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sábado, abril 12, 2014

Branco Mais Branco Não Há!

Com as eleições europeias à porta, e porque tudo é pretexto para branquear a sua actuação junto dos países sob resgate financeiro, a Comissão Europeia mobilizou um punhado de comissários europeus e organizou em Lisboa uma conferência a que deu o nome de "Portugal: rumo ao crescimento e emprego". Sempre bem comportado, de cócoras e rastejante, o Governo consentiu. Os detergentes usados na tal conferência foram Cavaco Silva, Passos Coelho e Durão Barroso, um trio pouco recomendável, onde no meio das patéticas balelas e banalidades dos costume, para encher o programa, foi exibido um rebuçado peitoral de 25 mil milhões de futuros financiamentos comunitários, com objectivos eminentemente sociais, vejam só, com o intuito de nos deixar a salivar e a sonhar, e com a União a querer fazer-se passar por uma espécie de "santa casa da misericórdia" à escala europeia.

O resto foi lavar, lavar, pôr a roupinha a corar e depois a secar. Registe-se ainda que Durão Barroso até recebeu rasgados elogios de Cavaco Silva, a propósito da sua actuação e envolvimento como presidente da Comissão Europeia, em prol da "causa" portuguesa, uma coisa que até lhe dá muito jeito, se atendermos que será seu desígnio - embora não o admita para já - candidatar-se à Presidência da República, provando-se que o detergente, tipo dois-em-um, de uma assentada, lavou o Durão e a União. Enfim, teatro com muita espuma, daquela que lava mais branco.

sábado, dezembro 07, 2013

Falar Claro

O presidente Cavaco Silva enviou condolências pela morte de Nelson Mandela e disse que ele deixou um extraordinário legado de universalidade que perdurará por gerações. O seu exemplo de coragem política - acrescentou Cavaco -, a sua estatura moral e a confiança que depositava na capacidade de reconciliação constituem verdadeiras lições de humanidade. A dedicação de Nelson Mandela aos valores da democracia, da liberdade e da igualdade - sublinhou Cavaco - , invadiu os corações de todos quantos o admiram, na África do Sul ou em outro lugar, incutindo esperança, mesmo diante dos desafios mais difíceis.

Antes desta lengalenga redonda e circunstancial, mais exactamente no ano de 1987, convém recordar que Portugal votou na Assembleia Geral das Nações Unidas, por orientação expressa do Governo, de que era primeiro-ministro Cavaco Silva, e seu ministro dos Negócios Estrangeiros um tal João de Deus Pinheiro, ao lado (ou melhor, de cócoras) dos EUA de Ronald Reagan e do Reino Unido de Margareth Tatcher (ambos péssimas companhias, os mesmos que apoiaram a invasão de Angola pelas tropas da Africa do Sul, enquanto Mandela estava nos calabouços de Pretória), contra uma resolução que apelava à libertação de Nelson Mandela, e que foi aprovada por 129 países. Na sua declaração de voto o representante português justificou a não abstenção, admitindo que tal libertação pudesse vir a legitimar a luta armada e ser um incentivo à violência na sociedade sul-africana, escudando-se na preocupação com a integridade dos 400.000 portugueses que lá estavam instalados, posição aliás curiosa, já que era unanimemente reconhecido que o abjecto regime do apartheid, era ele sim, além de asquerosa e ilegitimamente discriminatório, fonte de grande violência racial. No mesmo dia, Portugal acabou por votar a favor uma outra resolução onde simplesmente se apelava à libertação de Mandela, uma artificiosa maneira de lavar as mãos à boa maneira de Pôncio Pilatos, e ficar bem na fotografia para a posteridade.

Fala-se agora que Sua Excelência irá pessoalmente â República da África do Sul para participar nas exéquias, porém, as turbulências e a poeira de vinte e seis anos, não apagam actos passados. Até se pode argumentar que a política e os alinhamentos internacionais têm destas armadilhas e alçapões, isto é, que não podemos dizer o que pensamos, mas apenas podemos dizer o que podemos dizer. No entanto, a decência e a vergonha na cara não podem ter duas faces, nem momentos próprios para se manifestarem, consoante o tempo, o lugar ou o virar das páginas. A História, no momento oportuno e como é conveniente, dirá de sua justiça.

quinta-feira, outubro 03, 2013

Registo Para Memória Futura (92)

«Não haverá segundo resgate para ninguém.»

