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terça-feira, janeiro 14, 2014

O Contorcionista

«(...) Num partido crescentemente unipessoal [CDS-PP], foi possível ao líder [Paulo Portas] ir cavalgando reivindicações de nichos eleitorais sem ser confrontado com a incoerência dessas mudanças. Portas foi eurocéptico, logo depois eurocalmo; foi porta-voz da lavoura, dos ex-combatentes, dos pensionistas e dos contribuintes e membro do Governo que mais diminuiu o rendimento dos pensionistas e que mais impostos aumentou; foi arauto da autoridade do Estado; combatente da IVG; porta-estandarte da memória de Maggiolo Gouveia; clamou pela vinda da troika para depois cronometrar o tempo em falta para a troika se ir embora. No fundo, Paulo Portas adaptou-se às circunstâncias e navegou ao sabor delas. (...) O que não se esperava é que o talentoso dr. Portas fosse literalmente metido no bolso por Passos Coelho. Portas não pode falar para os nichos eleitorais que jurou defender com "linhas vermelhas" e não tem nenhum argumento que permita diferenciar-se do PSD. (...)»

Excerto do comentário de Pedro Adão e Silva, publicado no semanário EXPRESSO de 11 de Janeiro de 2014, com o título "No Lugar do Morto". O título do post é de minha autoria.

segunda-feira, janeiro 13, 2014

O Anjo da Guarda

NÃO É QUE eu esteja muito interessado com o que passou no Congresso do CDS, pois é um evento partidário virado para as suas hostes, mas retive dois aspectos da intervenção de Paulo Portas, esses sim, virados para o exterior. A primeira é a que decorre de ele ter deixado a pairar a ideia de que é o "nosso anjo da guarda”, uma abençoada protecção, caídinha do céu aos trambolhões. Se ele não tivesse ficado no Governo, revogando o irrevogável, com desprezo pelo seu futuro político e quase hipotecando a sua credibilidade (o que ele deve ter sofrido, coitado!), fazendo o que tinha de ser feito para enfrentar as sucessivas violações da “linha vermelha” e travar as desenfreadas aleivosias passistas, nem sei o que seria de nós. A segunda é a que decorre de o "nosso anjo da guarda” não conseguir fazer tudo sózinho. Assim, no fecho do Congresso do CDS, achou por bem dar um ar da sua graça, dirigindo-se a João Proença do PS, e pedindo uma pacificação social em nome de Portugal, até que acabe o “regime” da troika, como se o PS ou a UGT fossem eles os motores da contestação que tem varrido o Governo a todos os níveis. Além disso, Portas já devia saber que não vale a pena dramatizar com pedidos desses; como se tem visto, o PS em geral e a UGT em particular, nas alturas próprias, não costumam deixar os seus créditos em mãos alheias, sobretudo quando é necessário recorrer à habitual oposição responsável com “seguras” abstenções violentas.

quinta-feira, outubro 31, 2013

A Terceira Via


OS ÁRABES protestam contra os políticos atirando-lhes com sapatos.
Os povos abastados protestam contra os políticos esborrachando-lhes bolos nas ventas.
Os povos pobres deveriam protestar contra os políticos despejando-lhes baldes de trampa pela cabeça abaixo.

A terceira via seria a mais adequada para o irrevogável e sonso Paulo Portas. Depois podia ir tomar um duche, a seguir pegar na reforma do Estado, temperá-la muito bem temperada, embrulhá-la muito bem embrulhada, e finalmente enfiá-la naquele sítio que eu cá sei.

quarta-feira, julho 24, 2013

Agendas e Guiões

ATÉ AQUI os comentadores e a comunicação social chamavam-lhes agenda, agora passou a guião, termo importado da actividade cinematográfica, e que serve para auxiliar e orientar o realizador, com grande detalhe, na condução de todos os passos das filmagens, e que agora é suposto aplicar-se também à política, sendo usado, por tudo e por nada, até à exaustão, como invólucro de mais umas quantas fitas em fase de produção. Começou com o guião de Aníbal Cavaco Silva para solucionar a crise do Governo, e já vai no guião de António Pires de Lima para o ministério da Economia. Além dos presumíveis guiões de Paulo Portas e Jorge Moreira da Silva, falta também saber qual será o guião de Rui Machete como ministro dos Negócios Estrangeiros, pois há outros guiões que lhe conhecemos, mas que não estão a ser divulgados no seu currículo. Para que se saiba, fez parte do Conselho Consultivo do Banco Privado Português (BPP), falido e com múltiplos processos em tribunal, e entre 2007 e 2009 integrou o Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios, proprietária do Banco Português de Negócios (BPN), o escandaloso e sobejamente conhecido caso de polícia, um grande polvo com múltiplos tentáculos no meio político e financeiro, e com um peso desmesurado nos bolsos dos portugueses, que por sorte ou azar, nunca foram “clientes” do dito cujo. Se por acaso, alguma coisa lhe for perguntada, por algum jornalista mais afoito, sobre os factos ocorridos nestas duas instituições, dirá, como os outros “inocentes”, que nada lhe passou pelas mãos e que nada sabia do que se estava a passar.

