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sexta-feira, novembro 11, 2011

Registo para Memória Futura (55)

COMO se não bastassem as epifânicas e antológicas tiradas do patético contra-almirante Américo Tomás, quando presidia às inaugurações do antigo regime, o actual Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, há dias, aquando da sua visita a Nelas, fez uma pitoresca sugestão: que o povo português tomasse como exemplo a vida de trabalho dos pastores, isto é, andar de tamancos, pastorear sem descanso nos sete dias da semana, tocar flauta para adormecer o gado, não ir à praia nem fazer férias, não fazer perguntas sobre essa coisa do BPN, não reclamar nem manifestar-se por lhe pagarem pouco, só descer ao povoado para votar, e visitar a família apenas nos dias santos.

Jerónimo de Sousa, oportuno e certeiro, chamou-lhe discurso impregnado de “ruralismo salazarista”. Nem mais!

segunda-feira, maio 30, 2011

A Bem do Betão e do Alcatrão

A ASSUNTO já era do conhecimento público, mas Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, e muito a propósito, voltou a recordá-lo com o respectivo sublinhado. O senhor Almerindo Marques antecipou em dois anos a sua saída da presidência das Estradas de Portugal, para ir assumir a liderança da Opway, empresa construtora do Grupo Espírito Santo. Isso aconteceu porque o dito senhor tem muita influência, sabe mexer os cordelinhos e faz muita falta noutros círculos, como foi o caso de Jorge Coelho, quando há uns anos atrás, depois ter passado pelos tablados da governação, acabou à frente dos destinos da Mota-Engil (Abril 2008), considerada uma das construtoras do regime. Não é preciso grande esforço para se perceber que estas transferências ilustram as cumplicidades e “uniões de facto” que se continuam a estabelecer entre as construtoras dos grupos económicos e financeiros, e a constelação de interesses que giram à volta do aparelho de Estado, traficando influências, chorudos negócios - como as Parcerias Público-Privadas - e outras coisas mais, que muito têm contribuído, não para o progresso do país e da sua recuperação económica, mas sim para o seu colapso e falência.
Tudo isto acontece, quase em simultâneo, com a decisão de o Tribunal de Contas de recusar o visto prévio a cinco concessões lançadas pela Estradas de Portugal (Douro Interior, Baixo Alentejo, Algarve Litoral, Litoral Oeste e Auto-Estrada Transmontana), na qual a Estradas de Portugal se comprometia a fazer pagamentos extraordinários, que carecem de fundamentação jurídica, por ter havido, diz ela, entre outras razões, uma degradação das condições financeiras entre a proposta inicial, com que os concorrentes foram seleccionados, e a final, com que assinaram os contratos. Habituados como estão a que os bolsos dos portugueses não tenham fundo, os governos (mesmo os de gestão) já nem sequer se esforçam por dissimular as suas negociatas, sobretudo aquelas que mexem com o rico e inesgotável filão do betão e do alcatrão.