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quarta-feira, janeiro 29, 2014

Sempre de Mão Dada, Até ao Fim da Jornada

Em 3 de Janeiro de 2012 escrevi um post que dizia o seguinte: "horas antes de 2011 terminar, e acolhendo a ideia de emigração que o Governo tem vindo a cultivar, a família Soares dos Santos, accionista maioritária do Grupo Jerónimo Martins (proprietário da cadeia de distribuição Pingo Doce) entusiasmou-se e deu o exemplo, embora por outras razões. Para fugir aos impostos portugueses, abdicou do patriotismo e deslocalizou toda a sua massa accionista (353 milhões de acções) para a sua subsidiária na Holanda, passando assim a beneficiar de uma fiscalidade muito mais benévola" tudo isto horas depois de Cavaco Silva, na sua mensagem de Ano Novo, ter reclamado maior equidade fiscal, uma mais justa repartição dos sacrifícios e apelando ao repúdio da ganância e dos lucros fáceis, no país em que o Governo enfia sem pudor as manápulas nos rendimentos de trabalho, pensões e reformas dos cidadãos, fazendo vista grossa às transacções financeiras e aos rendimentos do capital.

Agora, Janeiro de 2014, com um atraso na divulgação de quase 4 meses, por parte do Ministério das Finanças, o resultado está à vista: A Sociedade Francisco Manuel dos Santos SGPS foi a empresa privada, num universo de 9180 entidades abrangidas, que recebeu mais benefícios fiscais relativos ao ano fiscal de 2012, no valor de 79,9 milhões de euros. Eu que na minha ingenuidade pensava que uma sociedade que tivesse mandado às malvas o país, escolhendo outras fiscalidades mais atractivas para os seus lucros, estava excluída de usufruir de benefícios fiscais, sou confrontado com a dura realidade: desertar lá para fora não impede de ser compensada com benefícios fiscais cá dentro, dando razão a quem diz que Governo e capital andam sempre de mão dada, até ao fim da jornada. É certo que fiquei a saber quais os destinatários finais dos dois meses de rendimento anual, que o Governo anda a sonegar ao meu agregado familiar, no quadro da tal mais justa repartição dos sacrifícios, mas já agora gostava de ouvir um qualquer jornalista mais afoito, questionar a ministra Maria Luís Albuquerque sobre aquela singularidade fiscal.