sexta-feira, maio 17, 2013

Impostores de Serviço

POR RAZÕES políticas, económicas e jurídicas, Paulo Portas voltou a assegurar (*) que ele continua a ser politicamente incompatível com a TSU dos pensionistas e reformados, muito embora, fazendo uma pirueta, tenha aceite a sua inscrição como medida de recurso "opcional", caso falhem outras soluções, depois de há dez dias atrás ter declarado, em conferência de imprensa exclusivamente convocada para esse efeito, que a TSU dos pensionistas e reformados era uma fronteira que ele não transporia.

A par de Portas estar a exibir esta faceta de impostor de grosso calibre, alguma vez se viu uma medida de cariz orçamental, área onde deve haver rigor e não improviso, ser declarada de execução condicional, ficando dependente da promessa do governo conseguir encontrar outras medidas de substituição, e que garantam os mesmos resultados finais? Para que o embuste fique completo, só falta que daqui a dias seja a vez de Passos Coelho, outro refinado impostor, vir dizer, condoído e com a voz embargada, que o Governo não tem outra alternativa senão avançar com a TSU dos pensionistas e reformados, porque depois de muitos e baldados esforços, não conseguiu encontrar soluções alternativas.

(*) Em declaração proferida numa cerimónia da Câmara de Comércio Luso-Alemã

terça-feira, setembro 18, 2012

Pedro e Paulo, mais o António


PEDRO decide garrotar os trabalhadores portugueses com o agravamento da TSU e do IRS, dizendo que não há alternativa. Vem depois o Paulo (após um grande silêncio, para finalmente fazer coro com o resto do mundo), dizer que não concorda e a brandir o seu desvelado patriotismo para justificar a continuação no governo, digamos que sob protesto. Ao ver que a solução deu para o torto, Paulo sacaneia o parceiro Pedro da coligação, fazendo-se passar por virgem púdica e ofendida, a fim de se desvincular das malfeitorias perpetradas por Pedro, e com isso vir a colher dividendos junto dos portugueses. Pelo meio, alguém que me explique o que é isso de um imposto extraordinário sobre as PPPs, solução alternativa defendida pelo António da abstenção violenta, que logo serviu para aparecerem os defensores de um governo de salvação nacional a três, uma coisa que até dava muito jeito ao Pedro e ao Paulo, para diluir responsabilidades. Então e a renegociação das rendas das tais PPPs? E os rendimentos do capital? E os lucros das grandes empresas? E os dividendos dos accionistas? E as grandes fortunas que se andam a passear, cá dentro e lá fora?

Quanto ao povo, no passado 15 de Setembro, à margem de convocatórias partidárias e sindicais, e com um enérgico protesto a nível nacional, levantou-se e deu sinal de que não quer continuar a ser albardado.

Entretanto, fica por explicar como é que esta coligação funciona, e se o seu objectivo é governar ou apenas tiranizar o povo. Não acredito muito na teoria da ingenuidade, da inexperiência ou da incompetência dos seus membros. Penso que embrulhados e desculpabilizados por essa teoria, passo a passo, com muita paciência e alguma turbulência artificial pelo meio, vão levando a água ao seu moinho. Para dramatizar, Bruxelas já vai ameaçando que se a TSU não for para a frente, suspendem a próxima tranche, em nome da Merkel, do Euro e do raio que os parta a todos. A crise política que se avizinha serve para pôr o país de quarentena, na calha para abandonar o Euro, e se repararmos bem, na Grécia o percurso foi mais ou menos o mesmo.

quarta-feira, setembro 05, 2012

A Anedota Continua Dentro de Momentos

PORQUE lhe foi solicitado, o Ministério Público (MP), na pessoa da directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida (a mesma que garante que em Portugal não há corrupção nem políticos corruptos), assegurou ao líder do CDS-PP e também ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, que não foram recolhidos, afectando a sua pessoa,  indícios da prática de ilícito de natureza criminal no processo dos submarinos. Esta é a terceira vez, nos últimos sete anos, que o líder do CDS-PP formula o mesmo pedido ao MP, e é a terceira vez que a resposta é sempre a mesma, fazendo lembrar as actas adicionais de um seguro de vida que é peródicamente renovado.