Declaração do ministro da Economia, António Pires de Lima, na Alfândega do Porto, em 30 de Setembro de 2013. Ainda há quem acredite que nesta coisas de dinheiro e agiotagem, a fé é que nos move.

«Surpreende-me que em Portugal existam analistas e até políticos que digam que a dívida pública não é sustentável (…) só há uma palavra para definir esta atitude: masoquismo.»

Declaração do presidente Aníbal Cavaco Silva, numa conferência de imprensa, no decurso da sua visita à Suécia, em 2 de Outubro de 2013. Isto é o que dá quando pretensos economistas começam a dar sentenças sobre preversões e tendências do foro sexual.

ADENDA – Não fossem alguns jornalistas atentos terem referido o facto, lá eu teria deixado passar mais esta anibalesca cavacada. De facto, há dez (10) meses atrás, durante a sua mensagem de Ano Novo, Sua Exorbitância disse, sem se rir, olhos nos olhos com os portugueses, que a situação social do país não podia ser iludida e que a dívida era insustentável. Que eu saiba, nada de muito significativo mudou, logo se pouco ou nada mudou, porque é que Sua Exorbitância mudou tanto? Isto é o pior que nos podia acontecer. Além de desmemoriado e mal aconselhado, o sádico, veste-se de cabedal, puxa do chicote e diz que os outros é que são masoquistas…

terça-feira, outubro 01, 2013

Tomem Nota

"Portugal já saiu da recessão e apresenta o maior crescimento de toda a União Europeia."

Surpeendente anúncio de Aníbal Cavaco Silva, em entrevista publicada no diário sueco Dagens Nhyeter, em 30 de Setembro de 2013, em véspera de se deslocar em visita oficial àquele país.

Se por um lado há quem esteja surpreendido com o facto da recessão ter sido tão rápida e eficientemente debelada, logo deve ter sido usado um poderoso germicida, por outro, há também quem diga que o coitado do senhor, sempre que vai de viagem, e preocupado em “vender” uma boa imagem de Portugal, entra em delírio.

quarta-feira, julho 24, 2013

Agendas e Guiões

ATÉ AQUI os comentadores e a comunicação social chamavam-lhes agenda, agora passou a guião, termo importado da actividade cinematográfica, e que serve para auxiliar e orientar o realizador, com grande detalhe, na condução de todos os passos das filmagens, e que agora é suposto aplicar-se também à política, sendo usado, por tudo e por nada, até à exaustão, como invólucro de mais umas quantas fitas em fase de produção. Começou com o guião de Aníbal Cavaco Silva para solucionar a crise do Governo, e já vai no guião de António Pires de Lima para o ministério da Economia. Além dos presumíveis guiões de Paulo Portas e Jorge Moreira da Silva, falta também saber qual será o guião de Rui Machete como ministro dos Negócios Estrangeiros, pois há outros guiões que lhe conhecemos, mas que não estão a ser divulgados no seu currículo. Para que se saiba, fez parte do Conselho Consultivo do Banco Privado Português (BPP), falido e com múltiplos processos em tribunal, e entre 2007 e 2009 integrou o Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios, proprietária do Banco Português de Negócios (BPN), o escandaloso e sobejamente conhecido caso de polícia, um grande polvo com múltiplos tentáculos no meio político e financeiro, e com um peso desmesurado nos bolsos dos portugueses, que por sorte ou azar, nunca foram “clientes” do dito cujo. Se por acaso, alguma coisa lhe for perguntada, por algum jornalista mais afoito, sobre os factos ocorridos nestas duas instituições, dirá, como os outros “inocentes”, que nada lhe passou pelas mãos e que nada sabia do que se estava a passar.

