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sexta-feira, novembro 09, 2012

Espírito Santo com Mão de Ferro

A PRESIDENTE do Banco Alimentar Contra a Fome, uma tal Isabel Jonet, já tinha dito, há uns tempos atrás, que o Estado deveria desvincular-se das suas tarefas de apoio social (subsídios de desemprego, rendimento social de inserção, etc.) restringindo a concessão dessas prestações a gente que, oportunísticamente, prefere a delas beneficar, mesmo que exíguas, a ter um emprego (e onde os há?), dando a entender que tal seria uma prática generalizada, o que não é verdade. Ao dizer isto, a tal Jonet que periódicamente nos vem pedir encarecidamente, que façamos a nossa solidária contribuição para aliviar a fome de quem é pobre, anda a ocultar, de uma forma astuta e demagógica, o ónus da proliferação da corrupção e oportunismo das élites e classes altas, transferindo-a para os pequenos ardis de alguns poucos aproveitadores desses benefícios sociais.

Agora volta a insistir - aproveitando os tempos de antena que as televisões lhe concedem - declarando que os pobres, afinal, levam vida de lordes, comem que nem uns alarves, divertem-se à grande e à francesa, pelo que não haverá miséria em Portugal. Afinal, os vasculhadores dos contentores de lixo que todas as noites, a partir das 22 horas, visitam o meu bairro, antes de aparecerem os carros da recolha de lixo, não passam de tarados e masoquistas. Ora não havendo miséria, era aconselhável que a dona Jonet providenciasse para que o seu Banco Alimentar Contra a Fome, em vez de recolher e distribuir alimentos aos tais pseudo-carenciados, sei lá, talvez fosse mais produtivo reconverter a sua actividade, passando a ministrar cursos de culinária.

Mas há mais: há uma grande contradição entre o que esta tal Jonet diz e o que faz, constituindo um grande mistério o que ela pensa alcançar com tão contraditório desempenho, isto é, ir dando esmola aos pobres com uma mão, ao mesmo tempo que os humilha com a outra, estando-se nas tintas para as causas e veículos da pobreza. Só falta sugerir que bons eram os tempos daqueles pobrezinhos de estimação, que recolhiam reverentemente os nossos donativos, cabisbaixos e agradecidos. Ou será que quer substituir o actual e patético Ministério da Solidariedade por um Ministério da Caridade, regulado por uns estatutos repescados do antigo Movimento Nacional Feminino, e orientado pela doutrina de que as barriguinhas devem estar minimamente aconchegadas, para que os espíritos não se revoltem? Já agora, gostava de tirar isto a limpo! É que não gosto de ser enganado por santinhas e sacerdotes, que só agora estão a mostrar o seu verdadeiro rosto, e as linhas com que se cosem.