segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Cinema a Granel

NA NOITE do passado Sábado, dia 26 de Fevereiro, a RTP2 exibiu o filme “Viúva Rica Solteira Não Fica”, de 2006, da autoria de José Fonseca e Costa, embora o termo mais correcto fosse, despejou o filme a granel para dentro de nossas casas, demonstrando, mais uma vez, o miserabilismo, a falta de profissionalismo e o desprezo que lhe merecem, não só os espectadores, mas também o autor da obra cinematográfica.
Conta-se que, há uns anos atrás, devido ao facto de um projeccionista mais apressado de uma sala de espectáculos, ter amputado a projecção dos créditos finais do filme “A Laranja Mecânica” de Stanley Kubrick, alguém garantiu que esse projeccionista, por esse atrevimento, mais tarde ou mais cedo, iria ter notícias de Kubrick, o qual não tolerava nem deixava passar em branco tais leviandades. Acontece que para a RTP2, pelo vistos, estes e outros “pormenores” também são descartáveis, com a agravante, de que a sala de espectáculos de uma estação televisiva é bem maior, em termos de espectadores, do que qualquer outro espaço tradicional, onde se exiba cinema. Não basta pedir desculpa “devido aos problemas de ordem técnica”, para depois de ser retomada a exibição, se verificar que foi pior a emenda que o soneto.Tenho quase a certeza que José Fonseca e Costa, caso tenha conhecimento do que sucedeu à exibição da sua obra, não deixará de lavrar o seu protesto, pondo aquela gente em sentido, e exigindo uma nova e competente exibição, bem como o respectivo pedido de desculpas, extensivo ao público, o qual merece todo o respeito.

domingo, fevereiro 27, 2011

A Sabida e Proeminente Trindade

Sócrates “o animal feroz”, Pinto Monteiro “a rainha de inglaterra”, e Noronha do Nascimento “o exterminador implacável”, são a mais exuberante troupe de funâmbulos que andam por aí, a semear a desejada confusão, para que o processo Face Oculta, vagueando entre sucatices, fretes, corruptelas e atentados contra o estado de direito, vá ficando em águas de bacalhau, antes de ser definitivamente torrado e comido com batatinhas a murro.

Resumidamente, vamos por partes:

1) O Procurador-Geral da República, senhor Pinto Monteiro, numa entrevista que concedeu ao jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS, manifestou-se convicto de que “há escutas ilegais em Portugal”, tendo alertado os políticos para o facto de não ter “nenhum meio” nem “nenhum poder” para controlar isso, isto é, volta a lamentar-se de que continua a ter os mesmos poderes que a Rainha de Inglaterra;

2) O primeiro-ministro, engenheiro incompleto José Sócrates, questionado na Assembleia da República sobre aquelas declarações de Pinto Monteiro, declarou não ter conhecimento de nenhuma escuta ilegal, tendo adiantado que como já foi vítima de escutas ilegais (o que é mentira), seria o primeiro a agir para que elas não existissem;

3) O lider parlamentar do PSD não ficou satisfeito com estas declarações contraditórias, e quer ouvir o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro no Parlamento, em sessão à porta fechada, sobre o assunto das tais escutas ilegais;

4) Entretanto, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, senhor Noronha do Nascimento, anda a fazer braço de ferro e a tecer ameaças com processos disciplinares, com o juiz Carlos Alexandre, a propósito das escutas residuais do processo Face Oculta, em que intervieram José Sócrates e Armando Vara, tendo determinado, como se detivesse os poderes de um Exterminador Implacável, que aquelas fossem imediatamente destruídas, caso contrário o caldo vai-se entornar. Questionado sobre estes exuberantes poderes que detém, queixou-se de que foram os deputados que aprovaram uma lei que lhe dá tais poderes, sobre as escutas feitas a figuras com altos cargos do Estado, rematando com uma declaração lapidar: “Quando Inês é morta nada a pode ressuscitar”. Só faltou acrescentar: - E que culpa tenho eu de estar vivo?
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Conclusão: Baralhando as cartas, redistribuindo jogo, insinuando coisas, escorropichando aqui, entortando ali, obstruindo acolá, esta inacreditável, sabida e proeminente trindade, continua a vociferar e a reclamar, dizendo que isto é que é o autêntico "estado de direito", com separação de poderes e tudo, onde se faz muito e de tudo, pelas habituais linhas tortas, que estão à vista de todos...