domingo, julho 21, 2013

A Cavacal Narrativa


O senhor Aníbal que é tudo menos um todo-o-terreno da política, atascou-se até ao pescoço com o seu bizarro propósito de compromisso, e não há pedregulho ou cagarra que o salvem. Acabou por falhar o desejado “sentido de responsabilidade, a vontade séria e o empenho em conseguir chegar a um entendimento", por parte do PSD, PS e CDS-PP nas negociações para o tal compromisso de salvação nacional, em que ele estava tão empenhado. Chegou mesmo a Insistir no argumento ameaçador de que há adversários do acordo de salvação nacional, que tudo farão e não irão olhar a meios para que ele não se concretize, continuando a demonstrar com este sobressalto, que convive muito mal com a diversidade de ideias e opiniões, em resumo, com a própria democracia. A cavacal lenga-lenga chegou ao ponto de se servir dos sindicatos e das associações patronais como escudos-humanos, para nos fazer crer que agarrados à troika é que estamos bem, muito embora tenhamos que abrir mão de mais umas quantas coisitas, para aliviarmos o Estado dos tais encargos de 4,7 mil milhões de euros.

Hoje, na sua comunicação ao país, continuou a insistir na ideia de que as eleições antecipadas são uma incerteza, uma solução perversa e desestabilizadora, recheada de perigos, apenas servindo para desperdiçar os sacrifícios feitos até aqui, podendo levar a perigosas mudanças de rumo do resgate. Portanto, e com o seu beneplácito, o Governo que estava é para continuar até ao fim da legislatura (2015), mas é preciso que tenham muito juízo e sejam bem comportados, devendo para já apresentar uma moção de confiança, para todos ficarmos descansados. Cavaco, se já andava com os pés inchados, ficou pior. Vai ter dificuldade em descalçar as botas, e para já, não se livra de ser acusado de ser o chefe e protector da quadrilha de malfeitores que continua por aí à solta.

sábado, julho 20, 2013

A Irrevogável Podridão

CONFRONTADO com um Governo atacado de “irrevogável” podridão, que há um mês a esta parte passa os dias a simular coesão, agarrado ao manual de sobrevivência política e a jogar ao "toca e foge" com a dura e deprimente realidade, parece que Cavaco Silva vai ter que voltar às Selvagens, para se aconselhar com os pedregulhos e as cagarras, já que nem ele, nem os seus assessores e conselheiros, conseguem dar conta do recado.

Havia várias soluções para a crise política. Cavaco Silva começou por rejeitar dar posse ao Governo "recauchutado" depois da saída de Vítor Gaspar e das piruetas de Paulo Portas, por ser uma solução frágil e pouco abrangente. Excluiu a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas neste Setembro de 2013, porque tal solução iria provocar (diz ele) descontinuidade governativa e fragilizar o país perante os credores e os mercados. Por quebra do PS, acabou por falhar a sua solução de acordo tripartido de salvação nacional (PSD, CDS-PP e PS), com eleições antecipadas marcadas para Junho de 2014. Fica em aberto a solução de um governo de iniciativa presidencial que ele sempre disse não querer adoptar. Este é o resultado que dá ter andado a manter prolongados silêncios e cultivando um conceito minimalista dos seus poderes, quando tudo pedia que interviesse.

Entretanto, o que fica de pé? Quase nada, porque se Cavaco voltar atrás, acabando por dar posse a um desacreditado Governo "recauchutado", com isso acaba por reconhecer que cometeu um estrondoso erro de avaliação, caindo na armadilha que ele próprio engendrou, desacreditando-se perante a opinião pública, e começando a desenhar-se a hipótese da sua própria renúncia.

quinta-feira, julho 11, 2013

Evolução na Continuidade, Sim, Eleições Para Já, Não!

