, travestidas de boas intenções e embrulhadas em falinhas mansas, querem propagar um novo tipo de servidão: Querem que os pobres e fracos, a troco de nada, se despojem de tudo, para garantir o poder e elevar bem alto a glória dos fortes.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Nove Interrogações

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Há cinco anos atrás, mais exactamente em Outubro de 2001, quando a poeira do World Trade Center ainda não tinha assentado, e tudo ainda estava demasiado quente e carregado de emotividade, discordei que a Diana Andringa houvesse colocado, com a frieza e determinação que lhe conhecemos, a hipótese de que os atentados do 11 de Setembro, houvessem sido obra do próprio governo americano, para assim passar a existir um pretexto para ser desencadeada a guerra contra o Afeganistão. Disse eu nessa altura que caso a Diana tivesse razão nas suas afirmações, estaríamos todos a ser vítimas do maior embuste da história, perpetrado nas nossas barbas, com uma insolência e desfaçatez desconcertantes, o que me parecia excessivo, ao passo que se estivesse errada, com a elucubração de tais teorias, estaria a dar uma excelente camuflagem, para não dizer cobertura, ao terrorismo internacional.
Alguns meses depois, em Maio de 2002, abordei algumas questões, que de uma forma ou outra, se relacionavam com o 11 de Setembro, tais como a célebre disseminação de anthraz através do correio e encomendas postais, acontecimento que além de esquecido, nunca foi cabalmente esclarecido pelas autoridades americanas, já que nunca se soube se tinha origem no mesmo círculo islâmico de suicidas, que houvera desencadeado o ataque às Torres Gémeas e ao Pentágono, ou se estávamos em presença de algum grupo local que aproveitando a instabilidade do momento, resolveu espalhar também a sua dose de terror.
Veio depois a incrível história de uma missiva em árabe, que teria sido escrita por um dos presumíveis líderes terroristas, na qual ele exaltava os seus companheiros a não vacilarem perante o martírio, e que foi “milagrosamente” pescada em perfeito estado de conservação, no meio das colossais pirâmides de destroços fumegantes e da incomensurável sopa de detritos do Gound Zero, onde encontrar os restos mortais de milhares de vítimas foi um perfeito quebra cabeças. O que se estava a querer provar com o aparecimento deste singelo documento? Reforçar ou desfazer dúvidas de que os sequestradores-suicidas eram mesmo árabes?
Finalmente, foi a vez de toda a gente ficar atónita (e o GW Bush enfureceu-se sobremaneira com tal facto) quando veio a público, alguns meses após o 11 de Setembro, a notícia de uma inexplicável autorização de permanência, concedida pelos serviços de emigração americanos, a um tal Mohamed Atta, nem mais nem menos do que o líder dos terroristas-suicidas que levaram a cabo o atentado às Torres Gémeas. Afinal, o que é que o estado americano andou a fazer, antes e depois dos ataques do 11 de Setembro, para que deixasse passar esta tão incrível quão ridícula gaffe?
De lá para cá começaram a proliferar as chamadas teorias da conspiração, umas mais consistentes e credíveis do que outras, mas todas elas preocupadas em contradizerem a versão oficial dos acontecimentos, afincadamente propalada e sustentada pela Casa Branca, isto é, de que os E.U.A. haviam sofrido um ataque de terroristas islâmicos, sob as ordens e coordenação da Al-Kaeda do saudita Osama Bin Laden. Para este surto contribuiu, sobremaneira, o descrédito que se começou a apoderar das opiniões públicas, quando se começaram a acumular suspeitas, mais que fundadas, de que a administração Bush, empenhada em proceder à invasão do Iraque, baseava-se num lote de simulações e mentiras, para sustentar a tese de que o regime de Saddam Hussein, além de manter relações estreitas com o terrorismo islâmico, era detentor de um poderoso arsenal de armas de destruição maciça.
Podemos não discordar das versões oficiais, podemos não simpatizar com as chamadas "teorias da conspiração" (algumas verdadeiramente mirabolantes, diga-se de passagem), podemos até não ter opinião, mas o que é um facto é que, relativamente ao 11 de Setembro, tal como aconteceu com o assassínios de J.F.Kennedy, Robert Kennedy e Martin Luther King Jr., há muitas perguntas que ainda continuam sem resposta. Relacionadas com o 11 de Setembro de 2001, eis algumas que deixo para reflexão:
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Um - Em 24 de Julho de 2001, Osama bin Laden, procurado pelos Estados Unidos desde 1998, por ser o suposto mentor/autor de vários atentados terroristas, entre os quais o do USS Cole, recebe tratamento médico no hospital americano no Dubai, além da visita de um chefe local da CIA. Afinal, Osama Bin Laden, era amigo ou inimigo?
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Dois - Em 6 de Setembro, seis semanas antes do 11 de Setembro de 2001, Larry A. Silverstein, que já era dono do WTC 7, contrata um seguro no valor de 3.2 mil milhões de dólares, com a duração de 99 anos, para todo o complexo do WTC. Incluído no seguro está uma cobertura no valor de 3,5 mil milhões de dólares, cobrindo especificamente actos de terrorismo. Coincidência, premonição, ou informação priveligiada sobre o que estava na forja?
