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No entanto, e pelos motivos óbvios, embora a ideia seja louvável, desejável e acarinhável, vem ferida de algum desajuste e incoerência, relativamente à realidade. Se a iniciativa tem por objectivo principal gerar progressos no capítulo sanitário e da higienização, tudo bem, mas não se venha dizer que isso vai satisfazer as necessidades dos mais pobres e necessitados que proliferam por esse mundo fora, pois esses têm uma escala de prioridades bem diferente das nossas, bem aventurados que nunca experimentámos uma vida de contínua luta pela subsistência, e a diária convivência com as carências mais básicas. Além de não possuírem um tecto e trabalho decente, arranjar alimento é a preocupação dominante dos pobres e desfavorecidos, bem à frente das preocupações com o tratamento que pode ser dado às suas fezes, que afinal, e bem feitas as contas, são directamente proporcionais à escassez de alimentos ingeridos. Digam o que disserem, dêem as voltas que lhe derem, a sanita tecnológica nunca será um contributo determinante para a elevação do nível de vida dessas pessoas. Não é com o destino a dar aos resíduos fecais, que se conseguem resolver os apetites da boca e as privações do estômago. Porém, e para tirarmos dúvidas, basta fazer um inquérito junto dos interessados, com uma única pergunta: - O que mais deseja, um trabalho bem remunerado e refeições decentes, ou uma sanita tecnológica onde possa carregar o telemóvel?