ONTEM, pela 20 horas e 30 minutos, Aníbal Cavaco Silva, sempre com os cinco sentidos apurados para a tão desejada estabilidade política, bem como para os superiores interesses da nação, deixou bem claro qual é o seu entendimento do conceito "Um Presidente, Um Governo e Uma Maioria", que herdou de Francisco Sá Carneiro, e que sempre acarinhou, só que agora com uma “grande” novidade de “engenharia política”: a maioria será alargada ao PS (o terceiro protagonista do arco da governação e da assinatura do memorando de entendimento com a troika), o mesmo que se tem andado a pôr a jeito, fazendo alguns fretes ao Governo, mas que agora será formalmente cooptado, caucionando um governo de iniciativa presidencial do tipo “evolução na continuidade”, com a promessa de eleições antecipadas só lá para Junho de 2014, depois da troika fazer as malas e ir embora. Eleições para já, está fora de questão. No entendimento de Cavaco Silva, com contornos de uma insuportável chantagem, diz ele que temos que ter juízo e ser bem comportados, pois estamos sob permanente escrutínio dos “mercados” e apertada vigilância da União Europeia, temos que nos esfalfar para amealhar dinheiro para pagar a dívida aos nossos credores, logo não nos podemos andar a distrair com campanhas eleitorais ou perder tempo com eleições, caso contrário o caldo está entornado. Homessa!

Curiosamente, parece-me que ninguém ficou satisfeito com aquela presidencial solução. Quem esperava por eleições antecipadas (PCP, BE e PEV) acabou a rejeitar liminarmente este “arranjo” de compromisso tripartido. O PS que dia sim, dia não, também queria eleições, já disse que não vai dar o seu contributo para este modelo, muito embora não enjeite manter a sua participação nos moldes parlamentares, rejeitando emprestar ao governo uma legitimidade que ele já não tem. Quanto ao PSD e CDS-PP que, tal como Cavaco Silva, fogem de eleições como o diabo da cruz, viram gorada a sua solução de um Governo “recauchutado”, deixaram transparecer que não estavam particularmente entusiasmados com esta solução presidencial, ficando a aguardar as iniciativas e desenvolvimentos posteriores. Quer-me parecer que se o caldo não ficou entornado de uma maneira, vai acabar por ficar de outra, pois o centro de gravidade da crise transferiu-se do Portas do Largo do Caldas para o Cavaco de Belém, passando a residir neste último o factor de perturbação. Imagino que as direcções políticas de todos os partidos políticos, nesta noite que passou, não tenham pregado olho, pois o modelo de Cavaco é enviezado como solução governativa, e retorcido como solução democrática, já que em termos práticos pretende pôr a democracia a hibernar durante um ano, e depois logo se verá. Aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos.

quarta-feira, julho 10, 2013

O pastel de Belém

Cavaco Silva já teve audiências com quase metade do país, já ouviu banqueiros, patrões e sindicatos, já participou em fóruns com economistas, já se recolheu várias vezes ao seu retiro espiritual para tomar uma decisão sobre a superação da crise governamental, mas ou muito me engano ou tudo isto não passa de mais uma encenação. Sendo certo que mais vale decidir mal, do que não decidir, ou fingir que se está a fazê-lo, podem entretanto acontecer situações caricatas, como esta de a União Europeia já ter "validado" a "recauchutagem" governamental, antes mesmo de Cavaco ter dado o seu veredicto.

quinta-feira, junho 20, 2013

Lei da Greve ou Outra Qualquer

SE O GOVERNO discorda da Lei da Greve (ou de outra qualquer), a solução é simples: altera-se a Lei! Daí até proibir as greves (ou outra coisa qualquer), vai um salto de curta distância. A fazer coro com alguns jagunços que andam por aí, o inenarrável Alberto João Jardim, já declarou que é insustentável o direito à greve em certos sectores, e defendeu a proibição da realização de greves na saúde, justiça, transportes, forças armadas e forças de segurança. Só faltou acrescentar que a seguir pode ir o resto, basta haver vontade para isso. E com o presidente da República que temos, que contra o que era habitual, passou a promulgar leis, vinte e quatro (24) horas depois de lhe terem sido enviadas para apreciação, a coisa está garantida. É preciso não esquecer que o inquilino de Belém, em tempos, também foi barreirista, e ultimamente, entusiasmado com o andar da carruagem, deve ter voltado aos treinos.

