segunda-feira, novembro 26, 2012

Sobre a Cavacal Amnésia

O Presidente da República em 21 de Novembro de 2012, durante a sessão de abertura do Congresso das Comunicações, afirmou que o país precisa de “ultrapassar estigmas” e voltar a olhar para os sectores que esqueceu nas últimas décadas: o mar, a agricultura e a indústria. É preciso descaramento!

Ora o desaparecimento das pescas, da agricultura e de amplos sectores do tecido industrial não resulta de um acto de amnésia colectiva, nem de uma chaga que tenha aparecido por geração expontânea, ou caído do céu aos trambolhões. Cavaco Silva finge-se desentendido e debita a sua homilia, como se não tivesse nada a ver com o assunto. Cavaco esquiva-se, quer passar uma esponja sobre o seu passado, varrer para debaixo do tapete tudo o que tem a sua assinatura, mas, na verdade, foi o próprio Aníbal Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro de Portugal, entre 6 de Novembro de 1985 e 28 de Outubro de 1995, que aproveitando a ainda fresca adesão à Comunidade Económica Europeia em 1986, se encarregou de iniciar o desmantelamento das pescas, da agricultura e de amplos sectores do tecido industrial, à sombra de uns promissores quadros comunitários de apoio que foram desperdiçados das mais variadas formas, sujeitando esses sectores a um processo de erosão, que tinha por finalidade transformar o país, não num produtor e exportador de bens, mas apenas num promissor mercado consumidor daquilo que importávamos da triunfante Europa Connosco.

O que foram as drásticas reduções (quotas) impostas pela UE sobre os nossos lacticínios, o concentrado de tomate e as pescas, senão uma forma capciosa de estrangular e desbaratar os nossos sectores produtivos. Isto para já não falar dos largos milhões de subsídios compensatórios, destinados à modernização do país, e que acabaram dissipados e desbaratados por uma corte de pseudo-empresários, quantas vezes com lautos proventos para as suas contas bancárias e nulos efeitos para a economia. Portanto, não vale a pena fazer fintas ou tergiversar, quando Cavaco diz agora, alinhavando conselhos e recadinhos, com o seu habitual ar seráfico, que é desejável que voltemos ao mar, depois de ele próprio ter contribuído para nos expulsar de lá, pondo os barcos parados e as tripulações em terra. A verdade é que chegámos onde chegámos, por ele ter trabalhado afincada e determinadamente para isso. O país que hoje somos está profundamente contaminado pelos genes de 10 (dez) anos de cavaquismo, e invocar estigmas e esquecimentos, é apenas mais uma chapada de areia lançada para os olhos dos desmemoriados e dos incautos.

sexta-feira, novembro 23, 2012

O Ouro e o Silêncio

Sua Pesporrência o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, a propósito dos seus prolongados silêncios, veio dar mais um ar da sua graça (ou insolência), afirmando que o seu silêncio é de ouro, e que o elevado preço do metal não permite desperdícios. Registe-se que disse isto, preocupadíssimo com o desejo de passar despercebido, no meio da turbulência e dos graves problemas que atravessam o país, e da uma conjuntura política nacional, que tantos estragos anda a provocar no tecido económico e social do país. Curioso comportamento este, para quem já se auto-intitulou "provedor do povo português"!

Recorde-se que quando não está ausente ou em prolongado retiro espiritual, o pesporrente Cavaco escolhe os apontamentos redondos e breves no Facebook, ou as piadinhas irónicas para a plateia da comunicação social, como forma bizarra de se mostrar preocupado e ser interventivo, tal como prometeu na sua mensagem de Ano Novo de 2012. Aguardemos o que terá para nos dizer (ou acrescentar), daqui a alguns dias, aquando da sua próxima mensagem de Ano Novo de 2013.

