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domingo, janeiro 12, 2014

Emigrantes de Luxo


O EX-MINISTRO das Finanças Vítor Gaspar, com o apoio de Wolfgang Schaüble, ministro alemão das Finanças, candidatou-se ao lugar de director dos assuntos fiscais do FMI, e é quase certo que terá o lugar garantido. Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia e ex-patrocinador da Confraria do Pastel de Nata, e porque agora as confrarias são outras, seguiu caminho semelhante, sendo agora o novo director do departamento dos Country Studies da OCDE e o responsável pelas negociações com os ministros da Economia e das Finanças dos países da OCDE. Já José Luís Arnaut, que foi ministro do PSD nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, e que nos últimos anos esteve ligado a todas as privatizações (ao lado do falecido António Borges), foi nomeado para o conselho consultivo internacional do Goldman Sachs, um dos maiores bancos do mundo (onde António Borges também foi vice-presidente), que por "coincidência" passou a ser, há escassos dias, um dos principais accionistas dos recém-privatizados CTT.

Depois de terem espatifado cá dentro, tudo o que havia para espatifar, a bem dos interesses dos grandes grupos económicos e da alta finança, vão agora até lá fora para receberem as respectivas compensações pelos serviços prestados, passando a pilotar aqueles interesses a um nível mais alto. Os estragos que por cá deixaram, e a liberalidade com que foram premiados, provam que a sua acção - e volto a insistir neste ponto -, não se norteou pela incompetência, antes sim pela competência, só que uma competência muito especial, e os resultados estão à vista. Era bom que os portugueses não se esquecessem disto.

NOTA – A fotomontagem é de minha autoria.

quinta-feira, junho 06, 2013

Um País, Três Visões e Vários Figurões

«O Produto Interno Bruto (PIB) registou uma diminuição homóloga de 4,0% em volume no 1º trimestre de 2013 (...) No 1º trimestre de 2013, assistiu-se a uma diminuição mais expressiva do Investimento em volume, que passou de -2,1% em termos homólogos no 4º trimestre de 2012 para -16,8%.»

Dados do Instituto Nacional de Estatística divulgados em 5 de Junho de 2013

«Portugal implementou nos últimos dois anos o programa de reformas (entenda-se, destruição do estado social) mais ambicioso na Europa desde a era Thatcher.»

Frase do ministro da economia Álvaro Santos Pereira, em Leiria, no encerramento do Fórum "Como o Planeamento Pode Dinamizar a Economia e Criar Emprego"

«Tenho muito orgulho no trabalho que estou a fazer (…) Vamos recuperar a nossa autonomia (...) não vamos ter o paraíso na terra. A recuperação vai ser lenta, exigir muito esforço e dedicação. Vamos ver um fim para a crise e recuperar.»

Pedro Passos Coelho durante a sessão de apresentação do candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS-PP à Câmara Municipal da Amadora, em 5 de Junho de 2013

«Nós não criamos compartimentos estanques na política. Eu não tenho medo dessas coisas. Eu não tenho medo do resultado das autárquicas, eu não tenho medo do resultado das europeias, eu não tenho medo dos portugueses, nem do seu julgamento.»

Pedro Passos Coelho à saída da mesma sessão de apresentação do candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS-PP à Câmara Municipal da Amadora, em 5 de Junho de 2013

sábado, abril 13, 2013

Portugueses, Rejubilem!

O MINISTRO da Economia, Álvaro Santos Pereira, durante a apresentação do projeto turísitico da Herdade da Comporta, afirmou ontem, 12 de Abril de 2013, que Portugal estava no pós-crise.
É por essas e outras deste calibre, que o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, há uma semana atrás, decidiu reiterar o entendimento de que o Governo dispõe de condições para cumprir o mandato democrático em que foi investido.

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Problemas de Comunicação


EM S. João da Madeira, como convidado da Distrital do PSD de Aveiro, e no âmbito das II Jornadas sobre Consolidação, Crescimento e Coesão, o ministro da Economia Álvaro Santos Pereira disse: "o país não é amigo do investimento nem das empresas". Está errado, senhor ministro! Devia antes ter dito: este Governo não é amigo do investimento nem das empresas. Na verdade, este Governo não é amigo das empresas, nem do investimento, nem da economia, nem dos portugueses (sejam eles empregados ou desempregados), nem do país. É apenas amigo dos seus amigos (sobretudo os que andaram a rechear-se pelo BPN), dos banqueiros, e de muitos vigaristas e corruptos que se passeiam por aí. Daí que se conclua que, entre muitos outros, persistem os "problemas de comunicação" do Governo e dos ministros com o país real.