segunda-feira, junho 17, 2013

Euro-Pensadores

António José Seguro, líder do Partido Socialista português, afirmou pretender que o desemprego europeu fique abaixo dos 11% em 2020 e que a partir de 2021 exista uma "mutualização europeia do pagamento dos subsídios de desemprego" quando a taxa ultrapassar a média europeia. Avançou com estas propostas durante o Fórum dos Progressistas Europeus, encontro organizado pelo PS francês e pelas fundações Jean Jaurès e Européenne d'Études Progressistes.

Por sua vez, Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República portuguesa, durante a sua visita às instâncias da União Europeia, argumentou que é necessário repensar a participação do Fundo Monetário Internacional na constituição da troika, aquando da concepção e gestão dos programas de ajustamento dos países sob resgate.

Mantem-se entre os políticos portugueses, este hábito nada saudável de dizerem lá fora o que não se atrevem a dizer cá dentro.

segunda-feira, junho 10, 2013

Sacudir a Água do Capote

O SENHOR Presidente da República, prof. Aníbal Cavaco Silva, lá pelo meio dos seus estafantes discursos pronunciados em 10 de Junho de 2013, recusou a ideia de que a adesão de Portugal à CEE, em 1986, destruiu a agricultura portuguesa. Está a tentar encobrir o que aconteceu depois, de 1986 até 1995, por obra e graça da cavacal governação deste mesmíssimo senhor, enquanto primeiro-ministro, que para agrado da "Europa Connosco", se encarregou de desmantelar o tecido económico do país. Diga o que disser, a História não o absolverá, nem disso nem do que (des)fez e ajudou a (des)fazer depois, até ao momento presente, mesmo que se esmere a sacudir a água do capote, e se esquive a ser vaiado como merece, pois já demonstrou que está empenhado em manter ligada, custe o que custar, a máquina de apoio de vida do actual (des)governo. Se há coisa com que eu embirro solenemente, é com as pessoas que tentam driblar a memória que se guarda dos factos, ou que afirmam que tudo aconteceu sem eles darem conta disso. Neste caso, esteja descansado que sempre cá estaremos para lhe avivar a memória.

terça-feira, maio 28, 2013

Palhaçadas ou Ilusionismo?


Aníbal Cavaco Silva queixou-se de Miguel Sousa Tavares, por este lhe ter chamado "palhaço", uma expressão infeliz que acaba por manchar todos os membros de uma respeitável e digna classe profissional, que tem todos os motivos para se sentir ofendida, e que merece todo o nosso respeito. Além disso, penso que a expressão foi mal escolhida, na medida em que são muito poucas as vezes que Aníbal Cavaco Silva desperta vontade de rir. Na verdade, apenas tem contribuído para aprofundar o pesadelo social, económico e financeiro em que o país está, situação que nada tem de hilariante. Se Cavaco Silva fosse apelidado de ilusionista, o atributo já se aproximava mais da verdade, pois convocar o Conselho de Estado para falar sobre o futuro, quando se sabe o quão lamentável é o estado em que está o presente, não passa de uma pirueta política, mal medida e alinhavada, sem pitada de sentido de humor. Foi uma manobra de diversão destinada a alimentar falsas expectativas, mantendo operacional uma irmandade de malfeitores chamada Governo, que parece que está em desagregação (mas só parece), para que eles possam continuar, impunemente, a expropriar o país e a confiscar os portugueses.

quarta-feira, maio 15, 2013

Registo Para Memória Futura (82)


«A economia portuguesa registou uma queda de 3,9% no primeiro trimestre de 2013 em relação a igual período do ano passado, segundo a primeira estimativa das contas nacionais trimestrais divulgadas, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística.

Esta queda do Produto Interno Bruto (PIB) revela uma aceleração da degradação da economia já que no último trimestre de 2012 a economia tinha registado uma queda de 3,8% face aos últimos três meses de 2011.»