sábado, fevereiro 26, 2011

Buraco Negro

DEFINIÇÃO - Quando uma estrela super massiva esgota o seu combustível, o seu núcleo sofre um violento processo de contracção e concentração, até ficar reduzido a uma fracção de seu tamanho original. Quando isso acontece, naquela região do espaço cósmico, gera-se um campo gravitacional tão forte que começa a sugar toda a matéria que encontra à sua volta, de tal modo que nem mesmo a luz se consegue libertar, daí ter sido atribuído ao fenómeno o nome de Buraco Negro.

Há muitos e variados tipos de Buracos Negros. O último que foi descoberto chama-se Lusitânia:

«O Governo concedeu, em 2009, utilidade pública à Lusitânia, uma associação de municípios e desenvolvimento regional, que gastou mais de 25 milhões em fundos comunitários, públicos e municipais mas que não apresenta contas há cinco anos. A associação existe desde 2002 e vai agora ser extinta. Na prática criou sites na Internet que não funcionam (...)»
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Excerto da notícia publicada pelo DIÁRIO DE NOTÍCIAS de 26 de Janeiro 2011

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Instante

Deixai-me limpo
O ar dos quartos
E liso
O branco das paredes
Deixai-me com as coisas
Fundadas no silêncio

Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, fevereiro 20, 2011

Sócrates e o Manual de Sobrevivência


O “entertainer” Sócrates corre o país a oferecer jantares à “sociedade civil”, isto é, anda a fazer trabalho de manutenção sobre os seus apoiantes, agora que estão à porta as eleições internas no PS, e como qualquer pedregulho que se preze, anda por aí a lançar primeiros calhaus nas obras por fazer, e a inventar outras inaugurações para ter oportunidade de estrear os seus fatinhos, com um colete salva-vidas por baixo, a exercitar a voz e as conversas da treta, porque quer sobreviver a todo o custo. Quando não é a fazer política de direita, é a fazer governação-espectáculo, e pelo caminho vai ajudando a afundar a linha do Tua, mais um episódio do naufrágio a que está a sujeitar o país. Continua delirantemente optimista, e um dos seus próceres, o senhor Ricardo Salgado, presidente do BES, para o ajudar a colorir a farsa, até se permite mandar calar o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, aconselhando-o a ter mais "cuidado e moderação" com o que diz, quando aquele afirma que estamos, de facto, em recessão económica. Entretanto, Passos Coelho adverte, pacatamente, que para já não vai deitar abaixo o governo, que lhe vai dar mais uma oportunidade, que ele tem que entrar nos eixos, porque senão o caldo está entornado. É isto que Sócrates quer ouvir; mais uma voltinha, mais uma viagem, mais um balão de oxigénio, e de peito feito, palavra fácil e pé ligeiro, enfrenta a borrasca, multiplica-se em digressões por esse país fora, todos os dias a pôr o conta-quilómetros a zeros, todos os dias com um novo cenário por trás, indiferente e insensível ao desemprego que vai alastrando, à pobreza que vai grassando e ao desesperos da “geração à rasca”, ao passo que quanto a governar, nada! Pudera! O governo é apenas Sócrates, em versão “one man show” (os ministros só servem para compor a assistência), o qual continua a calcinar tudo à sua volta e a folhear alegremente o manual de sobrevivência, perante a passividade geral. Até o empresário Alexandre Soares dos Santos já diz que Sócrates passa a vida despreocupado, a brincar às escondidas com a calamitosa realidade do país, e a experimentar truques em vez de governar. Já o comendador Joe Berardo, puxa pelos galões e diz que a democracia está podre e admite que a solução possa estar num novo género de ditadura, uma ditadurazinha daquelas mais moles, pois claro… Entretanto, toda a gente continua na expectactiva, a ver onde é que isto vai parar, ou quando é que Sócrates fica encurralado, sem ter para onde fugir.