domingo, novembro 18, 2012

Estória Breve: Glória e Renúncia


HÁ CINQUENTA anos, mais precisamente em 1939, ano do início da Segunda Guerra Mundial, que o senhor Ernesto Martins, vindo não se sabe de onde, se tinha instalado na aldeia do Chão de Barrocos, e iniciara a sua actividade de serralheiro. Dessa altura em diante, naquele concelho, não havia casa ou propriedade que não ostentatasse alguma coisa da autoria do senhor Ernesto, cuja obra se multiplicava por um número incalculável de portas, portões, armações para alpendres, janelas de marquises, gradeamentos, varandins, escadas de caracol, utensílios de lareiras, e até algum mobiliário de jardim, incluindo estufas envidraçadas. Nas épocas em que o trabalho da sua arte escasseava, deitava a mão a trabalhos de canalizador, electricista, cataventos e até reparava bicicletas, alcatruzes e motores de rega. Chegou mesmo a inventar um prodigioso sistema de abertura e fecho de portões, que por não ter registado a patente, veio mais tarde a ser copiado e explorado com grande êxito por uma empresa belga.
 
Excepto a curta presença diária da dona Bemvinda, que lhe tratava da casa e das refeições, vivia só e não se lhe conhecia família. Vivia para o seu trabalho, era pouco falador, porém, houvesse o que houvesse, tivesse muito ou pouco trabalho, chovesse ou fizesse sol, o senhor Ernesto reservava sempre duas ou três horas diárias, dizia ele, para estudo, pesquiza e experimentação na sua oficina, cuja entrada estava permanentemente vedada a todos, e que ele tratava carinhosamente como o seu “laboratório”. Correspondia-se com gente ilustre da Alemanha, Itália, França e Estados Unidos da América, mas não se sabia muito bem com que fim, pois não se lhe conheciam cursos, competências ou aptidões intelectuais, e muito menos conhecimentos de outras línguas. Mas a verdade é que recebia e enviava correio para outros países, sendo muitos os que se roíam de curiosidade para saber a que outras actividades se dedicava, mas acima de tudo, com quem se correspondia, e a propósito de quê. Talvez fosse um daqueles refugiados da guerra, dizia-se à boca pequena. Nos últimos anos a curiosidade da vizinhança agudizou-se, ao ponto de o senhor Castanheira, o velho distribuidor de correio, ser assediado com perguntas sobre a identidade dos destinatários do correio do senhor Ernesto, tendo até havido quem tivesse pedido, insistentemente, para ele deixar dar umas espreitadelas ao conteúdo das missivas, ao que ele respondeu escandalizado, oh minhas senhoras, então não sabem que a correspondência é coisa sagrada e a sua violação um abuso?
 
E assim se foi mantendo o mistério até que um dia, sem que ninguém estivesse a contar com isso, o senhor Ernesto faleceu durante o sono, plácidamente, sem qualquer vestígio de sofrimento. Mesmo antes de começar a ser combinado o seu funeral, logo houve quem corresse a profanar o secretismo do seu “laboratório”. Perante uma dona Bemvinda escandalizada, foi tudo virado do avesso, mas nada de especial foi encontrado. Entre o fraco espólio havia uma bancada, duas cadeiras, as habituais ferramentas de serralheiro, máscaras e ferros de soldadura, um candeeiro, um ou outro trabalho inacabado, uma salamandra com cinzas, provávelmente das tais cartas que recebia do estrangeiro, uma pilha de jornais antigos, um maço de folhas de papel em branco e duas cintas de envelopes, mas nada de livros, nem apontamentos, nem aparelhómetros esquisitos, nem frascos de substâncias, nem almofarizes, nem retortas, nem tubos de ensaio. Quem imaginara aquele retiro como um antro de mistérios mirabolantes e manipulações alquímicas, sentiu-se defraudado. Excepto uma gravura antiga da cidade de Palermo, pendurada na parede da cozinha, na acanhada e espartana residência do senhor Ernesto, também nada havia de excepcional.
 