Excerto da notícia do JORNAL DE NOTÍCIAS de 15 de Maio de 2013

Meu comentário: Será que o Reverendo Presidente Aníbal, ajudado pelos seus acólitos, Coelho, Portas e Gaspar, vai rezar muitíssimo e pedir a intervenção divina para que a degradação da economia sofra uma inversão de marcha?

Petição

OUVI dizer que está em gestação uma petição nacional para que Sua Reverência Sereníssima, o Presidente Aníbal, seja temporáriamente dispensado das suas funções constitucionais, meta a mochila às costas e os tamancos ao caminho, para ir até à Cova da Iria agradecer a intervenção da Senhora na resolução deste quarto segredo (*), de que nunca ninguém tinha ouvido falar.

(*) O êxito da sétima avaliação da troika

terça-feira, maio 14, 2013

Escusamos de Ficar Descansados

Cavaco Silva diz que continua atento e vigilante. Acrescenta que tem vindo a acompanhar com muita atenção a situação do país e que está bem informado sobre o estado de saúde do Governo, venham as informações do lado do senhor Que-Se-Lixem-as-Eleições ou lado do senhor Guarda-Fronteiriço. Além disso, sempre tem vindo a dizer que Portugal não se pode permitir juntar à crise económica e social, uma crise política. Ele sabe que já tivemos seis governos de coligação, que um governo de coligação nunca é uma planície sem obstáculos, logo com um governo de coligação há que evitar a exposição pública das suas divergências, que só provocam ansiedade e desgaste. Diz acreditar que tudo está a ser feito para que os pensionistas e reformados não sejam novamente penalizados, e que o Conselho de Estado que convocou não tem nada a ver com o que se passou no último Conselho de Ministros, isto é, não tem nada a ver com o passado, nem com o presente, mas sim com o futuro.

Transcrição livre e sintética de algumas declarações de Aníbal Cavaco Silva em 14 de Maio de 2013, na entrega dos Prémios BIAL 2012, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto.

Moral da história: E "prontos", se ele diz que está atento, e nós aguentamos, se mal já estávamos, pior não ficamos.

segunda-feira, maio 13, 2013

Conselho de Estado Pró Menino e Prá Menina

SUA INEFICIÊNCIA, o inquilino de palácio de Belém, tendo tomado (provávelmente) conhecimento do meu anterior post, exclamou: "Ah é uma reunião do Conselho de Estado que querem, pois bem, ela aí vai", e convocou os conselheiros para daqui a sete (7) dias, com uma ordem de trabalhos que devia ser qualquer coisa como "Análise da Actual Conjuntura Política Perante a Crise Económica e Social", mas não, sendo mais exactamente uma espécie de lanche ou chá-das-cinco, para troca de ideias sobre as "Perspetivas da Economia Portuguesa no Pós-Troika, no Quadro de uma União Económica e Monetária Efetiva e Aprofundada", mas que também podia ser "Contributos para a Cultura do Agrião, como Factor de Crescimento de uma Agricultura Biológica Virada para o Futuro", que iria dar ao mesmo.

Diz a Constituição Portuguesa que o Conselho de Estado é um orgão consultivo da Presidência da República, destinado a pronunciar-se e aconselhar o Presidente sobre aspectos que tenham a ver com o exercício das suas funções, bem como ocorrências e factos relevantes do país e da vida política nacional, que dada a sua complexidade, requerem um parecer alargado, e não própriamente sobre assuntos de "lana caprina", que podem ser abordados em tempo e local diferente. Ora, quando se assiste a um claro (ou fingido) desentendimento, senão mesmo divergências de fundo, instaladas no seio da coligação governamental, decorrentes da implementação de taxas sobre pensões e reformas, é assaz surreal ver o Conselho ser chamado para dar palpites sobre temas desincronizados da realidade actual, como se estivessemos a viver uma rotina quotidiana ausente de problemas.