sábado, fevereiro 19, 2011

À VARA LARGA

ARMANDO Vara parece que andou a experimentar algumas receitas de robalos que lhe deram a volta à tripa, ficou incomodado, coitado, e como tinha pressa para apanhar um avião, foi a um Centro de Saúde de Alvalade, em Lisboa, passou à frente de toda a gente, entrou pelo gabinete da médica e exigiu que esta lhe passasse, de imediato, um atestado médico. Parece que a médica, ainda pestanejou, reagiu à falta de respeito pelos outros doentes, mas acabou por lhe fazer a vontade. Sabe-se lá o que lhe poderia acontecer se não o fizesse… Já estou como diz o camarada Sócrates: não basta ser rico para ser bem-educado…

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Livros que Ando a Ler

“A INQUISIÇÃO - O Reino do Medo”, de Toby Green
Editorial Presença

«(…) A Inquisição, como todas as instituições, uma vez obtido o poder não lhe agradaria perdê-lo. Por isso, poderia fingir horror perante casos de corrupção e suborno, mas os casos eram, em si mesmos, provas do poder da instituição, algo que era apreciado. O poder era demasiado agradável para ser sacrificado no altar da moralidade. Em vez de castigar severamente os malfeitores da casa, era frequente a Inquisição nomeá-los para outra terra, como aconteceu com (M…). Não havia lugar para sentimentos de vergonha; havia uma pequena inconveniência, pois, de facto, a moralidade estava na base de tudo o que a instituição fazia.»

«(…) como é que o inquisidores podiam saber se as informações que sabiam eram exactas? A resposta devia ser que confiavam na capacidade de os aldeões se vigiarem mutuamente, no conhecimento que tinham dos pormenores íntimos sobre os antepassados distantes dos vizinhos ou que, pelo menos, quisessem dar a ideia de que os conheciam. A Península Ibérica tornou-se um ninho de espiões. (…) são vigiados no trabalho e na maneira como vivem com tanta atenção que, se prevaricarem, mesmo que seja no mais insignificante rito cristão, são acusados de heresia e punidos (…) »

Estes são dois excertos do livro “A INQUISIÇÃO - O Reino do Medo”, de Toby Green, publicado pela Editorial Presença, onde é feita uma pormenorizada abordagem da Inquisição Espanhola e Portuguesa, entre a sua instituição, no século XV, e a sua extinção no início do século XIX, e onde se conclui que através do seu prolongado exercício, podemos encontrar a génese de muitos dos instrumentos de dominação que o poder secular tem adoptado. Os medos e recalcamentos de ambas as sociedades, esculpidos por mais de três séculos de tutela da Igreja e dos seus braços purificadores e castradores, a Inquisição e o Santo Ofício, também acabaram por facilitar o caminho às ditaduras de Salazar e Francisco Franco, e replicar muitos dos métodos inquisitoriais a que as polícias políticas PVDE/PIDE/DGS portuguesas e a Brigada Político-Social espanhola recorriam para alimentar de combustível humano os abomináveis Tribunais Plenários portugueses e o Tribunal de Ordem Pública espanhol, entidades repressivas que viviam à custa de um imenso exército secreto de informadores, gente vulgar que era recrutada entre as hostes de simpatizantes dos regimes, e que quantas vezes não eram mais do que o nosso simpático vizinho do lado, familiar, confidente ou colega de trabalho. A Santa Inquisição perseguia, prendia, torturava, garrotava, queimava tudo o que passava pelas mãos, desde judeus, mouros, cristãos-novos, mouriscos, cristãos-velhos menos ortodoxos, intelectuais, as ideias do Reanascimento e do Iluminismo, e os livros, ai os livros, sobretudo os livros, essa praga que se insinuava nos espíritos, a conversar em voz baixinha, espalhando obras do diabo, heresias e outras ideias que inquietavam as gentes. Os regimes, com a lição aprendida, perseguiam e perseguem oposicionistas, sindicalistas, comunistas, e quanto à censura, passavam e passam tudo a pente fino, livros, jornais e até programas de rádio, televisão e cinema. Neste capítulo, a herdeira da Real Mesa Censória do Santo Ofício, foi a Comissão de Censura e Exame Prévio do Estado Novo. Perseguir, aprisionar, ocultar as ideias e instilar o medo e o terror, são as principais funções de todas as instituições repressivas, pertençam elas aos guardiães da fés ou aos regimes políticos.
Quanto ao mal endémico da corrupção, ao nível do aparelho de estado, se quisermos ficar a pensar no assunto, basta que no texto do primeiro excerto, se substitua a palavra Inquisição pela palavra Governo, e teremos transpostas para a actualidade, copiadas a papel químico, as práticas daquela odiosa instituição, que acabaram por ganhar raízes, entre muitos dos (maus) usos e costumes dos povos ibéricos. E ficamos por aqui.
“A INQUISIÇÃO - O Reino do Medo”, de Toby Green, é um livro para se ler, reler e não só.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Vital Moreira enganou-se!