Se eu ou o meu vizinho do lado, pedíssemos amanhã ao mesmo Ministério Público, em nosso nome, uma declaração igual, a resposta seria provávelmente a mesma, isto caso o MP se dignasse responder. Ora o que eu e o meu vizinho do lado gostávamos de saber primeiro, é se houve comissões, luvas, corrupção, isto é, se houve dolo, se o MP continua a investigar e se a investigação faz progressos, e não se recaem suspeitas sobre o senhor A ou o senhor B.

Entretanto, se confrontado com outras perguntas incómodas, este mesmo MP não terá problemas em dizer que o processo e as investigações estão sob a alçada do segredo de justiça... isto enquanto não sobrevier algum  arquivamento, seja pelo motivo X ou a razão Y...
A anedota continua dentro de momentos; só vamos ter que esperar.

domingo, agosto 12, 2012

Submarinando


«Grande parte da documentação dos submarinos desapareceu do Ministério da Defesa. Sumiram, em particular, os registos das posições que a antiga equipa ministerial de Paulo Portas assumiu na negociação.

"Apesar de todos os esforços e diligências levadas a cabo pela equipa de investigação, o certo é que grande parte dos elementos referentes ao concurso público de aquisição dos submarinos não se encontra arquivada nos respetivos serviços [da Defesa], desconhecendo-se qual o destino dado à maioria da documentação", escreveu o procurador João Ramos, do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em despacho de 4 de junho que arquivou o inquérito em que era visado apenas o arguido e advogado Bernardo Ayala (o processo principal continua em investigação).

Nos últimos anos, já tinha sido noticiado o desaparecimento de vários documentos do negócio concretizado, em 2004, quando Durão Barroso era primeiro-ministro e Paulo Portas ministro de Estado e da Defesa Nacional. Mas, agora, é o próprio Ministério Público não só a reconhecer o problema como a atribuir-lhe uma dimensão que vai para além dos casos pontuais já noticiados.»

Notícia do JORNAL DE NOTÍCIAS on-line de 11 de Agosto de 2012

Meu comentário: Os novos submarinos que equipam a Marinha Portuguesa, por terem a capacidade de operarem submersos, tornando-se indectáveis, são uma arma de ataque de inestimável valor. Quanto aos documentos que serviram de suporte ao nebuloso negócio da sua aquisição, e que são necessários à investigação que continua em curso, primam por ter a mesma característica, isto é, submergiram, andam a submarinar, tornaram-se indetectáveis, e vai ser difícil que voltem à superfície, tanto para respirar como para responder a perguntas.

De qualquer modo, e como isto anda tudo ligado, sempre podemos perguntar ao Paulo Portas pelo seu paradeiro, pois foi ele quem andou por lá a gerir a negociata, como ministro de Estado e da Defesa, e que ao sair, levou para casa (presume-se) à volta de 60.000 cópias de documentos oficiais, e se calhar, lá no meio (por engano, ou por lapso, como agora se diz), talvez alguns originais.

Com um Ministério da Defesa tão permeável e frouxo em termos de segurança, de onde até desaparecem documentos importantes (senão mesmo classificados), começo a não me sentir seguro nem a dormir descansado. Fica uma pergunta no ar: o que será assim tão problemático de ultrapassar, e o que será preciso fazer para chamar à responsabilidade quem tem que ser chamado (a alguém caberia a responsabilidade da guarda de tais documentos), fazer as respectivas diligências e apurar o que tem que ser apurado, para que tudo seja posto em pratos limpos?

sábado, agosto 11, 2012

Acabem Com Ele, Já!


O Tribunal de Contas detectou um milhão e 132 mil euros de facturação duplicada, bem como 883 mil euros de facturas que não constam nas listas de suporte da contabilidade do Ministério de Defesa, relativas à manutenção dos novos helicópteros EH 101 da Força Aérea, adquiridos em 2001, e destinados a substituirem os Puma em fim de vida. O Tribunal de Contas alargou os seus reparos ao modo como foram efectuadas as compras daqueles dez helicópteros, afirmando que o Estado, não acautelou os seus interesses, devido ao facto de ter optado por um tipo de contrato pouco adequado, acabando prejudicado em 120 milhões de euros.

