O ANGELICAL Ângelo Correia, em entrevista ao jornal "i", considera que a nossa Constituição foi feita para um país que gozasse de enormes graus de liberdade e independência, que desapareceram com o tempo, acrescentando que é uma ilusão acreditar que a Constituição continua a ser o garante dos portugueses, pois não está em sintonia com a realidade que se vive. Como se percebe, fingiu ignorar que "a realidade que se vive", não se alterou por obra e graça das arbitrariedades dos deuses do Olimpo ou das piruetas falaciosas do Zodíaco, sendo toda ela consequência das políticas, opções e soluções que têm sido adoptadas por quem tem governado este burgo. Para o antigo deputado do PSD, uma solução seria a Assembleia da República aprovar por dois terços o Estado de emergência por razões económico-financeiras, através de um suspeito objecto legislativo, que apelidou de lei para-constitucional. E pronto, ficava o assunto arrumado! Embora as Constituições existam exactamente para estruturar a sociedade e compatibilizá-la com todos os poderes, sobretudo o político, articulando, garantindo e assegurando direitos e deveres, na óptica do senhor Correia, basta pôr-se a Constituição a favor do vento, e que para grandes males, hajam sempre grandes remédios.
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domingo, novembro 10, 2013
quinta-feira, setembro 01, 2011
O Coelho saiu da Toca
DE VISITA a Espanha, Pedro Passos Coelho, em entrevista ao jornal EL PAIS, e manifestando cobardia política, acabou por dizer lá fora, aquilo que não teve coragem para dizer cá dentro, isto é, que quem é detentor das grandes fortunas e quem aufere rendimentos de capital pode respirar fundo e ir de fim-de-semana descansado, pois Passos Coelho já manifestou a sua discordância em tributá-los, porque isso, garante ele, em vez de atrair fortunas para investirem no país e criar riqueza (onde, onde?), conduziria à fuga de capitais para o estrangeiro (como se isso não acontecesse já). Curiosamente, o seu “delfim” Ângelo Correia, à margem de uma conferência na Universidade de Verão do PSD, afinou pelo mesmo diapasão, que não senhor, que estas medidas são um mal necessário e que os mais ricos, quanto a impostos, pois claro, já têm a sua conta, e coisa e tal.
Dito isto, fiz umas contas por alto e cheguei à conclusão que cada vez que um senhor accionista vai levantar os dividendos das suas acções, não é difícil imaginar quantas dezenas, centenas ou milhares de postos de trabalho ele vai criar, contribuindo para a reanimação da economia nacional, ou então, quantos "porches" e "lamborghinis" vai encomendar, em quantas "regatas" vai participar, quantas propriedades e obras de arte vai acrescentar ao seu património, quantas festanças vai frequentar, quantas empresas-fantasma vai criar, assim contribuindo (à sua maneira) para a reanimação da economia nacional.
Ao mesmo tempo que o Coelho saía da toca por terras de Espanha, cá em Portugal, o ministro das finanças, Vítor Gaspar, num exercício deveras demorado e muito sincopado, tocou uma música diferente: sentenciou que a estratégia orçamental é carregar a população trabalhadora com mais impostos, sobretudo a função pública e trabalhadores com salários elevados (como se quem é bem remunerado a trabalhar por conta de outrem, tivesse pretensões a ser rico), fazer cortes nos benefícios fiscais das despesas com a habitação, a saúde e a educação, ao passo que os cortes na despesa do Estado (e não nas prestações sociais) vão aguardar melhores dias. Quanto às mais-valias mobiliárias são timidamente agravadas em 1% (uma insignificância!). Entretanto, fazendo um jeito ao PS, que tinha reclamado a medida, as empresas com lucros superiores a 1,5 milhões de euros pagarão, no próximo ano, um imposto extra de 3%, o que quer dizer por via disso, haverá justificação para não haver reinvestimentos, e o pretexto para mais uma mão cheia de falências e despedimentos. A receita a conseguir com as sete medidas principais ronda os 1300 milhões de euros. Para além do que ontem foi anunciado, as receitas do aumento no IVA darão ao Estado mais 1190 milhões de euros.
Entretanto, o senhor Coelho, antes de voltar para a toca, achou por bem fechar a sua lengalenga com mais um aviso sério: ainda faltam as restantes 70 (setenta) medidas para concretizar…
Dito isto, fiz umas contas por alto e cheguei à conclusão que cada vez que um senhor accionista vai levantar os dividendos das suas acções, não é difícil imaginar quantas dezenas, centenas ou milhares de postos de trabalho ele vai criar, contribuindo para a reanimação da economia nacional, ou então, quantos "porches" e "lamborghinis" vai encomendar, em quantas "regatas" vai participar, quantas propriedades e obras de arte vai acrescentar ao seu património, quantas festanças vai frequentar, quantas empresas-fantasma vai criar, assim contribuindo (à sua maneira) para a reanimação da economia nacional.
Ao mesmo tempo que o Coelho saía da toca por terras de Espanha, cá em Portugal, o ministro das finanças, Vítor Gaspar, num exercício deveras demorado e muito sincopado, tocou uma música diferente: sentenciou que a estratégia orçamental é carregar a população trabalhadora com mais impostos, sobretudo a função pública e trabalhadores com salários elevados (como se quem é bem remunerado a trabalhar por conta de outrem, tivesse pretensões a ser rico), fazer cortes nos benefícios fiscais das despesas com a habitação, a saúde e a educação, ao passo que os cortes na despesa do Estado (e não nas prestações sociais) vão aguardar melhores dias. Quanto às mais-valias mobiliárias são timidamente agravadas em 1% (uma insignificância!). Entretanto, fazendo um jeito ao PS, que tinha reclamado a medida, as empresas com lucros superiores a 1,5 milhões de euros pagarão, no próximo ano, um imposto extra de 3%, o que quer dizer por via disso, haverá justificação para não haver reinvestimentos, e o pretexto para mais uma mão cheia de falências e despedimentos. A receita a conseguir com as sete medidas principais ronda os 1300 milhões de euros. Para além do que ontem foi anunciado, as receitas do aumento no IVA darão ao Estado mais 1190 milhões de euros.
Entretanto, o senhor Coelho, antes de voltar para a toca, achou por bem fechar a sua lengalenga com mais um aviso sério: ainda faltam as restantes 70 (setenta) medidas para concretizar…
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