EM 11 de Fevereiro, dizia Vital Moreira no blog CAUSA NOSSA que « (...) a iniciativa bloquista [moção de censura] tem como consequência inevitável um agravamento da pressão dos mercados financeiros sobre o País. A perspectiva de queda do Governo e de abertura de uma crise politica só pode fazer subir os custos da dívida soberana nacional.»
Ora acontece que o espectro da crise política já se dissipou, depois de o PSD e do CDS-PP terem divulgado a sua intenção de não votarem favorávelmente a moção de censura. No entanto, segundo nos diz o jornal PÚBLICO de 16 de Fevereiro, a «pressão dos mercados da dívida sobre Portugal nunca esteve tão elevada na véspera de uma nova emissão. As taxas de juro das Obrigações do Tesouro (OT) a cinco anos dispararam ontem acima dos sete por cento, o recorde desde a criação do euro e, inclusive, desde 1996. Nas outras maturidades mais reduzidas - dois e três anos - os juros dispararam, num só dia, mais de um ponto percentual. E a dívida a dez anos quase tocou nos 7,5 por cento, acumulando oito dias consecutivos de subida. (...) Para Filipe Silva, isto é um sinal de alarme: "O mais preocupante é que há quem não queira comprar dívida portuguesa mesmo a render sete por cento".»
Por aqui se prova que a chantagem com a "pressão dos mercados" já não pode ser a desculpa do costume, tanto para o governo como para o seu adepto e candidato a pitonisa Vital Moreira, para que as oposições tomem as iniciativas políticas que entendam necessárias para contestarem e/ou apearem este governo.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Discursos

O MINISTRO dos Negócios Estrangeiros da Índia, SM Krishna, durante a reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, leu durante três minutos, por engano, o discurso (em inglês) do ministro português Luís Amado, o qual o tinha antecedido como orador, tendo deixado esquecidas sobre a mesa as folhas do discurso. Foi outro diplomata indiano que se apercebeu da troca, e interrompeu o ministro que não tinha dado pelo equívoco.
Vá lá, teve sorte! Olhem se era um discurso do Sócrates, em inglês técnico, sobre as Novas Oportunidades…

domingo, fevereiro 13, 2011

Moções e Monções

É CERTO que há uns dias atrás, aqui neste post do blog A ESSÊNCIA DA PÓLVORA, eu tinha pedido - sem me dirigir a ninguém em especial - para que, a propósito de moções de censura, trabalhassem, discutissem, ponderassem, analizassem em profundidade, mas que se despachassem, sem se precipitarem, porque a situação já passava das marcas. Mas afinal, o meu pedido não resultou. Embora ainda não se conheça a sua fundamentação (se é que a fundamentação tem interesse determinante), a moção do Bloco de Esquerda, tem tudo para se tornar um perfeito paradoxo. Tanto pode ser uma coisa como o seu contrário, e os seus dirigentes, que deviam ser comedidos nas palavras, continuam a multiplicar-se em declarações, estarrecedoras umas, e patéticas outras, ao passo que a direita, à distância de um mês, mesmo sem fundamentação, já passou a bola, que anda por aí a saltitar, e ninguém a quer agarrar. Assim não!
Primeiro foi o apoio à candidatura bífida de Manuel Alegre às eleições presidenciais, agora esta moção de censura. Duas infantilidades em tão pouco tempo, é demais. A direita respira aliviada e Sócrates agradece. Assim não!