O que sobra disto tudo é uma conclusão que tem o seu quê de curioso: Sua Ineficiência, o Presidente Aníbal, deu um salto qualitativo por cima da presente crise e já está, de corpo e alma, com os olhos postos no momento "pós-troika", que só ocorrerá lá para meados de 2014, se Zeus quiser, ao mesmo tempo que continuamos a ser governados por gente muito pouco recomendável, e a ser ludibriados de uma forma perfeitamente escandalosa.

Estado do Tempo para os Lados de Belém


E SOBRE a pitoresca decisão sobre as pensões, que o Governo diz que tomou, e que o CDS-PP diz que é falsa, o que tem a dizer Sua Inexistência, o imperturbável Presidente Aníbal? Nada de nada, pois com céu limpo, vento fraco, tempo estável e temperaturas normais para a época, é natural que o Governo continue a merecer a presidencial confiança, reunindo todas as condições para continuar a gozar e a divertir-se com a inteligência e a vida dos portugueses, sendo tanta a estabilidade que nem sequer se vislumbra a necessidade ou utilidade de mandar reunir o Conselho de Estado. Além do mais, Sua Inexistência tem mais que fazer.

quinta-feira, maio 09, 2013

O Bando dos Quatro

Cavaco Silva fala pouco, mas quando fala é sempre discurso que pretende fazer doutrina. Desta vez, seguindo o exemplo de Victor Gaspar, embandeirou em arco com o "grande sucesso" da ida aos mercados, e recuperando aquela sua conhecida frase do tempo em que era primeiro-ministro de má memória - o tal "deixem-me trabalhar!" -, agora brindou-nos com uma variação sobre o mesmo tema, argumentando que "temos ainda muito, muito trabalho a fazer", isto é, enquanto ele continuar a "convergir" com uma maioria e um governo que simulam estar desavindos, há que deixar continuar a espatificar o país e a vida dos portugueses, pondo-os tão de rastos e exangues que se pode passar à fase seguinte, isto é, mudar o regime e privatizar tudo, até o próprio país.

Cavaco Silva fala pouco, mas quando fala é para pouco ou nada dizer. Não o ouvimos pronunciar-se sobre a espiral recessiva que não pára de turbinar, sobre as falências em cascata e a economia bloqueada, sobre o desemprego que galopa à desfilada, ou sobre o entusiástico apetite confiscatório do Governo, uma autêntica quadrilha de bandoleiros à solta, que vai continuando a debitar medidas em catadupa, a dizerem e contradizerem-se, fazendo de ventríloquos uns dos outros, para ludibriar os indígenas, com o objectivo de arrecadar mais umas centenas de milhões de euros, seja com a aplicação da TSU sobre as reformas, ou a alteração da fórmula de cálculo daquelas, e com efeitos retroactivos, para assim se apropriar de uma fatia dos rendimentos dos reformados.

Cavaco Silva fala pouco, mas também não é coisa que faça falta, sobretudo quando se percebe que está determinado a "trabalhar" para cumprir o destino que ele traçou para si próprio: ser o coveiro de Portugal, que entretanto vai sendo envenenado, estropiado e desmenbrado, pela troika caseira do Coelho, Portas e Gaspar, com algumas ajudas por fora, e de onde menos se esperava. Do Governo pede-se a sua demissão, e de Cavaco já há quem peça a sua renúncia, e no ponto em que estamos, direi mesmo que ambas se tornaram imperativos nacionais.

terça-feira, abril 30, 2013

A Cavacal Loquacidade

FICÁMOS a saber que Cavaco Silva, sempre que escreve (ou manda escrever) um discurso, é norteado por uma grande preocupação: que sejam usadas sempre as mesmas palavras, para que não se diga que hoje diz uma coisa e amanhã outra. Disse mesmo que muitos nem perceberam, por distração, que ele tinha utilizado no discurso proferido nas comemorações dos 39 anos do 25 de Abril, as mesmas palavras que tinha utilizado na mensagem de Ano Novo. Embora saiba que em duas frases distintas, se usarmos as mesmas palavras, porém com outra ordem e pontuação, o sentido delas pode ser substancialmente diferente, Sua Impertinência insiste em tomar-nos por distraídos, tolos e ignorantes.