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quinta-feira, janeiro 16, 2014

Filme Revisitado


Título: As Vidas dos Outros
Título Original: Das Leben der Anderen
Género: Drama
Argumento e Realizador: Florian Henckel von Donnersmarck
Origem: Alemanha
Ano: 2006
Duração: 137 minutos

Apontamento: Lamento de um escritor alemão da ex-RDA, colocado na lista negra de intelectuais dissidentes do regime: «Na minha próxima vida serei um simples autor. Um autor feliz que poderá escrever o que quiser. O que é um encenador se não o deixam encenar? É um projeccionista sem filme, um moleiro sem cereais. Não é nada.»

segunda-feira, dezembro 16, 2013

Uma Verdade Inconveniente


Título: Hannah Arendt

Realizadora: Margarethe von Trotta
Argumento: Pam Katz e Margarethe von Trotta
Ano: 2012
Duração: 113 minutos
Principais Actores: Barbara Sukowa, Axel Milberg, Janet McTeer

Meu comentário - Reconstituição biográfica da filósofa judia alemã, Hannah Arendt, fugida de um campo de concentração nazi, e depois naturalizada americana. Em 1960, ao serviço da revista NEW YORKER, deslocou-se a Jerusalém, com a incumbência de cobrir o julgamento do criminoso de guerra Adolf Eichmann, raptado pelo Mossad na Argentina, país onde se acoitara. E o que viu no banco dos réus, em vez de um monstro, um criminoso sanguinário, foi apenas um burocrata que aproveitando os ventos que o ascendente regime nazi lhe proporcionava, queria mostrar do que era capaz, agradar aos chefes e subir na vida. Hannah Arendt viu nele um vulgar zé-ninguém, desprovido de sensibilidade e capacidade de reflexão, cumprindo ordens sem questionar, que sentado a uma secretária, e apenas preocupado em apresentar serviço, com competência e eficácia, tanto enviava vagões carregados de judeus para as câmaras de gás, como podia ter sido posto a despachar munições e peças sobresselentes para as frentes de combate. Estas conclusões de Hannah Arendt escandalizaram as organizações judaicas que a consideraram uma inimiga do povo judaico, e viram nesta conclusão uma traição aos seis milhões de mortos do Holocausto. Na verdade, Hannah Arendt apenas encontrou uma prova para a sua tese da "banalidade do mal" , segundo a qual as monstruosidades são geradas pelos regimes políticos, e as pessoas comuns limitam-se a deixar-se inquinar, incorporando as ideias e os inimigos de ocasião que o sistema constrói, empenhando-se na guerra que é preciso mover-lhes. O mal reside nos homens de "mãos limpas" que concebem e engendram sistemas monstruosos, que geram miséria, desgraça e morte, deixando a sua execução para os homens vulgares, sedentos de apresentar serviço, progredir na função, no aparelho do regime, singrar na vida e na escala social. Não devemos esquecer que os próprios relatórios das deportações, que alimentavam a indústria de extermínio nazi eram meticulosamente processados pela multinacional IBM, que se aproveitava do negócio e fechava os olhos a todo o resto. É estarrecedora a dissertação de Hannah Arendt no anfiteatro da universidade onde defendeu o seu ponto de vista, que nada tinha a ver com traição ao povo judeu ou desculpabilização do nazismo e do seu colossal programa de extermínio. Todo o ruído produzido era apenas consequência de ela defender uma verdade inconveniente. A sua reflexão sobre a natureza do mal convenceu uns, mas outros nem por isso. Se olharmos para os tempos que correm, a sua tese manifesta-se válida, certeira e explica muita coisa do que está acontecer.

domingo, maio 26, 2013

Grandes Mestres, Grandes Filmes


«Conheci um homem que era cego de nascença e que aos 40 anos fez uma operação e começou a ver. Primeiro ficou eufórico, muito extasiado. Viu rostos, cores, paisagens, mas depois tudo começou a mudar. O mundo era muito mais pobre do que ele tinha imaginado. Nunca ninguém lhe tinha dito que havia tanta sujidade, tanta fealdade, e ele via coisas abjectas por todo o lado. Quando era cego atravessava a rua sózinho, agarrado a uma bengala, mas agora, depois de recuperar a visão ficou com medo de se aventurar. Três anos depois suicidou-se.»

