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domingo, julho 22, 2012

Alegações Finais

José Hermano Saraiva (1919-2012)

CURIOSAMENTE, na véspera do falecimento de José Hermano Saraiva, e a propósito de tirar uma dúvida (a qual não foi satisfeita), consultei a sua brevíssima HISTÓRIA CONCISA DE PORTUGAL, obra que à época da sua publicação, constituiu um notável êxito editorial. Polémico e controverso, Hermano Saraiva deixou boas marcas, como grande comunicador que era, sobretudo como divulgador da História, das terras e das gentes de Portugal, dialogando connosco através de programas de TV (em autêntico serviço público), a par de outras péssimas marcas, não apenas por ter sido um salazarista convicto e irredutível, deputado da União Nacional, procurador à Câmara Corporativa, mas sobretudo por ter sido ministro da Educação entre 1968 e 1970, e nessa qualidade ter conspurcado a Universidade de Coimbra com repressão policial, demissão da direcção da Associação Académica, encerramento da Universidade, prisão e instauração de processos contra os estudantes que, às dezenas, foram incorporados nas Forças Armadas e mobilizados para a guerra colonial, durante a crise académica de 1969.

Embora determinado, persistente e patéticamente coerente, as suas boas e inquestionáveis obras e qualidades, não apagam as imperfeições e condutas intolerantes e pouco aceitáveis, de que nunca se demarcou nem retratou. Que repouse em paz.


Helena Tâmega Cidade Moura (1924-2012)

«Morreu ontem, com 88 anos, e está a ser lembrada, com toda a justiça, como a grande dinamizadora das campanhas de alfabetização a seguir ao 25 de Abril, dirigente do MDP/CDE e deputada à Assembleia da República.

Mas a sua actividade cívica e política não nasceu em 1974. Bem antes, esteve sempre ligada a instituições e iniciativas dos chamados católicos progressistas e afins. Foi presidente do Centro Nacional de Cultura em 1961, subscreveu manifestos importantes, entre os quais refiro, de cor e a título de exemplo, um longo texto de 101 católicos, em 1965, e todos os protestos contra o encerramento da cooperativa Pragma, em 1967. Foi nesse contexto que a conheci.

Era filha do velho professor Hernâni Cidade e cunhada de Francisco Pereira de Moura. E, também, amiga próxima de um conjunto de colegas notáveis que teve no curso de Românicas da Faculdade de Letras de Lisboa: entre outros, Sebastião da Gama, Luís Lindley Cintra, Maria de Lourdes Belchior e David Mourão-Ferreira. Sobreviveu-lhes, até ontem.

Aqui fica esta nota, como homenagem e complemento ao (pouco) que está a ser escrito sobre esta grande senhora.»

Transcrição integral do post de Joana Lopes no seu blog ENTRE AS BRUMAS DA MEMÓRIA, em 21 de Julho de 2012.