A PROPÓSITO de Julian Assange se ter refugiado na embaixada do Equador em Londres, e ter formulado um pedido asilo político àquele país, o semanário EXPRESSO publicou um destaque numa passada edição, onde referia os casos de alguns portugueses que recorreram ao mesmo tipo de solução, como forma de escaparem às pereseguições da polícia política da ditadura de Salazar. Lamentávelmente, entre vários nomes, esqueceram-se de referir a atribulada fuga do comandante Henrique Carlos da Mata Galvão (1895-1970) que em 1959, já então detido pela P.I.D.E., e aproveitando uma ida ao Hospital de Santa Maria, fugiu
das instalações hospitares disfarçado de médico, tendo-se refugiado na
embaixada da Argentina, e depois conseguido o estatuto de exiliado político na
Venezuela.
Posteriormente, em
22 de Janeiro de 1961, ainda no exílio e em conjunto com Humberto Delgado, foi
o organizador e comandante do espectacular assalto e sequestro do paquete Santa
Maria, que andava em cruzeiro pelas Antilhas Holandesas, levado a cabo por uma
luso-espanhola Direcção Revolucionária Ibérica de Libertação, e que tinha por finalidade
o derrube das ditaduras de Lisboa e Madrid. Baptizada de "Operação
Dulcineia", a operação, embora tivesse falhado os seus objectivos, ganhou
grande repercussão internacional, colocando a ditadura salazarista nas
primeiras páginas da imprensa estrangeira.
A 7 de Novembro de 1991 Henrique Galvão foi
agraciado postumamente com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.