Monólogo de David Locke (Jack Nicholson) com uma Rapariga (Maria Schneider) no filme "Profissão: Repórter" (Professione: Reporter / The Passenger), de 1975, do realizador Michelangelo Antonioni.

quarta-feira, outubro 24, 2012

O Que Dizem os Filmes


“Grandes coisas têm pequenos começos”

Citação do robot andróide David (Michael Fassbender) no filme Prometheus de Ridley Scott

quarta-feira, setembro 19, 2012

Aprender com os Filmes





«Os juízes servem para fazer justiça, aplicando a lei, só que a lei nem sempre é justa»

Opinião do juiz Philippe, desempenhado pelo actor Philippe Noiret (1930-2006) no filme A Grande Farra (La Grande Bouffe) de 1973, realizado por Marco Ferreri.

sexta-feira, maio 11, 2012

Cinema Recente


Deus da Carnificina (O) – [Carnage] – Realiz. Roman Polansky – 2011
Albert Nobbs – [Albert Nobbs] – Realiz. Rodrigo García - 2011
Habemus Papam - Temos Papa – [Habemus Papam] – Realiz. Nanni Moretti – 2011

Cinema Revisitado


Estrada (A) - [Strada, La] – Realiz. Federico Fellini - 1954
Noite de Iguana (A) - [Night of the Iguana (The)] - Realiz. John Huston - 1964
THX 1138 - [THX 1138] - Realiz. George Lucas - 1971
Barry Lyndon - [Barry Lyndon] - Realiz. Stanley Kubrick - 1975
Portas do Paraíso (As) - [Heaven's Gate] - Realiz. Michael Cimino - 1980
Homem das Estrelas (O) - [Starman] - Realiz. John Carpenter - 1984
Ratos e Homens - [Mice and Men (Of)] - Realiz. Gary Sinise - 1992
Forrest Gump - [Forrest Gump] - Realiz. Robert Zemeckis - 1994
Magnolia - [Magnolia] - Realiz. Paul Thomas Anderson - 1999
Memento - [Memento] - Realiz. Christopher Nolan - 2000
Ensaio Sobre a Cegueira - [Blindness] - Realiz. Fernando Meirelles - 2008

domingo, março 25, 2012

Filmes Pela Noite Dentro – Sangue do Meu Sangue


Título: Sangue do Meu Sangue
Ano: 2011

Realizador: João Canijo
Argumento: João Canijo
Origem: Portugal
Duração: 140 min
Género: Drama 

Actores: Rafael Morais, Nuno Lopes, Rita Blanco, Beatriz Batarda, Fernando Luís, Cleia Almeida, Anabela Moreira, Marcello Urgeghe, Teresa Madruga 

Meu comentário: “Sangue do Meu Sangue” pode apreciar-se em duas versões: uma longa, de 190 minutos, concebida para uma mini-série de 3 episódios, e outra de 140 minutos, destinada às salas de cinema. Vi as duas versões e optei pela segunda.

“Sangue do Meu Sangue” é CINEMA maiúsculo, tanto na forma como no conteúdo. É o retrato de uma família humilde, a viver numa casa acanhada, meio cubículo, meio contentor, de um bairro social da periferia de Lisboa, aprisionado pela vaga dos novos pobres que nele se acolhem, decrépito e problemático, cercado de construção precária e improvisada, destinada a alojar vidas precárias e improvisadas. É o retrato cru deste Portugal do início do século XXI, microcosmos de um velho Portugal, envelhecido e decadente, a coexistir com um novo Portugal, onde o trabalho honesto e esforçado vai vivendo paredes meias com a partilha da escassez, da pobreza, e de todo o tipo de sordidez e criminalidade que lhe anda associada. Tudo é excessivo, desde as vidas, os dramas, as dores, o calão, os diálogos cruzados em ambiente claustrofóbico, onde o ruído persistente se cruza com as sonoridades próprias da inexistência de privacidade, imagem de marca destas bolhas suburbanas. É um filme de mulheres, cada qual com o seu tipo diferente de força, guardiãs de famílias desfocadas, a enfrentar as crueldades e as cores fortes da sua condição. É um filme repleto de arestas vivas deixadas pelas suas personagens, pelos seus ódios e paixões, exactamente iguais às do mundo dito normal, só que numa escala diferente. O trabalho dos actores é extraordinário, a todos cabendo um desempenho excelente. O periclitante cinema português, em contra-ciclo com o que é habitual em tempos de crise, está a dar-nos alegrias, com o trabalho de João Canijo a ocupar lugar de destaque. Se fosse da minha competência atribuir notas, “Sangue do Meu Sangue” merecia 8 numa escala de 10.

segunda-feira, março 12, 2012

Noite de Cinema - Melancolia


Título: Melancolia
Título Original: Melancholia
Ano: 2011

Realizador: Lars von Trier
Argumento: Lars von Trier
Origem: Dinamarca
Duração: 136 min
Género: Drama

Actores: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland, Alexander Skarsgard, Stellan Skarsgard, Jesper Christensen, Charlotte Rampling, John Hurt, Udo Kier, Brady Corbet

Meu comentário: "Melancolia" de Lars von Trier é um filme que rompe com os cânones do filme-catástrofe, e que neste caso - como em muitos outros - é imprópriamente classificado como de ficção científica ou futurológica, e a catástrofe que lhe serve de invólucro, é um acontecimento fatal e de onde não se regressa. Estamos sós, não nos podemos esconder, não há para onde fugir, são palavras do filme. As grutas mágicas que a imaginação pode produzir, são a única forma de escapar, a derradeira fuga possível.