sábado, junho 09, 2012

Dizer Uma Coisa e Fazer Outra


FOI editado pela Gradiva em Abril de 2011 o livro “Portugal na Hora da Verdade - Como Vencer a Crise Nacional”, da autoria do economista Álvaro Santos Pereira, agora ministro da Economia e do Emprego. Na página 465 da referida obra tem lugar um penúltimo capitulo, denominado “Políticas para retomar o sucesso”, onde são descritas algumas áreas e iniciativas que um futuro governo deveria adoptar (nesta altura ainda não havia governo de Passos Coelho), com o objectivo de tirar o país da crise. Vou transcrever dois excertos desse capítulo:

«(...) Não há maior motor do desenvolvimento, melhor distribuidor de riqueza, maior erradicador da pobreza e das desigualdades, maior promotor de oportunidades, ou factor mais importante para a subido do nível de vida do que o crescimento económico (...) a prioridade número um da política económica dos próximos anos tem de ser o crescimento económico. Sem crescimento económico, não poderemos criar empregos de uma forma sustentada. Sem crescimento económico, não conseguiremos travar o novo movimento emigratório nem a tão preocupante fuga de cérebros. (...)»

Façam uma pausa porque o melhor vem a seguir:

«(...) Como subinhei ao longo deste livro, há fortes indícios de que o nosso Estado está a matar a economia nacional. No entanto, isso não quer dizer que os funcionários públicos sejam os responsáveis por esta situação. Com efeito, nada poderia estar mais errado. Uma verdadeira reforma do Estado que torne as nossa contas públicas saudáveis e sustentáveis não deve ser feita contra os funcionários públicos ou contra o serviço público. Muito pelo contrário. Uma verdadeira reforma da administração pública terá que melhorar o serviço público, não piorá-lo. Uma verdadeira reforma da função pública terá de aumentar o prestígio do emprego público, não diminuí-lo. Uma verdadeira reforma do Estado terá de incentivar a auto-estima dos funcionários públicos e fazer com que sejam eles próprios a estimular a mudança de que a nossa administração pública necessita. Finalmente, uma verdadeira e duradoura reforma do Estado não poderá encarar a necessária dieta da administração pública como uma mera poupança de euros e de despesa pública, mas sim como uma oportunidade única para melhorar a eficiência do Estado e, assim, simplificar e auxiliar a vida dos portugueses. É neste sentido que uma reforma da administração pública tem de ser feita com os funcionários públicos e não contra eles. Porquê? Porque toda e qualquer reforma que seja contra os funcionários públicos está condenada ao fracasso. (...) não podemos fazer dos funcionários públicos os bodes expiatórios desta crise. Não são. A culpa do descalabro das finanças públicas nacionais não é dos funcionários públicos, é dos governos. (...)»

Estes são apenas dois exemplos do que é dizer uma coisa e fazer outra, mas há mais! Um ano bastou para que as prioridades se invertessem. As promessas de crescimento económico foram convertidas em desbragada austeridade, fazendo mergulhar o país nas falências em cascata e no desemprego galopante, ao passo que os funcionários públicos foram o alvo privilegiado e os bombos da festa dessa austeridade, com mobilidades a torto e a direito, grandes reduções de efectivos e machadadas salariais, e tudo isto pela mão do ministro da Economia e do Emprego. As outras incongruências que aqui não foram apontadas, podem apreciar-se nas notícias que quotidianamente nos chegam às mãos.

Já nem falo da solução do "franchising" dos pastéis de nata, mas ao dizer uma coisa e fazendo outra, será que se dá o caso de termos um ministro com dupla personalidade? Era bom que se tirasse isto a limpo.

domingo, maio 20, 2012

Sobre a Importância dos "Coisos" e das "Coisas"


O MINISTRO da Economia, Álvaro Santos Pereira, ao responder no Plenário da Assembleia da República a perguntas, a propósito da alta taxa de desemprego, e lutando com alguma dificuldade para se expressar com o rigor que o assunto merece, afirmou que está determinado a ultrapassar "o coiso". Ora se o tal "coiso" for o desemprego que assola Portugal e os portugueses, e que o ministro fez questão de tratar como "coisa" tão banal e sem importância - digamos, como qualquer ultrapassagem numa gincana rodoviária -, é bom que se prepare melhor para os debates das sessões parlamentares, e que se disponha a solucionar o cancro do desemprego, conforme prometeu, mas não em transgressão, como o tem feito até agora.