Três dias depois foi o seu funeral, e mais uma vez o espanto e a incredulidade, percorreram toda a aldeia do Chão de Barrocos, quando apareceram no cemitério cinco estrangeiros, trazidos por dois táxis, que se mantiveram, afastados e silenciosos, a assistir às exéquias. Não trocaram palavra com ninguém, e conforme chegaram, assim se foram embora, sempre silenciosos e taciturnos, ficando a pairar no ar mais outro perturbante mistério: quem seriam e quem os informara, com tão eficaz rapidez, do passamento do senhor Ernesto? Passaram dois meses, e entretanto, alguém que fez questão de manter o anonimato, mandara fazer uma placa para a campa do senhor Ernesto, com as iniciais E.M. e as datas Agosto 1906-Novembro 1989, respectivamente os meses e anos de nascimento e falecimento, encomenda essa que voltou novamente a acicatar a coscuvilhice aldeã e a despoletar novo mistério: embora E.M. fossem as iniciais correspondentes a Ernesto Martins, quem seria a pessoa que sabia exactamente o seu mês e ano de nascimento, e que teve a preocupação de mandar esculpir a placa para perpetuar a sua memória?
 
Estas perguntas ficaram para sempre sem resposta, no entretanto, aconteceu um caso insólito. Um jornalista, tendo tido conhecimento, através de um amigo do Chão de Barrocos, dos misteriosos enigmas que envolviam a vida e morte desse tal serralheiro, resolveu fazer uma pequena investigação para tentar tirar a coisa a limpo. E a primeira coisa que fez foi consultar o obituário do jornal do concelho, deparando-se então com uma anacrónica fotografia do senhor Ernesto. Fotografia que não era a de um octogenário - como era suposto que fosse - mas sim a de um homem trintão, talvez a única que fora encontrada para ilustrar a notícia do falecimento. O tal jornalista, que era um bom fisionomista, à vista do retrato do senhor Ernesto, foi assaltado por aquela sensação de já se ter cruzado com aquele rosto, fosse ele de carne e osso, ou através de uma mera fotografia. Assim, durante três dias, foi revolvendo o arquivo de fotografias do jornal, até que os seus esforços foram compensados. Comparado o retrato do senhor Ernesto com a foto recém-descoberta, que estava devidamente identificada, era óbvio que se tratavam da mesma pessoa. E chegou à seguinte conclusão: O senhor Ernesto Martins, ou apenas E.M., vindo de nenhures para o Chão de Barrocos em 1939, e nascido em Agosto de 1906, era a mesmíssima pessoa que o genial cientista italiano de nome Ettore Majorana, físico teórico responsável pela descoberta dos neutrinos e da fissão nuclear, nascido em 1906 na Catânia, Sicília, misteriosamente desaparecido em 1938, acreditando-se que se tenha auto-exilado, renunciando à glória, descontente com o rumo que o mundo e a ciência estavam a tomar, e cujo paradeiro nunca mais foi descoberto ou revelado.

terça-feira, novembro 13, 2012

Porque Estamos na Mesma Jangada

… e todas as outras que estão convocadas para hoje, tanto na Grécia como em Itália.

«A Europa, toda ela, deverá deslocar-se para o Sul, a fim de, em desconto dos seus abusos colonialistas antigos e modernos, ajudar a equilibrar o mundo. Isto é, Europa finalmente como ética.»   José Saramago

Registo para Memória Futura (74)

«Com as reformas estruturais temos a ambição de ser uma das economias mais dinâmicas da Europa», declarou o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho no encontro empresarial luso-alemão que decorreu em 12 de Novembro de 2012, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com a presença da chanceler alemã Angela Merkel.