Tudo se passa dentro da bolha de uma imensa e sumptuosa mansão senhorial, sem contacto visível com o resto do mundo. Há um banal copo-de-água, com gente banal em trajes a rigor, que se estende pela noite dentro, destinado a celebrar um casamento, enlace que falha logo naquela noite. A ganância, as ambições, a vaidade, a riqueza, a posse, os projectos, os prazeres, os amores, as confissões adiadas, os ódios, as tristezas, e até os medos, são tralha que vai sendo remetida para um nicho de vacuidade, até se tornarem matéria insignificante e pulverizada por aquilo que há-de vir. Ou como disse Camões: ó glória de mandar, ó vã cobiça / desta vaidade a quem chamamos Fama! / Ó fraudulento gosto, que se atiça / c'ua aura popular, que honra se chama! Os trechos de Tristão e Isolda, de Wagner, são promonitórios do drama que se adivinha.

Depois tudo se resume a quatro personagens, encapsulados numa paisagem que tem tanto de imponente como de claustrofóbica, a conviverem com a visão da aproximação de um planeta errático que executa uma dança de morte com a Terra, até ao impacto final. Naquele insólito e isolado recanto terráqueo não há vestígios de rádio, nem de tv, nem de jornais, apenas um breve contacto telefónico que nada tem a ver com a ameaça do intruso planeta, mais uma brevíssima passagem pela internet, exibindo o quadro e os riscos daquela cósmica aparição. Os cordões umbilicais que habitualmente ligam o espectador à turbulência, ao pânico generalizado, às multidões em fuga, perante uma catástrofe eminente, estão ausentes, não se vislumbrando notícias e outros terrores. O mundo exterior prima pela ausência.

E o filme acaba, tal como o mundo acaba, como se prevê que tal venha a ser, em colapso total, sem um final feliz nem infeliz, com três pessoas de mãos dadas, protegidas por uma simples e metafórica gruta mágica, construída com a matéria prima que só a imaginação e um simples canivete podem produzir. "Melancolia" de Lars von Trier é um filme de antologia, fruto de uma meticulosa e ousada mágoa, e como tudo o que se exige de uma obra de arte, é um tão simples quanto portentoso objecto de reflexão.

quinta-feira, março 08, 2012

A Minha Selecção…


PARA compensar a actual realidade portuguesa, recheada de barbaridades e cabotinices, não há nada como fazer, dia sim, dia não, uma deriva pelas subtilezas da ficção. Além das habituais leituras, também tenho revisitado a prateleira dos filmes. Aqui vão alguns títulos que me voltaram a deliciar. 

Vinhas da Ira (As) - Grapes of Wrath (The) – Realiz. John Ford - (1940)
Doze Homens em Fúria - 12 Angry Men – Realiz. Sidney Lumet (1957)
Noivos Sangrentos - Badlands – Realiz. Terrence Malick (1973)
Voando Sobre Um Ninho de Cucos - One Flew Over the Cuckoo's Nest – Realiz. Milos Forman (1975)
Dersu Uzala - Realiz. Akira Kurosawa (1975)
Brancas Montanhas da Morte (As) - Jeremiah Johnson – Realiz. Sydney Pollack (1977)
Stalker - Realiz. Andrei Tarkovski (1979)
Portas do Paraíso (As) – Heaven’s Gate – Realiz. Michael Cimino (1980)
Império do Sol (O) - Empire of the Sun – Realiz. Steven Spielberg (1987)
Despojos do Dia (Os) - Remains of the Day (The) – Realiz. James Ivory (1993)
Grande Peixe (O) – (Big Fish) – Realiz. Tim Burton (2003)
Leitor (O) - Reader (The) – Realiz. Stephen Daldry (2008)
Revolutionary Road – Realiz. Sam Mendes (2008)

domingo, julho 31, 2011

Aprender com os Filmes (3)

«As pessoas têm sempre medo daquilo que desconhecem»

Dr. Frederick Treves in “O Homem Elefante” (The Elephant Man) de David Lynch, 1980