JÁ COM o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, a "coisa" fia mais fino. Embora o que vou dizer não seja generalizável, o facto é que nunca simpatizei com pessoas que andam sempre com a "carinha na água", quer chova ou faça sol. Como dizia a minha madrinha Conceição, o rosto e os olhos de uma pessoa, porque são o espelho da alma, acabam por determinar, com mais ou menos fiabilidade, se uma pessoa é ou não recomendável. No caso do ministro Relvas, as minhas suspeitas confirmaram-se: atrás daquele permanente sorriso, entre matreiro e velhaco, esconde-se alguém que nos quer tramar, soando a falso tudo o que lhe sai pela boca fora.

A "coisa" conta-se em meia dúzia de palavras. O ministro Relvas foi responder à Comissão Parlamentar de Direitos, Liberdade e Garantias sobre o caso das “secretas”, e houve um aspecto que não ficou bem explicado. Com dúvidas, uma jornalista do jornal PÚBLICO pediu-lhe esclarecimentos, o Relvas não respondeu, e acto contínuo não foi de modas: ameaçou que se publicassem a não-notícia, enviava uma queixa para a ERC, promovia um "black out" de todos os ministros ao jornal PÚBLICO, e divulgava na Internet pormenores sobre a vida privada da jornalista. Assim mesmo, sem mais nem menos. Uma intolerável e desmedida pressão sobre o direito de informação e liberdade de expressão, seguida de uma asquerosa intromissão e chantagem sobre a vida privada da profissional.

O Conselho de Redacção manifestou-se escandalizado com a "coisa", redigiu um comunicado, contudo, a Direcção do jornal achou por bem não dar importância ao caso, diz ela que aquele tipo de pressões são o pão nosso de cada dia dos jornais, mas também acabou por não publicar a tal não-notícia, diz ela que por ser irrelevante e não adiantar nada ao caso em questão. As ministeriais ameaças chegaram ao domínio público e o Relvas acabou por vir pedir desculpa, não se sabe bem de quê, e a "coisa" ficou assim: nem o jornal publicou a tal não-notícia que de tão inofensiva que era, provocou a ira do intragável Relvas, nem o indigesto Relvas foi demitido por comportamento impróprio de uma figura de Estado, ao tentar condicionar, limitar e obstruir a publicação de notícias, com ameaças de boicote e chantagem.

Num cidadão comum, este tipo de procedimento é grave; num governante é gravíssimo. Com uma classe política decente, tão deplorável comportamento seria sancionado de imediato; entre nós, graças à memória curta e aos habituais brandos costumes, faz-se tábua rasa da “coisa”. Assim vai a liberdade de expressão e informação em Portugal, e já agora, gostava de saber o que é que o Paulo Rangel tem a dizer sobre este ambiente de condicionamento da liberdade de expressão e de opinião, tal como o fez em 2008, face a alguns atropelos do mesmo jaez, ocorridos durante o primeiro governo do emigrado José Sócrates.

Nota: Para melhor esclarecimento do assunto, leia aqui no CARTÓRIO DO ESCREVINHADOR os comunicados do Conselho de Redacção do Jornal PÚBLICO e do Sindicato dos Jornalistas.

domingo, abril 08, 2012

Pascoal Pantominice em Roda Livre


Miguel "corta" Relvas, em mais um exercício de toca-e-foge, e com a autoridade que lhe advém de acumular as funções de ministro da propaganda, com um part-time como ministro dos assuntos parlamentares, veio desmentir o deslize confessional que o "seu" primeiro-ministro Passos Coelho fez ao confessor, o diário alemão Die Welt, garantindo que não senhor, custe o que custar, e sem contar com todos os imponderáveis, Portugal voltará aos mercados em Setembro de 2013, e que não se vislumbra, para já (note-se!), nenhum segundo pedido de resgate, dando a ideia que estes dois, mais o "vagaroso" Victor Gaspar e o “empastelado” Álvaro, andam a aconselhar-se com oráculos desavindos. Mas não é isso! Os Sócrates, Lellos, Vitalinos, Lacões e mais uns quantos, que com a sua pantominice orquestraram toda aquela confusão de triste memória, espatifando o país durante seis longos anos, ao mesmo tempo que simulavam governar, em versão “sempre em festa”, ganhou raízes com as “novas oportunidades” e tornou-se a imagem de marca dos partidos do chamado "arco da governação". Agora, estes últimos (PSD, mais CSD/PP a reboque ) são um bocado piores, uma autêntica calamidade. No meio de toda esta turbulência e funambulismo, estão a finalizar o que os outros começaram, a dar de comer aos amigos esfomeados, aos ricos que querem ficar mais ricos (esses, ninguém os ouve reclamar!), a empanturrar o país com austeridade, empurrando-o, devagarinho, para a penúria e a bancarrota, e pelo caminho a fazer muitas baixas, entre os honestos trabalhadores portugueses.