ADENDA - O Banco de Portugal reviu hoje em baixa as suas previsōes para a economia nacional, antecipando uma contracção de 1,6% em 2013, acima do 1% previsto pelo Governo. A nova previsão consta do Boletim Económico de Outono, hoje divulgado pela instituição liderada por Carlos Costa. (jornal PÚBLICO de 13.NOV.2012)

ADENDA 2 - Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião dos "Amigos da Coesão", e numa resposta em inglês a uma questão colocada pela imprensa internacional, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, afirmou hoje, em Bruxelas, que a austeridade é a única forma de ultrapassar a crise num país com um elevado nível de endividamento, como é o caso de Portugal. (DIÁRIO DE NOTÍCIAS em 13.Nov.2012)

ADENDA 3 - O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho reagiu hoje aos dados do Instituto Nacional de Estatística que revelam que a taxa de desemprego subiu no terceiro trimestre para 15,8%, um novo recorde, face aos 15% observados no trimestre anterior, afirmando que "o desemprego é um processo pelo qual o país tem que passar". (DIÁRIO ECONÓMICO de 14.Nov.2012)

segunda-feira, novembro 12, 2012

A Chancelera Coiso e Tal

A CHANCELERA Angela Merkel veio até à periferia da sua granja para apreciar como se estavam a portar os mandriões da Lusitânia, e avistar-se durante meia dúzia de horas com alguns dos seus capatazes, contribuindo para a poluição do meio ambiente. Os portugueses, uns com protestos, outros com cartas abertas e artigos de opinião, outros ainda com refinado desprezo, cumpriram razoávelmente a sua obrigação de lhe darem a entender que não é bem-vinda.

Em resumo: ladeada pelo gauleiter Passos Coelho - uma miniatura convencida que é um gigantone - veio tirar o cavalinho da chuva, balbuciando que não tem nada a ver com a austeridade portuguesa, que não é mentora do Coelho, que estamos a reajustarmo-nos muito bem, muito embora a situação seja séria e difícil, mas que tudo indica que estamos preparados para aguentar muitíssimo mais, e coiso e tal. Na verdade, e atendendo às circunstâncias, veio fazer uma visita ao doente e desejar as melhoras.

Entretanto, sob os auspícios da febre leiloeira e privatizadora do património nacional, fica por saber o que é que os empresários alemães vieram cá comprar.

sábado, novembro 10, 2012

Um Sábado com Jorge de Sena

 
Liberdade, Liberdade, Tem Cuidado Que Te Matam

Da prisão negra em que estavas
a porta abriu-se p´ra rua.
Já sem algemas escravas,
igual à cor que sonhavas,
vais vestida de estar nua.

Liberdade, liberdade,
tem cuidado que te matam.

Na rua passas cantando,
e o povo canta contigo.
Por onde tu vais passando
mais gente se vai juntando,
porque o povo é teu amigo.

Liberdade, liberdade,
tem cuidado que te matam.

Entre o povo que te aclama,
contente de poder ver-te,
há gente que por ti chama
para arrastar-te na lama
em que outros irão prender-te.

Liberdade, liberdade,
tem cuidado que te matam.

Muitos correndo apressados
querem ter-te só p´ra si;
e gritam tão de esganados
só por tachos cobiçados,
e não por amor de ti.

Liberdade, liberdade,
tem cuidado que te matam.

Na sombra dos seus salões
de mandar em companhias,
poderosos figurões
afiam já os facões
com que matar alegrias.

Liberdade, liberdade,
tem cuidado que te matam.

E além do mar oceano
o maligno grão poder
já se apresta p´ra teu dano,
todo violência e engano,
para deitar-te a perder.

Liberdade, liberdade,
tem cuidado que te matam.

Com desordens, falsidades,
economia desfeita;
com calculada maldade,
Promessas de felicidade
e a miséria mais estreita.

Liberdade, liberdade,
tem cuidado que te matam.

Que muito povo se assuste,
julgando que és tu culpada,
eis o terrível embuste
por qualquer preço que custe
com que te armam a cilada.

Liberdade, liberdade,
tem cuidado que te matam.

Tens de saber que o inimigo
quer matar-te à falsa fé.
Ah tem cuidado contigo;
quem te respeita é um amigo,
quem não respeita não é.