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Três - Em vésperas dos atentados de 11 de Setembro, tiveram lugar transacções especulativas com acções da companhia American Airlines, uma das transportadoras aéreas atingidas pelos atentados. Foi apenas coincidência ou ocorreu um delito financeiro, baseado no conhecimento de informação previligiada, de que os atentados iriam ocorrer com o envolvimento de aeronaves da AA?
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Quatro - Em 10 de Setembro a Newsweek noticiou que uns quantos altos oficiais do Pentágono cancelaram os seus planos de voo para a manhã seguinte. O Presidente da Câmara de São Francisco, Willie Brown, teria recebido uma chamada telefónica a avisá-lo para não voar na manhã seguinte, tendo a Pacifica Radio revelado mais tarde que este telefonema foi efectuado pessoalmente pela Conselheira Nacional de Segurança, Condoleezza Rice. Toda aquela gente tinha um dedo que adivinhava, ou será mesmo que os amigos são para as ocasiões?
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Cinco - Infeliz coincidência ou situação previamente montada, porque motivo no dia 11 de Setembro de 2001 a quase totalidade da Força Aérea dos Estados Unidos se encontrava envolvida em “exercícios”, não estando disponíveis caças para procederem à intercepção dos aviões dados como sequestrados, chegando-se ao ponto de os próprios controladores aéreos, quando confrontados com as mudanças de rota e o silêncio rádio dos aviões sequestrados, não saberem se estavam perante um vulgar exercício militar ou acontecimentos reais?
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Seis - Fruto de incompetência ou deliberada negligência, porque razão a NSA, o FBI e a CIA, apesar de terem recebido avisos das mais variadas proveniências, da eminência de possíveis atentados, deixaram os futuros sequestradores chegar tão longe nos seus objectivos, quando os traziam sob apertado controle, monitorizando as suas deslocações, actividades e contactos, sabendo que eles andavam a frequentar escolas de pilotagem e tinham acesso a sofisticados simuladores de aviões comerciais?
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Sete - Aquando da ocorrência dos atentados, Condoleezza Rice, na altura Conselheira de Segurança Nacional, afirmou que "não acho que alguém conseguisse prever que estas pessoas iriam sequestrar um avião e fazê-lo embater contra o World Trade Center". Por seu turno, enquanto que Donald Rumsfeld, Secretário de Defesa, afirmava que "houve imensos avisos", Ari Fleischer, Secretário de Imprensa, garantia que "não houve avisos" de que os atentados iriam ocorrer. Acrescente-se que estas afirmações foram produzidas por pessoas pertencentes ao núcleo da administração Bush, estando naturalmente muito bem informadas. O facto de se contradizerem, quererá significar que houve “descoordenação”, declarações produzidas de “ânimo leve”, ou será que alguém estava a mentir deliberadamente?
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Oito - Qual a justificação para que o edifício WTC 7, localizado a 90 metros da Torre Norte, e que não foi embatido por nenhum dos aviões suicidas, haja colapsado da mesma forma que as duas Torres Gémeas, elas sim, vítimas de impactos directos das aeronaves?
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Nove - Algumas das peças encontradas entre os destroços do Pentágono, não pertencem a qualquer Boing 757, mas foram identificadas, por técnicos habilitados, como pertencendo a um outro tipo de avião, neste caso o A3 SkyWarrior, aparelho militar que costuma ser utilizado pela força aérea dos EUA, em missões não tripuladas, comandadas através de controlo remoto. A configuração e as medidas dos estragos provocados nas paredes do Pentágono, não são compatíveis com as dimensões de uma aeronave de tipo Boeing 757. Alguém consegue explicar estas incoerências?
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O governo dos EUA (e não apenas ele) não tem qualquer pudor em mentir deliberadamente, sempre que a verdade ou o silêncio não satisfaz os seus objectivos. Teve o arrojo de espalhar aos quatro ventos que o Saddam era detentor de armas de destruição maciça, e isso serviu de pretexto para invadir o Iraque, quando de facto, essas armas nunca foram encontradas. Mais recentemente, perante as múltiplas acusações internacionais, jurou e negou que a CIA andasse a distribuir suspeitos de terrorismo, por vários centros de detenção, fora do território dos EUA, onde os interrogatórios eram levados a cabo com a prática de torturas, prática essa que de tão “corrente”, até passou a estar “regulamentada”, para que os respeitáveis “direitos “humanos” não se sintam muito ofendidos.
Por isso, não somos incautos ao ponto de considerar que as teorias da conspiração não passam de balelas sem qualquer fundamento, nem somos ingénuos ao ponto de admitir que a administração Bush (coadjuvada por alguns notórios malfeitores) está inocente em todo este processo do 11 de Setembro. A bem da justiça e da verdade, e por respeito com TODAS as vítimas, não só do 11 de Setembro, mas de todas as infâmias praticadas por esse mundo fora, pelo terrorismo e à sombra do seu combate, era bom que as nove perguntas atrás formuladas, fossem cabalmente respondidas.