sábado, fevereiro 12, 2011

Suas Ineficiências…

PERANTE a Comissão Parlamentar de Inquérito aos acontecimentos ocorridos com o número de eleitor, no dia das eleições presidenciais, o ministro da Administração Interna Rui Pereira, e a sua secretária de Estado Dalila Araújo, manifestaram-se de consciência tranquila, sacudiram a água do capote e desresponsabilizaram-se do que aconteceu, lançando as culpas para a Direcção Geral da Administração Interna (DGAI) e o seu director, Paulo Machado, que entretanto já se demitiu. Para amaciar o ambiente, o ministro, com ar emproado e professoral, veio sugerir a extinção do número de eleitor, por se ter tornado uma redundância extravagante, substituindo-o pelo de cidadão.
O deputado comunista António Filipe disse, e muito a propósito, que "o país não é governado por directores-gerais. O director-geral responde perante a tutela, mas é a tutela que responde perante os cidadãos. O que se passou não é só do foro administrativo, mas é também responsabilidade política. Não é o DGAI que presta contas ao país quando há problemas desta natureza".
Conclusão: O ministro devia ter feito as malas, mas não, a coisa, para ele, não exige tanto. A negligência, a incompetência, a não assunção de responsabilidades, e ao colocarem-se na defensiva, não hesitando em manchar a reputação de terceiros, estas continuam a ser algumas das imagens de marca que caracterizam este (des)governo, bem como os elementos nada recomendáveis que o compõem.

Façamos uma Viagem

ACONSELHO vivamente uma visita a este post do blog RUIN'ARTE, e, já agora, porque não visitá-lo com frequência, pois contém valiosos registos para memória futura. Também tem um link permanente na minha rubrica DEBAIXO D'OLHO.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Registo para Memória Futura (31)

« (...) O PS abdicou da defesa dos trabalhadores e dos mais desfavorecidos. Trocou a sua matriz socialista pela adesão às teses neoliberais. Demonstra-se incapaz de questionar o poder do capital financeiro enquanto dono e árbitro do desenvolvimento económico. É dominado internamente por uma liderança autoritária que seca tudo à sua volta, que distribui lugares e se alimenta de promiscuidades. O PS acabou por se instalar no espaço do centro, tornando o país mais pobre, política e socialmente. (...) »

Declarações de Ana Benavente, Militante do PS e ex-secretária de estado da Educação do governo de António Guterres, em entrevista publicada na Revista Lusófona da Educação.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

TMN e DIÁRIO DE NOTÍCIAS Lavam Mais Branco

A TMN destruiu o lote de dados relativos ao tráfego telefónico ocorrido com os vários arguidos do processo Face Oculta, argumentando razões de "ordem técnica", quando a legislação (Lei 32/2008) obrigava a operadora a guardar os registos durante 12 meses. Deste modo, e de forma muito oportuna, deixaram de existir informações sobre a hora, data e local das chamadas efectuadas e recebidas pelos arguidos, as quais eram essenciais para as autoridades judiciárias que estão a investigar o processo.
Na mesma ordem de ideias, demitiu-se no passado mês de Janeiro, o jornalista David Dinis, editor de Política do jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS, em litígio com o director do diário, João Marcelino, o qual vetou a publicação de uma notícia relatando a oportuna destruição, por parte da TMN, dos registos de tráfego telefónico atrás referidos.
Com ajudas e facilidades deste tipo, não admira que Armando Vara, um dos arguidos do processo, tenha afirmado, à saída da primeira audiência do Tribunal, que considera "absurda" a acusação de que cometeu três crimes de tráfico de influências, e estar convencido que vai sair do processo.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

A Visita do Batráquio

ONTEM à noite, pelas 21h 30m, constatei que andava um batráquio a deambular na passarela, à volta da minha moradia. Esforcei-me para arranjar uma dama que se dispusesse a beijocá-lo, na esperança que ele estivesse enfeitiçado, e depois se transformasse num príncipe casadoiro. Em vão; aqui pela zona de Bucelas, já não há donzelas como nos contos de fadas de outros tempos. Apenas sapos sem eira nem beira. a saltapoçar desnorteados, e todos os dias, à hora dos telejornais, o bruxo-trapaceiro-jogger-engenheiro-incompleto a coaxar-nos a música do costume e algumas histórias de encantar. Desta vez, disse ele que o estado (isto é, o erário público) vai financiar as exportações, o que significa que os estrangeiros vão comprar os nossos produtos mais baratos, e à nossa custa. Ora toma!