Liberdade, liberdade,
tem cuidado que te matam.

Poema de Jorge de Sena (1919-1978), escrito em Santa Bárbara (EUA), 4 de Junho de 1974

sexta-feira, novembro 09, 2012

Espírito Santo com Mão de Ferro

A PRESIDENTE do Banco Alimentar Contra a Fome, uma tal Isabel Jonet, já tinha dito, há uns tempos atrás, que o Estado deveria desvincular-se das suas tarefas de apoio social (subsídios de desemprego, rendimento social de inserção, etc.) restringindo a concessão dessas prestações a gente que, oportunísticamente, prefere a delas beneficar, mesmo que exíguas, a ter um emprego (e onde os há?), dando a entender que tal seria uma prática generalizada, o que não é verdade. Ao dizer isto, a tal Jonet que periódicamente nos vem pedir encarecidamente, que façamos a nossa solidária contribuição para aliviar a fome de quem é pobre, anda a ocultar, de uma forma astuta e demagógica, o ónus da proliferação da corrupção e oportunismo das élites e classes altas, transferindo-a para os pequenos ardis de alguns poucos aproveitadores desses benefícios sociais.

Agora volta a insistir - aproveitando os tempos de antena que as televisões lhe concedem - declarando que os pobres, afinal, levam vida de lordes, comem que nem uns alarves, divertem-se à grande e à francesa, pelo que não haverá miséria em Portugal. Afinal, os vasculhadores dos contentores de lixo que todas as noites, a partir das 22 horas, visitam o meu bairro, antes de aparecerem os carros da recolha de lixo, não passam de tarados e masoquistas. Ora não havendo miséria, era aconselhável que a dona Jonet providenciasse para que o seu Banco Alimentar Contra a Fome, em vez de recolher e distribuir alimentos aos tais pseudo-carenciados, sei lá, talvez fosse mais produtivo reconverter a sua actividade, passando a ministrar cursos de culinária.

Mas há mais: há uma grande contradição entre o que esta tal Jonet diz e o que faz, constituindo um grande mistério o que ela pensa alcançar com tão contraditório desempenho, isto é, ir dando esmola aos pobres com uma mão, ao mesmo tempo que os humilha com a outra, estando-se nas tintas para as causas e veículos da pobreza. Só falta sugerir que bons eram os tempos daqueles pobrezinhos de estimação, que recolhiam reverentemente os nossos donativos, cabisbaixos e agradecidos. Ou será que quer substituir o actual e patético Ministério da Solidariedade por um Ministério da Caridade, regulado por uns estatutos repescados do antigo Movimento Nacional Feminino, e orientado pela doutrina de que as barriguinhas devem estar minimamente aconchegadas, para que os espíritos não se revoltem? Já agora, gostava de tirar isto a limpo! É que não gosto de ser enganado por santinhas e sacerdotes, que só agora estão a mostrar o seu verdadeiro rosto, e as linhas com que se cosem.

terça-feira, novembro 06, 2012

O Queixinhas e o Encoberto

O PRESIDENTE "encoberto" Cavaco Silva recebeu António José (in)Seguro para ouvir as suas queixinhas e dar-lhe alguns conselhos. Como é habitual, da audiência pouco ou nada se soube, mas admito que o (in)Seguro tenha voltado a repetir que é adepto de uma austeridade inteligente, isto é, que se reforme o Estado Social mas sem o triturar, ao passo que o "encoberto" Cavaco lhe tenha dito mais ou menos isto: - Olhe, faça como eu: esteja atento, continue a abster-se violentamente, vá dizendo umas coisas, mas mantenha-se distante do Governo. Oh António, não se meta, deixe os rapazes trabalharem!

segunda-feira, novembro 05, 2012

Porque Valoriza o Diálogo...