Aconselharam-me a não publicar isto, porque estamos no Domingo de Páscoa, tempo de folares, abraços e de concórdia, tempo de júbilo pelo resgate que Jesus assumiu, por todos os pecados do mundo. Ah, sim! Eu, que não sou crente, muito embora respeite as crenças, e porque acho que alhos não se devem confundir com bugalhos, deixo aqui a pergunta: e agora, o que faria o Nazareno?

quarta-feira, setembro 28, 2011

Ponto da Situação

TODOS os dias há novidades. Estão a vir às pinguinhas, com pézinhos de lã, para não assustarem e não doerem muito. Grão a grão vamo-nos habituando, ficando insensíveis, vendo desfilar os buracões no orçamento e aceitando os apertos sem tugir nem mugir, até chegarmos ao patamar da Grécia.

O Governo quer isentar as empresas do dever de informarem a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) sobre as alterações aos horários laborais. Assim sendo, as crianças vão deixar de ver o pais, os divórcios vão disparar, em contraste com a indústria de sacos-cama que vai ganhar um grande impulso.

O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, afirmou que o aumento das tarifas de electricidade vai ser muito menor do que os 30 e os 55 por cento que têm andado a ser anunciados, respectivamente para os consumidores particulares e as empresas. Seja muito ou pouco, o aumento prepara-se para levar à falência mais uns milhares de empresas, e por arrastamento, muitos mais portugueses e respectivas famílias.

Carlos Moedas, secretário de estado adjunto do Primeiro-ministro, admite que para 2012 a recessão irá ser mais profunda que o previsto.

Victor Gaspar, Ministro das Finanças, conclui que o pior ainda está para vir.

Embora Hillary Clinton tenha vaticinado que Portugal está no caminho certo para a resolução da dívida soberana, e o Presidente norte-americano Barack Obama tenha atribuído o fracasso do Euro à ausência de regulação do sector financeiro, por cá ainda não se conseguiu apurar quem é o responsável pelo que está a acontecer, havendo quem prefira simplificar, continuando a deitar as culpas para os sindicatos e os trabalhadores portugueses, que continuam a ser o principal obstáculo à competitividade das empresas, preferindo receber subsídios em vez de trabalharem, a serem gastadores e a terem um nível de vida superior às suas possibilidades.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Uma Espécie de "Solução Final"

O MINISTRO da Economia, Álvaro Santos Pereira, já encontrou o remédio para deixar sobreviver alguns dos apêndices do “estado social”. A solução passa pela institucionalização e credenciação da pobreza, com direito a passe social de outra cor (como os cartões de crédito com diferentes plafonds), com acesso a descontos e preços especiais no cabaz de compras de produtos essenciais, nos cuidados de saúde, medicamentos, educação, consumos de água, gás e electricidade, e porque não no preço da ida ao cinema ou ao jogo de futebol. Suspeito que para os casos mais extremos, está em estudo um passaporte para os bancos alimentares, a par de autorizações do ministro da Defesa para pernoitar nas casernas dos quartéis. Tudo isto porque os tempos são outros e já não se justifica, como há tempos atrás, para não haver confusões entre ricos e pobretanas, os carros usados importados, mesmo sendo topos de gama, levarem com a matrícula “K”, ou então, como no século passado - embora com outros e maléficos objectivos – ser vulgar haver quem andasse com uma estrela de David cozida na fatiota, amarela e bem visível, para marcar a diferença, à espera da “solução final”.
Entretanto, António José Seguro, exibindo aquela fisionomia de pessoa que sofre de prisão de ventre, indiferente à “guetização” em curso, anda a entoar-nos algumas canções de embalar, com letra da troika e música do bloco central. Diz ele que somos todos vítimas (menos uns quantos) das imposições que vieram lá de fora (pois claro!), que temos que dar as mãos, continuar a trabalhar e a descontar para os respeitáveis accionistas dos bancos, trauteando o “fui ao jardim da Celeste, giroflé-flé-flá”, cara alegre, olhar em frente, e vamos a isto que o que é preciso é ter fé, pois o mau tempo há-de passar.