Mostrar mensagens com a etiqueta Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, março 28, 2012

Mais Uma Patacoada


O INEFÁVEL e incorrigível professor Vital Moreira, numa salomónica sentença, lavrada no seu post intitulado "Estado de necessidade", no blog CAUSA NOSSA, disse o seguinte: 

«Quando uma empresa pública, como os Estaleiros de Viana, incorre em défices sistemáticos e acumula dívidas sobre dívidas, onerando desmesuramente as responsabilidades financeiras do Estado, a única solução é a privatização, para recapitalizar a empresa, alcançar uma gestão mais eficiente e preservar os postos de trabalho. Neste quadro, as objecções partidárias e sindicais não fazem sentido, tanto mais que não se trata de um sector estratégico para o Estado. O mesmo vale obviamente para a TAP.» 

Não é preciso ser um grande cientista para reconhecer que quando as empresas do sector empresarial do Estado são colocadas em dificuldades financeiras, por obra e graça de gestores incompetentes ou negligentes, a solução é demiti-los e substituí-los por outros, e não correr a privatizar as ditas empresas, pois muitas das vezes, a gestão danosa e desastrosa, tem exactamente esse objectivo. E o que se faz aos "meninos" que levaram as empresas em questão a esses escandalosos estados de necessidade? Corremos a premiá-los com uma licença sabática, um lugar no Governo ou uma sinecura noutra empresa do sector empresarial do Estado, para eles continuarem o seu meritório trabalhinho, em paz e sossego. E quando a gestão envolve ilegalidades, a justiça para que serve? Além disso, quem disse que os estaleiros e as transportadoras aéreas não são sectores estratégicos, não digo para o Estado, mas sim para o país? Oh professor, tenha dó, por amor de Zeus!

quarta-feira, junho 29, 2011

Reindustrializar o País!

Passo a transcrever, integralmente, o artigo de opinião de Manuel Carvalho da Silva, coordenador da CGTP Intersindical, publicado no JORNAL DE NOTÍCIAS de 25 Junho de 2011.O título do post é o mesmo do artigo.

«Esta semana, foi anunciado pelo Conselho de Administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, no âmbito de um "Plano de Viabilização", o objectivo de despedir 380 trabalhadores. Quem conhece a história desta empresa - o maior estaleiro nacional de construção naval - a escola de trabalho qualificado que sempre foi e o seu papel no desenvolvimento económico e social da região, não pode deixar de sentir uma profunda tristeza, preocupação e revolta.

Os trabalhadores dos Estaleiros, os trabalhadores e o povo da região e os portugueses em geral têm o direito e o dever de se mobilizar e lutarem contra o "destino traçado" para esta grande empresa.

Ao longo dos últimos 20 anos o passivo da empresa acumulou um défice de 200 milhões de euros. Nos últimos seis anos, somou mais de 50 milhões de défice em resultado das incompetências do Conselho de Administração, do Governo Central e do Governo Regional dos Açores na gestão do processo de construção de dois navios de transporte de pessoas e viaturas.

Os trabalhadores e os seus órgãos representativos sempre chamaram a atenção para situações de desleixo na gestão de várias administrações, para o facto de não ser feito investimento tecnológico em tempo útil, para a ausência de esforços na procura de novos clientes, para a inexistência de objectivos estratégicos. Será que grande parte destas "incompetências" facilita o processo de privatização por que há muito tempo algumas forças políticas e económicas se batem?

Portugal precisa de defender a indústria que ainda possui e de um enorme esforço de reindustrialização. O sector naval, onde temos capacidades construídas, tem de ser defendido.

Num importante estudo da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Química, Farmacêutica, Eléctrica, Energia e Minas (FIEQUIMETAL), inserido no projecto "Conhecer para Intervir na Indústria" (POHP/QREN), é analisada a indústria no "contexto da globalização, a política industrial na União Europeia (U.E.) e a evolução da indústria transformadora em Portugal", visando a construção e a afirmação de propostas para a reorientação das políticas económicas que favoreçam a reindustrialização.

Uma das grandes causas da situação a que chegamos foi a "desindustrialização cultural" promovida por responsáveis políticos e económicos, ou seja, a inculcação nas pessoas da ideia de que o desenvolvimento do país abdicava da indústria, apresentando-se muitas empresas do sector industrial como "passado", quer quanto a actividade quer quanto a perspectivas de emprego e de profissões. A U.E. favoreceu e promoveu esta tese. Entretanto, agora, defende a salvaguarda da indústria, incluindo nos países mais industrializados.

Naquele estudo, na identificação das causas do declínio industrial dos últimos 10 anos - já antes a queda era um facto, mas, no período 1995/2001, o início de actividade da Autoeuropa e de alguns grandes projectos industriais escondeu o que estava a acontecer por todo o país - lá encontramos os impactos "do aprofundamento da integração europeia e das privatizações", os efeitos negativos da "fixação de uma taxa de conversão entre o escudo e o euro excessivamente alta", a "atitude agressiva da Banca" que desviou as prioridades do investimento do sector produtivo e exportador "para a habitação, as obras públicas, o consumo" e a especulação financeira. A "opção pelo betão", a promoção "do transporte rodoviário em prejuízo do transporte ferroviário e marítimo" constituíram factores de degradação e destruição de empresas industriais, que não podem prosseguir.

Não há soluções se o Governo e o Poder Económico prosseguirem uma errada concepção de competitividade e se o Estado for amputado dos meios necessários à promoção da política industrial. Em próximo artigo, procurarei identificar conteúdos para o desenvolvimento de um programa de revitalização do tecido produtivo, bem como a necessidade de diversificação das relações económicas externas e da reorientação do sector financeiro visando criar melhores condições ao sector produtivo
.»