domingo, abril 27, 2008

Recapitular ABRIL

R

De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.
N
Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo é a voz
e o braço de Portugal.
O
Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisa em istas
que não cabe aqui dizer
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!

Extracto do poema “As Portas Que Abril Abriu”
de José Carlos Ari dos Santos
Lisboa, Julho-Agosto de 1975

sexta-feira, abril 18, 2008

Desta Vez Não Chorou!

D
A Luís Filipe Menezes, até ontem, o arrasador líder do PSD, vão-lhe faltando as armas e argumentos para impor a sua verborreia demagógico-populista. Quis colar-se às políticas de direita do primeiro-ministro Pinto de Sousa e falhou; quis imitar os espectáculos mediáticos do mesmo Pinto de Sousa e fez má figura; quis alterar a imagem do seu partido e saiu uma borrada; quis fazer uma oposição coerente mas esbarrou com o governo do PS a pôr em prática o seu próprio modelo; quis apresentar-se como alternativa política e apenas conseguiu esboçar um deserto de ideias; ameaçou que iria desmantelar o Estado, e acabou a desmantelar-se a ele próprio. Quanto aos vagos conspiradores “sulistas e elitistas” de outrora, foram substituídos agora por meia dúzia de incertos “inimigos internos”, que não enumerou. Termina a sua efémera saga a sair pela porta das traseiras. Registe-se, no entanto, um grande progresso: desta vez, Luís Filipe Menezes conteve-se e NÃO CHOROU!
Entretanto, o único que está verdadeiramente preocupado com esta nova situação do PSD, é o primeiro-ministro Pinto de Sousa, também conhecido por José Sócrates. Aquele oportuno desnorte do PSD, que lhe garantia a conquista fácil de uma nova maioria absoluta, nas eleições de 2009, pode terminar e, consequentemente, vir a complicar as contas para a sua recondução à frente dos destinos do país.