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quinta-feira, junho 16, 2011

Que Falem os Cidadãos

CONSIDERANDO que nenhum dos partidos que vai formar governo tem programa próprio, pois essa função vai ser desempenhada pelo acordo assinado com a troika FMI-CE-BCE, e se as opções mais polémicas nele inscritas, como sejam a nova onda de privatizações de sectores básicos da economia, profundas alterações à legislação laboral e emendas à Constituição da República, matérias tão sensíveis que não foram sufragadas pelos eleitores, sustento que tais medidas devem ser objecto de referendo, dando voz aos cidadãos. E direi mais: porque desempenham a função de coluna vertebral do regime, sendo vitais para a sustentabilidade e soberania do país, não deviam ser negociadas como garantia ou contrapartida para a obtenção de resgates ou empréstimos, pois há outras vias e modos de o assegurar. Será que há receio que aconteça o mesmo que aconteceu na Itália de Berlusconi, com a rejeição em referendo da opção nuclear e de novas privatizações? Provavelmente há, todavia, a democracia não pode resumir-se a ser apenas um verbo-de-encher, porque convém, quando convém e a quem convém…

domingo, abril 10, 2011

E se Fossem Privatizar… (2)

NÃO costumo ter o hábito de me repetir desnecessáriamente, mas neste caso acho que se impõe. Em Itália, país que é governado pelo delinquente Silvio Berlusconi, criatura que José Saramago, criativamente, classificou como "a coisa", foi decidido "vender" a "exploração" do Coliseu de Roma, obra construída entre os anos 70 e 90 d.C., desde a sua imagem até ao espaço própriamente dito, a uma empresa privada que comercializa calçado. A emblemática obra, cuja construção foi iniciada pelo imperador Vespasiano e inaugurada por Tito, passa assim da esfera pública para a privada, à boa maneira de quem entende que tudo é negociável e privatizável, com a agravante de que o contrato desta polémica "concessão" também não foi revelado, mantendo-se confidencial, vá-se lá saber porque motivo.
Em Março, a propósito da intenção de Pedro Passos Coelho pretender privatizar a Caixa Geral de Depósitos, recorri ao jargão de José Saramago para emoldurar o assunto. Agora porque a questão, embora ocorrendo em Itália, volta a repetir-se, com a vantagem de coincidir com o tema a que o escritor se referia, isto é, a escandalosa privatização de monumentos históricos, biso com as suas genuínas e certeiras palavras: «... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos»

(*) in Diário de 1 de Setembro 1995 - Cadernos de Lanzarote - Diário III