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domingo, junho 03, 2012

Sobre a Equidade dos Sacrifícios


DEPOIS de ter ouvido António Borges, como consultor do Governo, clamar pela urgência de baixar os salários dos portugueses, vim a saber que o cavalheiro ganhou no ano de 2011, como funcionário do Fundo Monetário Internacional, 225 mil euros (à volta de 45 mil contos, em moeda antiga) livres de impostos, benefício de que gozam estes excelentíssimos funcionários. Mas não nos escandalizemos! Estas isenções vão ser reparadas com a aplicação da chamada lei das compensações, isto é, com outras medidas, como aquela sugerida pelo secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, resultante da poupança que o Estado irá fazer, ao deixar de pagar actos médicos ou cirúrgicos de eficácia duvidosa, como por exemplo, as terapias que prolongam por mais algum tempo a vida dos doentes terminais de cancro.

Já lá diz o povo, e com razão, que a ocasião faz o ladrão. Foi gente como esta, exemplares chefes de família, frios, calculistas e técnicamente irrepreensíveis, que Adolf Hitler fez questão de colocar à frente dos campos de extermínio nazis, uns a gerirem a eficácia das câmaras de gás, outros a fazerem render os despojos extorquidos aos gaseados. Agora, embora os tempos sejam outros, podemos ficar descansados, pois há o pretexto da crise, e como seu remédio, a tão suposta quanto propalada equidade dos sacrifícios. Na verdade, o objectivo é encaminhar-nos para o campo de concentração, uns aos empurrões, outros de mansinho e de livre vontade, alguns com soporíferos, e os restantes com uma injecção atrás da orelha, ao som dos acordes e hinos de um futuro risonho.