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Que Parvos Que Eles São!

AS DECLARAÇÕES do sempre impagável comentador Vitalino Canas, são de uma comicidade escandalosa, quando diz que "o PCP sempre se manifestou disponível para censurar governos do PS e sempre esteve disponível para derrubar governos do PS mesmo que isso tenha como hipotética consequência um regresso das forças de direita ao Governo".
Já o engenheiro incompleto, a cavalgar a mesma onda, também dá um ar da sua graça, quando diz que este é um tempo para cerrar fileiras à volta dos governos, para enfrentar as dificuldades, e não para discutir questões de poder ou crises. Coitados, que parvos que eles são!
Ora o problema está exactamente aí: não se pode falar de um regresso das forças de direita ao Governo, quando elas já lá estão, bem vivinhas da costa, com provas dadas, tanto em intenções como em resultados, por obra e graça do PS (partido Sócrates), uma amálgama que se diz socialista por fora, mas que por dentro, quase nada a distingue de uma direita genuína, de tal forma que já não melindra perguntar: o que é que a direita pode fazer, que o PS já não tenha feito?

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Sophia em Pessoa

Fernando Pessoa

Teu canto justo que desdenha as sombras
Limpo de vida viúvo de pessoa
Teu corajoso ousar não ser ninguém
Tua navegação com bússola e sem astros
No mar indefinido
Teu exacto conhecimento impossessivo

Criaram teu poema arquitectura
E és semelhante a um deus de quatro rostos
E és semelhante a um deus de muitos nomes
Cariátide de ausência isento de destinos
Invocando a presença já perdida
E dizendo sobre a fuga dos caminhos
Que foste como as ervas não colhidas

Poema “Fernando Pessoa” de Sophia de Mello Breyner Andresen – Livro Sexto
Nota – o título do post é de minha autoria

domingo, fevereiro 06, 2011

As Más Companhias

AINDA há pouco tempo eu ouvia incensar e tecer grandes elogios aos regimes do Magreb (Marrocos, Líbia, Tunísia, Argélia, Egipto) com quem Portugal estava a incentivar proveitosas relações económicas. Então e agora, em que é que ficamos? Para já, o Partido Nacional Democrático (NDP) que apoia Hosni Mubarak é membro da Internacional Socialista, e a Internacional Socialista é membro de quê?

sábado, fevereiro 05, 2011

Outra Pergunta de Algibeira

NÓS SABEMOS que ele tem que falar com alguém, que tem direito a andar preocupado, mas se o Presidente da República, como ele diz e a Constituição confirma, não governa, gostava de saber (embora suspeite que tem a ver com a tal "magistratura activa") porque razão andou a receber nos dias 3 e 4 de Fevereiro, e em audiências separadas, os presidentes das Associações Patronais (Confederação da Indústria Portuguesa, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, a Confederação dos Agricultores de Portugal, a Confederação Portuguesa de Construção e Imobiliário e a Confederação do Turismo Português), para "as ouvir sobre a competitividade da economia portuguesa"?
Que o governo tivesse tomada tal iniciativa, para os habituais salamaleques e beija-mão, ainda se percebe, agora ele! Entretanto, consultados os jornais on-line, e tirando o caso do Carlos Castro e do Renato Seabra, que é acompanhado e espremido até à exaustão, não consegui discernir nada sobre o assunto.