No imediato, o Governo diz que vai investigar como surgiu a tal duplicação e omissão de facturas, porém, não abrirá qualquer inquérito à compra das aeronaves, pois isso foi obra de anteriores governos. A coisa dita assim, até parece que já decorreu uma eternidade, no entanto, não nos devemos esqueçer que quem deve estar bem ao corrente e bem documentado sobre tudo isto, é o actual ministro Paulo Portas, pois quando ele deixou o ministério da Defesa, em 2005, diz-se que trouxe consigo algumas dezenas de milhares de cópias de documentos oficiais, e não consta que fossem trabalhos de casa ou despachos de última hora...

A verdade é que as compras de material para as forças armadas tem sido uma escandaleira quase permanente, envolvendo fardamentos, substituição das G3, aquisição de submarinos, helicópteros, aviões para transporte e vigilância marítima, blindados "pandur", todos eles objecto de pantagruélicas negociatas, destinadas a manter bem alimentada a tropa fandanga que continua a orbitar e a engordar à custa do aparelho de Estado, aparelho esse que tem por hábito cortar nas gorduras em que não devia cortar. Apuradas as manigâncias, há já umas vózinhas mais radicais, que vão arengando contra o incómodo e metediço Tribunal de Contas, sugerindo mesmo que se acabe com ele, e já.

quarta-feira, outubro 26, 2011

Novos Tempos, Novas Teorias

PEDRO Passos Coelho, durante uma conferência promovida pelo DIÁRIO ECONÓMICO, assegurou que Portugal apenas pode sair da crise empobrecendo, tanto em termos relativos como absolutos, paradoxo que contraria tudo o que se sabe sobre economia, isto é, que apenas se conseguem ultrapassar as situações de crise económica, criando riqueza, e não o seu contrário. Já Paulo Portas, durante uma sessão da Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus, vaticinou que os caminhos para a salvação do país, estão repletos de sacrifícios e de dor, expressões que associadas ao empobrecimento garantido por Passos Coelho, têm o seu quê de fatalismo bíblico.

Há uns anos atrás fomos confrontados com uma doutrina muito querida a G.W.Bush, que abrangendo aplicações desde a área militar até à àrea económica, dava pelo nome de "destruição criativa", uma coisa com pretensões a ser um novo paradigma civilizacional. Será que esta espécie de empobrecimento controlado de Pedro Passos Coelho, no seguimento do que António José Seguro sugeriu, quando disse que os portugueses deviam interiorizar a austeridade, isto é, aceitá-la como um facto consumado e coisa sua, postura a que deu o bizarro nome de "austeridade inteligente", tudo isto associado ao misticismo de Paulo Portas, são caminhos convergentes para a versão lusitana de uma nova teoria económica, ou será que tudo isto não passa de uma técnica para amedrontar os portugueses, fazendo-os acreditar que são os principais culpados pelo descalabro, e que todos vivemos afinal, sem decoro, numa riqueza faustosa?

Porque é preciso manter a higiene em níveis aceitáveis, que tal aqueles senhores deixarem de bolsar tantas obscenidades e provocações?

segunda-feira, maio 16, 2011

Três Retratos Fotomaton

O Proto-Engenheiro Ilusionista
Habitualmente, o ilusionismo serve apenas para divertimento, ao passo que o proto-engenheiro Sócrates usa o ilusionismo para criar becos sem saída, geradores de condições de perpetuação no poder, isto é, a técnica consiste em fazer chantagem com um hipotético caos, queimar tempo, abeirar-se perigosamente do precipício da bancarrota, tornando o país refém de soluções e promessas que mais ninguém consegue assegurar, a não ser o político ilusionista. É ponto assente, que os grandes oradores não são, necessariamente, as criaturas mais habilitadas para governarem, e Sócrates, mesmo descontando o facto de ser um mentiroso compulsivo, já deu sobejas provas disso. Por outro lado, todo o governante tem normalmente duas ambições, uma delas é permanecer no poder, a outra é exercer esse poder para o interesse comum. Com Sócrates, porém, o desejo de permanecer no poder supera largamente a paixão de servir o interesse colectivo.



