Transcrevo algumas passagens do comunicado do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, de 14 de Junho, a propósito do momento de crise que a sociedade portuguesa atravessa, onde entre algumas palavras supostamente pias, o povinho é aconselhado a ter juizinho, a portar-se bem, a recorrer à caridadezinha e a aceitar, obedientemente, com paciência bovina, sem barafustar nem estrebuchar, as dietas forçadas e outras provações que vêm a caminho, impostas pela troika e pelo novo governo, actuando sob inspiração divina. Lamentável! Os mercados, o grande capital e os superiores interesses da alta finança, agradecem, reconhecidos, esta prestimosa ajuda da santa igreja portuguesa.
A totalidade do documento pode ser consultado AQUI.
«(...) A prioridade do “bem-comum” de toda a sociedade sobre interesses individuais e grupais é um dos pilares da doutrina da Igreja sobre a sociedade e que pode, neste momento, inspirar as opções governativas. Vamos pôr o bem da sociedade em primeiro lugar. Isso exige generosidade de todos na colaboração e aceitação dos caminhos necessários, na partilha de energias e bens, na moderação das opções ideológicas e estratégicas.
(...)
Além de generosidade, este momento exige, de todos os portugueses, grande realismo. A situação diminui a margem, legítima em democracia, para utopias.
(...)
O amor fraterno, com a capacidade de dom, é o valor primordial na construção da sociedade. Sempre, mas de modo especial neste momento que atravessamos, os pobres, os desempregados, os doentes, as pessoas de idade, devem estar na primeira linha do amor dos cristãos.
(...)
Os próximos tempos vão exigir partilha de bens. Mas não é a mesma coisa partilhar generosamente, e ser obrigado a distribuir. Temos de criar um dinamismo coletivo de generosidade e de partilha voluntária, fundamentada no amor à pessoa humana.
(...)»