NOTA - Curiosamente, e embora se perceba porquê, até agora, na agenda da Presidência da República, não está previsto nenhum encontro com as Associações Sindicais.
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ADENDA - Depois de uma consulta ao site da CGTP-IN, encontrei a seguinte informação, que passo a transcrever:
"Por solicitação do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva uma delegação da CGTP-IN conduzida pelo seu secretário-geral, Manuel Carvalho da Silva será recebida amanhã, 3 de Fevereiro, pelas 11:30 horas, na sua residência oficial, no Palácio de Belém, cujo o tema central a debater será o emprego. A CGTP-IN manifesta a sua disponibilidade para, no final, encontrar-se com os órgãos de comunicação social, o que antecipadamente se agradece."
Na verdade, ou é defeito meu, ou continuo a não consiguir encontrar os ecos desta reunião, nos sites dos principais orgãos de comunicação. Na pior das hipóteses, no fim da audiência, ninguém lá estava para saber novidades.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

O Estado da (ence)Nação

O MINISTRO dos assuntos parlamentares Jorge Lacão, um dos serviçais do engenheiro incompleto, lançou mais uma manobra de diversão, para entreter os cidadãos com uma polémica artificial, em que a reforma do sistema eleitoral e a redução do número de deputados de 230 para 180, seriam uma solução muito boa, para reduzir os custos e encargos com a República.
A imaginação e criatividade dos políticos de gabinete, é uma matéria de estudo para explorar no futuro, sobretudo quando se trata de inventar casos e causas para distrair o povo das questões essenciais que assolam o país e a sua governação. Estou em crer que existe (ou está em construção) um catálogo de iniciativas destinadas a encenar o “estado democrático”. Como já devem ter reparado, quando sobe a tensão do ambiente político, e para o descongestionar, é costume ser o tema da regionalização, que retorna à ribalta da “discussão pública”, ao passo que agora coube a vez à velha questão da redução de deputados, com a variante de existir um simulacro de divergência pontual entre o o governo e o grupo parlamentar do PS (partido Sócrates), destinado a excitar os espíritos e dar alguma credibilidade à iniciativa. Assim vai o Estado da (ence)Nação!

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Pergunta de Algibeira

NÓS SABEMOS que ele tem que falar com alguém, que tem direito a andar preocupado, mas se o Presidente da República, como ele diz e a Constituição confirma, não governa, porque razão anda a receber, para mais em separado, os presidentes dos conselhos de administração dos quatro principais bancos portugueses (Caixa Geral de Depósitos, Banco Espírito Santo, Banco Português de Investimento e Banco Comercial Português), para se “inteirar da situação do sistema bancário português e da concessão de crédito à economia”? O governo, para as habituais genuflexões, ainda se percebe, agora ele!

terça-feira, fevereiro 01, 2011

O Secreto Candidato e o Falso Adversário

O PS (partido Sócrates) deixou anteontem uma mensagem ao país, na sequência da reunião da sua Comissão Nacional, ao afirmar que com a reeleição de Cavaco Silva os portugueses escolheram a estabilidade política ao nível do Governo e das instituições cimeiras do país (leia-se Presidência da República), e isso, para mim, tem uma leitura e significado: Cavaco Silva sempre foi o secreto candidato em que o PS apostou, e Manuel Alegre não passou de um falso candidato, ou melhor, uma manobra de diversão, muito bem trabalhada, destinada a pulverizar a votação nos restantes candidatos, concentrando a votação de grande fatia do PS, de todo o PSD e CDS, no homem de Boliqueime. Não nos devemos esquecer que minutos depois de Alegre falar para as televisões, Sócrates acrescentou umas loas mal embrulhadas, que não aqueceram nem arrefeceram, para logo a seguir abandonar abruptamente o Hotel Altis, sem mais comentários e sem se despedir. Na verdade, o frete estava despachado e o seu secreto objectivo consumado.
Sem falar na manchete do semanário SOL que dava como certo que 80% do eleitorado PS não tinha votado em Manuel Alegre, dividindo as suas preferências entre Cavaco Silva e Fernando Nobre, o único estudo que existe sobre a transferência de votos partidários neste eleição presidencial, e a serem verdadeiros os seus fundamentos e conclusões, mais a ajuda das prováveis abstenções, motivadas pelo caos à volta do número de eleitor, não deixa dúvidas de que a armadilha resultou em pleno, e Sócrates não está de costas voltadas para Cavaco, antes pelo contrário. Além disso, os casos BPN e quinta da Coelha, ao deixarem Cavaco fragilizado e receoso, não lhe dão grande fôlego para se pôr a falar grosso, porque em política, os telhados de vidro são o diabo, e com eles também se faz muita chantagem.