António José (in)Seguro esteve reunido hoje em São Bento com o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, durante uma hora e cinquenta minutos, para uma "troika de impressões".

sábado, novembro 03, 2012

Oposição Abstencionista

EM RESPOSTA à carta que Pedro Passos Coelho enviou a António José (in)Seguro, exortando-o a colaborar na “refundação” das funções do Estado, com o concurso do FMI e do Banco Mundial, o PS (partido Seguro) respondeu que não será muleta do Governo para aviltar a dignidade nacional, dando cobertura a que estrangeiros decidam que modelo e que medidas o Estado português deve adoptar para atingir esse fim, mas, pelos vistos, também não levantará um dedo que seja para contrariar estas intenções.

Sindicalismo por Impulsos

A CGTP convocou para dia 14 de Novembro de 2012 uma Greve Geral, contra as medidas de austeridade e o empobrecimento que têm sido impostos ao país, e por novas políticas económicas e sociais. A UGT não aderiu a esta jornada de luta argumentando que é uma iniciativa sectária e divisionista, por não ter havido consultas prévias entre ambas as centrais sindicais, muito embora alguns sindicatos afectos àquela estrutura tenham aderido. É sabido que em dias de greve, todos os quadros sindicais, por força das circunstâncias e das tarefas de coordenação que lhes cabem, não têm mãos a medir em termos de trabalho, mas, curiosamente, o secretário-geral da UGT, João Proença, veio agora dizer que também fará greve, mas apenas por solidariedade individual com o seu sindicato, a FESAP, tendo dado indicações para que lhe descontem um dia de salário. Mesmo admitindo que a solidariedade é um elo muito forte e a adesão à greve um direito inquestionável, por mais que me esforce, custa-me a entender que espécie de sindicalismo é este.

sexta-feira, novembro 02, 2012

Do Estado de Direito ao Estado de Sítio

EU JÁ tinha vaticinado que este Governo não iria deixar chegar as eleições de 2015, desperdiçando a grande oportunidade que é ter um Presidente, um Governo e uma Maioria. Contornando a Constituição, e levando em frente o tão ansiado desmantelamento do Estado Social, salta agora à vista que que o objectivo é a "refundação" e "aperfeiçoamento" do Estado Pluto-Cleptocrático (dos ricos e ladrões), sob a coordenação e orientação dos ilustres Ulriches, Salgados, Borges, Ferrazes & Companhia, e com a benção do patriarca Policarpo, que aconselha os portugueses a não fazerem ondas e a terem muito respeitinho com as decisões de quem nos (des)governa, porque a santa madre igreja manda dar a outra face quando somos esbofeteados, e depois recolhermo-nos à protecção de Nossa Senhora e à paz das sacristias.

Quem quiser saúde, educação ou justiça tem que as pagar, quem quiser ter reforma ou subsídio de desemprego tem que ir falar com os bancos e as seguradoras que eles tratam disso, quem tiver fome que vá bater à porta da Caritas ou do Banco Contra a Fome, já que os impostos que pagamos servem apenas para pagar juros e amortizar os empréstimos do Estado, equilibrar as contas públicas, pagar as rendas aos amigalhaços das Parcerias Público-Privadas e pouco mais. Quanto aos salários têm que vir por aí abaixo, porque sem isso, dizem eles, o país não é competitivo nem sustentável, e quanto à Constituição, como disse o banqueiro Ulrich, não passa de uma "ditadura" que impede o país de se “modernizar” ao gosto dos capitalistas e especuladores, e tolhe os movimentos aos seus homens-de-mão da política, que "tratam da saúde" aos portugueses.

Desenganem-se os que pensam que isto é mais uma prova de incompetência, ou uma garotada de Coelhos, Relvas e Gaspares, porque não é. Eles sabem perfeitamente o que querem e para onde vão, e não olham a meios para atingirem os seus fins, mesmo que para isso tenham que tecer, à margem dos programas e promessas eleitorais, uma espécie de golpe de Estado, com o "apoio técnico" do FMI e do Banco Mundial. Ora a pergunta que faço é simples: vamos ficar a ver este banditismo acontecer?