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sexta-feira, abril 06, 2012

A Engrenagem


MIGUEL Relvas começou por dizer que os subsídios de férias e natal eram para acabar, para logo a seguir o governo desmentir. Vem depois um tal Peter Weiss acrescentar que talvez a suspensão possa transformar-se em extinção, para logo a seguir Moedas e Gaspar, este último a explicar tudo (até os lapsos) “vagarosamente”, virem retorquir que acabar nem pensar, pois o esbulho, como incialmente previsto, é só até ao fim de 2013. Finalmente Passos Coelho vem rectificar, afirmando que serão apenas repostos em 2015, e em prestações suaves, por precaução e para não magoar as calosidades e contas do Estado.

Como é fácil de constatar, tornou-se um lugar comum de todos os governos, os ministros contradizerem-se entre si. Já nos governos anteriores era assim! Não penso que seja distração, descoordenação ou negligência; estou convicto que essas discrepâncias são deliberadamente propositadas, um novo tipo de lubrificação da engrenagem política, na medida em que armam confusão, provocam a erosão das promessas e das garantias, bem como um vazio à volta da governação, propício a que estes continuem a ganhar tempo para fazerem o seu trabalho de desmantelamento, explorando e aprofundando o caminho desbravado por Sócrates. O nunca esquecido projecto sá-carneirista da “santíssima” trindade, constituída por uma maioria parlamentar, um governo e um presidente, enquanto durar, tem que ser aproveitada depressa e ao máximo, na missão de não ser deixada pedra sobre pedra deste empecilho chamado estado social. O novelo de contradições em que aparentam enredar-se, não é incompetência, é apenas criminosa determinação! Não são gente séria, são bandoleiros! Vão descredibilizando a política, ao mesmo tempo que, pé ante pé, levam a água ao seu moinho, sob a tutela da presidencial figura de Cavaco Silva, que não actua, mantém-se distanciado e não tuge nem muge, atrás daquele sorriso seráfico e mumificado. 

Assim, entre os portugueses vai-se instalando o desânimo, o espírito do "não vale a pena" e do "são todos iguais e não são para levar a sério", pois digam A ou B, vamos tê-los sempre à perna, a empurrar-nos para a mesma rua sem saída, isto é, em perda continuada e quiça irreversível. É intenção do governo PSD/CDS-PP, emoldurados com a abstenção violenta do PS, que paguemos finalmente, e depois de tanto tempo de espera, o atrevimento de termos apoiado o levantamento e a revolução de 25 de Abril, que paguemos, com miséria, suor e lágrimas, a enxurrada das cleptocráticas Parcerias Público-Privadas, e que paguemos, já agora, as multas de excesso de velocidade do “senador” Mário Soares. Quanto aos pobres, que se amanhem! Tudo isso com a agravante de que o brando povo português, entre dois copos de tinto, à porta do estádio ou à boca das urnas, tem sempre memória curta e perdoa com facilidade.

quinta-feira, julho 07, 2011

Então e os Vendilhões, Senhor?

NOS ÚLTIMOS tempos, o cardeal patriarca de Lisboa, Don José Policarpo, cada vez que abre a boca e mete uma colherada nos assuntos da República, passando por cima das questões da fé e da cristandade, nas quais ele é especialista, o resultado é perder mais uns quantos crentes para a sua causa, isto é, a Igreja Católica.
Desta vez, coube em sorte, debruçar-se sobre o imposto extraordinário de 50% que vai afectar o subsídio de Natal, na parte que excede o ordenado mínimo nacional. Considera ele que é uma medida equilibrada porque não atinge os portugueses com menores rendimentos nem discrimina ninguém. Desvalorizou a medida, dizendo mesmo que, pessoalmente, a “coisa” não lhe faz impressão… Mas esqueceu-se de falar daqueles que, não tendo subsídio de Natal, coitadinhos (logo não são atingidos pelo excepcional imposto, o que é uma graça), continuam a banquetear-se com mais-valias bolsistas e privatizações, são donos e accionistas disto e daquilo, e lá vão sobrevivendo com os exíguos rendimentos que os “offshores” e outras fontes de riqueza lhes vão disponibilizando, olari-lolé. Don José não disse para rezarmos novenas, mas continuando a falar das obrigações dos portugueses, acrescentou que estes "não podem pensar só no seu bem e na sua comodidade", devendo apoiar o governo e as suas medidas, para que possamos cumprir os acordos com a “troika”, acalmar os mercados financeiros, encher o peito de ar, recuperar confiança, pôr o país a funcionar e étecetera e tal. Queria dizer com isto que os portugueses têm que se esforçar e contribuir para salvar a pobre banca que está nas lonas, os agiotas e especuladores, e todas as almas caridosas que andaram (e andam) a contribuir para se chegar ao estado em que estamos. Don José esqueceu-se também – e aqui a omissão é grave - de aconselhar os portugueses que deviam seguir o exemplo de Jesus, o qual não teve meias medidas, quando chegou a altura de expulsar os vendilhões do Templo.

sábado, julho 02, 2011

Somos Oposição Construtiva…

NA APRESENTAÇÃO do programa do governo, o PS (através da voz interina da senhora Maria de Belém Roseira) foi muito claro: tudo o que tenha a ver com o acordo que o PS também assinou com a missão do FMI-UE-BCE, nada a objectar, mas tudo o que vá para além disso, logo se verá. Quer isto dizer que, muito embora o governo tenha uma maioria confortável e não precise de apoio, isso não impede que o PS deixe a pairar no ar o desejo de manter, através de uma “oposição patriótica, séria, responsável, construtiva, mas enérgica”, a defesa intransigente dos interesses dos banqueiros, dos empresários que vão empochar balúrdios com a redução da TSU, da economia do nosso país, que vai de mal a pior, e dos nossos queridos portugueses, que vão ficar sem uma talhada do subsídio de Natal, e o que mais virá depois. Não disseram isto, preto no branco, mas podiam ter dito, para os portugueses perceberem que caldinho está a ser preparado. E escusam de ficar descansados...