O Primeiro-Ministro Estagiário
O Coelho anda à nora. Tal como como o senhor Coelho do romance “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carrol, também o “nosso” Coelho parece estar sempre atrasado, para chegar a algum lado ou a alguma conclusão. Não consegue induzir na opinião pública, um perfil de pessoa experiente, segura e convicta, que quer encontrar um rumo para a governação, mas apenas lhe passa pela cabeça piorar o que já está mau. Saltitando de buraco em buraco, a sua acção acaba por tornar-se pior a emenda que o soneto, pois tudo aquilo que ele gostaria de fazer, já foi feito por Sócrates, deixando um vazio à sua frente. Depois vem o combate interno, pois ainda não conseguiu transpor a fronteira que separa a juventude social-democrata do baluarte sénior do PSD, o qual, como é sabido, sempre foi um autêntico saco de lacaus, onde reina uma quase permanente confusão, traições e lutas fratricidas entre os vários barões e baronetes.


O Penetra-Coligações
O Portas é líder de um partido de grupo, constituído por gente influente, e não um partido de massas. Por isso mesmo, periodicamente, candidata-se a ser cooptado para a área da governação, para compor o ramalhete, e fazer das suas, com alguns truques e manipulações, tal como adquirir submarinos, que vão ficar encostados por não haver verba para o gasóleo, ou acrescentar ao programa da “troika” FMI-UE-BCE umas promessas popularuchas sobre segurança e perseguição aos incumpridores fiscais. É um político hábil, que já foi jornalista, especialista na construção de cabeçalhos e rodapés, feitos de frases curtas e incisivas, que marcam certos momentos críticos, provocam turbulência e ficam no ouvido. Frases do estilo, vá-se embora, saia, pire-se, desapareça, com que presenteou Sócrates, em plena Assembleia da República, são expressões eficazes que ficam a vibrar no subconsciente daquele tipo de eleitorado que aprecia gente atrevida, mas que se preocupa pouco com o estado da nação e com as opções políticas em disputa.

quarta-feira, maio 11, 2011

Registo para Memória Futura (39)

"Ganhei este debate e vou ganhar as eleições".

Declaração de José Sócrates após o debate televisivo com o líder do CDS-PP, Paulo Portas, ocorrido em 9 de Maio de 2011, onde este garantiu que nunca integrará um governo PS e acusou o primeiro-ministro de viver na estratosfera.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

A Imprensa e o Poder

O JORNALISMO português tem uma quota-parte (pequena é certo) de responsabilidade no aparecimento da WikiLeaks, já que é classificado, como “suave”, isto é, que não faz “ondas”, é situacionista, acomodado e colaboracionista com todos os poderes, característica reconhecida pelos próprios informadores e redactores dos telegramas diplomáticos dos E.U.A.. Daniel Oliveira disse, com muito acerto, no seu artigo publicado no semanário EXPRESSO de 11 Dezembro 2010, que «A WikiLeaks resulta de um falhanço: a imprensa americana e europeia passou anos a comprar a propaganda que lhe vendiam. E a comprar, antes de mais, o "estado de excepção" permanente em que parecemos viver. Seja por causa do terrorismo, da guerra, ou da crise financeira, há sempre razões superiores para ser cúmplice da mentira. Porque vive paredes-meias com o poder, a imprensa aceitou capitular a bem dos interesses do poder. Felizmente, outros foram à procura da verdade. Felizmente temos outros instrumentos. Era melhor que esse trabalho fosse feito por profissionais, com critérios jornalísticos e regras deontológicas? Sim. Mas então porque não o fizeram?»
.
Contrariando a ideia que tem ganho forma, de que nada disto é novidade, será mesmo uma “coisa normal”, já os “rapazes” directamente visados pela acção da WikiLeaks, dizem que os conteúdos dos telegramas são mentiras, esquecendo que estão a chamar mentirosos aos seus autores, ao passo que os “nossos” PSD e CDS/PP também começam a ficar alarmados, e eles lá sabem porquê. Negócios de submarinos, helicópteros, Pandur, fardamentos para a Polónia, orgias financeiras do BPN e do BPP, “cimeira” das Lages e outras coisas mais, também pouco ou nada abonatórias, devem andar por aí, a ameaçar chamuscar as asas destes anjinhos. E Paulo Portas, cheio de energia, de língua afiada e olhos esbugalhados, até já veio proclamar que a divulgação dos telegramas diplomáticos é o mesmo que violação de correspondência privada de qualquer cidadão. Oh, oh, oh, olha quem fala! Errado senhor Portas! Então não sabe que correio privado é coisa do foro pessoal, ao passo que correio de estado pertence, em primeira e última instância, ao domínio público? Ou então, vistas as coisas à luz da sua argumentação, já se esqueceu das dezenas de milhares de cópias que fez (ou mandou fazer), de documentos do Ministério da Defesa, da altura em que foi ministro, nunca se sabendo até hoje com que objectivos, e que continuam algures em parte incerta?